Como o tédio pode nos levar às ideias mais brilhantes
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0:01 - 0:05Meu filho e o iPhone
nasceram em junho de 2007, -
0:05 - 0:07com apenas três semanas de diferença.
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0:07 - 0:08(Risos)
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0:08 - 0:11Enquanto os primeiros compradores
faziam fila na porta das lojas, -
0:11 - 0:14ansiosos para porem as mãos
naquela novidade incrível, -
0:14 - 0:18eu estava presa em casa
com minhas mãos cheias de outra coisa, -
0:18 - 0:20que me enviava constantes notificações --
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0:20 - 0:22(Risos)
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0:22 - 0:25um bebê sofrendo com cólica,
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0:25 - 0:29que só conseguia dormir num carrinho
em movimento e com silêncio absoluto. -
0:29 - 0:30(Risos)
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0:30 - 0:33Eu andava literalmente
de 16 a 24 km por dia, -
0:33 - 0:35e perdi o que engordei na gravidez.
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0:35 - 0:37Essa parte foi ótima.
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0:37 - 0:39Mas, gente, eu estava entediada.
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0:39 - 0:42Antes da maternidade,
eu era aquela jornalista -
0:42 - 0:44que corria para cobrir
a queda do Concorde. -
0:44 - 0:47Fui uma das primeiras pessoas
a entrar em Belgrado -
0:47 - 0:49quando houve uma revolução na Sérvia.
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0:49 - 0:52Nossa, eu estava exausta.
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0:52 - 0:55Aquela andança continuou por semanas.
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0:55 - 1:01No entanto, somente
três meses depois é que algo mudou. -
1:01 - 1:03Enquanto eu andava sem parar,
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1:03 - 1:06minha mente também ficava vagando.
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1:06 - 1:10Comecei a imaginar o que faria
quando finalmente dormisse de novo. -
1:10 - 1:12Um dia, a cólica sumiu,
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1:12 - 1:15e finalmente comprei um IPhone
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1:15 - 1:18e fiz algo com o resultado
de todas aquelas horas vagando. -
1:18 - 1:22Criei meu emprego dos sonhos apresentando
um programa numa rádio pública. -
1:22 - 1:24Acabou-se a correria para zonas de guerra,
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1:24 - 1:26mas, graças a meu novo smartphone,
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1:26 - 1:28eu podia ser mãe e jornalista.
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1:28 - 1:33Podia estar no parquinho
e no Twitter ao mesmo tempo. -
1:34 - 1:35Mas, enquanto pensava nisso,
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1:35 - 1:38veio a tecnologia e tomou conta,
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1:38 - 1:40e me vi num impasse.
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1:40 - 1:44Imaginem só isto:
eu apresentava um "podcast" -
1:44 - 1:48e tinha de provar que o investimento
do precioso dinheiro público em mim -
1:48 - 1:49estava valendo a pena.
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1:50 - 1:54Meu objetivo era aumentar
dez vezes mais minha audiência. -
1:54 - 1:56Então, um dia me sentei
para uma "brainstorm", -
1:56 - 2:00como se faz nesses casos, e não saiu nada.
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2:00 - 2:02Era diferente de um bloqueio criativo.
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2:02 - 2:04Não havia nada ali para ser descoberto.
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2:04 - 2:06Simplesmente não havia nada.
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2:06 - 2:08Então comecei a olhar pra trás:
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2:08 - 2:11qual foi a última vez
que eu tinha tido uma boa ideia? -
2:11 - 2:13É... foi quando estava empurrando
o danado daquele carrinho. -
2:14 - 2:17Bem, todas as brechas do meu dia
estavam preenchidas pelo celular. -
2:17 - 2:21Eu checava as notícias
enquanto esperava meu café com leite. -
2:21 - 2:25Atualizava meu calendário
enquanto estava no sofá. -
2:25 - 2:28Teclar transformou todo tempo livre
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2:28 - 2:31numa chance para mostrar
aos meus colegas e ao meu querido marido -
2:31 - 2:33como eu era uma pessoa atenciosa,
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2:34 - 2:36ou no mínimo era uma chance
de encontrar outro sofá perfeito -
2:36 - 2:39para minha página no Pinterest.
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2:39 - 2:42Percebi que nunca ficava entediada.
