< Return to Video

Jornalismo cidadão | Paul Lewis | TEDxThessaloniki

  • 0:06 - 0:08
    Olá pessoal!
  • 0:09 - 0:14
    Estou aqui pra falar sobre
    uma nova forma de fazer jornalismo.
  • 0:14 - 0:17
    Algumas pessoas a chamam
    de "jornalismo cidadão",
  • 0:17 - 0:19
    outras a chamam
    de "jornalismo colaborativo".
  • 0:19 - 0:24
    Mas, na verdade, significa o seguinte:
    para os jornalistas, pessoas como eu,
  • 0:24 - 0:28
    significa aceitar
    que não se pode saber tudo
  • 0:28 - 0:30
    e permitir que outras pessoas,
    por meio da tecnologia,
  • 0:30 - 0:33
    sejam seus olhos e seus ouvidos.
  • 0:33 - 0:37
    E para pessoas como você,
    para outros membros do público,
  • 0:37 - 0:40
    significa não ser somente
    consumidores passivos de notícias,
  • 0:40 - 0:42
    mas também coproduzi-las.
  • 0:42 - 0:46
    Acredito que pode ser um processo
    realmente fortalecedor.
  • 0:46 - 0:51
    Pode permitir que as pessoas comuns
    responsabilizem as grandes organizações.
  • 0:51 - 0:54
    Assim, vou explicar sobre isso
    hoje, com dois casos,
  • 0:54 - 0:57
    duas histórias que investiguei.
  • 0:57 - 1:00
    Ambas envolvem mortes contraditórias.
  • 1:00 - 1:05
    Nos dois casos, as autoridades mostraram
    uma versão oficial dos acontecimentos,
  • 1:05 - 1:07
    que era, de certa forma, enganosa.
  • 1:07 - 1:12
    Fomos capazes de dizer uma verdade
    alternativa utilizando nova tecnologia,
  • 1:12 - 1:15
    utilizando a mídia social,
    particularmente o Twitter.
  • 1:15 - 1:18
    Essencialmente, estou falando
    sobre o jornalismo cidadão.
  • 1:18 - 1:21
    Vamos ao primeiro caso:
  • 1:21 - 1:24
    esse é Ian Tomlinson,
    o homem em primeiro plano.
  • 1:24 - 1:30
    Ele era jornaleiro em Londres,
    e no dia 1 de abril de 2009,
  • 1:30 - 1:33
    ele morreu nos protestos
    do G20 em Londres.
  • 1:34 - 1:38
    Ele não era manifestante, estava tentando
    voltar para casa, após o trabalho,
  • 1:38 - 1:42
    passando pelas manifestações.
    Mas ele não chegou em casa.
  • 1:42 - 1:45
    Ele encontrou um homem
    atrás dele, e, como podem ver,
  • 1:45 - 1:48
    esse homem cobriu seu rosto com um capuz.
  • 1:48 - 1:51
    E, de fato, ele não estava
    mostrando seu crachá.
  • 1:51 - 1:54
    Mas posso dizer agora,
    ele era o policial Simon Harwood,
  • 1:54 - 1:57
    um policial da polícia
    metropolitana de Londres.
  • 1:57 - 2:01
    De fato, ele era do grupo
    do apoio territorial de elite.
  • 2:01 - 2:06
    Momentos depois dessa foto, Harwood
    atingiu Tomlinson com um bastão,
  • 2:06 - 2:10
    e o empurrou para o chão.
    Tomlinson morreu momentos depois.
  • 2:11 - 2:15
    Mas essa não era a história
    que a polícia queria que contássemos.
  • 2:15 - 2:18
    Inicialmente, com declarações
    oficiais e informações extra oficiais,
  • 2:18 - 2:23
    eles disseram que Ian Tomlinson
    morreu de causas naturais.
  • 2:23 - 2:26
    Disseram que não houve
    contato com a polícia,
  • 2:26 - 2:28
    que não havia marcas em seu corpo.
  • 2:28 - 2:32
    Na verdade, eles disseram que
    quando a polícia tentou reanimá-lo,
  • 2:32 - 2:35
    os médicos policiais foram impedidos,
  • 2:35 - 2:40
    porque manifestantes jogavam objetos,
    possivelmente garrafas, na polícia.
