Os jogos são melhores do que a vida real?
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0:00 - 0:02Cresci na Irlanda do Norte,
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0:02 - 0:04mesmo, mesmo ali no norte
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0:04 - 0:06onde faz um frio de gelar.
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0:07 - 0:10Este sou eu, a correr no jardim
a meio do verão. -
0:10 - 0:11(Risos)
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0:11 - 0:12Não sabia que carreira escolher.
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0:12 - 0:15Na Irlanda, a escolha óbvia
é o serviço militar, -
0:15 - 0:17mas, para dizer a verdade, não presta.
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0:17 - 0:19(Risos)
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0:19 - 0:21A minha mãe queria
que eu fosse dentista. -
0:21 - 0:24O problema é que rebentavam bombas
por todo o lado. -
0:24 - 0:26Por isso, fui estudar para Belfast,
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0:26 - 0:28que era onde havia ação.
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0:29 - 0:31Isto era um espetáculo muito comum.
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0:31 - 0:33A escola onde estudei
era muito aborrecida. -
0:33 - 0:35Obrigavam-nos a aprender
coisas como o latim. -
0:35 - 0:37Os professores andavam aborrecidos,
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0:37 - 0:39os desportos eram sujos
ou muito dolorosos. -
0:39 - 0:42Então, escolhi fazer remo,
e fiquei muito bom nisso. -
0:42 - 0:44Aqui estava a fazer remo
pela minha escola, -
0:44 - 0:47até ao dia fatídico,
em que virei o barco -
0:47 - 0:49em frente da escola inteira.
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0:49 - 0:50Mesmo junto do poste de chegada.
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0:50 - 0:51(Risos)
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0:51 - 0:52Foi muito embaraçoso.
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0:53 - 0:55Mas a nossa escola
recebeu uma bolsa do governo -
0:55 - 0:58e um computador incrível
— a máquina de pesquisa 3DZ — -
0:58 - 1:01e deixaram os manuais
de programação à mão de semear. -
1:01 - 1:03Os estudantes como eu,
sem nada para fazer, -
1:03 - 1:05aprenderam a programar.
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1:05 - 1:07Também nessa altura, lá em casa,
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1:07 - 1:09havia o computador que todos compravam.
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1:09 - 1:12Chamava-se Sinclair ZX80,
um computador de 1K, -
1:12 - 1:14e compravam-se os programas em cassete.
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1:14 - 1:16Vou parar aqui um bocadinho,
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1:16 - 1:18porque ouvi dizer que a TED
tem um pré-requisito, -
1:18 - 1:21temos de ter uma foto antiga,
com o cabelo comprido. -
1:21 - 1:23Por isso, trouxe uma foto
com o cabelo comprido. -
1:23 - 1:25Só queria mostrar isto.
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1:25 - 1:27Depois do Sinclair ZX80,
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1:29 - 1:32veio o Sinclair ZX81,
muito engenhoso. -
1:32 - 1:33(Risos)
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1:33 - 1:34Estão a ver a foto em baixo?
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1:34 - 1:37É um tipo a fazer os trabalhos
de casa com o filho. -
1:37 - 1:39Achavam que os computadores
serviam para isso. -
1:39 - 1:42Recebemos o manual de programação
e começámos a criar jogos. -
1:42 - 1:45Usámos programação BASIC,
uma péssima linguagem para jogos, -
1:45 - 1:48e acabámos por aprender
a linguagem Assembly, -
1:48 - 1:50para podermos controlar o "hardware".
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1:50 - 1:52Este é Clive Sinclair,
o criador do Assembly, -
1:52 - 1:54que está a mostrar a máquina.
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1:54 - 1:55Também existia nos EUA,
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1:55 - 1:57mas chamava-se Timex Sinclair1000.
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1:58 - 2:00Para jogar, tinha de haver imaginação
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2:00 - 2:03para acreditar que se jogava
"Battlestar Galactica". -
2:03 - 2:05Os gráficos eram horríveis.
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2:05 - 2:08Tinha de haver ainda mais imaginação
para este jogo, -
2:08 - 2:10o "Death Rider".
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2:10 - 2:11Claro, os cientistas não puderam evitar.