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2:42 - 2:45Afinal, só pessoas tediosas
é que ficam entediadas, certo? -
2:45 - 2:47Mas aí comecei a imaginar:
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2:47 - 2:49o que acontece conosco
quando ficamos entediados? -
2:49 - 2:53Ou, melhor ainda, o que aconteceria
conosco se nunca ficássemos entediados? -
2:53 - 2:58O que poderia acontecer se nos livrássemos
completamente dessa emoção humana? -
2:58 - 3:02Comecei a conversar com neurocientistas
e psicólogos cognitivos, -
3:02 - 3:05e o que ouvi deles foi fascinante.
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3:05 - 3:07Ocorre que, quando ficamos entediados,
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3:07 - 3:11ativamos uma rede em nosso cérebro
chamada "modo-padrão". -
3:11 - 3:16Assim, o corpo entra no piloto automático
quando estamos guardando a roupa -
3:16 - 3:17ou andando para o trabalho,
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3:17 - 3:20mas, na verdade, é aí que nosso cérebro
fica realmente ocupado. -
3:20 - 3:23Ouçam o que diz a Dra. Sandi Mann,
estudiosa do cérebro. -
3:24 - 3:27(Áudio) Dra. Sandi Mann:
Quando sonhamos acordados -
3:27 - 3:28e permitimos que a mente vagueie,
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3:28 - 3:31começamos a ir
um pouco além do consciente, -
3:31 - 3:33a entrar um pouco no inconsciente,
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3:33 - 3:36permitindo que diversos tipos
de conexões aconteçam. -
3:36 - 3:37É realmente incrível.
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3:37 - 3:40Manoush Zomorodi: Totalmente demais, né?
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3:40 - 3:42Este é meu cérebro numa tomografia,
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3:42 - 3:46e descobri que no modo-padrão
é quando conectamos ideias díspares, -
3:46 - 3:49resolvemos os problemas mais recorrentes
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3:49 - 3:52e fazemos algo chamado
"planejamento autobiográfico". -
3:52 - 3:54É quando olhamos para nosso passado,
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3:54 - 3:57vemos os momentos importantes,
criamos uma narrativa pessoal, -
3:57 - 3:58e aí estabelecemos objetivos
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3:59 - 4:02e descobrimos que passos
precisamos dar para alcançá-los. -
4:02 - 4:06Mas hoje, enquanto relaxamos no sofá,
também atualizamos um Google Doc -
4:06 - 4:08ou respondemos a um e-mail.
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4:08 - 4:11Chamamos isso de "resolver pepinos",
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4:11 - 4:14mas eis o que o neurocientista
Dr. Daniel Levitin afirma -
4:14 - 4:15que estamos fazendo de verdade.
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4:16 - 4:18(Áudio) Dr. Daniel Levitin:
Cada vez que desviamos a atenção -
4:18 - 4:20de uma coisa pra outra,
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4:20 - 4:23o cérebro tem de ligar
um interruptor neuroquímico, -
4:23 - 4:26que usa nutrientes do cérebro
para realizar essa ação. -
4:26 - 4:29Assim, quando tentamos ser multitarefa,
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4:29 - 4:31fazendo quatro ou cinco
coisas ao mesmo tempo, -
4:31 - 4:33não estamos fazendo
isso tudo ao mesmo tempo, -
4:33 - 4:35pois o cérebro não funciona assim.
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4:35 - 4:38Na verdade, passamos rapidamente
de uma coisa pra outra, -
4:38 - 4:40esgotando recursos neurais ao fazer isso.
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4:40 - 4:44(Áudio) MZ: Assim, ligar, ligar,
estamos usando glicose, glicose. -
4:44 - 4:47(Áudio) DL: Exato, e temos
um estoque limitado disso. -
4:47 - 4:51MZ: Dez anos atrás, no trabalho,
mudávamos nosso foco a cada três minutos. -
4:51 - 4:54Agora, isso ocorre a cada 45 segundos,
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4:54 - 4:56e fazemos isso o dia todo.
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4:56 - 4:59A pessoa comum checa
e-mails 74 vezes por dia, -
4:59 - 5:02e muda de tarefa em seu computador
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5:02 - 5:06566 vezes por dia.
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5:06 - 5:09Descobri tudo isso conversando
com uma professora de informática, -
5:09 - 5:11a Dra. Gloria Mark.