  • 2:41 - 2:44
    O resultado disso foram
    histórias como esta.
  • 2:44 - 2:47
    Eu mostro a vocês esse slide,
    porque esse era jornal
  • 2:47 - 2:51
    que Ian Tomlinson vendeu
    durante 20 anos de sua vida.
  • 2:51 - 2:53
    Se alguma empresa de notícias
    tinha uma obrigação
  • 2:53 - 2:56
    de analisar adequadamente
    o que aconteceu,
  • 2:56 - 2:59
    era o jornal "Evening Standard",
    mas eles, como todos os outros,
  • 2:59 - 3:01
    incluindo minha empresa de notícias,
  • 3:01 - 3:05
    foram enganados pela versão oficial
    dos eventos fornecida pela polícia.
  • 3:05 - 3:07
    Mas vocês podem ver aqui, as garrafas
  • 3:07 - 3:09
    que supostamente foram
    jogadas contra a polícia
  • 3:09 - 3:11
    se transformaram em tijolos
  • 3:11 - 3:13
    no momento em que chegaram
    a essa edição do jornal.
  • 3:13 - 3:17
    Então desconfiamos, e quisemos saber
    se havia mais alguma coisa nessa história.
  • 3:17 - 3:20
    Precisávamos encontrar
    esses manifestantes da foto,
  • 3:20 - 3:23
    mas é claro, eles tinham desaparecido
    quando começamos a investigar.
  • 3:23 - 3:25
    Como encontrar as testemunhas?
  • 3:25 - 3:27
    Pra mim, foi aí que tudo
    ficou realmente interessante.
  • 3:27 - 3:28
    Fomos para a internet.
  • 3:28 - 3:31
    Esse é o Twitter;
    já ouviram muito sobre ele hoje.
  • 3:31 - 3:34
    Quando comecei a investigar o caso,
  • 3:34 - 3:37
    eu era completamente novo nisto;
    tinha me registrado dois dias antes.
  • 3:37 - 3:40
    Descobri que Twitter era
    um site de microblog.
  • 3:40 - 3:44
    Me permitia enviar mensagens
    curtas, de até 140 palavras.
  • 3:44 - 3:47
    Também, uma ferramenta
    de busca fantástica.
  • 3:47 - 3:50
    Mas era uma arena social
    na qual outras pessoas
  • 3:50 - 3:53
    se reuniam com um motivo em comum.
  • 3:53 - 3:56
    E nesse caso,
    independentemente de jornalistas,
  • 3:56 - 4:01
    pessoas estavam questionando
    o que tinha acontecido a Ian Tomlinson
  • 4:01 - 4:04
    nos seus últimos 30 minutos de vida.
  • 4:06 - 4:08
    Indivíduos como esses dois rapazes.
  • 4:08 - 4:12
    Eles foram ao socorro de Ian
    Tomlinson quando ele caiu.
  • 4:12 - 4:14
    Ligaram para a ambulância.
  • 4:14 - 4:18
    Eles não viram nenhuma garrafa,
    não viram nenhum tijolo.
  • 4:18 - 4:21
    Eles estavam preocupados
    que as histórias não eram tão precisas
  • 4:21 - 4:23
    quanto a polícia afirmava que eram.
  • 4:23 - 4:26
    E novamente, por meio da mídia
    social, começamos a encontrar
  • 4:26 - 4:29
    indivíduos com materiais
    como: fotos, evidências.
  • 4:29 - 4:33
    Isso não mostra o ataque a Ian Tomlinson,
  • 4:33 - 4:36
    mas ele parece estar sofrendo.
  • 4:36 - 4:38
    Ele estava bêbado? Ele caiu?
  • 4:38 - 4:41
    Isso teria alguma relação
    com os policiais próximos a ele?
  • 4:41 - 4:43
    Parece que ele está falando com eles.
  • 4:43 - 4:47
    Para nós, isso era o suficiente
    para investigar mais, nos aprofundarmos.
  • 4:50 - 4:53
    O resultado foi nós mesmos
    contarmos a história.
