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O instinto consumista | Gad Saad | TEDxConcordia

  • 0:04 - 0:07
    Você percebe que é importante,
    quando é apresentado por apenas um nome.
  • 0:07 - 0:12
    Eu sou como Madonna e Cher.
    Não é preciso mencionar o meu sobrenome.
  • 0:12 - 0:16
    Agradeço a todos por estarem aqui
    e por esperarem pela última fala.
  • 0:16 - 0:21
    Não posso prometer ser tão empolgante
    quanto Nomadic Massive,
  • 0:21 - 0:26
    ou quanto Owen, com sua mistura cultural,
    mas eu tentarei mantê-los entretidos.
  • 0:26 - 0:28
    Nós últimos 15 anos
  • 0:28 - 0:32
    eu tenho tentado fundir
    psicologia evolutiva
  • 0:32 - 0:34
    com o estudo sobre consumo.
  • 0:34 - 0:37
    A ideia é...
  • 0:39 - 0:45
    se vocês olharem estes rostos, é claro,
    há diferenças culturais muito importantes
  • 0:46 - 0:48
    que definem estas pessoas.
  • 0:48 - 0:53
    Mas por trás dessas diferenças
    há uma série de atributos universais
  • 0:53 - 0:58
    que estão enraizados na nossa
    natureza humana comum.
  • 0:58 - 1:01
    Assim, citando E. O. Wilson, o famoso
    biólogo evolucionista de Harvard:
  • 1:01 - 1:04
    "Genes carregam a cultura em uma coleira".
  • 1:04 - 1:08
    Eu diria: "Genes carregam o comportamento
    do consumidor em uma coleira".
  • 1:08 - 1:11
    Claro que cultura é algo maleável,
  • 1:11 - 1:14
    mas é maleável dentro
    das nossas amarras biológicas.
  • 1:15 - 1:17
    Então essa ideia de "Natureza x Criação"
  • 1:17 - 1:21
    é algo que aparece nas mais
    diferentes áreas e contextos.
  • 1:21 - 1:24
    Líderes carismáticos nascem
    assim ou são moldados?
  • 1:24 - 1:27
    Darei um exemplo dentro do tema
    comportamento do consumidor:
  • 1:27 - 1:31
    preferências por brinquedos é um exemplo
    típico usado por cientistas sociais
  • 1:31 - 1:34
    para mostrar que somos socializados
    para sermos consumidores.
  • 1:34 - 1:38
    Então, o Joãozinho brinca de forma
    agressiva com seu caminhão azul,
  • 1:38 - 1:43
    enquanto a pequena Linda brinca
    carinhosamente com sua boneca rosa,
  • 1:43 - 1:46
    e é esse tipo de socialização de gênero
  • 1:46 - 1:51
    que nos leva, eventualmente,
    a sermos machos e fêmeas adultos.
  • 1:51 - 1:53
    Acontece que isso não é bem verdade.
  • 1:53 - 1:56
    Eu só gostaria de falar brevemente
    sobre descobertas que demonstram
  • 1:56 - 1:59
    que algumas preferências
    são, na verdade, inatas.
  • 1:59 - 2:02
    Crianças em estágio de pré-socialização,
  • 2:02 - 2:05
    que ainda não apresentam desenvolvimento
    cognitivo para se socializarem,
  • 2:05 - 2:09
    também escolhem brinquedos
    específicos para o seu gênero.
  • 2:10 - 2:13
    Meninas que sofrem
    de hiperplasia adrenal congênita,
  • 2:13 - 2:18
    um transtorno endocrinológico
    que masculiniza meninas,
  • 2:18 - 2:24
    tendem a possuir o mesmo gosto
    que os meninos, na escolha de brinquedos.
  • 2:24 - 2:29
    E, se vocês fizerem estudos
    com nossos parentes primatas,
  • 2:29 - 2:31
    macaco rhesus e macaco-vervet,
  • 2:31 - 2:35
    eles têm a mesma preferência
    por brinquedos voltados para um gênero.
  • 2:35 - 2:37
    Então isso abafa um pouco a ideia
  • 2:37 - 2:42
    de que temos mentes vazias
    que são, posteriormente, socializadas.
  • 2:42 - 2:45
    E, se vocês estiverem imaginando
    porque este bebê é tão lindo,
  • 2:45 - 2:49
    isso é graças à beleza
    da minha esposa, que está nesta sala.