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5:11 - 5:15(Áudio) Dra. Gloria Mark: Descobrimos
que, quando as pessoas estão estressadas, -
5:15 - 5:18elas tendem a mudar
o foco mais rapidamente. -
5:18 - 5:20Também descobrimos,
por mais estranho que pareça, -
5:20 - 5:26que, quanto menos uma pessoa dorme,
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5:26 - 5:28mais probabilidade tem
de checar o Facebook. -
5:28 - 5:32Assim, estamos num ciclo vicioso, diário.
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5:32 - 5:34MZ: Mas esse ciclo pode ser interrompido?
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5:34 - 5:38O que aconteceria se interrompêssemos
esse ciclo vicioso? -
5:39 - 5:43Talvez meus ouvintes
me ajudassem a descobrir. -
5:43 - 5:46E se recuperássemos
essas brechas em nosso dia? -
5:47 - 5:50Será que isso nos ajudaria
a estimular nossa criatividade? -
5:51 - 5:55Aí veio o projeto "Bored
and Brilliant", entediado e genial. -
5:56 - 5:59E achava que iam participar
em torno de umas 200 pessoas, -
5:59 - 6:02mas milhares de pessoas
começaram a se registrar. -
6:02 - 6:05E disseram que decidiram participar
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6:05 - 6:08porque estavam receosas
de que seu relacionamento com o celular -
6:08 - 6:12tenha ficado meio... "codependente",
vamos colocar assim. -
6:12 - 6:16(Áudio) Homem: O relacionamento
entre um bebê e seu ursinho de pelúcia -
6:16 - 6:18ou de um bebê e sua chupeta,
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6:18 - 6:21ou um bebê que quer o colo da mãe
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6:21 - 6:24quando se cansa de ser segurado
por um estranho... -
6:24 - 6:25(Risos)
-
6:25 - 6:28é o relacionamento
entre mim e meu celular. -
6:28 - 6:31(Áudio) Mulher: Vejo meu celular
como uma ferramenta poderosa, -
6:31 - 6:35extremamente útil, mas perigosa,
se não lidar com ela adequadamente. -
6:35 - 6:37(Áudio) Mulher 2: Se eu não tiver cuidado,
-
6:37 - 6:40vejo que, de repente,
perdi uma hora do meu tempo -
6:40 - 6:42fazendo algo totalmente sem sentido.
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6:42 - 6:44MZ: Tá, mas para avaliar
qualquer progresso, -
6:44 - 6:45precisamos de dados, certo?
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6:45 - 6:48Porque é o que fazemos hoje em dia.
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6:48 - 6:51Assim, fizemos parceria com alguns apps
que mediriam quanto tempo -
6:51 - 6:53estávamos gastando todo dia no celular.
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6:53 - 6:57Parece ironia eu ter pedido às pessoas
pra baixarem outro app, -
6:57 - 6:59para que pudessem passar
menos tempo no celular: -
6:59 - 7:02sim, mas "temos de ir aonde o povo está".
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7:02 - 7:03(Risos)
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7:03 - 7:05Assim, antes da semana do desafio,
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7:05 - 7:08passávamos em média
duas horas por dia no celular -
7:08 - 7:09e dávamos 60 olhadinhas,
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7:09 - 7:12tipo checar rapidinho
se chegou algum e-mail. -
7:12 - 7:16Ouçam o que Tina, uma aluna
do Bard College, descobriu sobre si mesma. -
7:17 - 7:19(Áudio) Tina: Até agora, tenho gasto
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7:19 - 7:22entre 150 a 200 minutos
por dia no celular, -
7:22 - 7:26e tenho checado meu telefone
de 70 a 100 vezes por dia. -
7:26 - 7:28E é realmente preocupante,
-
7:28 - 7:30pois é muito tempo que poderia ser usado
-
7:30 - 7:34fazendo algo mais produtivo,
mais criativo, algo pra mim mesma, -
7:34 - 7:37pois, quando estou ao telefone,
não estou fazendo nada importante. -
7:37 - 7:41MZ: Como Tina, as pessoas passaram
a observar seu comportamento. -
7:41 - 7:43Elas estavam se preparando
para a semana do desafio. -
7:43 - 7:45E, naquela segunda-feira,
-
7:45 - 7:48acordaram com instruções
em sua caixa de entrada, -
7:48 - 7:50com um experimento a ser feito.
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7:50 - 7:52Primeiro dia:
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7:52 - 7:53"Coloque o celular no bolso.
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7:53 - 7:56Tire esse telefone da mão
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7:56 - 7:59e veja se consegue eliminar
o reflexo para checá-lo o dia todo, -
7:59 - 8:00por um dia apenas".
