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Um homem negro se infiltra na direita alternativa

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    Eu peguei um celular
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    e acidentalmente me tornei famoso.
  • 0:07 - 0:09
    (Risos)
  • 0:09 - 0:12
    Só estava falando do que era
    importante para mim,
  • 0:12 - 0:14
    mas, após apertar um botão
  • 0:14 - 0:17
    e fazer um vídeo viral provocativo,
  • 0:17 - 0:20
    eu me lancei ao estrelato
    da noite para o dia.
  • 0:21 - 0:22
    Digo da noite para o dia,
  • 0:22 - 0:24
    pois acordei na manhã seguinte
  • 0:24 - 0:27
    com tantas notificações no celular,
  • 0:27 - 0:30
    que até pensei que havia dormido
    durante uma tragédia nacional.
  • 0:30 - 0:33
    (Risos)
  • 0:34 - 0:36
    Foi muito louco, pessoal,
  • 0:36 - 0:39
    mas tive um salto quântico com relação
  • 0:39 - 0:41
    à minha influência e exposição.
  • 0:42 - 0:44
    Daí, fiz mais vídeos
  • 0:44 - 0:46
    e o assunto dos meus vídeos
  • 0:47 - 0:51
    era o mais polêmico dos EUA,
  • 0:51 - 0:53
    mas foi a maneira como falava sobre raça
  • 0:53 - 0:56
    que me transformou num para-raios digital.
  • 0:56 - 1:00
    Sobrevivi à brutalidade policial
  • 1:00 - 1:02
    e perdi um amigo de infância,
  • 1:02 - 1:03
    o Alonzo Ashley,
  • 1:04 - 1:05
    nas mãos da polícia
  • 1:05 - 1:08
    logo, tinha algo a dizer sobre o assunto.
  • 1:08 - 1:11
    Estávamos no auge do clamor
    do movimento "Black Lives Matter"
  • 1:11 - 1:15
    e as pessoas me procuravam
    para formular suas opiniões,
  • 1:15 - 1:18
    e, honestamente, foi bem assustador.
  • 1:18 - 1:20
    A internet tem uma qualidade interessante.
  • 1:20 - 1:23
    De certa maneira, conectou todo o mundo,
  • 1:23 - 1:25
    e eu me lembro que, quando criança,
  • 1:25 - 1:29
    muitas propagandas utópicas
    eram jogadas sobre nós,
  • 1:29 - 1:31
    sobre como a rede mundial de computadores
  • 1:31 - 1:34
    iria conectar as pessoas de todo o mundo.
  • 1:35 - 1:38
    Mas as pessoas sempre serão pessoas.
  • 1:38 - 1:39
    (Risos)
  • 1:39 - 1:42
    E essa superestrada mágica
  • 1:42 - 1:44
    também atingiu os demônios da natureza
  • 1:44 - 1:46
    e deu Ferraris a eles.
  • 1:46 - 1:49
    (Risos)
  • 1:50 - 1:54
    A tecnologia é muito parecida
    com o dinheiro.
  • 1:54 - 1:58
    Ela apenas mostra e amplifica
    o que já está dentro de nós.
  • 1:58 - 2:03
    E logo conheci o fenômeno
    do "troll" da internet.
  • 2:05 - 2:09
    Eles parecem viver debaixo
    das pontes dessa superestrada...
  • 2:09 - 2:13
    (Risos)
  • 2:13 - 2:17
    E parece que eles não receberam o aviso
    sobre a sabedoria da era da internet.
  • 2:18 - 2:21
    Lembro-me de ser vítima
  • 2:21 - 2:24
    de insultos incrivelmente racistas
  • 2:24 - 2:26
    vindo daqueles que usavam
    a anonimidade da internet
  • 2:26 - 2:28
    como se fosse um capuz da Klan.
  • 2:29 - 2:31
    Alguns deles eram até criativos...
  • 2:31 - 2:34
    mas outros machucavam,
  • 2:34 - 2:37
    principalmente quando se trata
    do mundo pós-traumático
  • 2:37 - 2:40
    de um sobrevivente de brutalidade policial
  • 2:40 - 2:42
    no ápice do "Black Lives Matter",
  • 2:42 - 2:46
    com muita gente da minha linha do tempo
    sendo assassinada.
