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A nossa doentia obsessão com a escolha

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    Enquanto me preparava para esta palestra,
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    fui à procura de algumas citações
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    que pudesse partilhar convosco.
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    Boas notícias: encontrei três
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    de que gostei particularmente.
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    A primeira, de Samuel Johnson, que diz:
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    "Quando fizer a sua escolha na vida,
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    "não se esqueça de viver.".
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    A segunda de Ésquilo, que nos lembra que:
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    "A felicidade é uma escolha
    que requer esforço."
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    E a terceira é de Groucho Marx, que diz:
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    "Eu nunca entraria
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    "num clube que me aceitasse como membro."
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    Agora, as más notícias:
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    Eu não sabia qual destas citações
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    escolher e partilhar convosco.
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    A doce ansiedade da escolha.
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    Nos dias atuais
    do capitalismo pós-industrial,
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    a escolha, juntamente
    com a liberdade individual
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    e a ideia de autonomia,
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    foi elevada a um ideal.
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    Agora, juntamente com isto,
    também temos uma crença
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    no progresso infindável.
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    Mas o outro lado desta ideologia
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    tem sido um aumento da ansiedade,
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    do sentimento de culpa,
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    do sentimento de ser inadequado,
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    do sentimento de que estamos
    a falhar nas nossas escolhas.
  • 1:27 - 1:31
    Lamentavelmente, esta ideologia
    de escolha individual
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    tem-nos impedido de pensar
    nas mudanças sociais.
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    Parece que esta ideologia era, na verdade,
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    muito eficaz em apaziguar-nos
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    como pensadores políticos e socais.
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    Em vez de fazermos crítica social,
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    estamos cada vez mais
    interessados na autocrítica,
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    às vezes ao ponto de nos autodestruirmos.
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    Então, como é que a ideologia da escolha
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    é ainda tão forte,
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    mesmo entre pessoas
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    que não têm muitas coisas
    por onde escolher?
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    Como é que mesmo as pessoas que são pobres
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    ainda se identificam tanto
    com a ideia de escolha,
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    o tipo de ideia racional de escolha
    que adotamos?
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    A ideologia de escolha tem muito sucesso
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    em abrir um espaço para pensarmos
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    num futuro imaginado.
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    Deixem-me dar-vos um exemplo.
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    A minha amiga Manya,
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    quando era estudante
    na universidade na Califórnia,
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    ganhava dinheiro
    a trabalhar para um vendedor de carros.
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    Então, Manya, quando encontrava
    o cliente típico,
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    debatia com ele o seu estilo de vida,
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    o quanto ele queria gastar,
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    quantos filhos tinha,
  • 2:52 - 2:54
    para que precisava do carro.
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    Chegavam, normalmente,
    a uma boa conclusão
  • 2:57 - 2:59
    sobre o carro perfeito.
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    Mas, antes de o cliente de Manya
    ir para casa pensar no assunto,
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    ela dizia-lhe:
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    "O carro que vai comprar agora é perfeito,
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    "mas daqui a uns anos,
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    "quando os seus filhos
    já não estiverem em casa,
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    "quando você tiver
    um pouco mais de dinheiro,
  • 3:19 - 3:21
    "aquele outro carro será o ideal.
  • 3:22 - 3:25
    "Mas o que está a comprar agora é ótimo."
  • 3:25 - 3:27
    A maioria dos clientes de Manya,
  • 3:27 - 3:29
    que voltaram no dia seguinte,
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    compraram o outro carro...
  • 3:31 - 3:32
    (Risos)
  • 3:32 - 3:35
    ... o carro de que não precisavam,
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    o carro que custava bem mais dinheiro.
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    Manya tornou-se tão boa a vender carros
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    que depressa começou a vender aviões.
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    (Risos)
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    Saber tanto sobre a psicologia das pessoas
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    preparou-a bem para o atual trabalho dela,
  • 3:53 - 3:56
    que é o de psicanalista.
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    Agora, porque é que os clientes
    de Manya eram tão irracionais?
  • 4:01 - 4:06
    O êxito de Manya é que ela era capaz
    de criar nas cabeças deles
  • 4:06 - 4:10
    uma imagem de um futuro ideal,
  • 4:10 - 4:12
    uma imagem deles mesmos
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    quando já fossem mais
    bem sucedidos, mais livres.
