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Porque é que desenho com robôs

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    Muitos de nós aqui
    usam a tecnologia dia-a-dia.
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    E alguns de nós confiam na tecnologia
    para fazer o nosso trabalho.
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    Antigamente, eu pensava nas máquinas
    e nas tecnologias que as governam
  • 0:11 - 0:13
    como ferramentas perfeitas
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    que podem tornar o meu trabalho
    mais eficiente e mais produtivo.
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    Mas com o aumento da automação
    em tantas diferentes indústrias,
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    isso levou-me a pensar:
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    Se as máquinas tornam
    possível fazer o trabalho
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    habitualmente feito
    pelos seres humanos,
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    o que acontecerá
    com o trabalho manual humano?
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    Como é que o nosso desejo
    por perfeição, precisão e automação
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    afeta a nossa capacidade
    de sermos criativos?
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    No meu trabalho
    como artista e investigadora
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    eu exploro a IA e a robótica
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    para desenvolver novos processos
    para a criatividade humana.
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    Nos últimos anos,
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    eu trabalhei com máquinas,
    com dados e com tecnologias emergentes.
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    Faz parte de um fascínio ao longo da vida
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    sobre a dinâmica de indivíduos e sistemas
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    e toda a complicação que isso implica.
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    É assim que eu estou a explorar questões
    sobre onde a IA termina e nós começamos
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    e em que nós desenvolvemos processos
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    que investigam potenciais
    misturas sensoriais do futuro.
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    Penso que é aí que se cruzam
    a filosofia e a tecnologia.
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    Fazendo esse trabalho,
    eu aprendi algumas coisas.
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    Aprendi que aceitar a imperfeição
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    pode ensinar-nos algo sobre nós mesmos.
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    Aprendi que explorar a arte
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    pode ajudar a modelar
    a tecnologia que nos modela.
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    E aprendi que,
    combinando a IA e a robótica
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    com formas tradicionais de criatividade
    — as artes visuais no meu caso —
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    pode ajudar-nos a pensar
    um pouco mais profundamente
  • 1:32 - 1:35
    no que é o ser humano
    e no que é a máquina.
  • 1:36 - 1:38
    Isso levou-me à compreensão
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    de que a colaboração é a chave
    para criar o espaço para as duas coisas,
  • 1:41 - 1:42
    à medida que avançamos.
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    Tudo começou com uma simples
    experiência com máquinas,
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    chamada "Unidade de Operações
    de Desenho: Geração 1."
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    Chamei D.O.U.G. a essa máquina
    para encurtar.
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    Antes de construir a D.O.U.G.,
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    eu não sabia nada
    sobre construção de robôs
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    Agarrei num código-fonte aberto
    para projetos robóticos de braço,
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    copiei um sistema em que o robô
    seguiria os meus gestos
  • 2:02 - 2:03
    e segui-los-ia em tempo real.
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    A premissa era simples:
  • 2:05 - 2:07
    Eu lideraria e ele seguiria.
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    Eu desenharia uma linha
    e ele imitaria a minha linha.
  • 2:10 - 2:14
    Então, em 2015, estávamos
    a desenhar pela primeira vez,
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    em frente de uma pequena plateia
    na cidade de Nova Iorque.
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    O processo era o mais simples possível,
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    sem luzes, sem som,
    nada onde nos escondermos.
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    Apenas as palmas das mãos suadas
    e os novos servos do robô a aquecer.
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    Claramente, não estávamos
    à espera daquilo,
  • 2:30 - 2:33
    mas aconteceu uma coisa,
    algo que eu não previra.
  • 2:33 - 2:35
    A D.O.U.G., na sua forma primitiva,
  • 2:35 - 2:38
    não estava a traçar
    a minha linha perfeitamente.
  • 2:38 - 2:40
    Enquanto, na simulação
    que ocorria no ecrã,
  • 2:40 - 2:42
    estava perfeita em pixels,
  • 2:42 - 2:44
    na realidade física,
    era uma outra história.
  • 2:44 - 2:47
    Escorregava e deslizava
    e pontuava e vacilava,
  • 2:47 - 2:49
    e eu era obrigada a reagir.
  • 2:50 - 2:51
    Não havia nada de novo nisso.
  • 2:51 - 2:55
    Mas. de certa forma, os erros
    tornavam o trabalho mais interessante.
  • 2:55 - 2:58
    A máquina interpretava a minha linha,
    mas não perfeitamente.
  • 2:58 - 2:59
    E eu era obrigada a responder.
  • 2:59 - 3:02
    Estávamos a adaptar-nos
    uma à outra em tempo real.
  • 3:02 - 3:04
    Ver aquilo ensinou-me algumas coisas.
  • 3:04 - 3:08
    Mostrou-me que os nossos erros
    tornavam o trabalho mais interessante.
  • 3:09 - 3:13
    Eu percebi que, através
    da imperfeição da máquina,
  • 3:14 - 3:17
    as nossas imperfeições tornaram-se
    no que era bonito quanto à interação.