  • 4:53 - 4:57
    Umas das coisas mais fascinantes
    da internet é: informações
  • 4:57 - 5:00
    que as pessoas publicam estão disponíveis
    para todos, como todos nós sabemos.
  • 5:00 - 5:02
    Isso não é somente
    para jornalistas cidadãos,
  • 5:02 - 5:06
    ou pessoas postando mensagens
    no Facebook ou Twitter.
  • 5:06 - 5:08
    Isso vale para jornalistas,
    pessoas como eu.
  • 5:08 - 5:13
    Desde que sua notícia esteja do lado certo
    de um "paywall", isto é, seja gratuita,
  • 5:13 - 5:15
    qualquer um pode acessar.
  • 5:15 - 5:17
    E histórias como essas,
    que questionaram a versão
  • 5:17 - 5:20
    oficial dos eventos,
    que tiveram um tom cético,
  • 5:20 - 5:24
    permitiram que as pessoas
    percebessem que tínhamos dúvidas.
  • 5:24 - 5:26
    Elas eram como imãs on-line.
  • 5:26 - 5:28
    Pessoas com material
    que podiam nos ajudar
  • 5:28 - 5:32
    vieram até nós por meio de um tipo
    de força gravitacional.
  • 5:32 - 5:38
    E após seis dias, conseguimos
    encontrar por volta de 20 testemunhas.
  • 5:38 - 5:40
    Nós as marcamos aqui no mapa.
  • 5:40 - 5:42
    Essa é a cena da morte de Ian Tomlinson,
  • 5:42 - 5:44
    o Banco da Inglaterra em Londres.
  • 5:44 - 5:46
    E para cada testemunha
    que marcamos no mapa,
  • 5:46 - 5:49
    vocês podiam clicar
    nesses pequenos pontos,
  • 5:49 - 5:53
    e ouvir o que eles tinham a dizer,
    ver suas imagens
  • 5:53 - 5:56
    e às vezes, ver suas imagens
    de vídeo também.
  • 5:56 - 6:00
    Mas mesmo nesse estágio,
    com testemunhas dizendo
  • 6:00 - 6:04
    que viram a polícia atacar Ian Tomlinson
    antes de sua morte,
  • 6:04 - 6:07
    a polícia ainda se recusava a aceitar.
  • 6:07 - 6:10
    Não houve investigação
    oficial da morte dele.
  • 6:11 - 6:13
    E então, algo mudou.
  • 6:13 - 6:17
    Recebi um e-mail de um gestor
    de fundos de investimento em Nova York.
  • 6:17 - 6:21
    No dia da morte de Ian Tomlinson,
    ele estava em Londres a trabalho,
  • 6:21 - 6:26
    tinha levado sua câmera
    fotográfica, e gravou isso.
  • 6:31 - 6:34
    (Vídeo) Esta é a multidão
    no protesto do G20
  • 6:34 - 6:36
    no dia primeiro de abril,
    por volta de 19h20min.
  • 6:37 - 6:39
    Estavam em Cornhill,
    perto do Banco da Inglaterra.
  • 6:39 - 6:42
    Esta filmagem formará a base
    de uma investigação policial
  • 6:42 - 6:44
    sobre a morte desse homem.
  • 6:44 - 6:46
    Ian Tomlinson estava
    andando por esta área,
  • 6:46 - 6:48
    tentando chegar em casa após o trabalho.
  • 6:48 - 6:51
    (Pessoas gritando)
  • 7:03 - 7:06
    Diminuímos a velocidade do vídeo
    para mostrar como isso levanta
  • 7:06 - 7:08
    sérias questões quanto
    à conduta dos policiais.
  • 7:08 - 7:12
    Ian Tomlinson estava de costas
    para os policiais, alguns com cães
  • 7:12 - 7:15
    e estava se afastando deles.
    Ele estava com as mãos nos bolsos.
  • 7:15 - 7:20
    Aqui o policial parece golpear a perna
    de Tomlinson com um bastão.
  • 7:20 - 7:22
    Ele então ataca Tomlinson por trás.
  • 7:24 - 7:27
    Tomlinson é empurrado
    para a frente e cai no chão.