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8:00 - 8:03Se isso lhes parece fácil,
é porque ainda não tentaram. -
8:03 - 8:05Ouçam Amanda Itzko.
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8:05 - 8:09(Áudio) Amanda Itzko:
Estou simplesmente me coçando toda. -
8:09 - 8:11Me sinto um pouco louca,
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8:11 - 8:16porque notei que pego meu telefone
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8:16 - 8:20até quando estou indo
de um cômodo para o outro, -
8:20 - 8:21entrando no elevador,
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8:21 - 8:25e até -- e esta parte
é realmente constrangedora -
8:25 - 8:27de dizer em voz alta --
-
8:27 - 8:28no carro.
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8:28 - 8:31MZ: Ai! Pois é...
mas como a Amanda descobriu, -
8:31 - 8:35esse sentimento de coceira
na verdade não é culpa dela. -
8:35 - 8:39É exatamente esse o comportamento
que a tecnologia quer provocar. -
8:39 - 8:42(Risos)
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8:44 - 8:46Não é?
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8:46 - 8:49Aqui está Tristan Harris,
um ex-designer do Google. -
8:49 - 8:53(Áudio) Tristan Harris: Se sou
Facebook, Netflix ou Snapchat, -
8:53 - 8:55vou colocar literalmente mil engenheiros
-
8:55 - 8:57com a função de atrair
mais atenção de vocês. -
8:57 - 9:01Sou muito bom nisso,
e não quero que vocês parem nunca. -
9:01 - 9:02Recentemente, o CEO da Netflix disse:
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9:02 - 9:05"Nossos maiores competidores
são o Facebook, YouTube e o sono". -
9:05 - 9:06(Risos)
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9:06 - 9:09Ou seja, há milhões de lugares
para direcionar sua atenção, -
9:09 - 9:11mas há uma guerra para consegui-la.
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9:11 - 9:13MZ: Sabemos bem como é:
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9:13 - 9:17um episódio incrível de "Transparent"
termina, e o próximo começa a passar, -
9:17 - 9:20e a gente: "Tudo bem, vou ficar
acordado e assistir a mais um". -
9:20 - 9:21Ou a barra de progresso do Linkedin
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9:21 - 9:25diz que estamos a esse tantinho
de ter o perfil perfeito. -
9:25 - 9:28Daí, adicionamos um pouco
mais de informação pessoal. -
9:28 - 9:30Como me disse um designer
de experiência do usuário, -
9:30 - 9:34as únicas pessoas que tratam
seus clientes como "usuários" -
9:34 - 9:36são os traficantes e os tecnólogos.
-
9:36 - 9:37(Risos)
-
9:37 - 9:40(Aplausos) (Vivas)
-
9:43 - 9:47E "usuários", como sabemos,
custam muito dinheiro. -
9:47 - 9:53Ouçam Antonio García Martínez, ex-gerente
de produto do Facebook e escritor: -
9:53 - 9:56(Áudio) AGM: Se um produto
é gratuito, você é o produto. -
9:56 - 9:58O que é verdade, sua atenção é o produto.
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9:58 - 10:00Mas quanto vale a sua atenção?
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10:00 - 10:03Por isso, cada vez que carregamos
uma página, não só no Facebook, -
10:03 - 10:04mas em qualquer app,
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10:04 - 10:07há um leilão realizado instantaneamente,
bilhões de vezes por dia, -
10:07 - 10:10para determinar exatamente
o valor daquele anúncio. -
10:10 - 10:15MZ: A propósito, a pessoa comum
vai gastar dois anos da vida no Facebook. -
10:15 - 10:17De volta para a semana do desafio.
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10:17 - 10:20Vimos surgir, de imediato,
alguma criatividade. -
10:20 - 10:23Eis aqui a nova-iorquina LIsa Alpert.
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10:23 - 10:25(Áudio) Lisa Alpert: Acho
que eu estava entediada. -
10:25 - 10:30Aí, de repente, olhei para a escada
e subi até a parte de cima da estação -
10:30 - 10:31e pensei, sabe,
-
10:31 - 10:34eu tinha acabado de descer
aquela escada, mas eu podia subir -
10:34 - 10:37e depois descer,
e fazer um exercício aeróbico. -
10:37 - 10:38E assim eu fiz.
