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A ilusão da lua — Andrew Vanden Heuvel

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    Já repararam como a lua cheia parece maior
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    quando está perto do horizonte
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    do que quando está
    por cima da nossa cabeça?
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    Se sim, não são os únicos.
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    As pessoas têm pensado
    neste efeito esquisito
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    desde os tempos da Antiguidade
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    e, surpreendentemente,
    ainda não chegámos
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    a uma boa explicação.
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    Mas não é por falta de tentativas.
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    Algumas das maiores cabeças da História
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    — Aristóteles, Ptolomeu,
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    Da Vinci, Descartes —
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    todos se debateram com este problema
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    mas não conseguiram gerar
    uma explicação satisfatória.
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    Uma das primeiras ideias sugeridas
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    foi que a imagem da lua no céu
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    é maior perto do horizonte.
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    Talvez a atmosfera da Terra
    atue como uma lente gigantesca,
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    aumentando a lua
    quando ela nasce e se põe.
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    Mas esta explicação não satisfaz.
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    Se a refração da atmosfera
    fosse a responsável
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    tornaria a lua ligeiramente mais pequena.
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    Mais ainda, se medirmos
    a dimensão da lua visível,
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    nas suas posições diferentes,
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    não há qualquer alteração.
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    Então, porque é que parece maior
    quando está a nascer?
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    Deve ser qualquer tipo
    de ilusão de ótica.
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    A questão é esta, de que tipo?
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    Uma explicação é
    a ilusão Ebbinghaus
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    em que dois objetos idênticos
    parecem diferentes
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    por causa da dimensão relativa
    dos objetos que os rodeiam.
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    Aqui os dois círculos são
    do mesmo tamanho.
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    Talvez a lua pareça maior
    perto do horizonte
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    porque está perto de pequenas árvores,
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    de casas e torres vistas à distância.
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    Mas, quando a lua está lá no alto,
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    está rodeada pela imensa escuridão
    do céu noturno,
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    e parece pequena, em comparação.
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    Outra possibilidade é
    a conhecida ilusão Ponzo.
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    Se já tentaram desenhar em perspetiva,
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    sabem que, quanto mais perto
    do horizonte estiver uma coisa,
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    mais pequenas temos de a desenhar.
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    O cérebro compensa isso automaticamente
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    apercebendo os objetos perto do horizonte
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    como maiores do que eles são realmente.
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    As duas linhas amarelas, neste desenho,
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    são do mesmo tamanho
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    mas a de cima parece maior
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    porque a interpretamos como
    afastando-se mais para o horizonte.
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    Entre Ponzo e Ebbinghaus,
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    parece que resolvemos
    o mistério da ilusão da lua.
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    Mas, infelizmente, há uns pormenores
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    que complicam as coisas.
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    Por um lado, se fosse apenas
    o efeito Ebbinghaus,
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    seria de esperar que a ilusão da lua
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    desaparecesse quando os pilotos
    voam por cima das nuvens
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    visto que não há nenhuns
    objetos mais pequenos
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    perto do horizonte.
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    Ma verdade, os pilotos
    e os marinheiros no oceano
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    afirmam que veem a ilusão da lua.
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    Por outro lado, se é apenas
    uma correção feita pelo cérebro
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    da dimensão dos objetos perto do horizonte
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    seria de esperar que a ilusão da lua
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    fosse visível dentro de um planetário,
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    onde todo o céu,
    incluindo o horizonte,
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    está contido numa cúpula
    esférica por cima da cabeça.
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    Mas estudos mostraram
    que não é isso que acontece.
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    Para piorar as coisas,
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    parece que a ilusão da lua
    desaparece totalmente
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    se nos dobrarmos
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    e olharmos para a lua
    por entre as nossas pernas.
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    Isto está a ficar ridículo!
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    Uma das explicações atuais
    mais promissoras
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    é conhecida por Micropsia da Convergência.
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    O cérebro avalia a distância aos objetos
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    e a sua dimensão aparente
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    através do foco dos olhos.
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    Quando olhamos para o horizonte,
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    os olhos focam-se num ponto muito distante
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    e o cérebro sabe que estamos
    a olhar para muito longe.
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    A lua aparece com uma certa dimensão.
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    O cérebro sabe que ela está
    muito longe — o que é verdade.
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    Assim, concluímos
    que a lua deve ser grande.
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    Mas, quando olhamos para o céu noturno
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    não há nada em que os olhos se foquem
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    por isso, eles mantêm-se
    no foco de repouso,
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    que é um ponto
    a poucos metros de distância.
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    O cérebro pensa que a lua
    está muito mais perto
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    do que na realidade está.
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    Por isso, concluímos naturalmente
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    que a lua não é assim tão grande,
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    Em vez de explicar porque é que a lua
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    parece tão grande perto do horizonte
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    a Microspia de Convergência explica
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    porque é que a lua parece
    tão pequena lá no alto.
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    Ainda não estão convencidos?
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    Muitos cientistas também não,
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    por isso o debate sobre
    a ilusão da lua continua aceso
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    e pode continuar
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    enquanto continuarmos a vê-la
    no céu noturno.
Title:
A ilusão da lua — Andrew Vanden Heuvel
Speaker:
Andrew Vanden Heuvel
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/the-moon-illusion-andrew-vanden-heuvel

Já repararam que a lua cheia parece maior no horizonte do que lá no alto no céu? Na verdade, as duas imagens são exatamente do mesmo tamanho, então porque é que as vemos de modo diferente? Os cientistas não sabem bem, mas há várias teorias intrigantes. Andrew Vanden Heuvel revela os pormenores do foco, da distância e da proporção que contribuem para estas ilusões óticas mistificadoras.

Lição de Andrew Vanden Heuvel, animação de Kozmonot Animation Studio.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:09
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The moon illusion
Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for The moon illusion
Mafalda Ferreira edited Portuguese subtitles for The moon illusion
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The moon illusion
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The moon illusion

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