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Selfies - uma análise visual | Elizabeth Urbanski | TEDxNavesink

  • 0:16 - 0:20
    Olá pessoal, hoje falaremos de selfies.
  • 0:20 - 0:22
    Selfies são a forma mais moderna
  • 0:22 - 0:26
    que temos para mostrar
    imagens de nós mesmos.
  • 0:26 - 0:30
    Mas nós temos mostrado imagens
    de nós mesmos por milhares de anos.
  • 0:30 - 0:33
    Então, na nossa conversa
    nós vamos olhar a relação
  • 0:33 - 0:37
    entre o que estamos fazendo agora
    e o que fazíamos anteriormente.
  • 0:38 - 0:41
    Diga, por exemplo,
    que você não sabe o que é um selfie,
  • 0:41 - 0:43
    você não tem uma conta de Twitter
    ou de Instagram.
  • 0:43 - 0:46
    Eu vou te dizer,
    a selfie é um autorretrato.
  • 0:46 - 0:48
    que pode ser tirado
    com um aparelho celular,
  • 0:48 - 0:51
    você estica seu braço e bate a foto.
  • 0:51 - 0:52
    É todo você.
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    Não tem fotógrafo profissional,
    não tem editor, não tem curador.
  • 0:57 - 1:01
    E então você instantaneamente,
    coloca na internet para consumo global.
  • 1:01 - 1:06
    Então, sua vida privada
    está exposta para todo mundo ver.
  • 1:08 - 1:11
    Quando você faz uma selfie,
  • 1:11 - 1:13
    você é, ao mesmo tempo,
    criador e objeto
  • 1:13 - 1:16
    e você coreografa
    como você vai parecer na selfie:
  • 1:16 - 1:20
    você escolhe sua linguagem corporal,
    sua proximidade da câmera,
  • 1:20 - 1:23
    para onde vai olhar
    o que estará vestindo,
  • 1:23 - 1:27
    seu meio social, e mais importante,
    sua expressão facial.
  • 1:28 - 1:32
    As selfies em si,
    tem uma estética bastante específica.
  • 1:32 - 1:35
    Primeiro, a maioria das selfies
    tem um formato quadrado,
  • 1:35 - 1:38
    normalmente elas são vistas
    numa escala íntima,
  • 1:38 - 1:41
    talvez, no seu celular
    ou dispositivo móvel.
  • 1:41 - 1:45
    Elas têm uma distorção fotográfica
    bastante característica
  • 1:45 - 1:48
    que, normalmente é por causa
    do comprimento do braço,
  • 1:48 - 1:50
    da proximidade das lentes da câmera,
  • 1:50 - 1:54
    então isso pode deixar o rosto distorcido
    ou talvez parte da paisagem distorcida,
  • 1:54 - 1:57
    e então, também por causa
    da proximidade do comprimento do braço,
  • 1:57 - 2:01
    a foto, em si,
    tem um senso de espaço bastante raso.
  • 2:01 - 2:02
    Muitas selfies,
  • 2:02 - 2:07
    talvez seja pela expertise ou falta dela,
    tem um borrão dentro da própria imagem,
  • 2:07 - 2:08
    e por fim,
  • 2:08 - 2:12
    muitas selfies tem uma imagem suave,
    insaturada, de tonalidade sépia
  • 2:12 - 2:15
    que tem uma qualidade
    quase nostálgica nelas.
  • 2:17 - 2:20
    Muitas pessoas descartam as selfies
    porque demonstram narcisismo,
  • 2:20 - 2:23
    e francamente muitas delas são,
  • 2:23 - 2:25
    e a maioria das pessoas
    não conseguem parar de se olhar.
  • 2:25 - 2:27
    Ou seja, se você passa
    frente a um espelho,
  • 2:27 - 2:31
    quase todo mundo dá uma olhada
    para ver como é que estão as coisas.
  • 2:31 - 2:32
    (Risos)
  • 2:32 - 2:35
    Mas vamos pensar nas selfies
    em relação à história da arte.
  • 2:35 - 2:38
    Elas são tradicionais, ou revolucionárias?
