Caravaggio, Morte da Virgem, 1605-06

Caravaggio, Morte da Virgem, 1605-06, Óleo sobre tela, (369cm x 245 cm) (Museu do Louvre, Paris)

Pintada para o altar de uma capela familiar na igreja de Santa Maria della Scala del Trastevere, Roma.

Narradores: Dra. Beth Harris e Dr. Steven Zucker

http://www.smarthistory.org/caravaggios-death-of-the-virgin.html

Estamos no Louvre, olhando para a
pintura de Caravaggio,

"A Morte da Virgem",

de 1605-1606, e esta é uma pintura grande.

E é bem escura.

Caravaggio é conhecido por pintar
de maneira escura,

mas esta é uma pintura particularmente
escura e pode precisar ser limpa.

Talvez, temos esse fundo
escuro e tenebroso

e a figura está muito perto de nós,

mas não vemos nada que esperávamos ver

em uma pintura da morte da Virgem Maria.

Esperamos vê-la sendo enviada aos céus

ou anjos a recebendo no céu.

E é típico de Caravaggio, ele criou
uma cena espiritual,

mas totalmente realista e usou uma
linguagem coloquial para representá-la.

A própria Virgem Maria parece que poderia
ser uma romana contemporânea.

Ela não parece espiritual,

a não ser pela auréola apagada

que mal podemos ver em
volta de sua cabeça.

Seu cabelo está por fazer, a frente
do vestido está abrindo,

seus pés estão descalços,
o que era muito indecente.

Os padres da época diziam que parecia que

Caravaggio a modelou a partir de uma
prostituta que tinha sido retirada do rio.

Modelo inapropriada para a Virgem Maria.

Os monges tinham rejeitado a
pintura por causa deste rumor.

A pintura é realista

é a história católica trazida ao
nosso mundo de forma direta,

e se você olhar para a
escala para a pintura

e o modo como aquela jovem está lamentando
na parte da frente,

se curvando, ela parece estar
virtualmente no nosso espaço.

Nós podemos alcançar a bacia de cobre
que está aos seus pés

e parece estar aos nossos pés também.

Acho que Caravaggio intencionalmente

deixou o espaço aberto para nós

no círculo de pessoas a sua volta.

Se olhar para eles, são claramente
os apóstolos.

Mas Caravaggio deixou a luz cair sobre,

talvez, os mais desfavoráveis
aspectos de suas feições

de uma forma que é típica de Caravaggio,

e seu interesse no cotidiano
e no comum e no baixo.

Mas isso não é dizer que ele não é
um mestre da composição.

Se você olhar para aquele brilho
do pano vermelho acima,

o modo que ele enquadra a cena
bonita e elegantemente,

mas também cria uma curva em arco
que é repetida nas cabeças carecas,

que revertem e nos levam à Virgem Maria.

Seu corpo está deitado na diagonal,

um lembrete que não estamos
mais na Renascença,

mas estamos olhando para uma composição
mais ativa que é mais típica do barroco.

Seu braço cria um tipo diferente de
diagonal que se move em nossa direção

e tem um incrível punho quebrado

que nos leva à mulher abaixo dela.

Acho que é como se Caravaggio sugerisse

que deveríamos estar como
a jovem à nossa frente,

curvados em tristeza pela morte da Virgem.

Eu estava olhando para as mãos,
as mãos do apóstolo em dourado

aquela mão que está certamente.

É incrível, não?

A figura abaixo dele tem
a cabeça em suas mãos.

A figura ao lado do homem em dourado
que está chorando, esfregando os olhos

A outra figura ao seu lado que
segura a cabeça com sua mão

e então a Virgem Maria

cujo braço é encurtado, a mão pendurada,
mas a outra mão,

a mão direita, parece estar
grudada ao peito.

Se você sentar, pode sentir que
este é, de fato, um corpo morto.

Não há a sensação de renascimento
espiritual ou salvação.

Sentimos o rigor mortis da cena aqui.

Olhe para o modo que sua mão direita,

o dedo do anel está colocado
abaixo do dedo do meio

de um modo passivo que nenhuma
pessoa permitiria acontecer.

Como se Caravaggio estivesse
rejeitando totalmente

a elegância da alta Renascença

para intencionalmente nos dar algo
difícil e quase feio.

É algo de nosso mundo,

este abraço ao espiritual
através do nosso mundo.

[Legendado por Raysa Valentim]
[Revisado por Pedro Byrro]