Aprendendo com um movimento de pés descalços
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0:01 - 0:04Gostaria de levá-los a um outro mundo.
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0:05 - 0:07E gostaria de compartilhar
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0:07 - 0:11uma história de amor de 45 anos
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0:11 - 0:13com o pobre,
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0:13 - 0:16que vive com menos de US$ 1 por dia.
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0:19 - 0:22Tive uma educação muito elitista,
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0:22 - 0:26esnobe e cara, na Índia,
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0:26 - 0:29que quase me destruiu.
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0:32 - 0:36Era para eu ser diplomata,
professor, médico, -
0:36 - 0:38estava tudo preparado.
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0:40 - 0:44Vocês não diriam, mas fui o campeão
nacional de Squash da Índia, -
0:44 - 0:46durante três anos.
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0:46 - 0:47(Risos)
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0:48 - 0:50O mundo inteiro estava ao meu alcance.
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0:50 - 0:52Tudo estava aos meus pés.
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0:53 - 0:55Eu não poderia fazer nada de errado.
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0:56 - 0:58E aí pensei, só de curiosidade
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0:58 - 1:01eu gostaria de viver e trabalhar
e simplesmente ver como era um povoado. -
1:01 - 1:03Então em 1965,
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1:03 - 1:07fui para o que chamaram de a pior crise
de fome no estado de Bihar, na Índia, -
1:07 - 1:10e vi inanição, morte,
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1:10 - 1:13pessoas morrendo de fome,
pela primeira vez. -
1:14 - 1:16Isto transformou minha vida.
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1:17 - 1:18Eu voltei para casa
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1:18 - 1:23e disse a minha mãe que eu gostaria
de morar e trabalhar num povoado. -
1:24 - 1:26Minha mãe entrou em coma.
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1:26 - 1:28(Risos)
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1:29 - 1:31“O que é isso?
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1:31 - 1:33O mundo inteiro, os melhores
empregos ao seu alcance -
1:33 - 1:36e você quer ir trabalhar num povoado?
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1:36 - 1:38Há algo de errado com você?”
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1:38 - 1:42Eu disse: “Não, tive a melhor educação
possível. Isto me fez pensar. -
1:42 - 1:46E queria retribuir, à minha maneira”.
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1:47 - 1:51“O que quer fazer em um povoado,
sem emprego, sem dinheiro, -
1:51 - 1:53sem segurança, sem oportunidades?”
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1:53 - 1:57Eu disse: “Quero morar lá
e cavar poços durante cinco anos”. -
1:58 - 2:00“Cavar poços durante cinco anos?”
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2:00 - 2:03Você frequentou a escola
e a universidade mais cara da Índia, -
2:03 - 2:05e quer cavar poço por cinco anos?”
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2:05 - 2:08Ela não falou comigo durante muito tempo,
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2:08 - 2:12pois achava que eu tinha
desapontado minha família. -
2:14 - 2:16Mas então,
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2:16 - 2:19fui exposto às habilidades
e conhecimentos extraordinários -
2:19 - 2:21que as pessoas muito pobres possuem,
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2:21 - 2:24os quais nunca são trazidos
ao público em geral; -
2:24 - 2:27nunca são identificados, respeitados,
e aplicados em grande escala. -
2:27 - 2:30E pensei em começar
uma "Faculdade de Pés Descalços", -
2:30 - 2:32uma faculdade só para os pobres.
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2:32 - 2:37O que o pobre considerasse importante,
seria refletido na faculdade. -
2:37 - 2:39Fui a esse povoado pela primeira vez.
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2:39 - 2:44Os anciãos vieram a mim e perguntaram:
“Você está fugindo da polícia?” -
2:44 - 2:46Eu disse: “Não”.
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2:46 - 2:49(Risos)
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2:49 - 2:51“Não passou nos exames?”
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2:51 - 2:53Eu disse, “Não.”
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2:53 - 2:57“Não conseguiu um cargo público?"
Eu disse, “Não é isso”. -
2:57 - 2:58“O que está fazendo aqui?
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2:58 - 3:00Por que você está aqui?
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3:00 - 3:02O sistema educacional na Índia
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3:02 - 3:06faz com que você olhe para Paris,
Nova Deli e Zurique; -
3:06 - 3:08o que está fazendo neste povoado?