  • 2:49 - 2:53
    (Aplausos)
  • 2:54 - 2:57
    Esse é um presente atrasado
    de dia dos namorados.
  • 2:57 - 2:59
    (Risos)
  • 2:59 - 3:03
    Agora eu não preciso mais comprar
    flores caras e coisas assim.
  • 3:03 - 3:09
    Para dar uma ideia a vocês
    do quão poderosa é a psicologia evolutiva
  • 3:09 - 3:12
    no sentido de compreender
    eventos do dia a dia,
  • 3:12 - 3:16
    vou dar um exemplo continuando
    com a história da minha filhinha.
  • 3:16 - 3:20
    Quando a minha esposa
    estava grávida de nossa filha Luna,
  • 3:20 - 3:23
    é claro que fizemos o necessário
    ultrassom aos dois meses,
  • 3:23 - 3:26
    nós o colocamos com orgulho
    na porta da geladeira,
  • 3:27 - 3:31
    meus sogros vieram,
    e minha sogra olha para a foto,
  • 3:31 - 3:37
    essas imagens, devo dizer, podem ser
    as de um lagarto, de uma ameba,
  • 3:37 - 3:39
    podem ser as de um alien,
  • 3:39 - 3:41
    mas ela olha, e fala sem hesitar:
  • 3:41 - 3:45
    "Oh, meu Deus, Gad,
    o bebê é igual a você".
  • 3:45 - 3:48
    (Risos)
  • 3:48 - 3:51
    "Ele tem o seu perfil, não percebeu?"
  • 3:51 - 3:53
    E como isso pode ter relação
    com psicologia evolutiva?
  • 3:53 - 3:57
    Bom, acontece que quando as crianças
    nascem, em todo o mundo, certo?
  • 3:57 - 4:03
    Isso não se reduz à cultura peruana,
    ou israelense, é algo universal.
  • 4:03 - 4:05
    Quando as crianças nascem,
  • 4:05 - 4:10
    é normal que o lado materno
    da família rapidamente declare
  • 4:10 - 4:13
    que o recém-nascido se parece com o pai.
  • 4:13 - 4:17
    O motivo para isso vem
    de um mecanismo cultural
  • 4:17 - 4:21
    que tenta amenizar uma possível
    dúvida na paternidade.
  • 4:22 - 4:28
    Mas, nesse caso, essa foi a primeira vez
    que o mecanismo aconteceu no útero.
  • 4:29 - 4:32
    Então acabei de deixar minha filha famosa
  • 4:32 - 4:35
    mesmo antes dela poder falar ou pensar.
  • 4:36 - 4:41
    No restante da fala irei tratar
    da pesquisa que estou realizando,
  • 4:41 - 4:44
    sobre como nosso instinto
    de sobrevivência se manifesta
  • 4:44 - 4:47
    no comportamento do consumidor
    e também nosso instinto reprodutivo.
  • 4:47 - 4:51
    Alimento, claro, é, provavelmente,
  • 4:51 - 4:55
    o ato de consumo mais associado
    à nossa sobrevivência.
  • 4:55 - 4:57
    Se examinarmos o beija-flor,
  • 4:57 - 5:02
    ele precisa comer 1,5 a 3 vezes
    o seu peso por dia,
  • 5:02 - 5:05
    devido ao seu alto metabolismo,
    para poder sobreviver.
  • 5:05 - 5:08
    Ele tem um bom motivo
    para comer o quanto quiser.
  • 5:08 - 5:10
    Por outro lado: bufês livres,
  • 5:10 - 5:14
    pacotes de férias "tudo incluído",
    pratos extremamente calóricos,
  • 5:14 - 5:18
    geram o mesmo instinto
    de acumular e empanturrar.
  • 5:18 - 5:21
    Infelizmente não temos
    o ritmo metabólico do beija-flor,
  • 5:21 - 5:23
    por isso adquirimos
    essas terríveis doenças.
  • 5:23 - 5:26
    Seguindo na mesma linha de raciocínio,
  • 5:26 - 5:30
    temos uma incrível preferência
    inata por alimentos gordurosos,
  • 5:30 - 5:33
    poucos aqui preferem brócolis cru
    a musse de chocolate,
  • 5:33 - 5:36
    ou a um suculento bife.
