Katharina Grosse: Pintando com Cores / ART21 "Exclusive"

Episódio #218: Em seu estúdio e na Galeria Johann König (ambos em Berlim), a artista Katharina Grosse discute o seu uso de cores quando está pintando superfícies tridimensionais e planas. " Eu gosto desse potencial anárquico das cores," diz Grosse, que pinta muito rápido com uma pistola de spray industrial. Grosse explica que apesar de um interesse inicial em linguagens e leitura, ela foi atraída para a pintura por conta de suas características não lineares. Ela elabora mais dizendo que pintar "compressa o tempo, encurtando o processo de pensamento e ação." Entre os trabalhos mostrados, está a exposição das pinturas em papel da artista na Galeria Johann König em Berlim.

Katharina Grosse é uma pintora que normalmente usa cores eletrizantes pulverizadas em acrílico para criar ambientes esculturais em larga escala e faz trabalhos menores em paredes. Unindo a percepção fluída da paisagem com a ordem hierárquica da pintura, Grosse trata tanto o mundo arquitetônico quanto o natural como uma armação para composições expressivas de abandono onírico, justaposição divertida, e toque futurístico. Intensificando as camadas de cor com uma urgência expressiva, ela possibilita que seu trabalho se torne uma recordação material de sua própria criação e, talvez, uma inscrição de seus pensamentos.

Saiba mais sobre a artista em:
http://www.art21.org/artists/katharina-grosse

CRÉDITOS: Produtor: Ian Forster. Produtores Consultores: Wesley Miller & Nick Ravich. Entrevistadora: Susan Sollins. Câmera: Claus Deubel & Mark Walley. Som: Oliver Lumpe & Angela Walley. Editor: Morgan Riles. Artes cedidas por: Katharina Grosse, Johann König Galerry e Nasher Sculpture Center. Imagens de Arquivo cedidas por: Katharina Grosse. Música tema: Peter Foley

[Katharina Grosse: Pintando com Cores]

[Estúdio de Katharina Grosse,
Berlim, Alemanha]

Eu tenho que escrever este poema aqui
no meu pulso --

no meu braço.

Queijo Stilton.

Eu vou fazer um cartão de Natal
para os meus amigos.

Um lado do cartão vai ser uma fotografia
de um poema que eu gosto muito.

Eu escrevi no papel,

e eu acho que talvez fique melhor
na minha pele.

Quando eu comecei a pintar,
eu parei de ler.

Na escola, eu amava apreender
novas línguas e ler coisas,

e eu realmente parei com isso
no momento que comecei a pintar.

E eu não sabia porquê.

Levou um tempo para eu entender
porque eu fiz isso.

É um poema de um poeta austríaco,

o nome dele é Esnst Jandl,

e ele escreveu muitos poemas realmente
fantásticos, que são apenas som, e ...

sim, eles são fascinantes.

A estrutura linguística te leva a um
certo sistema de ordem

onde as coisas se seguem, o que é
muito linear.

E eu entendo que pintar não tem uma
estrutura linear;

mas a sincronia na pintura motiva bastante
o seu processo de pensamento.

[som da câmera do celular disparando]

Ok, nós temos que fazer de novo.

É muito raro ler algo profundo e
fundamental em cores.

Críticos modernos escrevem sobre
o conceito do que você consegue ver

ou o que está sendo abordado politica ou
socialmente;

mas, a discussão da pintura
no campo das cores nunca acontece.

O interessante é que, a cor é um elemento
na pintura que foi sempre discutido

desde o século 17-- na grande academia
de Paris ou em algum lugar assim --

como o elemento da pintura feminino, menos
estável e clara, e não tão inteligente,

Enquanto o conceito,
-- as linhas, os desenhos --

é a parte mais masculina, clara,
progressiva, e inteligente de uma arte.

Eu acho que eu estou lidando com essa
herança de uma maneira interessante,

porque a cor é uma característica tão
espacialmente importante no meu trabalho,

em relação ao mundo cristalizado,
edificado e materializado

que é parte do que eu faço
quando eu pinto em espaços.

Eu gosto desse potencial anárquico da cor.

Eu vejo claramente que a cor está tirando
as barreiras dos objetos.

Então não tem mais uma relação
entre o sujeito e objeto.

E eu acho que isso é talvez o que a cor
tem o potencial de nos fazer pensar.

[Galeria Johann König, Berlim, Alemanha]

É a primeira vez que eu estou apresentando
trabalhos em papel numa exposição.

Quando eu voltei do meu feriado anual
de surf, [RISOS]

eu comecei os trabalhos em papel
e continuei.

E eu achei muito
interessante

e eu podia desenvolver várias coisas
muito rápido.

Todas as ações diferentes
se juntam em uma superfície,

então é um pouco parecido com
a violência em filmes,

o que meio que acelera e
compressa o tempo.

Assim, diminuindo o processo de
pensamento e ação.

E também não há resistência
para trabalhar nesses formatos menores

diferente de grandes peças em que
a resistência do material é muito forte

que torna a pintura menos fluída e móvel.

O que eu estou fazendo com meu
trabalho é meio que pegar alguns desses

pensamentos rápidos
que rodam o meu cérebro,

e talvez a pintura é uma das formas de

tornar eles visíveis e compreensíveis
para mim mesma.