  • 4:16 - 4:19
    Para eles, escolher aquele outro carro,
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    era como se se aproximassem
    mais desse ideal,
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    no qual Manya já os tinha visto.
  • 4:27 - 4:31
    Raramente fazemos escolhas
    totalmente racionais.
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    As escolhas são influenciadas
    pelo nosso inconsciente,
  • 4:35 - 4:36
    pela nossa comunidade.
  • 4:36 - 4:39
    Frequentemente escolhemos
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    imaginando o que as outras pessoas
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    pensam sobre a nossa escolha.
  • 4:44 - 4:45
    Também escolhemos
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    olhando para o que os outros escolhem.
  • 4:47 - 4:52
    Também imaginamos o que é
    uma escolha socialmente aceitável.
  • 4:52 - 4:55
    Por causa disto, na realidade,
  • 4:55 - 4:57
    mesmo depois de termos escolhido,
  • 4:57 - 4:59
    por exemplo, comprar um carro,
  • 4:59 - 5:02
    lemos infindavelmente
    críticas sobre carros,
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    como se ainda quiséssemos convencer-nos
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    de que fizemos a escolha certa.
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    As escolhas são provocadoras de ansiedade.
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    Estão ligadas a riscos, a perdas.
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    São altamente imprevisíveis.
  • 5:16 - 5:18
    Por causa disso,
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    as pessoas têm cada vez mais problemas
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    de que não estão a escolher nada.
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    Não há muito tempo, eu estava
    numa receção de casamento
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    e conheci uma mulher jovem e bonita,
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    que começou imediatamente a falar-me
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    da sua preocupação em relação às escolhas.
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    Ela disse-me:
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    "Precisei de um mês
    para decidir que vestido vestir."
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    Depois disse:
  • 5:40 - 5:44
    "Durante semanas pesquisei
    em que hotel ficar esta noite.
  • 5:45 - 5:49
    "E agora preciso de escolher
    um doador de esperma."
  • 5:49 - 5:52
    (Risos)
  • 5:52 - 5:56
    Olhei para a mulher, chocada.
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    "Um doador de esperma? Qual é a pressa?"
  • 5:59 - 6:00
    Ela disse:
  • 6:00 - 6:03
    "No final deste ano faço 40 anos
  • 6:03 - 6:06
    "e tenho sido péssima
    a escolher homens na minha vida."
  • 6:08 - 6:12
    As escolhas, por estarem ligadas a riscos,
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    são provocadoras de ansiedade,
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    e foi o já então famoso filósofo
    dinamarquês Søren Kierkegaard
  • 6:20 - 6:23
    quem apontou que a ansiedade
  • 6:23 - 6:26
    está ligada
    à possibilidade da possibilidade.
  • 6:26 - 6:30
    Hoje pensamos que podemos
    impedir estes riscos.
  • 6:30 - 6:34
    Temos intermináveis análises de mercado,
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    projeções de ganhos futuros.
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    Mesmo com o mercado, que é
    sobre o acaso, a aleatoriedade,
  • 6:40 - 6:43
    pensamos que podemos prever racionalmente
  • 6:43 - 6:45
    onde é que isso vai.
  • 6:45 - 6:48
    O acaso está, na verdade,
    a tornar-se muito traumático.
  • 6:49 - 6:52
    No ano passado,
    o meu amigo Bernard Harcourt
  • 6:52 - 6:57
    organizou um evento
    na Universidade de Chicago,
  • 6:57 - 6:59
    uma conferência sobre a ideia do acaso.
  • 7:00 - 7:02
    Ele e eu estávamos juntos no painel.
  • 7:02 - 7:05
    Mesmo antes de fazermos
    a nossa apresentação
  • 7:05 - 7:07
    — não sabíamos
    da apresentação um do outro —
  • 7:07 - 7:09
    decidimos levar sério o acaso.
  • 7:10 - 7:12
    Então informámos a nossa audiência
  • 7:12 - 7:15
    de que o que iam ouvir
    era uma apresentação aleatória,
  • 7:16 - 7:18
    uma mistura das duas apresentações,
  • 7:18 - 7:21
    que não sabíamos
    o que cada um tinha escrito.
  • 7:22 - 7:25
    Demos a conferência dessa forma.
