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Suspensões escolares são comportamento de adultos | Rosemarie Allen |TEDxMileHigh

  • 0:18 - 0:23
    Crianças pequenas vêm sendo
    suspensas e expulsas da escola
  • 0:23 - 0:25
    em índices alarmantes.
  • 0:25 - 0:30
    Crianças na pré-escola
    são suspensas três vezes mais
  • 0:30 - 0:35
    do que as do jardim de infância
    até o ensino médio juntas.
  • 0:36 - 0:41
    Em Ilinóis, 40% das creches
  • 0:41 - 0:45
    afirmam suspender bebês
    e crianças pequenas.
  • 0:45 - 0:46
    (Risos)
  • 0:46 - 0:47
    Sim!
  • 0:47 - 0:50
    São crianças que ainda
    não completaram três anos de idade.
  • 0:51 - 0:57
    Crianças afrodescendentes são
    apenas 19% da população pré-escolar,
  • 0:57 - 1:02
    mas constituem quase
    metade das suspensões.
  • 1:02 - 1:04
    Vocês devem se perguntar:
  • 1:04 - 1:07
    "O que será que
    essas crianças estão fazendo
  • 1:07 - 1:12
    para serem suspensas e expulsas
    da escola tão pequenas?"
  • 1:12 - 1:15
    Para nossa surpresa, muitas delas
  • 1:15 - 1:19
    estão se envolvendo
    em comportamentos infantis.
  • 1:19 - 1:21
    Eu era uma dessas crianças.
  • 1:22 - 1:25
    Desde quando entrei na escola,
  • 1:25 - 1:29
    fui suspensa, pelo menos,
    sete vezes por ano.
  • 1:29 - 1:31
    (Risos)
  • 1:31 - 1:34
    Fui suspensa por coisas como
    cavar um buraco no parquinho
  • 1:34 - 1:37
    para ver se a China estava mesmo
    do outro lado da Terra.
  • 1:37 - 1:39
    (Risos)
  • 1:39 - 1:43
    Por isso, fui chamada de "destruidora".
  • 1:43 - 1:45
    Após estudarmos os mapas,
  • 1:45 - 1:49
    subi ao topo do auditório da escola
    para ter uma visão panorâmica
  • 1:49 - 1:53
    e, depois que os bombeiros
    e a polícia me tiraram de lá,
  • 1:53 - 1:55
    fui suspensa
  • 1:55 - 1:57
    e, por isso,
  • 1:57 - 1:59
    fui chamada de "incorrigível".
  • 1:59 - 2:00
    Houve uma vez
  • 2:00 - 2:05
    em que tirei todas as cabeças,
    braços e pernas das bonecas.
  • 2:05 - 2:08
    Apenas queria ver
    como as partes se encaixavam.
  • 2:09 - 2:13
    Mas, por isso,
    fui chamada de "endiabrada".
  • 2:13 - 2:18
    Disseram aos meus pais que eu
    apresentava comportamento diabólico.
  • 2:18 - 2:23
    E, uma vez, entrei escondida
    no banheiro dos meninos.
  • 2:23 - 2:25
    Queria ver como conseguiam
    fazer xixi em pé.
  • 2:25 - 2:27
    (Risos)
  • 2:28 - 2:33
    E, por isso, fui chamada
    de "sexualmente pervertida".
  • 2:34 - 2:38
    Todos esses são comportamentos infantis,
    embora sejam de uma criança curiosa,
  • 2:38 - 2:41
    mas, mesmo assim, infantis.
  • 2:41 - 2:43
    Vamos analisar comportamentos.
  • 2:43 - 2:46
    O que as crianças fazem
    quando estão chateadas
  • 2:46 - 2:48
    ou fora de controle?
  • 2:49 - 2:53
    Gritam, choram, batem,
    xingam, brigam, jogam coisas.
  • 2:53 - 2:55
    Isso porque são crianças!
  • 2:55 - 2:57
    Crianças são crianças.
  • 2:57 - 3:02
    Não têm a capacidade
    de lidar com emoções intensas.
  • 3:03 - 3:06
    Vamos pensar no que os adultos
    fazem quando estão chateados.