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2:12 - 2:14Começaram a fazer
os seus próprios videojogos. -
2:14 - 2:18Este é um dos meus favoritos,
onde se faz criação de coelhos, -
2:18 - 2:21os machos escolhem o coelho sortudo.
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2:21 - 2:24Nesta altura passou-se
de 1K para 16K, -
2:24 - 2:25um grande salto.
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2:25 - 2:27Se estão a pensar quanto será 16K,
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2:27 - 2:29este logótipo do eBay está em 16K.
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2:29 - 2:31Com esta memória de 16K,
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2:31 - 2:34alguém programou um programa
de simulação de voo. -
2:34 - 2:36Era assim o programa.
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2:36 - 2:39Passei séculos a voar
neste simulador de voo, -
2:39 - 2:42e acreditei que sabia pilotar aviões,
quando terminei. -
2:42 - 2:46Este é Clive Sinclair
a lançar o seu computador a cores. -
2:46 - 2:49É conhecido como o pai
dos videojogos na Europa. -
2:49 - 2:51É multimilionário,
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2:51 - 2:53acho que é por isso
que está a sorrir nesta foto. -
2:53 - 2:55Nos 20 anos seguintes,
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2:55 - 2:57continuei a fazer muitos jogos diferentes.
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2:57 - 2:59Os mais conhecidos foram "The Terminator",
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2:59 - 3:02"Aladdin" e "Teenage Mutant Hero Turtles".
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3:02 - 3:04Como sou do Reino Unido,
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3:04 - 3:07acharam que a palavra "ninja"
era muito forte para as crianças, -
3:07 - 3:10e, em vez disso, usaram a palavra "herói".
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3:10 - 3:13Eu prefiro a versão espanhola,
chamada "Tortugas Ninja". -
3:13 - 3:14(Risos)
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3:14 - 3:16Era muito melhor.
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3:16 - 3:17(Risos)
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3:18 - 3:21O último jogo que fiz foi na tentativa
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3:21 - 3:24de juntar a indústria
dos jogos e Hollywood, -
3:24 - 3:27em vez de pedirem autorização uma à outra.
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3:27 - 3:29Chris pediu-me para trazer estatísticas,
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3:30 - 3:31por isso, assim o fiz.
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3:31 - 3:35Em 2005, a indústria dos videojogos
valia 29 mil milhões de dólares. -
3:35 - 3:36Aumenta todos os anos.
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3:36 - 3:38O ano passado foi o ano mais alto.
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3:38 - 3:41Em 2008, vamos ultrapassar
a indústria musical -
3:41 - 3:45e em 2010, vamos chegar
aos 42 mil milhões. -
3:45 - 3:4743% dos jogadores são mulheres.
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3:47 - 3:49Há mais mulheres a jogar
do que se pensa. -
3:49 - 3:51A média da idade dos jogadores?
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3:51 - 3:53Bom, obviamente, são crianças, certo?
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3:53 - 3:55Não. A média são 30 anos.
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3:55 - 3:58Curiosamente, as pessoas com 37 anos
são quem compra mais jogos. -
3:58 - 4:01Portanto, o nosso público-alvo
tem 37 anos. -
4:01 - 4:02Todos os videojogos são violentos?
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4:02 - 4:05Claro, os jornais adoram
bater nesta tecla. -
4:05 - 4:09Mas 83% dos jogos não têm
qualquer conteúdo para adultos, -
4:09 - 4:11por isso, não é verdade.
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4:11 - 4:13Estatísticas de jogos "online".
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4:13 - 4:16Trouxe algumas do "World of Warcraft":
Cinco milhões e meio de jogadores. -
4:16 - 4:19Gera uns 80 milhões de dólares,
por mês, em assinaturas. -
4:19 - 4:22São 50 dólares só para instalar
o jogo no computador, -
4:22 - 4:26o que rende à editora
cerca de 275 milhões. -
4:26 - 4:28Criar o jogo custou cerca de 80 milhões,
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4:28 - 4:30portanto, num mês o jogo fica pago.
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4:31 - 4:33Um jogador do "Project Entropia"
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4:34 - 4:37comprou uma ilha por 26 500 dólares.
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4:37 - 4:39Lembrem-se que não é uma ilha real.
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4:39 - 4:42Não comprou nada, só dados.
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4:42 - 4:44Mas tem ótimas condições.
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4:44 - 4:46A compra incluiu direitos
de mineração e caça, -
4:46 - 4:48a posse de todo o terreno da ilha
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4:48 - 4:50e um castelo não mobilado.
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4:50 - 4:51(Risos)
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4:51 - 4:55Este mercado está avaliado
em 800 milhões de dólares anuais. -
4:55 - 4:59O que é interessante é que foi criado
pelos próprios jogadores. -
4:59 - 5:01Têm maneiras engenhosas de trocar artigos
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5:01 - 5:03e de venderem as contas entre si
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5:03 - 5:05para ganharem dinheiro enquanto jogam.
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5:05 - 5:07Fui ao eBay há uns dias
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5:07 - 5:11escrevi "World of Warcraft"
e apareceram 6000 resultados. -
5:11 - 5:13Foi deste que gostei mais,
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5:13 - 5:15um Warlock de nível 60
com muitas epopeias -
5:16 - 5:18por 174 mil dólares.
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5:18 - 5:21Obviamente, este tipo
sofreu a criar esta personagem. -
5:22 - 5:24Em relação à popularidade dos jogos,
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5:24 - 5:26o que fazem aqui estas pessoas?
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5:26 - 5:31Na verdade, estão em Hollywood Bowl,
em Los Angeles, -
5:31 - 5:34a ouvir a Orquestra Filarmónica de LA,
a tocar música de videojogos. -
5:34 - 5:35É assim o palco do concerto.
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5:36 - 5:37Esperava-se que fosse piroso,
mas não é. -
5:37 - 5:39É um concerto muito épico e muito bonito.
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5:39 - 5:42As pessoas que lá foram adoraram.
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5:42 - 5:43E aqui, o que é que estão a fazer?
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5:43 - 5:47Levam os seus computadores
para jogarem entre si. -
5:47 - 5:49Isto acontece em todas as cidades
do mundo. -
5:49 - 5:51Está a acontecer nas nossas cidades,
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5:51 - 5:53mesmo sem sabermos.
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5:53 - 5:56Chris disse-me que, há uns anos,
viram aqui um vídeo com um cronograma, -
5:56 - 5:59que mostrava como os gráficos
dos jogos têm vindo a melhorar. -
5:59 - 6:02Quis atualizar esse vídeo
e mostrá-lo atualizado. -
6:02 - 6:04Mas quero que compreendam.
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6:04 - 6:06Estamos nesta curva,
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6:06 - 6:08e os gráficos estão a ficar
ridiculamente melhores. -
6:08 - 6:11Vou mostrar-vos até 2007.
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6:12 - 6:14Mas pensem no aspeto que os jogos terão
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6:14 - 6:16daqui a dez anos.
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6:16 - 6:17Vamos começar com aquele vídeo.
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6:17 - 6:18(Vídeo)
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6:18 - 6:21Desde o início da humanidade,
as pessoas jogam. -
6:21 - 6:24O intelecto e a tecnologia
do homem evoluíram, -
6:24 - 6:27tal como os jogos que ele joga.
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6:28 - 6:29(Música)
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6:41 - 6:43[Evolução do basquetebol]
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7:05 - 7:06[Evolução do Star Wars]
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7:26 - 7:27[Evolução de jogos de guerra]
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7:43 - 7:44[Evolução de combates]
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8:02 - 8:04[Evolução de atirador único]
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8:22 - 8:23[Evolução de condução]
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8:47 - 8:50(Aplausos)
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8:50 - 8:52David Perry: Pensem no seguinte:
-
8:52 - 8:54não pensem que os gráficos
vão ficar assim. -
8:54 - 8:57Pensem que é a fase
em que estamos agora, -
8:57 - 8:59e que a curva onde estamos
vai continuar a melhorar. -
8:59 - 9:02Este é o tipo de gráfico
que precisam de saber desenhar -
9:02 - 9:05para poderem trabalhar na indústria
dos videojogos hoje em dia. -
9:05 - 9:07É preciso ser um artista incrível.
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9:07 - 9:09Assim que houver suficientes tipos destes,
-
9:09 - 9:13vamos querer mais artistas criativos
que criem locais onde nunca estivemos -
9:13 - 9:15ou personagens que nunca vimos.
-
9:15 - 9:18Penso que o tema óbvio
era falar de gráficos e som. -
9:18 - 9:20Mas numa conferência
de criadores de jogos, -
9:20 - 9:22eles só falam de emoção, de intenção,
-
9:22 - 9:24significado, compreensão e sentimentos.
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9:24 - 9:27Ouvem-se coisas como,
"Pode um videojogo fazer-vos chorar?" -
9:27 - 9:30São estes assuntos que
realmente nos interessam. -
9:30 - 9:32Encontrei um estudante,
-
9:33 - 9:35que é excelente a exprimir-se,
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9:35 - 9:40e concordou em não mostrar
este vídeo a ninguém -
9:40 - 9:41enquanto aqui na TED não fosse visto.
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9:42 - 9:44Por isso, vou mostrar esse vídeo.
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9:44 - 9:47Esta é a opinião de um estudante
sobre a sua experiência de jogos. -
9:47 - 9:50(Vídeo)
Como muitos de vocês, eu vivo algures -
9:50 - 9:52entre a realidade e os videojogos.
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9:53 - 9:56Uma parte de mim
— uma pessoa real e viva — -
9:56 - 10:00tornou-se programada,
eletrónica e virtual. -
10:00 - 10:03O limite do meu cérebro
que separa o real da fantasia -
10:03 - 10:05começou finalmente a desmoronar-se.
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10:05 - 10:08Sou viciado em videojogos
e esta é a minha história. -
10:24 - 10:25No ano em que nasci,
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10:25 - 10:29começou a ser criada
a Nintendo Entertainment System. -
10:33 - 10:36Eu brincava no quintal, aprendi a ler,
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10:36 - 10:38e até comia alguns vegetais.
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10:38 - 10:42A maior parte da minha infância
foi passada a brincar com Legos. -
10:43 - 10:45Mas, tal como a maior parte
da minha geração, -
10:45 - 10:48passei muito tempo em frente da televisão.
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10:48 - 10:51Mr. Rogers, Walt Disney, Nick Junior,
-
10:51 - 10:53e cerca de meio milhão de anúncios,
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10:53 - 10:55deixaram-me, certamente a sua marca.
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10:56 - 10:59Quando os meus pais nos compraram
a primeira Nintendo, -
10:59 - 11:02fui rapidamente possuído
pela qualidade interativa inerente -
11:02 - 11:06deste produto eletrónico.
-
11:14 - 11:17A certo ponto, algo fez clique.
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11:23 - 11:25Com a junção de histórias
interativas simples -
11:26 - 11:28com o calor da televisão,
-
11:28 - 11:31a minha simples Nintendo de 16 bits
tornou-se mais do que uma distração. -
11:31 - 11:35Tornou-se numa existência alternativa,
na minha realidade virtual. -
11:52 - 11:54Sou viciado em videojogos,
-
11:54 - 11:57não por causa das horas de jogo
que gastei, -
11:57 - 12:00nem das noites em branco
para acabar o nível seguinte. -
12:00 - 12:03Sou viciado por causa das experiências
que tive no espaço virtual -
12:03 - 12:06e os videojogos começaram a corroer
a minha compreensão -
12:06 - 12:09do que é real e do que não é.
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12:10 - 12:13Sou viciado, pois embora saiba
que estou a perder a noção da realidade, -
12:13 - 12:16continuo a querer mais.
-
12:26 - 12:29Desde cedo, comecei a investir
emocionalmente em mim mesmo, -
12:29 - 12:32no que se passava no ecrã diante de mim.
-
12:32 - 12:36Hoje, depois de 20 anos a ver televisão
que me tenta emocionar, -
12:36 - 12:40até um bom anúncio de seguros
pode fazer-me chorar. -
12:44 - 12:47Sou apenas um entre muitos
duma nova geração que está a aumentar. -
12:47 - 12:50Uma geração que pode experienciar
muito mais significado -
12:50 - 12:53através de videojogos
do que através do mundo real. -
12:54 - 12:56Os videojogos estão perto
de um salto evolutivo, -
12:56 - 12:59no qual os mundos dos jogos
irão parecer tão reais -
12:59 - 13:02como os filmes que vemos no cinema
ou as notícias que vemos na TV. -
13:02 - 13:05Embora o meu sentido de livre arbítrio
nestes mundos virtuais -
13:05 - 13:09possa ainda ser limitado, o que
aprendo aplica-se à minha vida real. -
13:09 - 13:12Se jogarem muito,
acabarão por acreditar -
13:12 - 13:15que podem fazer "snowboard",
pilotar um avião, -
13:15 - 13:18guiar 400 m em nove segundos
ou matar um homem. -
13:19 - 13:22Eu sei que consigo fazer tudo isso.
-
13:25 - 13:28Ao contrário de outros fenómenos
anteriores da cultura pop, -
13:28 - 13:31os jogos permitem-nos
fazer parte da máquina. -
13:31 - 13:34Permitem-nos sublimar
com a cultura interativa, -
13:34 - 13:37do "download", do "streaming",
da realidade HD. -
13:37 - 13:40Interagimos com o nosso entretenimento.
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13:40 - 13:43Eu esperava este nível de interação.
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13:43 - 13:45Sem ela, os problemas do mundo real
-
13:45 - 13:49— a pobreza, a guerra,
a doença e o genocídio — -
13:49 - 13:51não têm a leveza que deviam.
-
13:51 - 13:54A sua importância mistura-se
com os dramas sensacionalistas -
13:54 - 13:56do horário nobre da TV.
-
13:56 - 14:00Mas a beleza dos videojogos
não está nos gráficos realistas, -
14:00 - 14:03nem nos "joysticks" que vibram,
nem no efeito virtual do ambiente. -
14:03 - 14:06Está no facto de esses jogos
começarem a emocionar-me. -
14:07 - 14:11Combati em guerras,
receei pela minha sobrevivência, -
14:11 - 14:14vi os meus camaradas
morrerem em praias e bosques -
14:14 - 14:18que parecem mais reais
do que qualquer manual ou noticiário. -
14:18 - 14:20Os criadores de jogos são inteligentes.
-
14:20 - 14:24Sabem o que me assusta, me entusiasma,
me causa pânico, orgulho ou tristeza. -
14:24 - 14:28Sabem usar estas emoções para dar corpo
aos mundos que criam. -
14:28 - 14:30Um videojogo bem concebido
-
14:30 - 14:34entrelaçará o utilizador
no tecido da experiência virtual. -
14:34 - 14:35Conforme se ganha experiência,
-
14:36 - 14:38a consciência do controlo físico
desaparece. -
14:38 - 14:40Eu sei o que quero e faço-o.
-
14:40 - 14:44Não há botões nem gatilhos para carregar,
apenas eu e o jogo. -
14:44 - 14:49O meu destino e o do mundo que me rodeia
estão nas minhas mãos. -
14:53 - 14:56Sei que os videojogos violentos
preocupam a minha mãe. -
14:56 - 14:59O que me preocupa não é
que a violência dos videojogos -
14:59 - 15:02se esteja a tornar cada vez mais
como a violência da vida real, -
15:02 - 15:04mas sim que a violência da vida real
-
15:04 - 15:06esteja a tornar-se cada vez mais
semelhante a um videojogo. -
15:13 - 15:16Estes são todos os problemas externos.
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15:16 - 15:18Mas tenho um problema muito pessoal.
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15:18 - 15:21Aconteceu algo ao meu cérebro.
-
15:32 - 15:34Talvez haja uma parte do cérebro
-
15:34 - 15:36que contém todos os instintos,
as coisas que fazemos -
15:36 - 15:38antes sequer de pensarmos.
-
15:38 - 15:41Alguns desses instintos são inatos,
mas a maioria são aprendidos -
15:41 - 15:44e todos deles estão programados
no cérebro. -
15:44 - 15:49São essenciais à sobrevivência,
tanto no mundo real como no virtual. -
15:54 - 15:57Só recentemente,
a tecnologia dos videojogos -
15:57 - 15:59permitiu uma real
sobreposição de estímulos. -
16:00 - 16:03Os jogadores seguem hoje
as mesmas regras da física -
16:03 - 16:05nos mesmos locais
e fazem as mesmas coisas -
16:06 - 16:09que faziam antes na vida real,
só que virtualmente. -
16:09 - 16:11Considerem o seguinte:
-
16:11 - 16:14o meu carro real tem
cerca de 40 mil quilómetros. -
16:14 - 16:19Em todos os meus jogos de condução,
conduzi um total de 50 628 km. -
16:20 - 16:22Até certo ponto,
aprendi a conduzir com o jogo. -
16:22 - 16:24As pistas sensoriais
são muito semelhantes. -
16:24 - 16:27É uma sensação engraçada,
passar mais tempo -
16:27 - 16:30a fazer algo na televisão
do que na vida real. -
16:30 - 16:33Quando estou a conduzir ao pôr-do-sol,
só consigo pensar -
16:33 - 16:36que é quase tão bonito como nos jogos.
-
16:36 - 16:38Os meus mundos virtuais são perfeitos.
-
16:38 - 16:41São mais bonitos e ricos
do que o mundo real à nossa volta. -
16:41 - 16:44Não sei quais são as implicações
da minha experiência, -
16:45 - 16:48mas assusta-me o potencial
de usar estímulos realistas de videojogos -
16:48 - 16:51repetidamente,
em muitos participantes leais. -
16:52 - 16:55Acredito que hoje em dia,
o Big Brother teria mais êxito -
16:55 - 16:58a fazer lavagem ao cérebro
com videojogos -
16:58 - 17:00do que apenas com a televisão.
-
17:00 - 17:03Os videojogos são divertidos,
interessantes, -
17:03 - 17:06e deixam o cérebro vulnerável,
para poder ser reprogramado. -
17:07 - 17:10Talvez a lavagem ao cérebro
não seja sempre mau. -
17:10 - 17:13Imaginem um jogo que nos ensine
o respeito pelos outros, -
17:13 - 17:14ou que nos ajude a compreender
-
17:14 - 17:16os problemas que enfrentamos
no mundo real. -
17:16 - 17:19Há potencial para fazer coisas boas.
-
17:20 - 17:23Enquanto estes mundos virtuais
continuarem a refletir -
17:23 - 17:25o mundo real, é crucial
que os criadores percebam -
17:25 - 17:28que têm enormes responsabilidades.
-
17:28 - 17:30Não sei o que o futuro dos videojogos
-
17:31 - 17:32reserva para a nossa civilização.
-
17:32 - 17:36A sobreposição dos mundos
virtuais e reais aumenta cada vez mais, -
17:36 - 17:38e há cada vez mais potencial
-
17:38 - 17:40para os outros sentirem o mesmo que eu.
-
17:42 - 17:45Só descobri recentemente que,
-
17:45 - 17:48para além dos gráficos, dos sons,
da experiência e da emoção, -
17:48 - 17:50é o poder de desconstruir a realidade
-
17:50 - 17:53que me fascina e me vicia.
-
17:53 - 17:55Sei que estou a perder a noção.
-
17:55 - 17:59Parte de mim está só à espera
para se deixar ir. -
18:02 - 18:06Por mais incríveis que
os videojogos venham a ficar, -
18:06 - 18:09por mais chato o mundo real
possa parecer, -
18:09 - 18:12eu sei que temos de continuar cientes
do que os jogos nos ensinam -
18:12 - 18:16e como nos fazem sentir
quando finalmente desligamos. -
18:18 - 18:20(Aplausos)
-
18:20 - 18:21David Perry: Uau!
-
18:22 - 18:24(Aplausos)
-
18:28 - 18:31Achei este vídeo muito sugestivo,
-
18:31 - 18:33por isso é que o trouxe
para vocês verem. -
18:33 - 18:35O interessante é que a escolha óbvia
-
18:35 - 18:38era eu vir falar sobre gráficos e som.