  • 7:32 - 7:35
    (Pessoas gritando)
  • 7:41 - 7:43
    São cenas chocantes.
  • 7:43 - 7:45
    Aquele vídeo não está muito bom,
  • 7:45 - 7:48
    mas lembro quando assisti
    ao vídeo pela primeira vez.
  • 7:48 - 7:51
    Eu estive em contato
    com esse gerente de Nova York,
  • 7:51 - 7:53
    e fiquei obcecado por essa história.
  • 7:53 - 7:57
    Eu falei com muitas pessoas
    que disseram que viram aquilo
  • 7:57 - 8:01
    e o cara do outro lado do telefone
    estava dizendo: "Veja, o vídeo mostra".
  • 8:01 - 8:03
    Eu não queria acreditar nele
    até que vi por mim mesmo.
  • 8:03 - 8:06
    Eram duas horas da manhã,
    eu estava lá com um cara de TI.
  • 8:06 - 8:08
    O vídeo não estava carregando.
  • 8:08 - 8:10
    Finalmente carregou e eu cliquei nele.
  • 8:10 - 8:13
    Percebi que era realmente
    algo bastante significativo.
  • 8:13 - 8:15
    Dentro de 15 horas,
    colocamos em nosso site.
  • 8:16 - 8:19
    E logo após, oficiais superiores
    da polícia vieram ao nosso escritório,
  • 8:19 - 8:21
    e nos pediram para retirar o vídeo.
  • 8:21 - 8:23
    Dissemos não.
  • 8:23 - 8:25
    Teria sido tarde demais,
    de qualquer maneira,
  • 8:25 - 8:27
    porque o vídeo tinha
    viajado ao redor do mundo.
  • 8:27 - 8:30
    E o oficial nesse filme, em dois dias,
  • 8:30 - 8:32
    aparecerá em um júri
    de inquérito em Londres,
  • 8:32 - 8:36
    que eles têm o pode de decidir
    que Ian Tomlinson foi morto ilegalmente.
  • 8:36 - 8:38
    Então esse é o primeiro caso;
    eu disse dois casos hoje.
  • 8:38 - 8:40
    O segundo caso é esse homem.
  • 8:40 - 8:43
    Assim como Ian Tomlinson,
    ele era pai.
  • 8:43 - 8:48
    Ele morava em Londres, mas ele era
    refugiado político de Angola.
  • 8:48 - 8:50
    Seis meses atrás, o governo
    britânico decidiu
  • 8:50 - 8:55
    que iriam deportá-lo para Angola.
    Ele falhou na solicitação de asilo.
  • 8:55 - 8:59
    Eles lhe reservaram um assento
    no avião, em um voo de Heathrow.
  • 8:59 - 9:05
    A explicação oficial
    da morte de Jimmy Mubenga,
  • 9:05 - 9:07
    foi simplesmente que ele adoeceu.
  • 9:07 - 9:10
    Ele se sentiu mal no voo,
    o avião voltou para Heathrow.
  • 9:10 - 9:13
    Ele foi transferido para o hospital
    e declarado morto.
  • 9:13 - 9:15
    Agora, o que realmente
    aconteceu com Jimmy Mubenga,
  • 9:15 - 9:19
    a história que fomos capaz de contar,
    eu e meu colega Mathew Taylor,
  • 9:19 - 9:22
    foi que três seguranças começaram
    a tentar contê-lo em seu assento,
  • 9:22 - 9:26
    Quando ele estava resistindo à deportação.
    Tentaram mantê-lo em seu lugar.
  • 9:26 - 9:28
    Eles o imobilizaram de maneira perigosa,
  • 9:29 - 9:33
    que mantém os detentos em silêncio
    e ele estava fazendo muito barulho.
  • 9:33 - 9:36
    Mas isso também pode
    levar à asfixia posicional,
  • 9:36 - 9:37
    uma forma de sufocamento.
  • 9:37 - 9:40
    Imaginem que havia
    outros passageiros no avião
  • 9:40 - 9:43
    que o ouviram dizer: "Não consigo
    respirar! Não consigo respirar!
  • 9:43 - 9:44
    Estão me matando".