  • 3:06 - 3:07
    (Risos)
  • 3:07 - 3:11
    Chutam, gritam, choram,
    brigam, xingam, jogam coisas.
  • 3:11 - 3:14
    A lista é exatamente a mesma
  • 3:14 - 3:18
    e, embora se espere
    que crianças sejam crianças,
  • 3:18 - 3:22
    como adultos, qual a nossa desculpa?
  • 3:22 - 3:25
    Meu amigo Walter Gilliam diz:
  • 3:25 - 3:28
    "Suspensões são decisões de adultos".
  • 3:29 - 3:32
    Suspensões são comportamento de adultos.
  • 3:32 - 3:36
    Mas e se mudarmos esse comportamento?
  • 3:36 - 3:41
    E se alterarmos nosso pensamento,
  • 3:41 - 3:46
    focando o comportamento dos adultos,
  • 3:46 - 3:50
    em vez de focar
    o comportamento das crianças?
  • 3:51 - 3:55
    E se meus professores me tivessem visto
  • 3:55 - 4:00
    como geóloga, em vez de destruidora?
  • 4:00 - 4:06
    Ou, então, como cientista,
    em vez de endiabrada?
  • 4:06 - 4:11
    Ou como uma futura médica
    interessada em anatomia,
  • 4:11 - 4:14
    em vez de sexualmente pervertida?
  • 4:14 - 4:19
    O segredo para controlar
    o mau comportamento das crianças
  • 4:19 - 4:23
    é controlar nosso próprio
    comportamento como adultos.
  • 4:23 - 4:27
    Quantas vezes já viram um adulto
    repreender uma criança por gritar
  • 4:27 - 4:31
    também gritando:
    "Não ouse falar assim comigo!"
  • 4:31 - 4:32
    Não é?
  • 4:32 - 4:35
    Ou repreender uma criança por bater
  • 4:35 - 4:36
    também batendo?
  • 4:36 - 4:38
    "Não ouse bater em sua irmã de novo!"
  • 4:38 - 4:43
    Às vezes, até as excluímos por excluírem.
  • 4:43 - 4:45
    "Não querem brincar juntos?
  • 4:45 - 4:47
    Vão para seus quartos!"
  • 4:47 - 4:52
    O comportamento ao qual damos mais atenção
  • 4:52 - 4:56
    é o comportamento que estamos estimulando.
  • 4:57 - 4:59
    Esse é Tayvon.
  • 5:00 - 5:05
    Sua mãe era chamada,
    pelo menos três vezes por semana,
  • 5:05 - 5:08
    para buscá-lo na escola
    por mau comportamento.
  • 5:08 - 5:10
    Ele tinha apenas quatro anos na época.
  • 5:10 - 5:14
    Fui à escola para observar
    e fiquei impressionada
  • 5:14 - 5:18
    com o desejo que ele tinha
    de agradar os professores.
  • 5:18 - 5:23
    Em certo momento, a professora chamou
    as crianças para formar um círculo.
  • 5:23 - 5:26
    "Crianças, vamos nos sentar
    'como índio' formando um círculo."
  • 5:26 - 5:32
    Tayvon correu e se sentou
    de pernas cruzadas e mãos no colo,
  • 5:32 - 5:34
    e queria que a professora notasse.
  • 5:34 - 5:38
    Esticou o pescoço, ela não notou,
  • 5:38 - 5:42
    e esticou de novo, como se dissesse:
    "Professora, olhe para mim".
  • 5:42 - 5:44
    Mais uma vez, ela não notou,
  • 5:44 - 5:48
    e, tendo apenas quatro anos,
    ficou frustrado e desistiu.
  • 5:48 - 5:52
    Esticou as pernas para a frente,
    inclinou-se para trás,
  • 5:52 - 5:56
    e, nesse momento, a professora notou.
  • 5:56 - 5:59
    "Tayvon, você não está sentado
    como um bom aluno.
  • 5:59 - 6:03
    Saia do círculo e volte à sua carteira!"
  • 6:03 - 6:05
    Nossa!
  • 6:05 - 6:07
    Crianças que são suspensas
  • 6:07 - 6:11
    têm dez vezes mais chances de ingressar
    no sistema de justiça de menores.