  • 7:26 - 7:28
    Bernard leu o seu primeiro parágrafo,
  • 7:28 - 7:30
    eu li o meu primeiro parágrafo,
  • 7:30 - 7:32
    Bernard leu o seu segundo parágrafo,
  • 7:32 - 7:34
    eu li o meu segundo parágrafo,
  • 7:34 - 7:37
    desta forma até ao fim dos nossos artigos.
  • 7:38 - 7:40
    Ficarão surpresos
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    que a maioria da nossa audiência
  • 7:42 - 7:44
    não pensou que
    o que tinham acabado de ouvir
  • 7:44 - 7:47
    era um artigo completamente aleatório.
  • 7:48 - 7:50
    Não conseguiam acreditar que,
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    falando numa posição de autoridade,
  • 7:52 - 7:54
    como dois professores que éramos,
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    levaríamos a sério o acaso.
  • 7:57 - 8:00
    Pensaram que tínhamos preparado
    os artigos em conjunto
  • 8:00 - 8:02
    e que estávamos
    só a fingir que era aleatório.
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    Vivemos num tempo com muita informação,
  • 8:07 - 8:09
    muitos dados,
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    muito conhecimento sobre
    o interior do nosso corpo.
  • 8:12 - 8:14
    Descodificámos o nosso genoma.
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    Sabemos mais sobre
    o nosso cérebro do que antes.
  • 8:17 - 8:19
    Mas, surpreendentemente,
    as pessoas estão cada vez mais
  • 8:19 - 8:23
    a ignorar esse conhecimento.
  • 8:24 - 8:28
    A ignorância e a negação estão a crescer.
  • 8:29 - 8:32
    Considerando a atual crise económica,
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    pensamos que vamos apenas acordar de novo,
  • 8:35 - 8:37
    que tudo estará como antes
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    e que não são necessárias
    mudanças políticas ou sociais.
  • 8:40 - 8:43
    Considerando a crise ecológica,
  • 8:43 - 8:46
    pensamos que nada precisa
    de ser feito agora mesmo,
  • 8:46 - 8:48
    ou que outros precisam
    de atuar antes de nós.
  • 8:48 - 8:52
    Ou mesmo, quando
    a crise ecológica acontece,
  • 8:52 - 8:54
    como a catástrofe em Fukushima,
  • 8:54 - 8:57
    frequentemente temos pessoas
    a viver no mesmo ambiente
  • 8:57 - 8:59
    com a mesma quantidade de informação
  • 8:59 - 9:02
    e metade delas estará
    preocupada com a radiação
  • 9:02 - 9:05
    e outra metade irá ignorá-la.
  • 9:06 - 9:09
    Os psicanalistas sabem muito bem
  • 9:09 - 9:10
    que, surpreendentemente,
  • 9:10 - 9:13
    as pessoas não têm
    a paixão do conhecimento
  • 9:13 - 9:16
    mas a paixão da ignorância.
  • 9:16 - 9:18
    Mas o que significa isso?
  • 9:18 - 9:19
    Digamos que estamos a enfrentar
  • 9:19 - 9:22
    uma doença que ameaça a vida.
  • 9:22 - 9:25
    Muitas pessoas não querem saber isso.
  • 9:25 - 9:29
    Preferem negar a doença,
  • 9:29 - 9:32
    por isso não é sensato informá-las
  • 9:32 - 9:34
    se elas não perguntarem.
  • 9:34 - 9:36
    Surpreendentemente,
    a pesquisa mostra que, às vezes,
  • 9:36 - 9:38
    as pessoas que negam as suas doenças
  • 9:38 - 9:42
    vivem mais que aquelas
    que escolhem racionalmente
  • 9:42 - 9:44
    o melhor tratamento.
  • 9:44 - 9:46
    Esta ignorância, contudo,
  • 9:46 - 9:51
    não é muito útil a nível social.
  • 9:52 - 9:54
    Quando ignoramos para onde vamos,
  • 9:54 - 9:57
    podemos causar muitos danos sociais.
  • 9:58 - 10:01
    Para além de enfrentarmos a ignorância,
  • 10:01 - 10:03
    hoje enfrentamos também
  • 10:03 - 10:05
    algum tipo de obviedade.