  • 3:18 - 3:21
    Eu estava animada,
    porque levou-me à compreensão
  • 3:21 - 3:24
    de que talvez parte da beleza
    do sistema seres humanos e máquinas
  • 3:24 - 3:27
    é a sua herança de possibilidade
    partilhada de falhas.
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    Para a segunda geração da D.O.U.G.,
  • 3:29 - 3:31
    eu sabia que queria explorar esta ideia.
  • 3:31 - 3:34
    Mas, em vez de um acidente produzido,
  • 3:34 - 3:36
    a empurrar um braço
    robótico até ao limite,
  • 3:36 - 3:39
    eu queria desenhar um sistema
    que reagisse aos meus desenhos
  • 3:39 - 3:41
    de uma forma que eu não esperasse.
  • 3:41 - 3:44
    Então, eu usei um algoritmo visual
    para extrair informações visuais
  • 3:44 - 3:47
    de décadas dos meus desenhos
    digitais e analógicos.
  • 3:47 - 3:50
    Eu treinei uma rede neural nestes desenhos
  • 3:50 - 3:52
    para gerar padrões recorrentes no trabalho
  • 3:52 - 3:56
    que voltaram a ser introduzidos na máquina
    por um "software" personalizado.
  • 3:56 - 4:00
    Reuni cuidadosamente o maior
    número de desenhos que encontrei
  • 4:00 - 4:05
    — trabalhos concluídos, experiências
    inacabadas e esboços aleatórios —
  • 4:05 - 4:07
    e marquei-os para o sistema de IA.
  • 4:07 - 4:10
    Como sou artista,
    trabalho há mais de 20 anos.
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    A reunião daqueles desenhos levou meses,
  • 4:12 - 4:14
    deu um trabalhão.
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    É o que se passa no treino
    de sistemas da IA:
  • 4:17 - 4:19
    é uma coisa muito trabalhosa.
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    Há muito trabalho nos bastidores.
  • 4:21 - 4:24
    Mas, ao fazer este trabalho,
    fiquei a perceber um pouco melhor
  • 4:24 - 4:27
    como é construída a arquitetura da IA.
  • 4:27 - 4:30
    Percebi que não é apenas feita
    de modelos e classificadores
  • 4:30 - 4:32
    para a rede neural.
  • 4:32 - 4:35
    Mas é fundamental um sistema
    maleável e modelável,
  • 4:35 - 4:38
    em que a mão humana
    está sempre presente.
  • 4:39 - 4:42
    Está longe da IA omnipotente
    que nos disseram para acreditar.
  • 4:42 - 4:45
    Então, reuni estes desenhos
    para a rede neural.
  • 4:45 - 4:49
    E percebemos algo que,
    anteriormente não era possível.
  • 4:49 - 4:53
    O meu robô D.O.U.G. tornou-se
    uma reflexão interativa em tempo real
  • 4:53 - 4:56
    do trabalho que eu tinha feito
    durante toda a minha vida.
  • 4:56 - 4:59
    Os dados eram pessoais,
    mas os resultados foram poderosos.
  • 5:00 - 5:01
    Eu estava realmente animada,
  • 5:01 - 5:06
    porque comecei a pensar que as máquinas
    talvez não fossem apenas ferramentas,
  • 5:06 - 5:09
    mas pudessem funcionar
    como colaboradoras não humanas.
  • 5:10 - 5:11
    E até mais que isso.
  • 5:11 - 5:14
    Eu penso que o futuro
    da criatividade humana
  • 5:14 - 5:15
    talvez não seja o que ele faz
  • 5:15 - 5:19
    mas como vamos explorar
    novas maneiras de fazer.
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    Então se a D.O.U.G.:01 foi o músculo,
  • 5:21 - 5:23
    e D.O.U.G.:02 foi o cérebro,
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    então eu gosto de pensar
    na D.O.U.G.:03 como a família.
  • 5:26 - 5:29
    Eu queria explorar
    esta ideia de colaboração
  • 5:29 - 5:31
    de colaboração
    humano-não-humana à escala.
  • 5:31 - 5:33
    Assim, nos últimos meses,
    a minha equipa e eu
  • 5:33 - 5:36
    trabalhámos para desenvolver
    20 robôs personalizados
  • 5:36 - 5:38
    que trabalhariam comigo
    como um coletivo.
  • 5:38 - 5:39
    Trabalhariam como um grupo
  • 5:39 - 5:42
    e juntos, podíamos colaborar
    com a cidade de Nova Iorque.
  • 5:42 - 5:45
    Eu fui inspirada por Fei-Fei Li,
    o investigador de Stanford, que disse:
  • 5:45 - 5:48
    "Se quisermos ensinar
    as máquinas a pensar,
  • 5:48 - 5:50
    "primeiro, temos de ensiná-las a ver."
