Aprendendo com um movimento de pés descalços
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0:01 - 0:04Gostaria de levá-los a um outro mundo.
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0:05 - 0:07E gostaria de compartilhar
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0:07 - 0:11uma história de amor de 45 anos
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0:11 - 0:13com o pobre,
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0:13 - 0:16que vive com menos de US$ 1 por dia.
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0:19 - 0:22Tive uma educação muito elitista,
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0:22 - 0:26esnobe e cara, na Índia,
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0:26 - 0:29que quase me destruiu.
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0:32 - 0:36Era para eu ser diplomata,
professor, médico, -
0:36 - 0:38estava tudo preparado.
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0:40 - 0:44Vocês não diriam, mas fui o campeão
nacional de Squash da Índia, -
0:44 - 0:46durante três anos.
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0:46 - 0:47(Risos)
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0:48 - 0:50O mundo inteiro estava ao meu alcance.
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0:50 - 0:52Tudo estava aos meus pés.
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0:53 - 0:55Eu não poderia fazer nada de errado.
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0:56 - 0:58E aí pensei, só de curiosidade
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0:58 - 1:01eu gostaria de viver e trabalhar
e simplesmente ver como era um povoado. -
1:01 - 1:03Então em 1965,
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1:03 - 1:07fui para o que chamaram de a pior crise
de fome no estado de Bihar, na Índia, -
1:07 - 1:10e vi inanição, morte,
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1:10 - 1:13pessoas morrendo de fome, pela primeira vez.
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1:14 - 1:16Isto transformou minha vida.
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1:17 - 1:18Eu voltei para casa
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1:18 - 1:23e disse a minha mãe que eu gostaria
de morar e trabalhar num povoado. -
1:24 - 1:26Minha mãe entrou em coma.
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1:26 - 1:28(Risos)
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1:29 - 1:31“O que é isso?
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1:31 - 1:33O mundo inteiro, os melhores
empregos ao seu alcance -
1:33 - 1:36e você quer ir trabalhar num povoado?
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1:36 - 1:38Há algo de errado com você?”
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1:38 - 1:42Eu disse: “Não, tive a melhor educação
possível. Isto me fez pensar. -
1:42 - 1:46E queria retribuir, à minha maneira”.
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1:47 - 1:51“O que quer fazer em um povoado,
sem emprego, sem dinheiro, -
1:51 - 1:53sem segurança, sem oportunidades?”
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1:53 - 1:57Eu disse: “Quero morar lá
e cavar poços durante cinco anos”. -
1:58 - 2:00“Cavar poços durante cinco anos?”
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2:00 - 2:03Você frequentou a escola
e a universidade mais cara da Índia, -
2:03 - 2:05e quer cavar poço por cinco anos?”
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2:05 - 2:08Ela não falou comigo durante muito tempo,
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2:08 - 2:12pois achava que eu tinha
desapontado minha família. -
2:14 - 2:16Mas então,
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2:16 - 2:19fui exposto às habilidades
e conhecimentos extraordinários -
2:19 - 2:21que as pessoas muito pobres possuem,
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2:21 - 2:23os quais nunca são trazidos
ao público em geral; -
2:23 - 2:27os quais nunca são identificados,
respeitados, e aplicados em grande escala. -
2:27 - 2:30E pensei em começar
uma "Faculdade de Pés Descalços", -
2:30 - 2:32uma faculdade só para os pobres.
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2:32 - 2:37O que o pobre considerasse importante,
seria refletido na faculdade. -
2:37 - 2:39Fui a esse povoado pela primeira vez.
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2:39 - 2:44Os anciãos vieram a mim e perguntaram:
“Você está fugindo da polícia?” -
2:44 - 2:46Eu disse: “Não”.
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2:46 - 2:49(Risos)
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2:49 - 2:51“Não passou nos exames?”
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2:51 - 2:53Eu disse, “Não.”
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2:53 - 2:57“Não conseguiu um cargo público?"