  • 10:06 - 10:08
    Foi um filósofo francês,
  • 10:08 - 10:10
    Louis Althusser, que apontou
  • 10:10 - 10:13
    que a ideologia funciona de tal forma
  • 10:13 - 10:16
    que cria um véu de obviedade.
  • 10:17 - 10:20
    Antes de fazermos qualquer crítica social,
  • 10:20 - 10:25
    é mesmo necessário
    levantar esse véu de obviedade
  • 10:25 - 10:28
    e pensar de maneira um pouco diferente.
  • 10:28 - 10:30
    Se voltarmos a esta ideologia
  • 10:30 - 10:33
    de escolhas individuais e racionais,
  • 10:33 - 10:35
    que frequentemente adotamos,
  • 10:35 - 10:37
    é precisamente aqui que é necessário
  • 10:37 - 10:39
    levantar essa obviedade
  • 10:39 - 10:42
    e pensar de maneira um pouco diferente.
  • 10:43 - 10:46
    Para mim, a questão mais frequente é:
  • 10:46 - 10:48
    Porque é que ainda adotamos esta ideia
  • 10:48 - 10:51
    do homem que venceu
    pelo seu próprio esforço
  • 10:51 - 10:53
    na qual o capitalismo
    assentou desde o início?
  • 10:54 - 10:56
    Porque é que pensamos
    que somos realmente
  • 10:56 - 10:58
    tão donos da nossa vida
  • 10:58 - 11:01
    que podemos racionalmente
    fazer as melhores escolhas ideais,
  • 11:01 - 11:04
    de que não aceitamos perdas e riscos?
  • 11:05 - 11:07
    Para mim, é muito chocante ver às vezes
  • 11:07 - 11:10
    que pessoas muito pobres,
    por exemplo, não apoiam a ideia
  • 11:10 - 11:14
    de os ricos pagarem mais impostos.
  • 11:14 - 11:16
    Muitas vezes ainda se identificam
  • 11:16 - 11:19
    com uma certa mentalidade de lotaria.
  • 11:19 - 11:20
    Ok, talvez elas não pensem
  • 11:20 - 11:23
    que irão consegui-lo no futuro,
    mas talvez pensem:
  • 11:23 - 11:26
    "O meu filho pode tornar-se
    no próximo Bill Gates.
  • 11:26 - 11:29
    "Quem vai querer que o próprio filho
    venha a pagar impostos?"
  • 11:30 - 11:33
    Ou, para mim a questão também é:
  • 11:33 - 11:36
    "Porque é que pessoas
    que não têm seguro de saúde
  • 11:36 - 11:39
    "não adotam um seguro de saúde universal?"
  • 11:39 - 11:40
    Às vezes não adotam,
  • 11:40 - 11:43
    novamente, por se identificarem
    com a ideia da escolha,
  • 11:43 - 11:46
    mas não têm nada por onde escolher.
  • 11:47 - 11:50
    Margaret Thatcher disse:
  • 11:50 - 11:53
    "Isso de sociedade não existe.
  • 11:53 - 11:55
    "A sociedade não existe,
  • 11:55 - 11:58
    "só há indivíduos e as suas famílias".
  • 11:59 - 12:04
    Infelizmente, esta ideologia
    ainda funciona muito bem,
  • 12:04 - 12:06
    e é por isso que as pessoas
    que são pobres
  • 12:06 - 12:07
    podem sentir vergonha da sua pobreza.
  • 12:08 - 12:10
    Podemos, interminavelmente,
    sentir-nos culpados
  • 12:10 - 12:12
    por não fazermos as escolhas certas.
  • 12:12 - 12:14
    É por isso que não somos bem sucedidos.
  • 12:15 - 12:18
    Estamos preocupados por
    não sermos suficientemente bons.
  • 12:18 - 12:20
    É por isso que trabalhamos arduamente,
  • 12:20 - 12:21
    longas horas no local de trabalho
  • 12:21 - 12:25
    e horas igualmente longas
    a refazer-nos a nós mesmos.
  • 12:26 - 12:28
    Quando estamos preocupados
    com as escolhas,
  • 12:28 - 12:32
    às vezes desfazemo-nos
    do nosso poder de escolha facilmente.