-
10:38 - 10:42E, como tinha um pouco
mais de tempo, fiz de novo, -
10:42 - 10:44e repeti isso dez vezes.
-
10:44 - 10:46Fiz um exercício cardiovascular completo.
-
10:46 - 10:49Peguei aquele trem
me sentindo meio que exausta, -
10:49 - 10:51mas, puxa, eu nunca tinha
pensado em fazer aquilo antes. -
10:51 - 10:53Será possível?
-
10:53 - 10:54(Risos)
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10:54 - 10:56MZ: Então descobri
que criatividade significa -
10:56 - 10:58coisas diferentes para pessoas diferentes.
-
10:58 - 10:59(Risos)
-
10:59 - 11:02Mas todos acharam o desafio
do terceiro dia o mais difícil. -
11:03 - 11:05Era o "Exclua aquele aplicativo".
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11:05 - 11:09Peguem aquele app, aquele,
sabe, que sempre te pega, te suga, -
11:09 - 11:12apague-o do seu celular,
mesmo que só por um dia. -
11:12 - 11:15Eu excluí o jogo Two Dots e quase chorei.
-
11:15 - 11:16(Risos)
-
11:16 - 11:19Sim, jogadores de Two Dots
sabem do que estou falando. -
11:19 - 11:22Mas eu não sofri sozinha.
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11:24 - 11:27(Áudio) Homem 2:
Este é Liam, em Los Angeles, -
11:27 - 11:31e eu apaguei o Twitter, Facebook
Instagram, Tumblr, Snapchat e Vine -
11:32 - 11:33do meu telefone
-
11:33 - 11:34de uma leva só.
-
11:34 - 11:39E primeiro foi tipo uma experiência
emocional constrangedora. -
11:39 - 11:43Me senti estranhamente sozinho
ao olhar aquela tela bloqueada -
11:43 - 11:45sem novas notificações.
-
11:45 - 11:48Mas realmente gostei
de poder decidir por mim mesmo -
11:48 - 11:52quando pensar sobre ou acessar
minhas redes sociais, -
11:52 - 11:55e tirar do meu telefone
o poder de decidir isso por mim. -
11:56 - 11:57Então, obrigado.
-
11:57 - 11:59(Áudio) Mulher 3: Deletar
o Twitter foi muito triste, -
11:59 - 12:03e sinto que talvez, ano passado,
quando estava no Twitter, -
12:03 - 12:08tenha me viciado nele, e o desafio "Bored
and Brilliant" me fez perceber isso. -
12:08 - 12:11Depois de um breve e terrível
período de abstinência, -
12:11 - 12:15como aquela dor de cabeça
por falta de café, agora me sinto ótima. -
12:15 - 12:17Tive um ótimo jantar com minha família,
-
12:17 - 12:22e espero continuar esse uso esquematizado
dessas poderosas ferramentas. -
12:22 - 12:24(Áudio) Mulher 4: Não tenho
mais o sentimento de culpa -
12:24 - 12:26de estar desperdiçando tempo no telefone.
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12:26 - 12:30Talvez comece a dar a mim mesma
desafios e lembretes assim toda manhã. -
12:30 - 12:33MZ: Quer dizer, sim, isso é progresso.
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12:33 - 12:35Mal podia esperar para ver
o que os números diziam -
12:35 - 12:37no fim daquela semana.
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12:38 - 12:43Mas, quando os dados chegaram,
mostraram que cortamos, em média, -
12:43 - 12:46apenas seis minutos:
-
12:46 - 12:51passamos de 120 minutos diários
em nossos telefones para 114. -
12:52 - 12:53Isso! Que "beleza".
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12:53 - 12:57Daí, fui conversar com os cientistas
me sentindo meio pra baixo, -
12:57 - 12:59e eles riram de mim
-
12:59 - 13:01e disseram: "Sabe, mudar
o comportamento das pessoas -
13:01 - 13:05num período de tempo tão curto
foi tremendamente ambicioso, -
13:05 - 13:10e na verdade o que você conseguiu
está bem além do que esperávamos. -
13:10 - 13:14Porque, mais importante do que os números,
foram as histórias das pessoas. -
13:14 - 13:16Elas se sentiram empoderadas.