  • 2:38 - 2:42
    Tradicionalmente, quando as pessoas
    tem seus retratos feitos, pintados,
  • 2:42 - 2:43
    eles eram feitos por um artista,
  • 2:43 - 2:45
    e elas eram vistas pelos olhos do artista.
  • 2:45 - 2:50
    Aqui nós temos Luís XIV como o Rei Sol,
    o artista espertamente
  • 2:50 - 2:56
    expressou sua visão do mundo
    em como ele queria se expressar.
  • 2:56 - 2:58
    Às vezes,
  • 3:00 - 3:03
    até quando você é a pessoa
    mais poderosa do mundo
  • 3:03 - 3:05
    e você contrata o melhor artista,
  • 3:05 - 3:09
    o retrato nem sempre será tão adulador.
  • 3:11 - 3:16
    Mas agora, nós nos livramos do artista,
    como um conector, um intermediário.
  • 3:16 - 3:18
    E todo mundo é um artista,
  • 3:18 - 3:21
    então eles podem decidir
    como eles querem se mostrar.
  • 3:21 - 3:24
    E com toda imagem, eles podem mudar
  • 3:24 - 3:26
    sua marca, sua imagem, para o mundo,
  • 3:26 - 3:28
    sua apresentação para o mundo.
  • 3:28 - 3:33
    Então, sua selfie é um conceito
    bastante fluido que é constantemente capaz
  • 3:33 - 3:37
    de ser mudado e desenvolvido
    diferentemente do retrato de Luís XIV,
  • 3:37 - 3:40
    que nós agora sabemos,
    centenas de anos mais tarde,
  • 3:40 - 3:42
    qual era a mensagem dele.
  • 3:42 - 3:45
    Vamos pensar em autorretratos,
  • 3:45 - 3:46
    tradicionalmente, autorretratos
  • 3:46 - 3:50
    nós vemos Dürer aqui
    como um artífice auto construtor,
  • 3:50 - 3:53
    ele pegou ideais, o que ele queria
    de suas crenças e suas ideias
  • 3:53 - 3:55
    e pôs num quadro.
  • 3:55 - 3:58
    Aqui nós temos Dürer
    equacionando sua genialidade artística
  • 3:58 - 4:02
    quase como um criador similar a Cristo.
  • 4:02 - 4:04
    E então nós temos a selfie contemporânea
  • 4:04 - 4:10
    Nos mostrando a superioridade
    com suas tão conhecidas expressões faciais
  • 4:11 - 4:15
    Então vamos pensar sobre selfies
    que formam outras categorias tradicionais.
  • 4:16 - 4:18
    Vamos considerar linguagem corporal.
  • 4:18 - 4:21
    Aqui nós temos um senador,
    este senador romano,
  • 4:21 - 4:22
    (Audiência: Ohh!)
  • 4:22 - 4:24
    com sua expressão facial frontal,
  • 4:24 - 4:27
    esta expressão inflexível
  • 4:27 - 4:29
    olhando diretamente para a câmera.
  • 4:29 - 4:33
    E hoje, quando as pessoas
    querem demonstrar poder na imagem,
  • 4:33 - 4:36
    elas usam exatamente
    a mesma expressão corporal.
  • 4:36 - 4:39
    Vamos analisar...
    Aqui nós temos uma Afrodite helenística,
  • 4:39 - 4:42
    a cabeça dela está inclinada
    em um flerte recatado,
  • 4:42 - 4:45
    enquanto ela está flertando
    com o sátiro ao lado dela.
  • 4:45 - 4:47
    E várias vezes em selfies contemporâneas,
  • 4:47 - 4:50
    nós temos a mesma expressão corporal.
  • 4:51 - 4:52
    Muitas vezes
  • 4:52 - 4:53
    (Risos)
  • 4:53 - 4:57
    Aqui nós temos Hercules,
    sua cabeça está curvada,
  • 4:57 - 5:00
    os braços distantes do corpo,
    para que possamos olhar
  • 5:00 - 5:03
    seu corpo torneado,
    musculoso e torso imponente,
  • 5:03 - 5:06
    porque isto é o que o define,
    como ele é, como personagem.