  • 6:11 - 6:16
    São mais propensas a abandonar a escola,
    a ter baixo desempenho,
  • 6:16 - 6:20
    e a serem suspensas uma vez após a outra.
  • 6:20 - 6:23
    E esse é o começo
  • 6:23 - 6:28
    do caminho da pré-escola à prisão.
  • 6:28 - 6:33
    Crianças atendem às expectativas
    dos adultos em seu ambiente,
  • 6:33 - 6:35
    sejam elas negativas ou positivas.
  • 6:35 - 6:38
    Quando damos mais atenção
    ao comportamento negativo,
  • 6:38 - 6:41
    obtemos comportamento negativo.
  • 6:41 - 6:43
    Mas, quando damos atenção
  • 6:43 - 6:47
    aos comportamentos que queremos ver
    na sala de aula e em nossas casas,
  • 6:47 - 6:49
    vemos esses comportamentos
    com maior frequência,
  • 6:49 - 6:54
    porque crianças se importam
    com o que pensamos delas.
  • 6:54 - 6:58
    Querem que gostemos delas.
  • 6:59 - 7:03
    A solução é sermos autoconscientes.
  • 7:03 - 7:06
    Quando estamos conscientes de nós mesmos,
  • 7:06 - 7:09
    passamos a saber
    quais são nossos pontos fracos,
  • 7:09 - 7:12
    qual é o nosso comportamento,
  • 7:12 - 7:15
    e como reagimos
    ao comportamento dos outros.
  • 7:15 - 7:20
    Entendemos o que nos impulsiona,
    nossa linguagem corporal,
  • 7:20 - 7:23
    e o nosso tom.
  • 7:23 - 7:26
    É muito importante saber tudo isso,
  • 7:26 - 7:30
    porque o comportamento é definido
  • 7:30 - 7:34
    pela pessoa mais incomodada por ele.
  • 7:34 - 7:35
    (Risos)
  • 7:35 - 7:39
    Para mim, foi minha filha, Jasmine,
  • 7:39 - 7:43
    quando tinha 15 anos, uma adolescente.
  • 7:43 - 7:48
    Era ousada e atrevida demais.
  • 7:48 - 7:52
    Era bem inteligente e espirituosa, também,
    mas a ousadia, minha nossa!
  • 7:52 - 7:55
    Meu marido não entendia
    porque isso me incomodava.
  • 7:55 - 7:58
    O que o incomodava
    era quando ela batia a porta.
  • 7:58 - 7:59
    Isso não me incomodava,
  • 7:59 - 8:02
    porque significava
    que ela estava do outro lado.
  • 8:02 - 8:04
    (Risos)
  • 8:05 - 8:08
    Uma vez, ele ficou
    tão frustrado que disse:
  • 8:08 - 8:12
    "Se bater a porta mais uma vez,
    vou arrancá-la do lugar!"
  • 8:12 - 8:15
    Imaginem meu susto ao chegar em casa
  • 8:15 - 8:18
    e ver que ela não tinha
    porta em seu quarto.
  • 8:18 - 8:19
    (Risos)
  • 8:19 - 8:22
    Além de sermos autoconscientes,
  • 8:22 - 8:27
    ao construirmos relações fortes,
    positivas e autênticas com as crianças,
  • 8:27 - 8:31
    passamos a conhecê-las,
    a saber quais são seus pontos fracos
  • 8:31 - 8:34
    e o que provoca seu comportamento.
  • 8:34 - 8:38
    Também entendemos como nosso comportamento
  • 8:38 - 8:40
    influencia o comportamento delas.
  • 8:40 - 8:44
    Observei outra sala de aula,
    onde havia um garotinho chamado Raphael.
  • 8:44 - 8:48
    Ele estava se envolvendo
    em confusões na sala.
  • 8:48 - 8:51
    A professora chamava seu nome tantas vezes
  • 8:51 - 8:56
    que comecei a anotar
    toda vez que ela o fazia.
  • 8:56 - 8:58
    "Raphael, pare. Raphael, não.
    Raphael, sente-se.
  • 8:58 - 9:00
    Raphael, não me faça ir até aí.
  • 9:00 - 9:02
    Raphael, Raphael, Raphael."