  • 9:44 - 9:46
    E então, ele parou de respirar.
  • 9:46 - 9:48
    Como encontramos esses passageiros?
  • 9:48 - 9:51
    No caso de Ian Tomlinson, a testemunha
    ainda estava em Londres.
  • 9:51 - 9:53
    Mas muitos destes passageiros
    retornaram para a Angola.
  • 9:53 - 9:55
    Como íamos encontrá-los?
  • 9:55 - 9:57
    Novamente, contamos com a internet.
  • 9:57 - 10:00
    Escrevemos, como já disse,
    histórias que são como imãs on-line.
  • 10:00 - 10:03
    O tom de algumas dessas
    histórias pode ser desaprovado
  • 10:03 - 10:05
    por professores de jornalismo
    porque ficam céticos,
  • 10:05 - 10:07
    fazem perguntas, talvez especulativas,
  • 10:07 - 10:10
    o tipo de coisa que um jornalista
    não deve fazer, mas precisávamos.
  • 10:10 - 10:12
    Precisávamos usar o Twitter também.
  • 10:12 - 10:15
    Estou dizendo que um homem
    angolano morre em um voo.
  • 10:15 - 10:18
    Essa história pode ser grande;
    um nível de especulação.
  • 10:18 - 10:20
    Este próximo "tweet" diz: "Por favor, RT".
  • 10:20 - 10:24
    Isso significa "por favor, compartilhem",
    por favor, passe a corrente.
  • 10:24 - 10:27
    Uma das coisas fascinantes sobre o Twitter
  • 10:27 - 10:30
    é que o padrão de fluxo de informação
  • 10:30 - 10:32
    é diferente de tudo que já vimos antes.
  • 10:32 - 10:34
    Realmente não entendemos bem,
    mas uma vez que você
  • 10:34 - 10:37
    publica uma informação,
    ela viaja como o vento.
  • 10:37 - 10:41
    Você não pode determinar
    onde vai parar, mas, estranhamente,
  • 10:41 - 10:45
    os tweets têm uma incrível capacidade
    de alcançar o destino pretendido.
  • 10:45 - 10:48
    E neste caso, era esse homem.
  • 10:49 - 10:52
    Ele diz: "Eu também estava lá no BA77",
    este era o número do voo,
  • 10:52 - 10:55
    "e o homem estava implorando por ajuda,
  • 10:55 - 10:57
    e agora me sinto culpado
    por não ter feito nada".
  • 10:57 - 10:59
    Era o Michael.
  • 10:59 - 11:03
    Ele estava em um campo petrolífero
    angolano quando me enviou este tweet.
  • 11:03 - 11:06
    Eu estava em meu escritório em Londres.
  • 11:06 - 11:09
    Ele tinha ficado preocupado
    sobre o que aconteceu no voo.
  • 11:09 - 11:12
    Ele foi até seu computador
    e digitou o número do voo.
  • 11:12 - 11:15
    Encontrou esse tweet,
    encontrou nossas histórias.
  • 11:15 - 11:20
    Percebeu que tínhamos a intenção de contar
    uma versão diferente dos acontecimentos,
  • 11:20 - 11:23
    Eramos céticos e ele entrou
    em contato comigo.
  • 11:24 - 11:25
    E isso foi o que Michael disse:
  • 11:26 - 11:30
    (Áudio) Tenho certeza que foi asfixia.
  • 11:30 - 11:34
    A última coisa que escutamos o homem
    dizer foi que ele não conseguia respirar.
  • 11:34 - 11:38
    Havia três guardas de segurança,
  • 11:38 - 11:43
    cada um parecia ter mais
    de 100 kg, em cima dele,
  • 11:43 - 11:46
    empurrando-o, pelo que pude ver,
    para debaixo dos assentos.
  • 11:46 - 11:51
    Vi os três homens tentando
    empurrá-lo para debaixo dos assentos.
  • 11:51 - 11:54
    Eu só conseguia ver a cabeça
    dele aparecendo acima dos assentos,
  • 11:54 - 11:57
    e ele estava gritando: "Me ajudem!"
  • 11:58 - 12:04
    Continuou dizendo: "Ajudem-me! Ajudem-me!"