  • 5:36 - 5:40
    Vejam estes ursos pardos
    comendo salmões gordurosos
  • 5:40 - 5:42
    antes de entrarem em semi-hibernação.
  • 5:42 - 5:45
    Se olharmos os dez melhores
    restaurantes do mundo,
  • 5:45 - 5:46
    eles têm uma coisa em comum:
  • 5:46 - 5:50
    fazem uma comida gordurosa e saborosa.
  • 5:50 - 5:54
    Não é porque eles têm
    boas propagandas, ou jingles legais.
  • 5:54 - 5:57
    É porque fazem um produto
    que combina perfeitamente
  • 5:57 - 5:59
    com as nossas papilas gustativas.
  • 5:59 - 6:01
    Foi isso que fez a dieta de Atkins, certo?
  • 6:01 - 6:04
    A dieta dizia: "Ei, você pode
    comer o quanto quiser:
  • 6:04 - 6:08
    bifes gordurosos, ovos, pode comer
    bacon, e você irá emagrecer".
  • 6:08 - 6:10
    "Ótimo, estou dentro", certo?
  • 6:12 - 6:15
    É interessante notar
    que diferenças transculturais
  • 6:15 - 6:19
    nas tradições culinárias ocorrem,
    elas próprias, graças à biologia.
  • 6:19 - 6:23
    Se vocês olharem para culturas
    cujas dietas têm a carne como base,
  • 6:23 - 6:25
    olhem o sanduíche defumado do topo,
  • 6:25 - 6:27
    ou dietas baseadas em vegetais,
  • 6:27 - 6:30
    ou a quantidade de temperos usados
    em uma tradição culinária,
  • 6:30 - 6:32
    o quanto de sal é consumido,
  • 6:32 - 6:35
    o quanto se usa alimentos em conserva,
  • 6:35 - 6:40
    cada uma dessas tradições são
    adaptações ao ambiente local.
  • 6:40 - 6:44
    E o alimento específico à tradição
    está relacionado à latitude do país,
  • 6:44 - 6:46
    que se relaciona à temperatura,
  • 6:46 - 6:50
    que se relaciona com a densidade
    de patógenos alimentares da cultura.
  • 6:50 - 6:52
    Então, em vez de simplesmente dizer
  • 6:52 - 6:55
    que temos um exemplo
    de "ah, isso se deve à cultura",
  • 6:55 - 6:58
    uma abordagem evolutiva
    nos permite entender
  • 6:58 - 7:02
    qual é a explicação definitiva
    para essa diferença cultural.
  • 7:04 - 7:05
    Passo agora para o acasalamento,
  • 7:05 - 7:08
    algo em que todos aqui
    estarão interessados.
  • 7:08 - 7:13
    Se olharmos para o cardeal, ele participa
    de algo chamado "presente nupcial".
  • 7:13 - 7:16
    Várias espécies oferecem um presente.
  • 7:16 - 7:19
    Se vocês notarem, o cardeal macho
    possui comida na sua boca,
  • 7:19 - 7:21
    e está dizendo: "Ei, olhe, eu te sustento,
  • 7:21 - 7:24
    e, como retribuição
    por eu fazer isso tão bem,
  • 7:24 - 7:27
    você poderia consentir
    em fazer sexo comigo?"
  • 7:27 - 7:30
    E, de diversas formas, nós participamos,
  • 7:30 - 7:34
    como consumidores,
    desse mesmo comportamento.
  • 7:34 - 7:38
    Os caros anéis de diamantes
    que oferecemos são um sinal disso,
  • 7:38 - 7:42
    caso contrário, as mulheres
    não conseguiriam
  • 7:42 - 7:45
    diferenciar um farsante
    de um pretendente genuíno.
  • 7:45 - 7:48
    Assim, eu preciso pagar 25%
    do meu salário anual
  • 7:48 - 7:50
    para mostrar o quanto sou confiável.
  • 7:50 - 7:54
    E assim, espero que você ceda,
    da mesma forma que a cardeal fêmea.
  • 7:54 - 7:57
    (Risos)
  • 7:59 - 8:01
    Nós usamos produtos
    como sinais sexuais, certo?
  • 8:01 - 8:03
    Se olharmos o pavão ali,
  • 8:03 - 8:08
    a fêmea parece desinteressada, e ele
    está dizendo: "Olhe para a minha cauda.