  • 5:06 - 5:09
    E muitas e muitas vezes,
    nas selfies contemporâneas,
  • 5:09 - 5:11
    nós temos a mesma ideia.
  • 5:11 - 5:13
    Até este trabalho contemporâneo,
  • 5:13 - 5:16
    a cabeça do sujeito
    está até distorcida pela lente da câmera,
  • 5:16 - 5:19
    está escuro e borrado
  • 5:19 - 5:22
    porque o foco dele
    está no seu físico esculpido.
  • 5:22 - 5:25
    Então sua fisicalidade
    se torna uma expressão do que ele é.
  • 5:26 - 5:29
    Aqui nós temos Rembrandt
    quando jovem artista.
  • 5:29 - 5:32
    seus olhos submersos e escuros
    e profundos e temperamental.
  • 5:32 - 5:34
    ele tem os lábios franzidos,
  • 5:34 - 5:36
    seu cabelo
    com cachos dourados e brilhosos,
  • 5:36 - 5:39
    e nós temos uma selfie contemporânea
  • 5:40 - 5:43
    tentando exprimir exatamente
    a mesma ansiedade poética
  • 5:43 - 5:47
    e angústia da juventude e talento.
  • 5:49 - 5:54
    Nós não só nos identificamos com
    a história da arte como referência
  • 5:54 - 5:55
    mas também com Hollywood,
  • 5:55 - 6:01
    então aqui nós temos Mary Pickford
    como um certo tipo ingenuidade.
  • 6:01 - 6:03
    com seus cachos dourados,
  • 6:03 - 6:06
    seus olhos inocentes
    e seu espírito determinado,
  • 6:06 - 6:08
    e nós temos uma selfie contemporânea
  • 6:08 - 6:12
    mostrando quase exatamente
    a mesma ideia.
  • 6:14 - 6:17
    As selfies não servem só para fazer pose,
  • 6:17 - 6:21
    mas também mostrar quem você é
    e onde você esteve.
  • 6:23 - 6:26
    Não importa quem você seja,
  • 6:26 - 6:28
    elas querem que você saiba
    onde elas estiveram.
  • 6:28 - 6:31
    e elas talvez queiram
    que você sinta inveja.
  • 6:32 - 6:35
    Então não só olhe onde estou,
    mas olhe o que tenho. (risos)
  • 6:35 - 6:38
    Você valoriza o que tenho?
  • 6:38 - 6:39
    Você me julga pelo que tenho?
  • 6:39 - 6:41
    Deixe-me mostrar o que tenho.
  • 6:41 - 6:43
    Olha com quem estou.
  • 6:43 - 6:46
    Não importa quem você seja
    ou o quão poderoso é,
  • 6:46 - 6:49
    você ainda tem que legitimar seu tempo,
  • 6:49 - 6:52
    mostrando que você está
    com alguém que é importante.
  • 6:52 - 6:55
    Nós vivemos em um mundo
  • 6:55 - 6:59
    onde estamos constantemente
    sendo documentados e documentando.
  • 6:59 - 7:00
    Por causa disso,
  • 7:00 - 7:03
    nos preocupamos bastante
    com o processo fotográfico.
  • 7:03 - 7:05
    Então, como resposta,
  • 7:05 - 7:08
    quando estamos fazendo uma selfie,
  • 7:08 - 7:11
    muitas pessoas fazem
    uma expressão facial exagerada,
  • 7:11 - 7:13
    congelam e então tiram a foto.
  • 7:13 - 7:16
    Porque querem ter certeza
  • 7:16 - 7:21
    que eles estão coreografando
    uma expressão instantânea.
  • 7:21 - 7:24
    Com certeza eles não querem ser pegos
  • 7:24 - 7:29
    numa foto que é realmente
    espontânea, feia e real.