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13:16 - 13:18Seus telefones tinham passado
-
13:18 - 13:22de gerenciadores de tarefas
para ferramentas de novo. -
13:23 - 13:27Na verdade, o mais intrigante
foi o que os jovens disseram. -
13:27 - 13:30Alguns me falaram que não
tinham reconhecido algumas das emoções -
13:30 - 13:32que sentiram durante o desafio,
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13:32 - 13:36porque, se pensarmos bem,
se nunca viveram desconectados, -
13:36 - 13:39talvez nunca tenham experimentado o tédio.
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13:39 - 13:42E isso pode ter consequências.
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13:42 - 13:45Pesquisadores da USC descobriram,
estudando adolescentes -
13:45 - 13:48que ficam nas mídias sociais
enquanto conversam com os amigos -
13:48 - 13:49ou fazem o dever de casa,
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13:49 - 13:53que, dois anos depois, eles ficam
menos criativos e imaginativos -
13:53 - 13:55sobre seu próprio futuro pessoal
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13:55 - 13:59e sobre resolver problemas sociais,
como a violência em seu bairro. -
14:00 - 14:02E precisamos muito que essa nova geração
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14:02 - 14:05seja capaz de focar grandes problemas:
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14:05 - 14:07mudança climática, desigualdade econômica,
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14:07 - 14:09abismos culturais enormes.
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14:10 - 14:12Não espanta que CEOs,
numa pesquisa da IBM, -
14:12 - 14:17apontaram a criatividade como
a competência de liderança número um. -
14:18 - 14:20Mas temos boas notícias também:
-
14:20 - 14:24no final, 20 mil pessoas participaram
do "Bored and Brilliant" aquela semana. -
14:24 - 14:29E 90% diminuíram seus minutos;
70% conseguiram mais tempo para pensar. -
14:29 - 14:33As pessoas me contaram que dormiram
melhor, que se sentiram mais felizes. -
14:33 - 14:35Meu comentário favorito
foi de um cara que falou -
14:35 - 14:38que sentia como se tivesse
despertado de uma hibernação mental. -
14:38 - 14:40(Risos)
-
14:40 - 14:43Alguns dados pessoais
e alguma neurociência -
14:43 - 14:46nos deram permissão
para ficarmos off-line um pouco mais, -
14:46 - 14:49e um pouco de tédio nos deu alguma clareza
-
14:49 - 14:51e ajudou alguns de nós
a estabelecer alguns objetivos. -
14:52 - 14:57Quer dizer, talvez conectividade constante
não vá ser uma coisa boa em alguns anos. -
14:58 - 15:02Mas, enquanto isso, ensinar as pessoas,
especialmente as crianças, -
15:02 - 15:05a usar a tecnologia
para melhorar suas vidas -
15:05 - 15:09e se controlarem precisa fazer
parte do letramento digital. -
15:11 - 15:13Por isso, da próxima vez
que forem checar seu celular, -
15:14 - 15:18lembrem-se de que, se não decidirem
como vão usar a tecnologia, -
15:18 - 15:20as plataformas vão decidir por vocês.
-
15:21 - 15:23E perguntem a si mesmos:
-
15:23 - 15:24o que estou realmente procurando?
-
15:24 - 15:28Porque, se for pra checar e-mail,
tudo bem -- façam isso e pronto. -
15:28 - 15:31Mas se for distraí-los do trabalho duro
-
15:31 - 15:33que vem com pensar mais profundamente,
-
15:33 - 15:35façam uma pausa,
-
15:35 - 15:36olhem pela janela
-
15:37 - 15:40e saibam que, quando não fazem nada,
-
15:40 - 15:44vocês estão na verdade sendo
seu "eu" mais produtivo e criativo. -
15:44 - 15:47Pode parecer estranho
e desconfortável a princípio, -
15:47 - 15:50mas o tédio pode, de verdade,
levar a ideias brilhantes. -
15:50 - 15:52Obrigada.
-
15:52 - 15:54(Aplausos) (Vivas)
- Title:
- Como o tédio pode nos levar às ideias mais brilhantes
- Speaker:
- Manoush Zomorodi
- Description:
-
Às vezes acontece de você ter as ideias mais criativas enquanto está guardando a roupa passada, lavando pratos ou não fazendo nada em especial? É porque, quando seu corpo está no piloto automático, seu cérebro fica ocupado formando novas conexões neurais que conectam ideias e resolve problemas. Aprenda a amar o tédio com a explicação de Manoush Zomorodi sobre a conexão entre divagação e criatividade.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:13
Raissa Mendes approved Portuguese, Brazilian subtitles for How boredom can lead to your most brilliant ideas | ||
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