  • 9:02 - 9:05
    Ela falou o nome dele
  • 9:05 - 9:10
    27 vezes em sete minutos.
  • 9:11 - 9:16
    Raphael estava aprendendo que aquele lugar
  • 9:16 - 9:20
    não era um espaço seguro,
    justo ou igualitário para ele.
  • 9:20 - 9:23
    E as outras crianças da sala
  • 9:23 - 9:28
    estavam aprendendo como tratar Raphael.
  • 9:28 - 9:31
    É nossa responsabilidade
    procurar e encontrar
  • 9:31 - 9:37
    o que é bom, correto
    e melhor em cada criança.
  • 9:37 - 9:39
    Tom Herner, ex-presidente
  • 9:39 - 9:43
    da "National Association
    of Special Educators" diz:
  • 9:43 - 9:47
    "Quando as crianças
    não sabem ler, ensinamos.
  • 9:47 - 9:49
    Quando não sabem escrever, ensinamos.
  • 9:49 - 9:53
    Quando não sabem
    andar de bicicleta, ensinamos.
  • 9:53 - 9:55
    Mas quando não sabem se comportar,
  • 9:55 - 10:01
    ensinamos ou punimos?"
  • 10:02 - 10:03
    Punimos.
  • 10:03 - 10:05
    Mas e se,
  • 10:07 - 10:10
    intencionalmente, ensinássemos as crianças
  • 10:10 - 10:13
    a se comportarem?
  • 10:13 - 10:19
    E se as ensinássemos a dividir,
    em vez de dizer: "Vocês precisam dividir"?
  • 10:19 - 10:22
    E se as ensinássemos a fazer amigos,
  • 10:22 - 10:26
    a começar uma brincadeira,
    a esperar sua vez,
  • 10:26 - 10:31
    e lhes déssemos várias
    oportunidades de praticar?
  • 10:32 - 10:34
    Imaginem um mundo
  • 10:34 - 10:38
    onde ensinamos habilidades
    pró-sociais às crianças
  • 10:38 - 10:42
    e lhes damos várias
    oportunidades de praticar,
  • 10:42 - 10:48
    e reforçamos positivamente
    quando usarem essas habilidades.
  • 10:49 - 10:53
    Comportamentos difíceis seriam
    reduzidos significativamente.
  • 10:53 - 10:59
    O esquema em pirâmide para estimular
    o desenvolvimento social e emocional
  • 10:59 - 11:01
    de bebês e crianças pequenas
  • 11:01 - 11:06
    provou que isso é verdadeiro,
    mais de uma vez.
  • 11:06 - 11:09
    Quando usamos essas estratégias,
  • 11:09 - 11:14
    podemos interromper e desconstruir
    o caminho da pré-escola à prisão,
  • 11:14 - 11:18
    acabar com as suspensões na pré-escola,
  • 11:18 - 11:22
    e minimizar os impactos negativos
  • 11:22 - 11:26
    das suspensões escolares na criança
  • 11:26 - 11:28
    e na sociedade.
  • 11:29 - 11:33
    Crianças não são suspensas sozinhas.
  • 11:33 - 11:36
    É necessário que um adulto o faça.
  • 11:36 - 11:38
    Mas não precisamos fazê-lo.
  • 11:38 - 11:41
    Quando focamos o nosso comportamento,
  • 11:41 - 11:45
    e damos às crianças as ferramentas
    que precisam para controlar o delas,
  • 11:45 - 11:50
    quando procuramos o que é bom,
    correto e admirável em cada criança,
  • 11:50 - 11:56
    podemos acabar com as suspensões
    e manter nossos filhos na escola.
  • 11:57 - 11:58
    Obrigada.
  • 11:58 - 12:00
    (Aplausos)
Title:
Suspensões escolares são comportamento de adultos | Rosemarie Allen |TEDxMileHigh
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Há uma epidemia de suspensões escolares nos E.U.A. e as consequências futuras são severas. Adultos suspendem alunos e, por mais que pareça óbvio, Rosemarie Allen percebeu que o problema pode ser a solução. Ao lidar com o mau comportamento das crianças, que tal direcionarmos o foco para dentro de nós mesmos?

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:24

Portuguese, Brazilian subtitles

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