Eu disse, “Não é isso”. -
2:57 - 2:58“O que está fazendo aqui?
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2:58 - 3:00Por que você está aqui?
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3:00 - 3:02O sistema educacional na Índia
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3:02 - 3:06faz com que você olhe para Paris,
Nova Deli e Zurique; -
3:06 - 3:08o que está fazendo neste povoado?
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3:08 - 3:11Há algo de errado com você
e está escondendo isso de nós?” -
3:11 - 3:14Eu disse: “Não, na verdade,
quero começar uma faculdade -
3:14 - 3:16só para os pobres.
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3:16 - 3:19O que o pobre pensava ser importante
seria refletido na faculdade”. -
3:19 - 3:23Aí os anciãos me deram um conselho
muito bom e profundo. -
3:23 - 3:28Disseram, “Por favor, não traga
ninguém com curso universitário e diploma -
3:28 - 3:30para a sua faculdade”.
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3:30 - 3:32Assim, esta é a única faculdade na Índia
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3:32 - 3:37na qual, se você tivesse doutorado
ou mestrado, seria desqualificado. -
3:37 - 3:39(Risos)
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3:39 - 3:43Você precisa ser inconformado,
fracassado ou desistente -
3:43 - 3:46para vir para a nossa faculdade.
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3:46 - 3:49Você tem que trabalhar com as mãos,
e ter que ser digno no trabalho. -
3:49 - 3:52Precisa mostrar que tem uma habilidade
que ofereça à comunidade -
3:52 - 3:55e prestar um serviço à comunidade.
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3:55 - 3:59Assim fundamos
a Faculdade de Pés Descalços, -
3:59 - 4:01e redefinimos profissionalismo.
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4:01 - 4:03Quem é um profissional?
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4:03 - 4:05Um profissional é alguém
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4:05 - 4:09que possui uma mistura de competência,
confiança e convicção. -
4:10 - 4:13Um adivinhador de água é um profissional.
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4:13 - 4:17A parteira tradicional é uma profissional,
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4:17 - 4:20Um remendador de ossos
tradicional é um profissional. -
4:20 - 4:25São profissionais que encontramos
em qualquer povoado remoto no mundo. -
4:25 - 4:29E achamos que eles deveriam
ser levados ao conhecimento do público -
4:29 - 4:32e mostrar que o conhecimento
e as habilidades que eles possuem -
4:32 - 4:34são universais.
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4:34 - 4:38Isto precisa ser usado, aplicado,
precisa ser mostrado ao mundo afora; -
4:38 - 4:42estes conhecimentos e habilidades
são relevantes ainda hoje. -
4:43 - 4:45Então a faculdade
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4:45 - 4:49segue os estilos de vida
e trabalho de Mahatma Gandhi. -
4:50 - 4:53Comemos, dormimos e trabalhamos no chão.
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4:53 - 4:56Não existem contratos,
não há contratos formais. -
4:56 - 4:59Você pode permanecer comigo
por 20 anos, ou partir amanhã. -
4:59 - 5:01E ninguém pode ganhar
mais de US$ 100 por mês. -
5:01 - 5:04Não se vem só pelo dinheiro
para a Faculdade de Pés Descalços; -
5:04 - 5:07se você vêm pelo trabalho e desafio,
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5:07 - 5:08você entra para a faculdade,
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5:08 - 5:11que é onde queremos que você
tente criar suas ideias malucas. -
5:11 - 5:13Qualquer ideia que tenha,
venha e experimenta. -
5:13 - 5:15Não importa se fracassa.
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5:15 - 5:18Maltratado, machucado,
você começa novamente. -
5:18 - 5:21É a única faculdade na qual
o professor é o aprendiz -
5:21 - 5:24e o aprendiz é o professor.
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5:24 - 5:27E é a única faculdade
n qual não se confere diplomas. -
5:27 - 5:30Você é certificado
pela comunidade que serve. -
5:30 - 5:33Você não precisa de um papel
para pendurar na parede -
5:33 - 5:36para mostrar que é um engenheiro.