-
18:38 - 18:41Mas, como ouviram, Michael
também falou de outros elementos. -
18:42 - 18:44Os videojogos também nos dão
muitas outras coisas, -
18:44 - 18:46e é por isso que viciam.
-
18:46 - 18:47O mais importante é a diversão.
-
18:47 - 18:49Esta faixa chama-se
"A magia que há de vir". -
18:49 - 18:51De quem virá a magia?
-
18:51 - 18:53Virá de um dos melhores
realizadores do mundo? -
18:53 - 18:54Acho que não.
-
18:54 - 18:57Acho que virá das crianças
que estão a crescer agora, -
18:57 - 19:02que não estão presas a todas as coisas
do nosso passado. -
19:02 - 19:05Irão seguir o seu caminho,
com as ferramentas que criámos. -
19:05 - 19:07Virá de estudantes
ou de pessoas muito criativas, -
19:07 - 19:09escritores e pessoas do género.
-
19:10 - 19:13Há cerca de 350 universidades
no mundo -
19:13 - 19:15que oferecem cursos de videojogos.
-
19:15 - 19:18Isto significa que existem
milhares de ideias novas. -
19:18 - 19:21Algumas delas são péssimas
e algumas são ótimas. -
19:21 - 19:23Não há nada pior do que ouvir alguém
-
19:23 - 19:26a tentar expor uma má ideia
para um jogo. -
19:26 - 19:29(Risos)
-
19:30 - 19:33Chris Anderson: Já chega, já chega.
-
19:33 - 19:35Acabou-se o tempo.
-
19:36 - 19:38DP: Só mais um bocadinho,
se não te importas. -
19:38 - 19:40CA: Força, mas eu vou ficar aqui.
-
19:40 - 19:41(Risos)
-
19:41 - 19:44DP: Isto é uma foto fixe,
são estudantes a voltarem à escola. -
19:44 - 19:47A escola está fechada,
vão voltar à meia-noite -
19:47 - 19:49para apresentarem ideias de videojogos.
-
19:49 - 19:50Eu estou ali à frente
-
19:50 - 19:52e eles estão a apresentar as suas ideias.
-
19:52 - 19:55É difícil fazer os alunos
voltarem às aulas mas é possível. -
19:55 - 19:58Esta é a minha filha, Emma.
Tem 17 meses. -
19:58 - 20:01Tenho perguntado a mim mesmo:
-
20:01 - 20:04"O que vai Emma experienciar
no mundo dos videojogos?" -
20:04 - 20:06Como aqui mostrei,
já temos a audiência. -
20:06 - 20:09Ela não vai conhecer um mundo
onde não possamos premir um botão -
20:09 - 20:11sem ter milhões de pessoas
prontas a jogar. -
20:11 - 20:13Sabem, temos a tecnologia.
-
20:13 - 20:15Ela nunca conhecerá um mundo
-
20:15 - 20:17onde os gráficos não sejam
fantásticos e absorventes. -
20:17 - 20:20Como o vídeo anterior mostrou,
podemos ter impacto e prosseguir. -
20:20 - 20:23Ela irá conhecer um mundo
onde os videojogos -
20:23 - 20:25serão emocionais
e, provavelmente a farão chorar. -
20:25 - 20:27Só espero que ela goste de videojogos.
-
20:27 - 20:28(Risos)
-
20:28 - 20:30A minha reflexão final.
-
20:30 - 20:32Os jogos podem parecer
um simples entretém, -
20:32 - 20:34mas, para quem gosta
de olhar mais de perto -
20:34 - 20:37o novo paradigma dos videojogos
pode abrir novas fronteiras -
20:37 - 20:39para mentes criativas
que pensam em grande. -
20:39 - 20:41Não acham que a TED é o local ideal?
-
20:41 - 20:42Obrigado.
-
20:42 - 20:44CA: David Perry. Isso foi incrível.
- Title:
- Os jogos são melhores do que a vida real?
- Speaker:
- David Perry
- Description:
-
O "designer" de jogos David Perry afirma que os videojogos do futuro serão mais do que apenas um divertimento para a próxima geração de jogadores - serão experiências deslumbrantes, complexas e emocionais, muito mais envolventes e significativas do que algumas experiências da vida real.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 20:43
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