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3:08 - 3:11Há algo de errado com você
e está escondendo isso de nós?” -
3:11 - 3:14Eu disse: “Não, na verdade,
quero começar uma faculdade -
3:14 - 3:16só para os pobres.
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3:16 - 3:19O que o pobre pensava ser importante
seria refletido na faculdade”. -
3:19 - 3:23Aí os anciãos me deram um conselho
muito bom e profundo. -
3:23 - 3:28Disseram, “Por favor, não traga
ninguém com curso universitário e diploma -
3:28 - 3:30para a sua faculdade”.
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3:30 - 3:32Assim, esta é a única faculdade na Índia
-
3:32 - 3:37na qual, se você tivesse doutorado
ou mestrado, seria desqualificado. -
3:37 - 3:39(Risos)
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3:39 - 3:43Você precisa ser inconformado,
fracassado ou desistente -
3:43 - 3:46para vir para a nossa faculdade.
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3:46 - 3:49Você tem que trabalhar com as mãos,
e ter que ser digno no trabalho. -
3:49 - 3:52Precisa mostrar que tem uma habilidade
que ofereça à comunidade -
3:52 - 3:55e prestar um serviço à comunidade.
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3:55 - 3:59Assim fundamos
a Faculdade de Pés Descalços, -
3:59 - 4:01e redefinimos profissionalismo.
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4:01 - 4:03Quem é um profissional?
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4:03 - 4:05Um profissional é alguém
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4:05 - 4:09que possui uma mistura de competência,
confiança e convicção. -
4:10 - 4:13Um adivinhador de água é um profissional.
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4:13 - 4:17A parteira tradicional é uma profissional,
-
4:17 - 4:20Um remendador de ossos
tradicional é um profissional. -
4:20 - 4:25São profissionais que encontramos
em qualquer povoado remoto no mundo. -
4:25 - 4:29E achamos que eles deveriam
ser levados ao conhecimento do público -
4:29 - 4:32e mostrar que o conhecimento
e as habilidades que eles possuem -
4:32 - 4:34são universais.
-
4:34 - 4:38Isto precisa ser usado, aplicado,
precisa ser mostrado ao mundo afora; -
4:38 - 4:42estes conhecimentos e habilidades
são relevantes ainda hoje. -
4:43 - 4:45Então a faculdade
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4:45 - 4:49segue os estilos de vida
e trabalho de Mahatma Gandhi. -
4:50 - 4:53Comemos, dormimos e trabalhamos no chão.
-
4:53 - 4:56Não existem contratos,
não há contratos formais. -
4:56 - 4:59Você pode permanecer comigo
por 20 anos, ou partir amanhã. -
4:59 - 5:01E ninguém pode ganhar
mais de US$ 100 por mês. -
5:01 - 5:04Não se vem só pelo dinheiro
para a Faculdade de Pés Descalços; -
5:04 - 5:07se você vêm pelo trabalho e desafio,
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5:07 - 5:08você entra para a faculdade,
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5:08 - 5:11que é onde queremos que você
tente criar suas ideias malucas. -
5:11 - 5:13Qualquer ideia que tenha,
venha e experimenta. -
5:13 - 5:15Não importa se fracassa.
-
5:15 - 5:18Maltratado, machucado,
você começa novamente. -
5:18 - 5:21É a única faculdade na qual
o professor é o aprendiz -
5:21 - 5:24e o aprendiz é o professor.
-
5:24 - 5:27E é a única faculdade
n qual não se confere diplomas. -
5:27 - 5:30Você é certificado
pela comunidade que serve. -
5:30 - 5:33Você não precisa de um papel
para pendurar na parede -
5:33 - 5:36para mostrar que é um engenheiro.
-
5:38 - 5:40Quando eu disse isso,
-
5:40 - 5:43me disseram: “Mostre-nos o que
é possível. O que você vai fazer? -
5:43 - 5:46Isto é conversa mole, se não
demonstrar o que está falando”. -
5:46 - 5:50Então construímos a primeira
Faculdade de Pés Descalços -
5:50 - 5:53em 1986.
-
5:53 - 5:56Foi construída por 12 arquitetos
de pés descalços analfabetos; -
5:56 - 5:59construída com US$ 1,50
por metro quadrado. -
5:59 - 6:04Eram 150 pessoas morando e trabalhando lá.