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5:38 - 5:40Quando eu disse isso,
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5:40 - 5:43me disseram: “Mostre-nos o que
é possível. O que você vai fazer? -
5:43 - 5:46Isto é conversa mole, se não
demonstrar o que está falando”. -
5:46 - 5:50Então construímos a primeira
Faculdade de Pés Descalços -
5:50 - 5:53em 1986.
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5:53 - 5:54Foi construída por 12 arquitetos pés descalços
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5:54 - 5:56que não sabem ler e escrever,
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5:56 - 5:59construída com R$20.80 por metro quadrado.
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5:59 - 6:03Eram 150 pessoas morando e trabalhando lá.
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6:03 - 6:06Eles receberam o Prêmio Aga Khan de Arquitetura em 2002.
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6:06 - 6:09Mas depois suspeitaram que tinha havido um arquiteto por detrás disso.
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6:09 - 6:11Eu disse, “Sim, eles projetaram as plantas,
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6:11 - 6:15mas, na verdade, os arquitetos pés descalços construíram a faculdade.”
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6:16 - 6:19Fomos os únicos a devolver o prêmio de R$93.000,
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6:19 - 6:21porque eles não acreditaram em nós,
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6:21 - 6:25e pensamos, na verdade, eles estavam insultando
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6:25 - 6:28os arquitetos pés descalços de Tilonia.
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6:28 - 6:30Eu perguntei a um silvicultor –
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6:30 - 6:33de alto poder, especialista qualificado –
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6:33 - 6:36“O que podemos construir neste lugar?”
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6:36 - 6:38Ele olhou para o solo e disse, “Esqueça. Não tem como.
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6:38 - 6:40Não vale nem a pena.
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6:40 - 6:42Não tem água e o solo é rochoso.”
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6:42 - 6:44Minha situação ficou difícil.
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6:44 - 6:46E eu disse, “Ok, eu irei ao ancião do povoado
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6:46 - 6:49e perguntar: ‘O que devo plantar aqui neste lugar?’”
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6:49 - 6:51Ele olhou para mim calmamente e disse,
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6:51 - 6:53“Constrói isso, constrói aquilo, põe isto e dará certo.”
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6:53 - 6:56É assim que se parece agora.
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6:57 - 6:59Fui ao telhado,
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6:59 - 7:01e as mulheres todas disseram, “Vai embora.
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7:01 - 7:04Os homens têm que sair daqui porque não queremos partilhar esta tecnologia com eles.
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7:04 - 7:06Estamos impermeabilizando o telhado.”
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7:06 - 7:08(Risadas)
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7:08 - 7:11É um pouco de açúcar mascavo, um pouco de ‘urens’ [uma planta]
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7:11 - 7:13e um pouco de outras coisas que não conheço.
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7:13 - 7:15Mas o fato é que o telhado não vaza.
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7:15 - 7:18Não vaza desde 1986.
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7:18 - 7:21Esta tecnologia as mulheres não vão partilhar com os homens.
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7:21 - 7:24(Risadas)
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7:24 - 7:26É a única faculdade
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7:26 - 7:30completamente eletrificada com energia solar.
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7:30 - 7:32Toda eletricidade vem do sol.
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7:32 - 7:34Painéis de 45 quilowatts no telhado.
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7:34 - 7:36E nos próximos 25 anos tudo funcionará com energia solar.
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7:36 - 7:38Enquanto o sol brilhar,
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7:38 - 7:40não teremos problemas com eletricidade.
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7:40 - 7:42Mas a beleza disso
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7:42 - 7:45é que foi instalado
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7:45 - 7:48por um sacerdote hindu,
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7:48 - 7:51que só frequentou a escola durante 8 anos –
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7:51 - 7:54nunca foi a uma escola de ensino médio ou à faculdade.
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7:54 - 7:56Ele sabe mais sobre energia solar
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7:56 - 8:00do que qualquer outra pessoa que conheço, isto é garantido.
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8:02 - 8:04A comida, quando as pessoas vêm a Barefoot,
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8:04 - 8:07é preparada com energia solar.
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8:07 - 8:10Mas as pessoas que fabricaram este fogão solar
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8:10 - 8:13são mulheres,
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8:13 - 8:15mulheres iletradas,
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8:15 - 8:17elas realmente fabricam
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8:17 - 8:19o mais sofisticado fogão solar.
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8:19 - 8:22É um fogão solar parabólico Scheffler.
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8:25 - 8:29Infelizmente, elas são quase metade alemães,
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8:29 - 8:31elas são tão precisas.
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8:31 - 8:33(Risadas)
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8:33 - 8:36Você nunca encontrará mulheres indianas tão precisas.
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8:37 - 8:39Absolutamente até o último centímetro,
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8:39 - 8:41elas conseguem fabricar este fogão.
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8:41 - 8:43Nós servimos 60 refeições duas vezes por dia
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8:43 - 8:45preparadas na cozinha solar.
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8:45 - 8:47Temos uma dentista –
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8:47 - 8:50ela é uma avó, iletrada e é uma dentista.
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8:50 - 8:52Ela de fato cuida dos dentes
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8:52 - 8:55de 7.000 crianças.
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8:56 - 8:58Tecnologia pés descalços:
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8:58 - 9:01isto foi em 1986 – nenhum engenheiro, nenhum arquiteto pensou nisso –
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9:01 - 9:04mas captamos água de chuva dos telhados.
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9:04 - 9:06Pouquíssima água é desperdiçada.
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9:06 - 9:08Todos os telhados são conectados subterraneamente
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9:08 - 9:10a uma cisterna de 400 mil litros,
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9:10 - 9:12e água nenhuma é desperdiçada.
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9:12 - 9:15Mesmo se tivermos 4 anos de seca ainda teremos água no campus,
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9:15 - 9:17porque captamos a água da chuva.
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9:17 - 9:2060% das crianças não vão à escola,
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9:20 - 9:22porque elas têm que tomar conta dos animais –
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9:22 - 9:24ovelhas, cabras –
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9:24 - 9:26afazeres domésticos.
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9:26 - 9:29Então pensamos em abrir uma escola
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9:29 - 9:31noturna para as crianças.
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9:31 - 9:33Por causa das escolas noturnas de Tilonia,
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9:33 - 9:36mais de 75 mil crianças já estudaram nelas.
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9:36 - 9:38Porque isto é para a conveniência da criança
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9:38 - 9:40e não para a conveniência do professor.
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9:40 - 9:42E o que ensinamos nestas escolas?
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9:42 - 9:44Democracia, cidadania,
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9:44 - 9:47como deverão medir suas terras,
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9:47 - 9:49o que fazer se forem presas,
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9:49 - 9:53o que fazer quando um animal fica doente.
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9:53 - 9:55Isto é o que ensinamos nas escola noturnas.
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9:55 - 9:58Mas todas as escolas são iluminadas com energia solar.
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9:58 - 10:00A cada 5 anos
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10:00 - 10:02temos eleições.
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10:02 - 10:06Crianças de 6 a 14 anos
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10:06 - 10:09participam do processo democrático,
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10:09 - 10:13e elegem um primeiro ministro.
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10:13 - 10:16A primeira ministra tem 12 anos.
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10:17 - 10:19Ela toma conta de 20 cabras pela manhã,
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10:19 - 10:22mas de noite ela é a primeira ministra.
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10:22 - 10:24Ela tem um gabinete:
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10:24 - 10:27um ministro da educação, um ministro da energia e um ministro da saúde.
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10:27 - 10:29E elas realmente monitoram e supervisionam
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10:29 - 10:32150 escolas com 7 mil crianças.
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10:34 - 10:36Ela recebeu o Prêmio das Crianças do Mundo 5 anos atrás,
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10:36 - 10:38e foi à Suécia.
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10:38 - 10:40Foi a primeira vez que deixou sua comunidade.