  • 12:33 - 12:36
    Identificamo-nos com o guru
    que nos diz o que fazer,
  • 12:36 - 12:38
    com o terapeuta de autoajuda,
  • 12:38 - 12:41
    ou seguimos um líder totalitário
  • 12:41 - 12:44
    que parece não ter quaisquer
    dúvidas sobre as escolhas,
  • 12:44 - 12:46
    que tem ar de quem sabe.
  • 12:46 - 12:49
    As pessoas perguntam-me frequentemente:
  • 12:49 - 12:51
    "O que aprendeu ao estudar a escolha?"
  • 12:51 - 12:54
    Há uma mensagem importante que eu aprendi.
  • 12:55 - 12:57
    Quando pensava nas escolhas,
  • 12:57 - 13:01
    deixei de levar as escolhas
    demasiado a sério, pessoalmente.
  • 13:02 - 13:04
    Primeiro, percebi que
    muitas das escolhas que faço
  • 13:04 - 13:06
    não são racionais.
  • 13:06 - 13:08
    Estão ligadas ao meu inconsciente,
  • 13:08 - 13:10
    aos meus palpites sobre
    o que os outros escolhem,
  • 13:10 - 13:13
    ou ao que é uma escolha
    socialmente adotada.
  • 13:14 - 13:16
    Também adoto a ideia
  • 13:16 - 13:18
    de que devemos ir além de pensar
  • 13:18 - 13:20
    nas escolhas individuais,
  • 13:20 - 13:23
    de que é muito importante
    repensar as escolhas sociais,
  • 13:23 - 13:27
    visto que esta ideologia
    de escolha individual nos apaziguou.
  • 13:27 - 13:30
    Impediu-nos mesmo de pensar
    na mudança social.
  • 13:30 - 13:33
    Passamos tanto tempo
    a escolher coisas para nós mesmos
  • 13:33 - 13:35
    e isso mal se reflete
  • 13:35 - 13:38
    nas escolhas comuns que podemos fazer.
  • 13:38 - 13:39
    Não devemos esquecer-nos
  • 13:39 - 13:42
    de que a escolha
    está sempre ligada à mudança.
  • 13:42 - 13:44
    Podemos fazer mudanças individuais,
  • 13:44 - 13:46
    mas podemos fazer mudanças sociais.
  • 13:46 - 13:50
    Podemos escolher ter mais lobos.
  • 13:50 - 13:53
    Podemos escolher mudar o nosso ambiente,
  • 13:53 - 13:55
    ter mais abelhas.
  • 13:55 - 13:59
    Podemos escolher ter diferentes
    agências de avaliação.
  • 13:59 - 14:02
    Podemos escolher controlar as empresas
  • 14:02 - 14:05
    em vez de permitirmos
    que as empresas nos controlem.
  • 14:06 - 14:09
    Temos a possibilidade de fazer alterações.
  • 14:09 - 14:12
    Comecei com uma citação de Samuel Johnson,
  • 14:12 - 14:15
    que disse que,
    quando fazemos escolhas na vida,
  • 14:15 - 14:18
    não devemos esquecer-nos de viver.
  • 14:18 - 14:21
    Finalmente, podem ver
    que eu tive a escolha
  • 14:21 - 14:23
    de escolher uma das três citações
  • 14:23 - 14:26
    com que queria começar a minha palestra.
  • 14:27 - 14:29
    Eu tive uma escolha.
  • 14:29 - 14:31
    Tal como as nações, como as pessoas,
  • 14:31 - 14:33
    nós também temos escolhas para repensar
  • 14:33 - 14:36
    em que tipo de sociedade
    queremos viver no futuro.
  • 14:37 - 14:38
    Obrigada.
  • 14:38 - 14:42
    (Aplausos)
Title:
A nossa doentia obsessão com a escolha
Speaker:
Renata Salecl
Description:

Enfrentamos uma infindável série de escolhas, que nos levam a sentir ansiedade, culpa e nos fazem sentir inadequados por estarmos, talvez, a fazer as escolhas erradas. Mas a filósofa Renata Salecl pergunta: Podem as escolhas individuais estar a distrair-nos de algo maior — do nosso poder como pensadores sociais? Um forte apelo para deixarmos de levar tão a sério as escolhas pessoais e focarmo-nos mais nas escolhas que fazemos coletivamente.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:02

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