    E então desapareceu debaixo dos assentos.
  • 12:05 - 12:09
    Podíamos ver os três seguranças
    sentados em cima dele.
  • 12:10 - 12:15
    Durante o resto da minha vida,
    sempre vou ter isso na minha cabeça.
  • 12:15 - 12:17
    Poderia ter feito alguma coisa?
  • 12:18 - 12:21
    Isso vai me incomodar toda vez
    que eu for dormir agora.
  • 12:21 - 12:25
    Não me envolvi porque
    estava com medo de ser
  • 12:25 - 12:27
    expulso do voo e perder o emprego.
  • 12:27 - 12:31
    Se são necessários três homens
    para segurar um homem,
  • 12:31 - 12:33
    colocá-lo em um voo,
  • 12:33 - 12:38
    em que o público está, isso é excessivo.
  • 12:39 - 12:45
    Se o homem morreu,
    certamente era excessivo.
  • 12:47 - 12:50
    Essa foi a interpretação dele
    sobre o que tinha acontecido no voo.
  • 12:50 - 12:52
    Michael foi, na verdade,
    uma das cinco testemunhas
  • 12:52 - 12:56
    que finalmente conseguimos rastrear,
    a maioria delas, como eu disse,
  • 12:56 - 12:59
    por meio da internet,
    por meio das mídias sociais.
  • 12:59 - 13:01
    Poderíamos colocá-los no avião,
  • 13:01 - 13:04
    para que pudéssemos ver
    exatamente onde eles estavam.
  • 13:04 - 13:08
    Devo dizer, nesta altura,
    que uma importante dimensão de tudo isso
  • 13:08 - 13:10
    para jornalistas que
    utilizam as redes sociais
  • 13:10 - 13:15
    e que utilizam o jornalismo cidadão
    é garantir a obtenção de fatos corretos.
  • 13:15 - 13:17
    Verificação é absolutamente essencial.
  • 13:17 - 13:20
    No caso das testemunhas de Ian Tomlinson,
  • 13:20 - 13:23
    eu consegui que eles voltassem
    para a cena do crime,
  • 13:23 - 13:27
    e fisicamente me acompanhassem
    e contassem exatamente o que tinham visto.
  • 13:28 - 13:29
    Isso foi absolutamente essencial.
  • 13:29 - 13:31
    No caso de Mudenga,
    não podíamos fazer isso,
  • 13:31 - 13:34
    mas eles podiam nos enviar
    seus cartões de embarque.
  • 13:34 - 13:35
    Podíamos questionar seus relatos
  • 13:35 - 13:39
    e garantir que fossem consistentes
    com o que os outros passageiros diziam.
  • 13:39 - 13:43
    O perigo disto tudo,
    para os jornalistas, para todos nós
  • 13:43 - 13:48
    é que somos vítimas de boatos,
    ou que há informações errôneas
  • 13:48 - 13:51
    deliberada no domínio público.
    Portanto, temos que ser cautelosos.
  • 13:51 - 13:55
    Mas ninguém pode negar
    o poder do jornalismo cidadão.
  • 13:55 - 13:58
    Quando um avião colidiu
    no Hudson, há dois anos,
  • 13:58 - 14:02
    e o mundo soube disso porque um homem
    que estava em uma balsa próxima,
  • 14:02 - 14:05
    pegou seu iPhone, fotografou
    a imagem do avião
  • 14:05 - 14:07
    e enviou-a para o mundo todo.
  • 14:07 - 14:09
    Foi assim que a maioria
    das pessoas descobriu,
  • 14:09 - 14:14
    nos primeiros minutos e horas,
    sobre o avião no Rio Hudson.
  • 14:14 - 14:17
    Pensem nas duas maiores notícias do ano.
  • 14:17 - 14:20
    Tivemos o terremoto japonês e o tsunami.
  • 14:20 - 14:24
    Relembrem as imagens que vocês viram
  • 14:24 - 14:26
    nas telas da sua televisão.
  • 14:26 - 14:29
    Havia barcos que foram
    parar a 8 km da costa.
  • 14:29 - 14:34
    Casas eram movidas
    como se estivessem no mar.