-
6:04 - 6:07Eles receberam o Prêmio Aga Khan
de Arquitetura em 2002. -
6:07 - 6:10Mas suspeitaram que tinha havido
um arquiteto por trás disso. -
6:10 - 6:12Eu disse: “Sim, eles
projetaram as plantas, -
6:12 - 6:16mas os arquitetos pés descalços
construíram a faculdade”. -
6:16 - 6:19Fomos os únicos a devolver
o prêmio de US$ 50 mil -
6:19 - 6:21porque eles não acreditaram em nós,
-
6:21 - 6:28e achamos que eles estavam insultando
os arquitetos pés descalços de Tilonia. -
6:29 - 6:33Perguntei a um silvicultor
de alto poder, especialista qualificado: -
6:33 - 6:36“O que podemos construir neste lugar?”
-
6:36 - 6:40Ele olhou para o solo e disse:
“Esqueça. Não vale nem a pena. -
6:40 - 6:43Não tem água e o solo é rochoso”.
-
6:43 - 6:45Minha situação ficou difícil.
-
6:45 - 6:49Eu disse:, “Eu irei ao ancião do povoado
e perguntarei o que devo plantar aqui”. -
6:50 - 6:52Ele olhou para mim calmamente e disse:
-
6:52 - 6:54“Construa isso, aquilo,
põe isto e dará certo”. -
6:54 - 6:57É assim que está hoje em dia.
-
6:57 - 6:59Fui ao telhado,
-
6:59 - 7:01e as mulheres me pediram
para eu ir embora. -
7:01 - 7:05"Os homens devem sair daqui. Não queremos
partilhar esta tecnologia com eles. -
7:05 - 7:07Estamos impermeabilizando o telhado.”
-
7:07 - 7:09(Risos)
-
7:09 - 7:11Um pouco de açúcar mascavo,
um pouco da planta "urens" -
7:11 - 7:15e outras coisas que não conheço,
mas o fato é que o telhado não vaza. -
7:15 - 7:18Não vaza desde 1986.
-
7:18 - 7:22As mulheres não vão compartilhar
esta tecnologia com os homens. -
7:22 - 7:24(Risos)
-
7:26 - 7:30É a única faculdade completamente
eletrificada com energia solar. -
7:30 - 7:32Toda eletricidade vem do sol.
-
7:32 - 7:34Painéis de 45 quilowatts no telhado,
-
7:34 - 7:38e nos próximos 25 anos tudo
funcionará com energia solar. -
7:38 - 7:41Enquanto o sol brilhar, não teremos
problemas com eletricidade. -
7:41 - 7:44Mas a beleza disso é que foi instalado
-
7:46 - 7:52por um sacerdote hindu, que só
frequentou a escola por oito anos, -
7:52 - 7:54nunca fez ensino médio ou faculdade.
-
7:54 - 7:56Ele sabe mais sobre energia solar
-
7:56 - 8:01do que qualquer outra pessoa
que conheço, isto eu garanto. -
8:02 - 8:04A comida da Faculdade de Pés Descalços,
-
8:04 - 8:07é preparada com energia solar.
-
8:08 - 8:12Mas as pessoas que fabricaram
este fogão solar -
8:12 - 8:13são mulheres.
-
8:14 - 8:20Mulheres analfabetas que fabricaram
o mais sofisticado fogão solar existente. -
8:20 - 8:23É um fogão solar parabólico Scheffler.
-
8:26 - 8:29Infelizmente, elas são
quase metade alemães, -
8:29 - 8:31são tão precisas.
-
8:31 - 8:33(Risos)
-
8:34 - 8:37Você nunca encontrará
mulheres indianas tão precisas. -
8:38 - 8:41Até o último centímetro,
elas conseguem fabricar este fogão. -
8:41 - 8:43Nós servimos 60 refeições
duas vezes ao dia -
8:43 - 8:45preparadas na cozinha solar.
-
8:45 - 8:47Temos uma dentista.
-
8:47 - 8:50Ela é avó, analfabeta e é dentista.
-
8:51 - 8:55Ela cuida dos dentes de 7 mil crianças.
-
8:56 - 8:58Tecnologia pés descalços:
-
8:58 - 9:01isto foi em 1986, nenhum engenheiro,
ou arquiteto pensou nisso, -
9:01 - 9:05mas captamos água de chuva dos telhados.
-
9:05 - 9:07Pouquíssima água é desperdiçada.