  • 8:08 - 8:11
    Olhe como é grande e simétrica.
  • 8:11 - 8:15
    Olhe a iridescência das cores.
    É por isso que você deve me escolher.
  • 8:15 - 8:17
    Porque tenho uma qualidade
    fenotípica fantástica".
  • 8:17 - 8:21
    Bom, eu argumentei
    em vários dos meus livros
  • 8:21 - 8:23
    que consumidores fazem exatamente isso.
  • 8:24 - 8:28
    Várias vezes nós, homens
    ou mulheres, usamos produtos
  • 8:28 - 8:31
    para melhorar nossa posição
    no mercado de acasalamento.
  • 8:31 - 8:35
    Há alguns anos, junto com um aluno
    da pós-graduação, John Vongas,
  • 8:35 - 8:37
    decidi testar essa teoria.
  • 8:37 - 8:41
    Trouxemos pessoas, não pessoas,
    trouxemos machos para o laboratório,
  • 8:41 - 8:45
    para dirigir ou um Porsche,
    e não um Porsche imaginário,
  • 8:45 - 8:47
    ele realmente dirigiram um Porsche,
  • 8:47 - 8:50
    ou um sedan velho e enferrujado,
  • 8:50 - 8:53
    em um destes dois lugares:
    no centro de Montreal,
  • 8:53 - 8:55
    onde todos poderiam vê-los,
  • 8:55 - 8:57
    ou em uma estrada semideserta.
  • 8:57 - 9:01
    Aliás, tentem conseguir captar
    dinheiro de uma agência,
  • 9:01 - 9:03
    e os convença que você
    não irá usar o Porsche
  • 9:03 - 9:06
    para suas obscuras atividades pessoais.
  • 9:06 - 9:08
    (Risos)
  • 9:08 - 9:10
    Bom, quais eram as variáveis dependentes?
  • 9:10 - 9:14
    Ao final de cada experiência,
    da experiência dirigindo,
  • 9:14 - 9:18
    nós coletamos exames de saliva
    que nos ajudariam a medir
  • 9:18 - 9:21
    as variações nos níveis
    de testosterona deles.
  • 9:21 - 9:23
    O que vocês acham que aconteceu?
  • 9:23 - 9:25
    Quando se coloca machos jovens no Porsche
  • 9:25 - 9:29
    a resposta endocrinológica
    é de outro mundo!
  • 9:29 - 9:30
    (Risos)
  • 9:30 - 9:35
    Bom, nós imaginávamos que os níveis
    de testosterona seriam altos
  • 9:35 - 9:36
    nos dois ambientes,
  • 9:36 - 9:39
    mas que subiriam muito mais
    quando todos pudessem te ver.
  • 9:39 - 9:44
    Assim, em Montreal, os níveis subiriam
    muito mais do que em uma estrada deserta.
  • 9:44 - 9:45
    Os caras não estavam nem aí.
  • 9:45 - 9:49
    Me coloquem em um Porsche,
    que a testosterona dispara.
  • 9:52 - 9:55
    Só para continuar neste assunto,
    carros são sinais sexuais,
  • 9:57 - 10:01
    este foi um estudo feito há dois anos
    por alguns psicólogos britânicos.
  • 10:01 - 10:03
    E estes são os estímulos que eles usaram.
  • 10:03 - 10:06
    Você pega o mesmo cara,
    e o coloca ou em um Ford Fiesta,
  • 10:06 - 10:08
    um carro velho ou um Bentley,
  • 10:08 - 10:12
    e pede para mulheres avaliarem
    quão atraente fisicamenente ele é.
  • 10:12 - 10:13
    Não estamos falando do seu status,
  • 10:13 - 10:16
    apenas fisicamente:
    quão bonito é esse homem?
  • 10:16 - 10:19
    E você faz a mesma coisa com mulheres,
    e os homens devem julgar.
  • 10:19 - 10:23
    Os homens não estavam nem aí
    para o carro que elas dirigiam.
  • 10:23 - 10:26
    Por outro lado, quando mulheres
    viam o cara em um Bentley:
  • 10:26 - 10:29
    "Oh, meu Deus, ele é um Brad Pitt".
  • 10:29 - 10:32
    Quando ele diriga o outro carro:
    "Ah, não, não curto perdedores".