  • 5:50 - 5:53
    Isto fez-me pensar nas últimas décadas
    da minha vida em Nova Iorque,
  • 5:53 - 5:56
    e como eu tinha sido vigiada
    pelas câmaras de vigilância da cidade.
  • 5:56 - 5:58
    Pensei que seria interessante
  • 5:58 - 6:01
    se pudesse usá-las para ensinar
    os meus robôs a verem.
  • 6:01 - 6:03
    Então com este projeto,
  • 6:03 - 6:05
    eu pensei no olhar da máquina,
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    e tornei a pensar na visão
    multidimensional,
  • 6:08 - 6:10
    como vistas de algum lugar.
  • 6:10 - 6:12
    Recolhemos vídeos
  • 6:12 - 6:15
    de imagens na Internet
    de câmaras disponíveis publicamente
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    pessoas a caminhar nos passeios,
  • 6:17 - 6:19
    de carros e táxis na rua,
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    todo o tipo de movimento urbano.
  • 6:21 - 6:24
    Treinámos um algoritmo de visão
    com aquelas imagens
  • 6:24 - 6:26
    baseando-nos numa técnica
    chamada "fluxo ótico",
  • 6:26 - 6:28
    para analisar a densidade coletiva,
  • 6:28 - 6:32
    a direção, a paragem,
    a velocidade do movimento urbano.
  • 6:32 - 6:36
    O nosso sistema extraiu essas situações
    das imagens, como dados posicionais
  • 6:36 - 6:40
    e tornaram-se almofadas
    para uso das minhas unidades robóticas.
  • 6:40 - 6:42
    Em vez da colaboração um-a-um,
  • 6:42 - 6:45
    fizemos uma colaboração
    de muitos-para-muitos.
  • 6:46 - 6:49
    Combinando a visão do ser humano
    com a da máquina na cidade,
  • 6:49 - 6:52
    reinventámos o que podia ser
    uma pintura de paisagem.
  • 6:52 - 6:54
    Durante toda a minha
    experiência com a D.O.U.G.,
  • 6:54 - 6:57
    nunca os dois desempenhos foram iguais.
  • 6:57 - 6:58
    E através de colaboração,
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    criámos algo que nenhum de nós
    podia ter feito sozinho:
  • 7:01 - 7:04
    Explorámos as fronteiras
    da nossa criatividade,
  • 7:04 - 7:07
    humana e não-humana,
    trabalhando em paralelo.
  • 7:08 - 7:10
    Eu penso que isto
    está apenas a começar.
  • 7:11 - 7:13
    Este ano, lancei o Scilicet,
  • 7:13 - 7:17
    o meu novo laboratório para explorar
    a colaboração humana e inter-humana.
  • 7:17 - 7:20
    Estamos muito interessados
    no ciclo de "feedbacks"
  • 7:20 - 7:24
    entre os sistemas individuais,
    ecológicos e artificiais.
  • 7:24 - 7:27
    Estamos a interligar a produção
    do ser humano e da máquina
  • 7:27 - 7:30
    para a biometria e outros tipos
    de dados ambientais.
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    Estamos a convidar quem quer
    que esteja interessado
  • 7:32 - 7:33
    no trabalho do futuro,
  • 7:33 - 7:35
    em sistemas e colaboração inter.humana,
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    para explorar connosco.
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    Sabemos que não são apenas os tecnólogos
    que têm de fazer este trabalho,
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    todos nós temos um papel a desempenhar.
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    Acreditamos que, ensinando as máquinas
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    a fazerem o trabalho tradicionalmente
    feito por pessoas,
  • 7:48 - 7:51
    podemos explorar
    e melhorar os nossos critérios
  • 7:51 - 7:53
    do que é possível fazer pela mão humana.
  • 7:53 - 7:56
    Uma parte deste percurso
    está em aceitar as imperfeições
  • 7:56 - 8:00
    e reconhecer a capacidade de falhar
    tanto dos humanos como das máquinas,
  • 8:00 - 8:03
    a fim de expandir o potencial de ambos.
  • 8:03 - 8:05
    Hoje, eu ainda estou
    a procurar encontrar a beleza
  • 8:05 - 8:08
    na criatividade humana e não humana.
  • 8:08 - 8:11
    No futuro, eu não faço ideia
    de como será isso,
  • 8:12 - 8:14
    mas estou muito curiosa para saber.
  • 8:14 - 8:15
    Obrigada.
  • 8:15 - 8:17
    (Aplausos)
Title:
Porque é que desenho com robôs
Speaker:
Sougwen Chung
Description:

O que acontece quando seres humanos e robôs fazem arte juntos? Nesta palestra inspiradora, a artista Sougwen Chung mostra como "ensinou" o seu estilo artístico a uma máquina — e partilha os resultados da sua colaboração depois de fazer uma descoberta inesperada: os robôs também fazem erros. "Parte da beleza dos sistemas humanos e das máquinas é a sua falibilidade inerente e partilhada", diz ela.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:30
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