-
9:07 - 9:09Todos os telhados
são conectados subterraneamente -
9:09 - 9:12a uma cisterna de 400 mil litros,
e água nenhuma é desperdiçada. -
9:12 - 9:16Mesmo se tivermos quatro anos
de seca ainda teremos água no campus, -
9:16 - 9:17porque captamos a água da chuva.
-
9:17 - 9:21Sessenta pro cento das crianças
não vão à escola, -
9:21 - 9:23porque têm que tomar conta dos animais
-
9:23 - 9:26ovelhas, cabras e têm afazeres domésticos.
-
9:27 - 9:31Então pensamos em abrir uma escola
noturna para as crianças. -
9:31 - 9:33Por causa das escolas noturnas de Tilonia,
-
9:33 - 9:36mais de 75 mil crianças
já estudaram nelas, -
9:36 - 9:41pois isto é para a conveniência delas
e não para a conveniência do professor. -
9:41 - 9:42E o que ensinamos nestas escolas?
-
9:42 - 9:44Democracia, cidadania,
-
9:44 - 9:47como deverão medir suas terras,
-
9:47 - 9:49o que fazer se forem presas,
-
9:49 - 9:53o que fazer quando um animal fica doente.
-
9:53 - 9:55Isto é o que ensinamos
nas escola noturnas, -
9:55 - 9:58mas todas as escolas
são iluminadas com energia solar. -
9:59 - 10:02A cada cinco anos temos eleições.
-
10:03 - 10:06Crianças de 6 a 14 anos
-
10:07 - 10:09participam do processo democrático,
-
10:10 - 10:13e elegem um primeiro ministro.
-
10:14 - 10:16A primeira ministra tem 12 anos.
-
10:18 - 10:22Ela cuida de 20 cabras pela manhã,
mas de noite ela é a primeira ministra. -
10:23 - 10:25Ela tem um gabinete:
-
10:25 - 10:27um ministro da educação,
um da energia e um da saúde. -
10:27 - 10:33E eles monitoram e supervisionam
150 escolas com 7 mil crianças. -
10:35 - 10:39Ela recebeu o Prêmio das Crianças
do Mundo cinco anos atrás, e foi à Suécia. -
10:39 - 10:41Foi a primeira vez
que deixou sua comunidade. -
10:41 - 10:43Nunca tinha ido a Suécia.
-
10:43 - 10:45Ela não ficou abismada
com tudo que acontecia. -
10:45 - 10:49E a rainha da Suécia, que estava
presente, virou-se para mim e disse: -
10:49 - 10:51"Pergunte a esta menina
onde ganhou esta autoconfiança? -
10:51 - 10:55Ela tinha apenas 12 anos,
e não ficou abismada com nada". -
10:55 - 10:58E a menina ao lado esquerdo dela,
-
10:58 - 11:01virou-se para mim e olhou para
a rainha diretamente nos olhos -
11:02 - 11:05e disse: "Por favor, diga a ela
que sou a primeira ministra". -
11:05 - 11:07(Risos)
-
11:07 - 11:10(Aplausos)
-
11:16 - 11:21Onde a porcentagem de analfabetismo
é alta, nós usamos marionetes. -
11:21 - 11:25Marionetes são uma maneira
de nos comunicarmos. -
11:31 - 11:37Este aqui é Jokhim Chacha
que tem 300 anos de idade. -
11:38 - 11:43Ele é meu psicanalista, meu professor,
meu médico, meu advogado. -
11:43 - 11:45Ele é meu doador.
-
11:45 - 11:48Ele de fato angaria fundos,
resolve minhas disputas. -
11:50 - 11:52Resolve meus problemas no povoado.
-
11:52 - 11:56Se há tensão na comunidade,
se a assiduidade nas escolas diminui -
11:56 - 11:59e se existe atrito
entre professores e os pais, -
11:59 - 12:02o marionete chama a professora
e os pais em frente de toda a comunidade -
12:02 - 12:06e diz: “Apertem as mãos.
A assiduidade não pode cair”. -
12:07 - 12:12Estes marionetes são feitos
de relatórios reciclados do Banco Mundial. -
12:12 - 12:14(Risos)
-
12:14 - 12:18(Aplausos)
-
12:20 - 12:24Então, com esta proposta
descentralizada e demistificada -
12:24 - 12:27para a eletrificação solar dos povoados,
-
12:27 - 12:29cobrimos toda a Índia
-
12:29 - 12:32de Ladakh até o Butão,
-
12:34 - 12:36todos povoados com eletrificação solar,
-
12:36 - 12:39[instalados] por pessoas treinadas.