  • 10:33 - 10:37
    Isso mostra o quanto
    esses produtos são intoxicantes,
  • 10:37 - 10:42
    no sentido de ajudar a nos posicionarmos
    no mercado do acasalamento.
  • 10:42 - 10:46
    Claro, não só os homens participam
    dessa sinalização sexual.
  • 10:46 - 10:49
    As mulheres também são culpadas
    por tais atividades.
  • 10:49 - 10:54
    No lado esquerdo temos
    uma fêmea babuína no cio,
  • 10:54 - 10:58
    e ela está exibindo
    ostensivamente a sua genitália.
  • 10:58 - 11:01
    Acho que posso dizer, em nome
    de todos os homens aqui,
  • 11:01 - 11:03
    que não queremos
    que nossas fêmeas humanas
  • 11:03 - 11:06
    exibam ostensivamente
    suas genitálias desta forma.
  • 11:06 - 11:11
    Mas, mantendo-se fiéis ao gênero,
    o que elas certamente fazem
  • 11:11 - 11:13
    é se vestirem de forma
    muito mais provocativa
  • 11:13 - 11:16
    quando estão no período fértil
    do seu ciclo menstrual.
  • 11:16 - 11:19
    Então, com um dos meus alunos
    de doutorado, que está aqui,
  • 11:19 - 11:22
    não consigo vê-lo por causa desta luz,
  • 11:22 - 11:25
    Eric Stenstrom, fizemos
    um estudo minucioso
  • 11:25 - 11:27
    em que examinamos
    o quanto o ciclo menstrual
  • 11:27 - 11:30
    afeta os hábitos de consumo das mulheres.
  • 11:30 - 11:33
    Um dos pontos analisados
    é o quanto elas se embelezavam
  • 11:33 - 11:38
    em função de estarem na fase lútea
    ou na fase fértil do ciclo menstrual.
  • 11:39 - 11:43
    Continuando essa discussão
    sobre sinais sexuais,
  • 11:43 - 11:47
    alguns anos atrás eu tinha
    um aluno de graduação
  • 11:47 - 11:49
    que, no final do curso, me disse:
  • 11:49 - 11:53
    "Professor, preciso trabalhar com você,
    daria pra me arrumar um projeto?
  • 11:53 - 11:55
    Pode ser qualquer coisa!"
  • 11:55 - 11:57
    Eu pensei nisso por um tempo e disse,
  • 11:57 - 11:59
    ele é um estudante homem,
  • 11:59 - 12:03
    eu disse: "Certo, que tal se eu
    te passar o seguinte projeto:
  • 12:03 - 12:07
    você vai entrar em sites pornô
    pelo próximo mês".
  • 12:07 - 12:09
    (Risos)
  • 12:09 - 12:12
    Ele olhou para mim e seus olhos disseram:
  • 12:12 - 12:14
    "Professor Saad, eu te amo!"
  • 12:14 - 12:16
    (Risos)
  • 12:19 - 12:22
    E qual era, basicamente,
    o objetivo do projeto?
  • 12:22 - 12:26
    Eu queria testar algo que os psicólogos
    evolutivos têm discutido,
  • 12:26 - 12:29
    essa preferência pelo corpo-ampulheta,
  • 12:29 - 12:32
    uma razão cintura-quadril de 0,7.
  • 12:32 - 12:35
    Se eu conseguiria captar isso
  • 12:35 - 12:38
    fazendo uma análise
    de como garotas de programa
  • 12:38 - 12:40
    se autopromoviam na internet.
  • 12:40 - 12:43
    Então, era algo do tipo:
    minha altura é 1,62m,
  • 12:43 - 12:46
    aqui estão minhas medidas,
    o meu peso e o meu preço.
  • 12:46 - 12:50
    Então o que esse estudante
    macho sortudo tinha que fazer
  • 12:50 - 12:53
    era apenas navegar em diferentes sites.
  • 12:53 - 12:57
    Ele conseguiu reunir dados
    de mais de mil garotas de programa.
  • 12:57 - 12:59
    (Risos)
  • 12:59 - 13:03
    Certo, ele estava realmente
    muito aplicado na busca pela ciência.
  • 13:04 - 13:08
    A pesquisa abrangeu 48 países,
    então ninguém poderia dizer:
  • 13:08 - 13:09
    "Ah, mas isso é um padrão ocidental".
  • 13:09 - 13:11
    "Ah, isso é um efeito Oprah."