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10:40 - 10:43Nunca tinha ido a Suécia.
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10:43 - 10:45Ela não ficou abismada com tudo que acontecia.
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10:45 - 10:47E a rainha da Suécia, que estava presente,
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10:47 - 10:50virou-se para mim e disse, “Pergunta a esta menina de onde ela ganhou esta autoconfiança?
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10:50 - 10:52Ela tinha apenas 12 anos,
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10:52 - 10:55e não ficou abismada com nada.”
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10:55 - 10:58E a menina ao lado esquerdo dela,
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10:58 - 11:01virou-se para mim e olhou para a rainha diretamente em seus olhos
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11:01 - 11:04e disse, Por favor, diga-lhe que sou a primeira ministra.”
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11:04 - 11:06(Risadas)
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11:06 - 11:14(Aplausos)
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11:14 - 11:18Onde a porcentagem de analfabetismo é alta,
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11:18 - 11:21nós usamos marionetes.
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11:21 - 11:24Marionetes são uma maneira de nos comunicarmos.
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11:30 - 11:33Temos Jokhim Chacha
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11:33 - 11:37que tem 300 anos.
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11:37 - 11:40Ele é meu psicanalista. Meu professor.
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11:40 - 11:42Ele é meu médico. Meu advogado.
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11:42 - 11:44Ele é meu doador.
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11:44 - 11:46Ele de fato angaria fundos,
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11:46 - 11:49resolve minhas disputas.
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11:49 - 11:52Resolve meus problemas no povoado.
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11:52 - 11:54Se há tensão na comunidade,
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11:54 - 11:56se a assiduidade nas escolas diminui
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11:56 - 11:58e se existe atrito entre professores e os pais,
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11:58 - 12:01o marionete chama a professora e os pais em frente de toda a comunidade
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12:01 - 12:03e diz, “Apertem as mãos.
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12:03 - 12:05A assiduidade não pode cair.”
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12:07 - 12:09Estes marionetes
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12:09 - 12:11são feitos de relatórios reciclados do Banco Mundial.
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12:11 - 12:13(Risadas)
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12:13 - 12:20(Aplausos)
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12:20 - 12:24Então, com esta proposta descentralizada e demistificada
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12:24 - 12:26para a eletrificação solar dos povoados,
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12:26 - 12:28cobrimos toda a Índia
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12:28 - 12:31de Ladakh até o Butão –
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12:33 - 12:35todos povoados com eletrificação solar,
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12:35 - 12:38[instalados] por pessoas treinadas.
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12:39 - 12:41Fomos a Ladakh
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12:41 - 12:43e dissemos a esta mulher –
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12:43 - 12:46isto, a menos 40 graus, você tem que descer do telhado,
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12:46 - 12:49porque não tinha lugar, estava tudo coberto de neve, nos dois lados –
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12:49 - 12:51e perguntamos a ela,
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12:51 - 12:53“Como você se beneficiou
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12:53 - 12:55com a eletricidade solar?”
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12:55 - 12:57E ela pensou um pouco e disse,
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12:57 - 13:01“É a primeira vez que consigo ver o rosto do meu marido no inverno.”
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13:01 - 13:04(Risadas)
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13:04 - 13:06Fui ao Afeganistão.
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13:06 - 13:11Uma lição que aprendemos na Índia
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13:11 - 13:15foi que não dá para treinar os homens.
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13:15 - 13:19(Risadas)
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13:19 - 13:21Os homens são inquietos,
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13:21 - 13:23os homens são ambiciosos,
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13:23 - 13:26são compulsivamente móveis,
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13:26 - 13:28e todos eles querem um diploma.
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13:28 - 13:30(Risadas)
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13:30 - 13:33Temos esta tendência no globo inteiro
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13:33 - 13:35do homem querer um diploma.
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13:35 - 13:38Por quê? Porque eles querem deixar o povoado
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13:38 - 13:41e ir para a cidade procurar emprego.
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13:41 - 13:44Então encontramos uma solução ótima:
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13:44 - 13:46treinar as avós.