-
12:40 - 12:43Fomos a Ladakh e dissemos a esta mulher,
-
12:43 - 12:46isto, a 40 °C negativos,
que ela tinha que descer do telhado, -
12:46 - 12:50porque não havia lugar, estava
tudo coberto de neve, nos dois lados, -
12:50 - 12:55e perguntamos a ela: "Como você se
beneficiou com a eletricidade solar?" -
12:55 - 12:58E ela pensou um pouco e disse:
-
12:58 - 13:02“É a primeira vez que consigo ver
o rosto do meu marido no inverno”. -
13:02 - 13:04(Risos)
-
13:04 - 13:07Fui ao Afeganistão.
-
13:07 - 13:11Uma lição que aprendemos na Índia
-
13:11 - 13:16foi que não dá para treinar os homens.
-
13:16 - 13:18(Risos)
-
13:19 - 13:22Os homens são inquietos,
-
13:22 - 13:24os homens são ambiciosos,
-
13:24 - 13:27são compulsivamente móveis,
-
13:27 - 13:29e todos eles querem um diploma.
-
13:29 - 13:31(Risos)
-
13:31 - 13:36Temos esta tendência no globo inteiro
do homem querer um diploma. -
13:36 - 13:39Por quê? Porque eles querem
deixar o povoado -
13:39 - 13:42e ir para a cidade procurar emprego.
-
13:42 - 13:44Então encontramos uma solução ótima:
-
13:45 - 13:48treinar as avós.
-
13:49 - 13:53Qual é a melhor forma
de comunicação no mundo atualmente? -
13:53 - 13:55Televisão? Não.
-
13:55 - 13:57Telégrafo? Não.
-
13:57 - 13:59Telefone? Não.
-
14:00 - 14:02Diga a uma mulher.
-
14:02 - 14:03(Risos)
-
14:03 - 14:06(Aplausos)
-
14:08 - 14:11Fomos ao Afeganistão pela primeira vez,
-
14:11 - 14:15escolhemos três mulheres e dissemos:
"Queremos levá-las para a Índia". -
14:15 - 14:18Disseram: "Elas nem saem dos seus
quartos, e quer levá-las para a Índia?" -
14:18 - 14:21Eu disse: "Farei uma concessão.
Levarei os maridos também". -
14:21 - 14:24Então trouxe os maridos.
-
14:24 - 14:26As mulheres eram bem mais
inteligentes que os homens. -
14:26 - 14:29Em seis meses,
como mudamos estas mulheres? -
14:29 - 14:32Linguagem de sinais.
-
14:32 - 14:37Não usamos a palavra escrita nem a falada.
-
14:37 - 14:39Usamos a linguagem de sinais.
-
14:39 - 14:45E em seis meses elas podem se tornar
engenheiras de energia solar. -
14:45 - 14:49Elas retornam e eletrificam
seus povoados com energia solar. -
14:50 - 14:54Esta mulher retornou e eletrificou
o primeiro povoado com energia solar. -
14:54 - 14:56estabeleceu uma oficina,
-
14:56 - 14:59o primeiro povoado a ter
eletrificação solar no Afeganistão -
14:59 - 15:01[foi o trabalho] das três mulheres.
-
15:02 - 15:05Esta mulher é uma avó extraordinária.
-
15:05 - 15:10Tem 55 anos e eletrificou 200 casas
para mim com energia solar no Afeganistão. -
15:10 - 15:13E não desabaram.
-
15:13 - 15:16Ela até foi a um departamento
de engenharia no Afeganistão -
15:16 - 15:18e ensinou ao chefe do departamento
-
15:18 - 15:20a diferença entre AC e DC.
-
15:20 - 15:23Ele não sabia.
-
15:23 - 15:26Estas três mulheres
treinaram mais 27 mulheres -
15:26 - 15:29e eletrificaram 100 povoados
com energia solar no Afeganistão. -
15:29 - 15:33Fomos para a África,
e fizemos a mesma coisa. -
15:33 - 15:37Lá estavam as mulheres sentadas à mesa,
vindas de nove países, -
15:37 - 15:41todas batendo papo sem entender nada,
porque falavam línguas diferentes, -
15:41 - 15:43mas a linguagem corporal era fantástica.