  • 13:11 - 13:14
    "É graças à revista Cosmopolitan."
  • 13:14 - 13:16
    Nós escolhemos culturas
  • 13:16 - 13:21
    que eram extremamente discrepantes
    dentro das diferentes medidas
  • 13:21 - 13:23
    que uma cultura pode ser definida,
  • 13:23 - 13:27
    e foi concluído que a média da razão
    cintura-quadril está alinhada
  • 13:27 - 13:29
    com o que é esperado
    de uma perspectiva evolutiva.
  • 13:29 - 13:35
    Homens preferem uma razão cintura-quadril
    que sinaliza maturidade e fertilidade.
  • 13:36 - 13:39
    Bom, continuando rapidamente,
  • 13:39 - 13:42
    como algumas dessas diferenças
    de que eu tenho falado
  • 13:42 - 13:44
    se manifestam em outras áreas?
  • 13:44 - 13:49
    Bom, se você é um paleontólogo
    e quer estudar a evolução das espécies,
  • 13:49 - 13:52
    você estuda alguns vestígios de esqueletos
  • 13:52 - 13:54
    e talvez analise registros fósseis,
  • 13:54 - 13:59
    e isso permite reconstruir
    a história filogenética das espécies.
  • 13:59 - 14:01
    Bom, é claro que as nossas
    mentes não se fossilizam,
  • 14:01 - 14:05
    por isso, devemos procurar
    registros fósseis alternativos.
  • 14:05 - 14:08
    O que eu defendo é que podemos
    olhar para os bens culturais,
  • 14:08 - 14:09
    como se fossem registros fósseis,
  • 14:09 - 14:14
    já que estes bens são, em última
    instância, criados por mentes humanas.
  • 14:14 - 14:17
    Assim, nós poderíamos fazer
    uma análise desses bens culturais
  • 14:17 - 14:20
    que nos ajude a identificar
    algumas forças evolutivas
  • 14:20 - 14:23
    que levaram à evolução da mente humana.
  • 14:23 - 14:26
    Livros românticos são,
    na sua maioria, lidos por mulheres,
  • 14:26 - 14:30
    no mundo todo, seja no Peru, Egito
    ou Montreal, são lidos por mulheres.
  • 14:30 - 14:35
    Se vocês olharam, por exemplo,
    o arquétipo masculino, o herói masculino,
  • 14:35 - 14:39
    ele é praticamente idêntico
    em todos os livros românticos.
  • 14:39 - 14:44
    Ele nunca é o baixinho, esguio,
    macho beta com medo da sua sombra.
  • 14:44 - 14:47
    Ele é grandioso, alto, musculoso,
  • 14:47 - 14:50
    ele é um neurocirurgião,
    um rei ou um príncipe.
  • 14:50 - 14:54
    Isso ocorre porque este produto
    instiga fantasias femininas.
  • 14:54 - 14:57
    Por outro lado, pornografia pesada
  • 14:57 - 15:01
    existe não por haver uma conspiração
    patriarcal para humilhar a mulher.
  • 15:01 - 15:06
    Existe porque é do gosto
    de uma certa parcela dos homens.
  • 15:06 - 15:09
    E se vocês querem entender
    algumas dessas diferenças sexuais,
  • 15:09 - 15:11
    olhem para esses produtos
    culturais de sucesso,
  • 15:11 - 15:14
    e vocês entenderão bastante, não apenas
    sobre o que temos em comum,
  • 15:14 - 15:16
    mas também sobre nossas diferenças.
  • 15:16 - 15:21
    Em seguida, já que tivemos
    Nomadic Massive e Owen
  • 15:21 - 15:24
    falando sobre música,
    é pertinente salientar isso.
  • 15:24 - 15:26
    Se vocês pensarem em músicas,
  • 15:26 - 15:30
    elas são um fantástico
    estímulo para observarmos
  • 15:30 - 15:31
    algumas dessas diferenças sexuais.
  • 15:31 - 15:36
    Aquilo que homens e mulheres cantam
    é perfeitamente congruente
  • 15:36 - 15:38
    com as preferências universais
    de acasalamento.
  • 15:38 - 15:41
    Ao redor do mundo, homens
    tendem a dar mais valor
  • 15:41 - 15:44
    à juventude e à beleza física
    das parceiras em potencial,
  • 15:44 - 15:48
    e as mulheres tendem a dar mais valor
    ao status social do homem.