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13:48 - 13:50Qual é a melhor forma de comunicação
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13:50 - 13:52no mundo atualmente?
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13:52 - 13:54Televisão? Não.
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13:54 - 13:56Telégrafo? Não.
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13:56 - 13:58Telefone? Não.
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13:58 - 14:00Diga a uma mulher.
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14:00 - 14:03(Risadas)
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14:03 - 14:07(Aplausos)
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14:07 - 14:09Então fomos ao Afeganistão pela primeira vez,
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14:09 - 14:11e escolhemos 3 mulheres
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14:11 - 14:13e dissemos, “Queremos levá-las para a Índia.”
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14:13 - 14:15Disseram, “Impossível. Elas nem saem dos seus quartos,
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14:15 - 14:17e vocês querem levá-las para a Índia.”
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14:17 - 14:19Eu disse, “Farei uma concessão. Levarei os maridos também.”
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14:19 - 14:21Então eu trouxe os maridos juntos.
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14:21 - 14:24É claro que as mulheres são muito mais inteligentes que os homens.
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14:24 - 14:26Em seis meses,
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14:26 - 14:29como mudamos estas mulheres?
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14:29 - 14:31Língua de sinais.
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14:31 - 14:34Não escolhemos a palavra escrita.
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14:34 - 14:36Não escolhemos a palavra falada.
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14:36 - 14:39Usamos a língua de sinais.
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14:39 - 14:41E em 6 meses
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14:41 - 14:45elas podem se tornar engenheiras de energia solar.
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14:45 - 14:48Elas retornam e eletrificam seus povoados com energia solar.
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14:48 - 14:50Esta mulher retornou
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14:50 - 14:53e eletrificou o primeiro povoado com energia solar.
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14:53 - 14:55estabeleceu uma oficina –
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14:55 - 14:58o primeiro povoado a ter eletrificação solar no Afeganistão
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14:58 - 15:01[foi o trabalho] das 3 mulheres.
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15:01 - 15:03Esta mulher
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15:03 - 15:05é uma avó extraordinária.
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15:05 - 15:10Tem 55 anos e eletrificou 200 casas para mim com energia solar no Afeganistão.
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15:10 - 15:13E não desabaram.
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15:13 - 15:16Ela até foi a um departamento de engenharia no Afeganistão
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15:16 - 15:18e ensinou ao chefe do departamento
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15:18 - 15:20a diferença entre AC (corrente alternada) DC (corrente contínua).
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15:20 - 15:22Ele não sabia.
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15:22 - 15:25Estas 3 mulheres treinaram mais 27 mulheres
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15:25 - 15:28e eletrificaram 100 povoados com energia solar no Afeganistão.
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15:28 - 15:31Fomos para a África,
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15:31 - 15:33e fizemos a mesma coisa.
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15:33 - 15:36Lá estavam as mulheres sentadas à mesa, vindas de oito, nove países,
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15:36 - 15:39todas batendo papo uma com a outra, sem entender nada,
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15:39 - 15:41porque falavam línguas diferentes.
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15:41 - 15:43Mas a linguagem do corpo era fantástica.
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15:43 - 15:45Elas conversavam entre si
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15:45 - 15:47e tornavam-se engenheiras de energia solar.
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15:47 - 15:50Fui a Serra Leoa,
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15:50 - 15:53e lá estava esse ministro dirigindo tarde da noite –
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15:53 - 15:55passa por esse povoado.
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15:55 - 15:58Retorna, entra no povoado e diz, “Bem, o que está acontecendo?”
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15:58 - 16:00Responderam, “Essas duas avós...”
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16:00 - 16:03“Avós?” O ministro não podia acreditar no que estava acontecendo.
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16:03 - 16:06“Para onde elas foram?” “Foram para a Índia e voltaram.”
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16:06 - 16:08Ele foi direto ao presidente.
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16:08 - 16:10Disse, “Sabia que tem um povoado eletrificado com energia solar em Serra Leoa?”