-
15:44 - 15:47Elas conversavam entre si e tornavam-se
engenheiras de energia solar. -
15:47 - 15:51Fui a Serra Leoa,
-
15:51 - 15:53e lá estava um ministro
dirigindo tarde da noite, -
15:53 - 15:55passa por esse povoado.
-
15:55 - 15:58Retorna, entra no povoado e diz:
"Bem, o que está acontecendo?" -
15:58 - 16:00Responderam: "Essas duas avós..."
-
16:00 - 16:03"Avós?" O ministro mal podia
acreditar no que estava acontecendo. -
16:03 - 16:06-"Aonde elas foram?"
-"Para a Índia e voltaram." -
16:06 - 16:08Ele foi direto ao presidente.
-
16:08 - 16:11Disse: "Sabia que tem um povoado
com energia solar em Serra Leoa?" "Não!" -
16:11 - 16:14Metade dos ministros foi visitar
as avós no dia seguinte. -
16:14 - 16:16"O que está acontecendo?"
-
16:16 - 16:19Ele me chamou e disse:
"Pode treinar 150 avós para mim?" -
16:19 - 16:23Eu disse: "Não posso, Sr. Presidente,
mas as avós farão isto". -
16:23 - 16:26Então ele construiu o primeiro centro
de treinamento em Serra Leoa, -
16:26 - 16:30e 150 avós foram treinadas lá.
-
16:31 - 16:35Gâmbia: fomos selecionar uma avó lá.
-
16:35 - 16:39Fomos a esse povoado e eu sabia
qual a mulher eu gostaria de trazer. -
16:40 - 16:42A comunidade reuniu-se
e disse: "Leva essas duas". -
16:42 - 16:44Eu disse: "Eu quero esta aqui".
-
16:44 - 16:47Perguntaram: "Ela não sabe a língua.
Você não a conhece". -
16:47 - 16:50Eu disse: "Gosto da linguagem
corporal, do modo que ela fala". -
16:50 - 16:52"Marido difícil; não é possível".
-
16:52 - 16:57Chamaram o marido, ele veio, pomposo,
político, celular na mão. "Não vai dar". -
16:57 - 16:58"Por que não?"
-
16:58 - 17:01E ele: "Veja como ela é bonita".
Eu disse: "Sim, é muito bonita". -
17:01 - 17:04"E se ela fugir com um indiano?"
-
17:04 - 17:08Eu disse: "Ela ficará feliz.
Ela ligará para você no seu celular". -
17:09 - 17:11Ela foi como uma avó
-
17:11 - 17:14e voltou como um tigre.
-
17:14 - 17:19Desceu do avião e falou para a imprensa
inteira como se fosse uma veterana. -
17:19 - 17:23Ela lidou com a imprensa nacional,
e virou uma estrela. -
17:23 - 17:26Quando voltei depois de seis meses
perguntei: "Cadê o seu marido?" -
17:26 - 17:28"Ah, por aí. Não importa."
-
17:28 - 17:30(Risos)
-
17:30 - 17:32Uma história de sucesso.
-
17:32 - 17:34(Risos)
-
17:34 - 17:36(Aplausos)
-
17:38 - 17:42Vou finalizar dizendo apenas
-
17:43 - 17:47que acho que não precisamos
procurar soluções lá fora. -
17:48 - 17:50Procure soluções no interior.
-
17:50 - 17:53e ouça as pessoas que têm
as soluções na sua frente. -
17:53 - 17:55Elas estão no mundo inteiro.
-
17:55 - 17:57Não se preocupe.
-
17:57 - 18:00Não ouça o Banco Mundial,
ouça às pessoas ao seu redor. -
18:00 - 18:03Elas têm todas as soluções.
-
18:03 - 18:05Vou terminar com uma citação
de Mahatma Gandhi: -
18:06 - 18:10"Primeiro eles ignoram você,
depois riem de você, -
18:10 - 18:12depois brigam,
-
18:12 - 18:13e então você vence".
-
18:13 - 18:15Obrigado.
-
18:15 - 18:18(Aplausos)
- Title:
- Aprendendo com um movimento de pés descalços
- Speaker:
- Bunker Roy
- Description:
-
Em Rajastão, na Índia, uma escola extraordinária ensina as mulheres e homens rurais, muitos deles analfabetos, a se tornarem engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos em suas próprias aldeias. É a chamada Faculdade de Pés Descalços, e seu fundador, Bunker Roy, explica como ele funciona.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:47
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Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Learning from a barefoot movement | |
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