  • 15:48 - 15:53
    Portanto, se vocês olharem
    para os exemplos à esquerda,
  • 15:53 - 15:56
    todas essas músicas:
    Gwen Guthrie, Destiny's Child,
  • 15:56 - 15:58
    TLC e Marlena Shaw,
  • 15:58 - 16:01
    estão denegrindo homens
    de status social baixo.
  • 16:01 - 16:04
    "Se você acha que irá me pegar
    mas não tem nenhum dinheiro,
  • 16:04 - 16:07
    vá embora, idiota, eu não estou
    interessada em você."
  • 16:08 - 16:10
    Não há músicas que dizem:
  • 16:10 - 16:14
    "Ei, Linda, você não está se dedicando
    na escola, não farei sexo com você".
  • 16:14 - 16:15
    (Risos)
  • 16:15 - 16:17
    Certo?
  • 16:17 - 16:19
    (Aplausos)
  • 16:19 - 16:21
    Obrigado.
  • 16:24 - 16:27
    Obrigado. Estou me sentindo
    um comediante aqui.
  • 16:27 - 16:28
    (Risos)
  • 16:28 - 16:32
    E, claro, quando homens cantam
    sobre status social, eles se exibem:
  • 16:32 - 16:35
    "Eu tenho riquezas,
    eu tenho um Aston Martin".
  • 16:35 - 16:37
    Há milhões de músicas "dinheiro no banco",
  • 16:37 - 16:40
    sério, de verdade,
    há pelo menos dez artistas
  • 16:40 - 16:42
    de hip-hop com o mesmo nome de música:
  • 16:42 - 16:45
    "Eu tenho dinheiro no banco,
    você vai querer ficar comigo".
  • 16:45 - 16:48
    Olhem o lado direito:
    o jeito que homens e mulheres
  • 16:48 - 16:52
    exploram sua sexualidade
    nas composições musicais
  • 16:52 - 16:54
    é drasticamente diferente.
  • 16:54 - 16:59
    Então, Mickey Gilley, um cantor
    de música country de meados dos anos 70,
  • 16:59 - 17:03
    tinha uma música chamada: "As garotas
    não ficam lindas no final do expediente?"
  • 17:03 - 17:06
    Em outras palavras, a garota
    com quem os homens querem dormir
  • 17:06 - 17:09
    às 23 horas, é muito diferente da criatura
  • 17:09 - 17:13
    com quem eles querem
    se satisfazer às três da manhã.
  • 17:13 - 17:15
    Não há muitas músicas chamadas:
  • 17:15 - 17:18
    "Os homens não ficam mais lindos
    no final do expediente?"
  • 17:18 - 17:22
    Isso porque o preço a pagar
    ao escolher um parceiro ruim
  • 17:22 - 17:24
    é muito maior para as mulheres.
  • 17:24 - 17:25
    Isso não se deve à socialização,
  • 17:25 - 17:30
    mas a uma realidade biológica básica
    chamada Teoria do Investimento Parental.
  • 17:30 - 17:32
    O mesmo para a atração física.
  • 17:32 - 17:35
    Acontece em quase todos os casos,
    não apenas em músicas em inglês,
  • 17:35 - 17:37
    em hip-hop, na música inglesa, ou soul.
  • 17:37 - 17:42
    Na música indiana e árabe,
    vocês encontram o mesmo fenômeno.
  • 17:43 - 17:46
    Assim, para concluir, exatamente a tempo,
  • 17:46 - 17:50
    T. Dobzhansky foi um famoso
    geneticista evolutivo que disse:
  • 17:50 - 17:54
    "Nada faz sentido na biologia,
    a não ser sob a luz da evolução".
  • 17:54 - 17:56
    Eu ajustaria um pouco a frase e diria:
  • 17:56 - 18:00
    "O comportamento do consumidor nunca
    faria sentido sem um entendimento
  • 18:00 - 18:02
    da nossa herança evolutiva".
  • 18:02 - 18:04
    Muito obrigado.
  • 18:04 - 18:07
    (Aplausos)
Title:
O instinto consumista | Gad Saad | TEDxConcordia
Description:

O professor de marketing, Gad Saad, discute as raízes evolutivas do nosso instinto consumista.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:09

Portuguese, Brazilian subtitles

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