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    Imagens de Hollywood nos mostram
  • 7:32 - 7:35
    como posar para fotos,
    como sorrir para fotos,
  • 7:35 - 7:38
    mas agora está consciência
    de constante documentação
  • 7:38 - 7:42
    criou uma forma muito nova de expressão
    que é bastante característica das selfies
  • 7:43 - 7:45
    e foi apelidada cara de pato.
  • 7:45 - 7:48
    Selfies são parte de toda a história
  • 7:48 - 7:50
    sobre ver e ser visto.
  • 7:50 - 7:54
    Cada selfie é um ato de se mostrar.
  • 7:54 - 7:57
    Cada selfie é um ato de narcisismo.
  • 7:57 - 8:00
    Então vamos considerar a contemplação
    em cada uma destas fotos.
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    Aqui nós temos um Olympia de Manet.
  • 8:02 - 8:05
    Ela está nos desafiando
    enquanto nós olhamos sua nudez.
  • 8:05 - 8:07
    Ela está nos olhando olhar para ela.
  • 8:07 - 8:09
    E temos esta selfie contemporânea,
  • 8:09 - 8:14
    pegando exatamente a mesma pose,
    usando o mesmo contato visual,
  • 8:14 - 8:17
    tudo é muito planejado e de propósito.
  • 8:18 - 8:20
    Outra ideia de olhar de contemplação
  • 8:20 - 8:22
    é quando o sujeito
    está olhando ao horizonte.
  • 8:22 - 8:24
    Então eles fazem parte da paisagem,
  • 8:24 - 8:27
    parte de uma vida estática,
    um objeto para ser admirado,
  • 8:27 - 8:31
    sem deixar os observadores
    saberem que estão sendo observados.
  • 8:34 - 8:38
    Então, por último,
    quem são os consumidores das selfies,
  • 8:38 - 8:40
    e como entendemos estas imagens
  • 8:40 - 8:43
    quando são retiradas
    de seu conteúdo e contexto?
  • 8:43 - 8:45
    Talvez uma pessoa irá ler de uma forma,
  • 8:45 - 8:47
    e outra pessoa de outra forma,
  • 8:47 - 8:50
    Então o que fazemos é colocarmos
    nossas percepções individuais,
  • 8:50 - 8:54
    nossas próprias experiências
    e perspectivas na imagem,
  • 8:54 - 8:58
    e criamos uma multiplicidade de leituras,
    uma multiplicidade de estórias.
  • 8:59 - 9:03
    Porque, afinal de contas,
    as selfies são ousados exemplos
  • 9:03 - 9:07
    do fato de que as pessoas
    querem ser reconhecidas
  • 9:07 - 9:11
    elas precisam ser lembradas, e validadas.
  • 9:12 - 9:15
    Isto é uma tentativa
    de conseguir estas coisas.
  • 9:17 - 9:19
    Mas esta mídia,
  • 9:19 - 9:21
    você pode olhar
    para tantas imagens de uma vez
  • 9:21 - 9:24
    que podem ser comparadas, contrastadas,
    excluídas, justapostas,
  • 9:25 - 9:28
    e cada sujeito-criador
    está sempre buscando originalidade
  • 9:28 - 9:31
    quando fazem suas imagens.
  • 9:31 - 9:34
    Temos que pensar,
    quando olhamos para estas imagens,
  • 9:34 - 9:36
    seja quando olhamos, ou
    quando estamos fazendo uma selfie,
  • 9:36 - 9:40
    você tem que pensar,
    como me coloco no contexto histórico?
  • 9:40 - 9:41
    Obrigada!
  • 9:41 - 9:43
    (Aplausos)
Title:
Selfies - uma análise visual | Elizabeth Urbanski | TEDxNavesink
Description:

Em sua conversa sobre "selfies", Elizabeth A.Urbanski discorre sobre o fascinante e, às vezes, intrigante fenômeno de postar publicamente autorretratos de fotos feitas com celular, examina estas fotos autoeditadas com as lentes de uma historiadora da arte e tenta categorizar e analisar, e também entendê-las em comparação com trabalhos relevantes da história da arte ocidental.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:54

Portuguese, Brazilian subtitles

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