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16:10 - 16:13Ele disse, “Não.” Metade do gabinete de ministros foi visitar as avós no dia seguinte.
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16:13 - 16:15“O que está acontecendo?”
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16:15 - 16:19Ele me chamou e disse, “Pode treinar 150 avós para mim?”
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16:19 - 16:21Eu disse, “Não posso, Sr. Presidente.
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16:21 - 16:23Mas elas podem. As avós farão isto.”
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16:23 - 16:26Então ele construiu o primeiro centro de treinamento Barefoot em Serra Leoa.
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16:26 - 16:30E 150 avós foram treinadas em Serra Leoa.
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16:30 - 16:32Gâmbia:
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16:32 - 16:35fomos selecionar uma avó na Gâmbia.
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16:35 - 16:37Fomos a esse povoado.
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16:37 - 16:39Eu sabia qual era a mulher que gostaria de trazer.
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16:39 - 16:42A comunidade reuniu-se e disse, “Leva essas duas.”
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16:42 - 16:44Eu disse, “Não, eu quero esta aqui.”
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16:44 - 16:46Perguntaram, “Por que? Ela não sabe a língua. Você não a conhece.”
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16:46 - 16:49Eu disse, “Gosto da linguagem do corpo. Gosto da maneira como ela fala.”
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16:49 - 16:51“Marido difícil; não é possível.”
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16:51 - 16:53Chamaram o marido, ele veio
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16:53 - 16:56vangloriando-se, político, celular na mão. “Não é possível.”
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16:56 - 16:59“Por que não? “A mulher, olha como ela é bonita.”
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16:59 - 17:01Eu disse, “Sim, ela é muito bonita.”
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17:01 - 17:03“O que vai acontecer se ela fugir com um indiano?”
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17:03 - 17:05Este era o seu maior medo.
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17:05 - 17:08Eu disse, “Ela ficará feliz. Ela ligará para você no seu celular.”
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17:08 - 17:11Ela foi como uma avó
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17:11 - 17:13e voltou como um tigre.
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17:13 - 17:15Desceu do avião
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17:15 - 17:18e falou para a imprensa inteira como se fosse uma veterana.
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17:18 - 17:21Ela lidou com a imprensa nacional,
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17:21 - 17:23e virou uma estrela.
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17:23 - 17:26Quando eu voltei depois de 6 meses eu disse, “Onde está o marido?”
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17:26 - 17:28“Ah, por aí. Não importa.”
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17:28 - 17:30(Risadas)
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17:30 - 17:32Uma história de sucesso.
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17:32 - 17:34(Risadas)
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17:34 - 17:37(Aplausos)
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17:37 - 17:43Vou finalizar dizendo apenas
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17:43 - 17:47que acho que não precisamos procurar soluções lá fora.
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17:47 - 17:49Procure soluções no interior.
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17:49 - 17:52e ouça as pessoas que têm as soluções na sua frente.
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17:52 - 17:54Elas estão no mundo inteiro.
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17:54 - 17:56Não se preocupe.
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17:56 - 17:59Não ouça ao Banco Mundial, ouça às pessoas ao seu redor.
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17:59 - 18:02Elas têm todas as soluções.
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18:02 - 18:05Vou terminar com uma citação de Mahatma Gandhi.
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18:05 - 18:07“Primeiro eles ignoram você,
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18:07 - 18:09depois riem de você,
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18:09 - 18:11depois brigam,
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18:11 - 18:13e então você vence.”
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18:13 - 18:15Obrigado.
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18:15 - 18:46(Aplausos)
- Title:
- Aprendendo com um movimento de pés descalços
- Speaker:
- Bunker Roy
- Description:
-
Em Rajastão, na Índia, uma escola extraordinária ensina as mulheres e homens rurais, muitos deles analfabetos, a se tornarem engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos em suas próprias aldeias. É a chamada Faculdade de Pés Descalços, e seu fundador, Bunker Roy, explica como ele funciona.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:47
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