  • 2:46 - 2:48
    Para esses trolls, eu não era humano,
  • 2:48 - 2:51
    era uma ideia, um objeto,
  • 2:51 - 2:52
    uma caricatura.
  • 2:52 - 2:55
    Já falei que este negócio de raça
    pode ser bem polêmico?
  • 2:55 - 2:58
    Sou uma pessoa naturalmente curiosa
  • 2:58 - 3:03
    e, ao pegar minha espada para ter
    lutas épicas na seção de comentários...
  • 3:03 - 3:07
    (Risos)
  • 3:09 - 3:12
    comecei a notar
  • 3:12 - 3:16
    que alguns dos trolls
    realmente tinham cérebros;
  • 3:16 - 3:20
    isso me deixou mais curioso
    e eu queria entendê-los ainda mais.
  • 3:20 - 3:23
    E, apesar desses supostos idiotas
  • 3:23 - 3:26
    possuírem o que pareciam
    ser pensamentos originais
  • 3:26 - 3:28
    eu pensei:
  • 3:28 - 3:31
    "Esses caras estão muito desinformados,
  • 3:31 - 3:32
    pelo menos de acordo com o que sei".
  • 3:33 - 3:35
    De onde esses caras tiram
    esses argumentos?
  • 3:35 - 3:38
    Será que existe algum tipo
    de universo alternativo
  • 3:38 - 3:39
    com fatos alternativos?
  • 3:39 - 3:42
    (Risos)
  • 3:42 - 3:45
    (Aplausos)
  • 3:50 - 3:53
    A história e a gravidade são opcionais lá?
  • 3:53 - 3:54
    Sei lá.
  • 3:56 - 3:59
    Mas eu precisava e queria saber.
  • 3:59 - 4:04
    O problema é que eu não sabia nada
    sobre câmaras de eco digitais.
  • 4:04 - 4:06
    O mesmo algoritmo
    de segmentação de mercado
  • 4:06 - 4:09
    que te mostra mais
    dos produtos que você quer compra
  • 4:09 - 4:12
    também te mostra mais das notícias
    que você gosta de ouvir.
  • 4:12 - 4:15
    Eu vivia num universo on-line
  • 4:15 - 4:17
    que apenas refletia minha visão de mundo.
  • 4:18 - 4:19
    Minha linha do tempo era bem liberal.
  • 4:19 - 4:23
    Não tinha a Breitbart, a Infowars,
    nem a Fox News.
  • 4:23 - 4:27
    Não mesmo; para mim era
    só MSNBC e "The Daily Show".
  • 4:28 - 4:30
    CNN e theGrio.
  • 4:31 - 4:34
    Esses trolls estavam saltando
    a porta da entrada dimensional
  • 4:34 - 4:36
    e eu precisava saber como.
  • 4:36 - 4:41
    (Risos)
  • 4:43 - 4:48
    Então, decidi fazer
    o algoritmo do Facebook
  • 4:48 - 4:51
    me mostrar mais notícias
    das quais eu discordasse,
  • 4:51 - 4:54
    e isso funcionou por um tempo,
    mas não era o bastante,
  • 4:54 - 4:55
    pois minha pegada on-line,
  • 4:55 - 4:58
    já havia estabelecido
    os padrões do meu gosto.
  • 4:58 - 5:01
    Daí, com a ajuda do anonimato da internet,
  • 5:01 - 5:02
    eu me infiltrei.
  • 5:02 - 5:06
    (Risos)
  • 5:06 - 5:09
    Criei um perfil falso e enlouqueci.
  • 5:10 - 5:14
    Bem, na prática, isso era simples,
  • 5:14 - 5:17
    mas, emocionalmente, foi meio assustador,
  • 5:17 - 5:20
    principalmente devido ao ódio racista
    que eu tinha experienciado.
  • 5:20 - 5:25
    O que não percebi foi que os trolls
    estavam me vacinando,
  • 5:25 - 5:26
    calejando a minha pele,
  • 5:27 - 5:30
    me deixando imune às opiniões
    das quais discordava,
  • 5:30 - 5:35
    me fazendo não reagir da mesma maneira
    que teria reagido meses antes.
  • 5:35 - 5:37
    Beleza? Daí continuei.
  • 5:37 - 5:40
    Ao perceber que tudo isso
    funcionava também no YouTube,
  • 5:40 - 5:45
    virei o Lucius25, um "lurker"
    supremacista branco...
  • 5:45 - 5:48
    (Risos)
  • 5:53 - 5:58
    e me infiltrei digitalmente
    no movimento da direita alternativa.
  • 5:58 - 6:00
    O meu avatar
  • 6:00 - 6:04
    era o Edgar Rice Burroughs,
    um personagem da HQ do John Carter...
  • 6:04 - 6:06
    (Risos)
  • 6:06 - 6:10
    um herói de ficção científica
    que tinha sido um soldado confederado.
  • 6:10 - 6:14
    E pensar que, anos antes, eu precisaria
    de um treinamento de atuação,
  • 6:14 - 6:17
    uma maquiagem e identidade falsa.
  • 6:17 - 6:19
    Hoje posso só ser um "lurker".
  • 6:19 - 6:22
    Comecei a procurar
  • 6:22 - 6:25
    por um pouco de "Infowars",
  • 6:25 - 6:27
    e um pouco da revista
    "American Renaissance",
  • 6:27 - 6:29
    da "National Vanguard Alliance",
  • 6:29 - 6:32
    e comentei em vídeos,
  • 6:32 - 6:35
    falando mal do Al Sharpton
    e do "Black Lives Matter".
  • 6:36 - 6:41
    Deplorava os que combatiam o racismo
    como o Eric Holder e o Barack Obama,
  • 6:42 - 6:45
    e espelhava os sentimentos antinegros
  • 6:45 - 6:47
    que eram jogados em mim.
  • 6:47 - 6:49
    E, para ser honesto, foi meio estimulante.
  • 6:49 - 6:53
    (Risos)
  • 6:54 - 6:58
    Passava dias navegando
    com meu novo perfil racista...
  • 6:58 - 7:01
    (Risos)
  • 7:01 - 7:05
    Fazer besteira no mundo ariano
    foi algo bem diferente.
  • 7:05 - 7:07
    (Risos)
  • 7:07 - 7:12
    Comecei a entrar nos perfis
  • 7:12 - 7:14
    do meus antigos trolls,
  • 7:14 - 7:17
    e muitos deles são só gente normal,
  • 7:18 - 7:21
    curtem vida ao ar livre,
    são caçadores, nerds de computador,
  • 7:21 - 7:24
    e caras comportados que gravam
    vídeos de suas famílias.
  • 7:24 - 7:28
    Até onde sei, alguns deles podem
    estar aqui nesta sala, né?
  • 7:28 - 7:31
    (Risos)
  • 7:31 - 7:37
    Mas, quando me infiltrei, vi uma grande
    abundância de personalidades,
  • 7:37 - 7:43
    celebridades como Milo Yiannopoulos,
    Richard Spencer e David Duke.
  • 7:43 - 7:46
    Esses caras eram líderes
    do pensamento da direita,
  • 7:46 - 7:51
    mas, com o passar do tempo, a direita
    alternativa acabou usando suas informações
  • 7:51 - 7:52
    para suprir seu fervor.
  • 7:52 - 7:56
    E outra coisa levou ao fervor
    da direita alternativa:
  • 7:56 - 8:02
    a esquerda tentar demonizar extensivamente
    tudo que seja branco e masculino.
  • 8:02 - 8:06
    Se você tiver a pele clara e um pênis,
    você está de segredos com o Satã.
  • 8:06 - 8:09
    (Risos)
  • 8:13 - 8:15
    E, vocês sabiam...
  • 8:15 - 8:18
    vocês acreditariam que algumas
    pessoas se ofendem com isso?
  • 8:19 - 8:21
    E...
  • 8:21 - 8:22
    (Risos)
  • 8:22 - 8:25
    Mas, escutem,
  • 8:25 - 8:30
    o fato é que a geração do milênio
    só estuda a história fragmentada.
  • 8:30 - 8:34
    Os norte-americanos estão
    decididos a encher os livros
  • 8:35 - 8:38
    com versões de "CliffsNotes"
    sobre seu passado obscuro.
  • 8:38 - 8:44
    Isso descontextualiza severamente
    a raça e a raiva que vem com ela,
  • 8:44 - 8:47
    criando um solo fértil
    para que fatos alternativos surjam.
  • 8:47 - 8:50
    E no mundo louco da internet
  • 8:50 - 8:55
    é fácil vender ideias
    do "Mein Kampf" reformuladas
  • 8:55 - 8:57
    a uma geração reprovada
    nas escolas públicas.
  • 8:58 - 9:01
    E muitas dessas ideias são
    facilmente desmascaradas.
  • 9:01 - 9:03
    Fatos alternativos
    têm essa característica.
  • 9:03 - 9:08
    Mas um tema nas entrelinhas dos argumentos
    chamou muito minha atenção,
  • 9:08 - 9:10
    e ele era:
  • 9:10 - 9:13
    por que sou odiado pelo
    que não posso evitar ser?
  • 9:15 - 9:17
    E, como um homem negro
    nos EUA, isso me marcou.
  • 9:17 - 9:19
    Já passei muito tempo
  • 9:19 - 9:22
    me defendendo contra tentativas
    de me demonizar
  • 9:22 - 9:25
    e me desculpando pelo que sou,
  • 9:25 - 9:27
    tentavam me retratar
    como algo que eu não era:
  • 9:27 - 9:29
    um criminoso ou um gangster;
    uma ameaça à sociedade.
  • 9:30 - 9:32
    Uma compaixão inesperada.
  • 9:33 - 9:34
    Uau.
  • 9:34 - 9:35
    Mas,
  • 9:35 - 9:40
    as fontes históricas da demonização
    de homens brancos e negros
  • 9:40 - 9:41
    são muito diferentes,
  • 9:41 - 9:44
    e a categoria em que você se enquadra,
  • 9:44 - 9:46
    infelizmente, é um acidente no nascimento.
  • 9:47 - 9:51
    Provavelmente vocês estão surpresos
    com esta perspectiva,
  • 9:51 - 9:53
    e eu também estava.
  • 9:53 - 9:57
    Nunca na minha vida achei
    que poderia ter compaixão
  • 9:57 - 9:58
    por aqueles que me odiavam.
  • 9:59 - 10:02
    Não é uma compaixão que me faça
    querer ser amigo deles.
  • 10:02 - 10:05
    Não sinto compaixão
    infinita pelas pessoas
  • 10:05 - 10:09
    que me querem fora deste planeta, beleza?
  • 10:09 - 10:14
    Mas tenho compaixão o suficiente
    para entender a postura deles.
  • 10:14 - 10:15
    E para ser honesto,
  • 10:15 - 10:17
    eles têm algumas opiniões válidas.
  • 10:17 - 10:23
    Por exemplo, o fato de os liberais
    receberem todos de braços abertos,
  • 10:23 - 10:26
    menos aqueles que têm
    visões conservadoras.
  • 10:26 - 10:29
    (Risos)
  • 10:29 - 10:33
    Deus me livre se você ama
    mesmo seu país e Deus, né?
  • 10:34 - 10:37
    Falavam também do medo que tinham
  • 10:37 - 10:40
    do que chamavam de "genocídio branco",
  • 10:40 - 10:44
    o medo da diversidade ser
    uma força que irá apagá-los.
  • 10:44 - 10:48
    Eu entendo o que é temer
  • 10:48 - 10:49
    pelo destino de seu povo.
  • 10:49 - 10:52
    Só de pensar em crack, AIDS,
    violência de gangues,
  • 10:52 - 10:56
    encarceramento em massa,
    gentrificação e brutalidade policial,
  • 10:56 - 10:59
    o povo negro tem muitas razões
    para se preocupar.
  • 11:00 - 11:03
    Mas, se a natureza dá razão
    à diversidade e você não,
  • 11:03 - 11:05
    lamento muito, mas você perderá esta luta.
  • 11:05 - 11:08
    (Risos)
  • 11:08 - 11:12
    (Aplausos)
  • 11:15 - 11:18
    A natureza não está nem aí para sua
    raça; isso foi criação do homem.
  • 11:18 - 11:20
    A natureza só quer organismos saudáveis,
  • 11:20 - 11:24
    e, para atingir essa meta, seus preciosos
    traços étnicos serão ignorados.
  • 11:25 - 11:29
    A partir do momento que você
    se desprende da sua identidade de raça
  • 11:29 - 11:31
    e se conecta de novo com a humanidade,
  • 11:31 - 11:33
    todos seus problemas acabam.
  • 11:33 - 11:37
    (Aplausos)
  • 11:40 - 11:43
    Eu digo qual raça não
    está prestes a acabar:
  • 11:43 - 11:44
    a raça humana.
  • 11:44 - 11:46
    Vem curtir. A água está uma delícia.
  • 11:46 - 11:48
    (Risos)
  • 11:48 - 11:51
    Até a água ficar muito quente,
    mas esta é uma outra palestra TED.
  • 11:51 - 11:53
    (Risos)
  • 11:55 - 11:59
    O meu ponto é: para você chegar
    a esse entendimento,
  • 11:59 - 12:01
    você tem que deixar o medo pra lá
  • 12:01 - 12:02
    e se agarrar à curiosidade,
  • 12:02 - 12:06
    e, infelizmente, muitas pessoas
    não entrarão nesta jornada
  • 12:06 - 12:09
    para ver o mundo do outro lado.
  • 12:09 - 12:10
    Vamos ser honestos,
  • 12:10 - 12:13
    isso não serve só para os progressistas,
  • 12:13 - 12:15
    mas para os conversadores
    de direita também.
  • 12:15 - 12:17
    Mesmo que alguns
    dos argumentos fossem válidos,
  • 12:17 - 12:20
    eles ainda estavam presos
    nas suas câmaras de eco,
  • 12:20 - 12:22
    reciclando o mesmo ponto
    de vista velho e arcaico,
  • 12:22 - 12:25
    sem nunca diversificar suas perspetivas
  • 12:25 - 12:27
    e sem ter uma visão de mundo completa.
  • 12:27 - 12:32
    Eles nem escutam as vozes
    políticas e antirracistas,
  • 12:32 - 12:34
    como a do Tim Wise,
  • 12:34 - 12:40
    da Michelle Alexander, do Dr. Joy Degruy,
    Boyce Watkins, Tariq Nasheed.
  • 12:40 - 12:44
    Todas essas vozes têm
    as repostas que eles procuram,
  • 12:44 - 12:48
    mas, infelizmente, eles não as escutarão
    devido ao poder das câmaras de eco.
  • 12:48 - 12:52
    Temos que desfazer as divisões digitais,
  • 12:52 - 12:55
    pois à medida que nossa tecnologia avança,
  • 12:55 - 12:58
    as consequências do tribalismo
    se tornam mais perigosas.
  • 12:58 - 13:04
    Toda essa experiência me ensinou
    que nossos dispositivos não nos salvarão.
  • 13:04 - 13:07
    Todos os dispositivos tecnológicos
  • 13:07 - 13:12
    só têm domínio do universo lá fora,
    mas não aqui dentro.
  • 13:12 - 13:15
    Só falam do QI, e não do IE.
  • 13:15 - 13:17
    É um desequilíbrio perigoso.
  • 13:17 - 13:20
    Onde iremos conseguir
    a inteligência emocional,
  • 13:20 - 13:22
    o desenvolvimento da personalidade,
  • 13:22 - 13:25
    a virtude da paciência,
    indulgência, compaixão,
  • 13:25 - 13:29
    e as coisas que fazem
    com que esses dispositivos
  • 13:29 - 13:31
    sejam uma bênção e não uma maldição?
  • 13:31 - 13:35
    Parece que a humanidade em si
    está precisando de uma atualização.
  • 13:37 - 13:38
    Mas...
  • 13:38 - 13:43
    (Aplausos)
  • 13:43 - 13:45
    É uma grande tarefa a cumprir,
  • 13:46 - 13:48
    mas não acredito que existam
    monstros invencíveis.
  • 13:48 - 13:53
    Não há gigantes sem ao menos
    um calcanhar de Aquiles.
  • 13:53 - 13:54
    E se eu disser a vocês
  • 13:54 - 13:58
    que o melhor jeito de chegar a isso
  • 13:58 - 14:01
    é conversar corajosamente
  • 14:01 - 14:03
    com pessoas difíceis,
  • 14:03 - 14:07
    que não veem o mundo
    da mesma maneira que você?
  • 14:07 - 14:11
    Ah, meus amigos, conversas devem ser
    mesmo a chave para a atualização,
  • 14:12 - 14:13
    pois, lembrem-se,
  • 14:13 - 14:16
    a linguagem foi a primeira
    forma de realidade virtual.
  • 14:16 - 14:20
    Literalmente é uma representação
    simbólica do mundo físico,
  • 14:20 - 14:23
    e, com esse dispositivo,
    podemos mudar o mundo físico.
  • 14:23 - 14:26
    Lembrem-se, conversas
    acabam com a violência,
  • 14:26 - 14:29
    conversas geram países,
  • 14:29 - 14:30
    constroem pontes,
  • 14:30 - 14:31
    e, no momento crítico,
  • 14:31 - 14:34
    as conversas são a última
    ferramenta que humanos usam
  • 14:34 - 14:36
    antes de ir às armas.
  • 14:36 - 14:39
    E não pensem que estou falando
    de conversas on-line seguras
  • 14:39 - 14:41
    no conforto do seu laptop.
  • 14:41 - 14:42
    Não.
  • 14:42 - 14:47
    Falo de conversas cara a cara
    com pessoas de verdade.
  • 14:47 - 14:50
    Com isso em mente, organizei
    um fórum da comunidade
  • 14:50 - 14:52
    chamado "Shop Talk Live".
  • 14:52 - 14:55
    Alguém já esteve lá, né?
  • 14:56 - 14:58
    No "Shop Talk Live",
  • 14:58 - 15:00
    temos as conversas que mudam vidas.
  • 15:00 - 15:03
    Nós nos encontramos com a comunidade
    bem onde ela se encontra,
  • 15:03 - 15:07
    e já fizemos de tudo: já desencorajamos
    violência de gangues ao vivo,
  • 15:07 - 15:09
    ajudamos a encontrar emprego,
  • 15:09 - 15:11
    e já aconselhamos jovens sem teto.
  • 15:11 - 15:13
    Tivemos que fazer isso
  • 15:13 - 15:17
    pois, na comunidade negra,
    existia uma séria falta de confiança
  • 15:17 - 15:20
    devido à violência da era do crack.
  • 15:20 - 15:24
    E nós acabamos fazendo tudo sozinhos,
  • 15:24 - 15:27
    resolvendo nossos próprios problemas,
    sem esperar por ninguém.
  • 15:27 - 15:29
    E a verdade é,
  • 15:29 - 15:32
    seja ele o prefeito ou o criminoso,
    você irá vê-los na barbearia.
  • 15:32 - 15:35
    Então, o que fizemos foi só
    organizar o que já acontecia.
  • 15:35 - 15:39
    Agregamos os pontos de vista alternativos
  • 15:39 - 15:41
    que vinham dos universos
    digitais alternativos,
  • 15:41 - 15:46
    e os dissecamos, os desmembramos
    em tópicos controversos.
  • 15:46 - 15:48
    Depois, com meu celular,
  • 15:48 - 15:51
    virei a internet contra si mesma,
  • 15:51 - 15:53
    e comecei a transmitir
    essas conversas ao vivo
  • 15:53 - 15:55
    para meus seguidores.
  • 15:55 - 15:58
    Isso os fez querer sair
    do conforto de seus laptops
  • 15:58 - 16:00
    e se encontrar pessoalmente
    e conversar de verdade
  • 16:00 - 16:02
    com pessoas reais na vida real.
  • 16:03 - 16:04
    E fizemos isso... obrigado.
  • 16:04 - 16:09
    (Aplausos)
  • 16:11 - 16:15
    Às vezes, reflito sobre o paradoxo
  • 16:15 - 16:17
    de eu tentar resolver os problemas,
  • 16:17 - 16:20
    de nós tentarmos resolver
    os problemas em nossas comunidades.
  • 16:20 - 16:22
    Nós já construímos pontes
    com tantas comunidades,
  • 16:22 - 16:26
    desde a comunidade LGBT
    à de imigrantes árabes
  • 16:26 - 16:30
    e até nos sentamos com alguém usando
    uma bandeira confederada no chapéu
  • 16:30 - 16:33
    e falamos de coisas
    que realmente importam.
  • 16:33 - 16:34
    Está na hora de pararmos de tentar
  • 16:34 - 16:38
    dar um jeitinho na experiência humana.
  • 16:38 - 16:40
    Não temos como fugir uns dos outros.
  • 16:40 - 16:42
    Então, pare de tentar.
  • 16:42 - 16:45
    (Aplausos)
  • 16:45 - 16:48
    Temos que entender:
  • 16:48 - 16:50
    todos os seres humanos querem o mesmo
  • 16:50 - 16:53
    e temos que nos relacionar para conseguir.
  • 16:53 - 16:57
    É por causa dessas conversas corajosas
    que pontes são construídas.
  • 16:57 - 16:59
    Está na hora de vermos
    pessoas como pessoas
  • 16:59 - 17:03
    e não só como as ideias
    que projetamos nelas ou às quais reagimos.
  • 17:03 - 17:06
    Os seres humanos não são as barreiras,
  • 17:06 - 17:08
    mas são as entradas
    para as coisas que desejamos.
  • 17:09 - 17:12
    Esta é uma evolução coletiva e consciente.
  • 17:13 - 17:18
    A minha jornada começou
    com um famoso vídeo de celular
  • 17:18 - 17:19
    e com um amigo que perdi.
  • 17:19 - 17:22
    A sua jornada começa agora.
  • 17:23 - 17:25
    Junte-se ao renascimento
    da conexão humana.
  • 17:25 - 17:28
    Ele vai acontecer mesmo sem você.
  • 17:28 - 17:32
    A minha sugestão é: escolha um assunto
    e comece um diálogo comunal
  • 17:32 - 17:34
    pelas suas redondezas.
  • 17:34 - 17:36
    Encontre com as pessoas na vida real.
  • 17:36 - 17:37
    Acredite em mim,
  • 17:37 - 17:40
    quando você burlar o algoritmo
    da sua existência,
  • 17:40 - 17:42
    você terá experiências diversificadas.
  • 17:43 - 17:45
    Está na hora de crescer, pessoal.
  • 17:45 - 17:47
    Quando, e não se, fizermos isso,
  • 17:47 - 17:50
    ficará claro que a chave
    para a atualização
  • 17:50 - 17:54
    foi sempre nosso mundo interno,
    e não um dispositivo que criamos,
  • 17:54 - 17:57
    e a entrada para essa experiência é,
  • 17:57 - 18:00
    e sempre será, cada um de nós.
  • 18:00 - 18:02
    Obrigado.
  • 18:02 - 18:07
    (Aplausos)
Title:
Um homem negro se infiltra na direita alternativa
Speaker:
Theo E.J. Wilson
Description:

Numa palestra imperdível sobre raça e política nos Estados Unidos, Theo E.J Wilson conta como se tornou Lucius25, um "lurker" supremacista branco, e como teve uma inesperada compaixão e uma perspectiva surpreendente ao se envolver com pessoas de que ele discorda. Ele nos encoraja a deixar o medo pra lá, abraçar a curiosidade e ter conversas corajosas com pessoas que são diferente de nós. "Conversas acabam com a violência, conversas criam países e constroem pontes", ele afirma.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:07

Portuguese, Brazilian subtitles

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