O que acontece com nosso corpo após morrermos? - Farnaz Khatibi Jafari

Veja a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/what-happens-to-our-bodies-after-we-die-farnaz-khatibi-jafari

Desde o despertar da humanidade, estima-se que 100,8 bilhões de pessoas
já viveram e morreram, um número que aumenta cerca de 0,8% da população mundial todo ano. O que acontece com os corpos de todas essas pessoas após morrerem? E será que o planeta vai acabar ficando sem espaço para enterros? Farnaz Khatibi Jafari traça a evolução de como a humanidade vem lidando com corpos e sepultamentos.

Lição de Farnaz Khatibi Jafari, animação de Ivana Bošnjak e Thomas Johnson.

Desde o despertar da humanidade,

estima-se que 100,8 bilhões de pessoas
já viveram e morreram,

um número que aumenta cerca de 0,8%
da população humana por ano.

O que acontece com os corpos
de todas essas pessoas após morrerem?

E será que o planeta vai ficar
sem espaço para enterros?

Quando nosso coração para de bater,

o corpo passa por vários estágios
antes de começar a se decompor.

Poucos minutos após a morte,

o sangue começa a se instalar
nas partes inferiores do corpo.

De 8 a 12 horas depois,

a pele nessas áreas começa a descolorir
pelo livor mortis, ou mancha cadavérica.

E, apesar de os músculos relaxarem
completamente no momento da morte,

na condição chamada flacidez primária,

enrijecem de duas a seis horas depois,
pelo chamado rigor mortis.

O enrijecimento espalha-se pelos músculos

e sua velocidade pode variar
por idade, sexo e pelo ambiente.

A temperatura do corpo também muda,

geralmente esfriando
para se adequar ao ambiente.

Em seguida, vem a decomposição,

o processo pelo qual bactérias
e insetos destroem o corpo.

Muitos fatores afetam
o ritmo da decomposição.

No entanto, existe um guia básico

sobre o efeito do ambiente
na decomposição,

chamado Lei de Casper.

Ele diz que, se todos
os outros fatores são iguais,

um corpo exposto ao ar

decompõe-se duas vezes mais rápido
do que um imerso em água

e oito vezes mais rápido
do que um enterrado no solo.

A acidez do solo tem grande influência
na preservação dos ossos.

Solos de alta acidez,
com pH abaixo de 5,3,

decompõem ossos rapidamente,

enquanto que em solos neutros
ou básicos, com pH acima de 7,

o esqueleto pode permanecer
em boas condições por séculos.

Na história, culturas diferentes

desenvolveram métodos próprios
para o sepultamento.

Desde os primeiros enterros
dos neandertais,

a morte era acompanhada por rituais,

como posicionamento, pintura
ou decoração dos cadáveres.

Em enterros cristãos tradicionais,
o corpo é decorado com trajes,

enquanto no islamismo tradicional
o corpo é embrulhado em um tecido ritual

com o rosto virado para Meca.

Hindus tradicionais queimam
o corpo cerimonialmente

e os zoroastrianos,

seguidores de uma das mais antigas
religiões monoteístas,

tradicionalmente põem os corpos
no alto de uma torre

para expô-los ao sol e a aves necrófagas.

Antes da Revolução Industrial,
enterros eram simples e acessíveis.

Hoje, com terras apropriadas para enterros

esgotando-se em áreas mais populosas,

comprar túmulos privados pode ser caro,

e muitas pessoas não podem pagar
por sepultamentos simples.

Até mesmo a cremação, a segunda prática
de sepultamento mais comum no mundo,

é de alto custo.

Quanto ao problema da falta de espaço,

a questão não é tanto
sobre o total de terra no mundo,

mas sobre grandes populações
aglomerando-se nas cidades.

A maioria das grandes cidades

pode ficar sem terrenos apropriados
para enterros dentro de um século.

Em Londres, será ainda antes:
provavelmente, até 2035.

Existem alternativas
aos sepultamentos tradicionais

que podem ajudar com a questão do espaço?

Em alguns países, cemitérios arranha-céus
permitem enterros verticais.

Algumas opções consideram
a relação do corpo com o ambiente.

Promession, por exemplo,
liofiliza e pulveriza o corpo,

criando um pó que pode
ser transformado em adubo

quando misturado ao oxigênio ou à água.

Há também os enterros verdes,
que usam materiais especiais,

como caixões biodegradáveis,

urnas que germinam árvores,

e mortalhas que cultivam cogumelos.

A Eternal Reefs leva o conceito
para as profundezas do oceano

usando uma mistura de cinzas e cimento
para criar habitats para a vida marinha.

A morte é uma parte inevitável
da condição humana,

mas a forma como lidamos com os corpos
e os sepultamentos segue evoluindo.

Podemos ter diferentes visões espirituais,
religiosas ou práticas sobre a morte,

mas a crescente procura
por espaços para enterros

pode nos impulsionar a ser criativos

sobre o destino de nossos corpos
após os estágios finais da vida.