  • 14:34 - 14:39
    A água subindo nas salas de estar
    das pessoas, os supermercados tremendo.
  • 14:39 - 14:41
    Estas foram imagens tiradas
    por jornalistas cidadãos
  • 14:41 - 14:43
    e rapidamente compartilhadas na internet.
  • 14:43 - 14:47
    E a outra grande história
    do ano: a crise política,
  • 14:47 - 14:51
    o terremoto político no Oriente Médio.
  • 14:51 - 14:55
    E não importa se foi no Egito,
    na Líbia, na Síria ou no Iêmen.
  • 14:55 - 14:59
    Indivíduos conseguiram superar
  • 14:59 - 15:04
    as restrições repressivas nesses regimes,
    registrando seu ambiente
  • 15:04 - 15:06
    e contando suas histórias na internet.
  • 15:06 - 15:09
    Sempre muito difícil de verificar,
  • 15:09 - 15:13
    mas potencialmente, uma enorme
    camada de responsabilidade.
  • 15:13 - 15:15
    Essa imagem... eu poderia mostrar muitas,
  • 15:15 - 15:17
    o YouTube está cheio delas.
  • 15:17 - 15:21
    Esta imagem é de um manifestante
    aparentemente desarmado em Bahrein.
  • 15:21 - 15:24
    E ele está sendo baleado
    pelas forças de segurança.
  • 15:24 - 15:29
    Não importa se o indivíduo
    que está sendo maltratado,
  • 15:29 - 15:33
    possivelmente, até a morte,
    está no Bahrein ou em Londres.
  • 15:33 - 15:37
    Mas o jornalismo cidadão e essa tecnologia
    têm inserido uma nova camada
  • 15:37 - 15:39
    de responsabilidade em nosso mundo.
  • 15:40 - 15:41
    Acho que isso é bom.
  • 15:41 - 15:45
    Então, para concluir: o tema
    da conferência é "Por que não?"
  • 15:45 - 15:48
    Acho que para os jornalistas,
    é bem simples, na verdade.
  • 15:48 - 15:52
    Quero dizer, por que não utilizar
    essa tecnologia, que amplia massivamente
  • 15:52 - 15:54
    os limites do que é possível,
  • 15:54 - 15:58
    aceita que muito do que acontece
    em nosso mundo agora seja gravado,
  • 15:58 - 16:01
    e podemos obter essas informações
    por meio da rede social.
  • 16:02 - 16:04
    Isso é novo para jornalistas.
  • 16:04 - 16:07
    Acho que as histórias que mostrei
    não poderíamos ter investigado
  • 16:07 - 16:10
    há 10 anos, talvez nem há cinco anos.
  • 16:10 - 16:13
    Acho que há um argumento muito bom
    para dizer que as duas mortes,
  • 16:13 - 16:16
    a morte de Ian Tomlinson
    e a morte de Jimmy Mubenga,
  • 16:16 - 16:19
    ainda hoje não saberíamos exatamente
    o que aconteceu naqueles casos.
  • 16:19 - 16:22
    E "Por que não?" para pessoas como vocês?
  • 16:22 - 16:24
    Acho que é muito simples também.
  • 16:24 - 16:28
    Se você encontrar algo
    que acredita ser problemático,
  • 16:28 - 16:32
    que te perturbe, preocupe,
    uma injustiça de algum tipo,
  • 16:32 - 16:35
    algo que não pareça certo,
  • 16:35 - 16:41
    então por que não testemunhar,
    gravar e compartilhar isso?
  • 16:41 - 16:47
    Esse processo de testemunhar,
    gravar e divulgar é jornalismo.
  • 16:47 - 16:49
    E todos nós podemos fazer isso.
  • 16:49 - 16:50
    Obrigado.
  • 16:50 - 16:51
    (Aplausos)
Title:
Jornalismo cidadão | Paul Lewis | TEDxThessaloniki
Description:

O jornalista Paul Lewis fala sobre novas mídias, jornalismo cidadão, e como ele usou as mídias sociais para investigar dois assassinatos. Ele também fala sobre o novo nível de transparência e responsabilidade que a nova mídia oferece na vida pública.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:56

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions