Uma droga poderia prevenir depressão e TEPT?
-
0:01 - 0:04Esta é uma enfermaria de tuberculose,
-
0:04 - 0:08e no momento em que esta foto
foi tirada, no final dos anos 1800, -
0:08 - 0:11uma em cada sete pessoas
-
0:11 - 0:12morria de tuberculose.
-
0:13 - 0:16Não tínhamos ideia
do que estava causando esta doença. -
0:16 - 0:18A hipótese era
-
0:18 - 0:21a de que a constituição das pessoas
as tornavam suscetíveis. -
0:22 - 0:24E era uma doença altamente romantizada.
-
0:24 - 0:27Foi também chamada de devastadora,
-
0:27 - 0:30e era a desordem dos poetas,
-
0:30 - 0:33artistas e intelectuais.
-
0:33 - 0:37E algumas pessoas realmente pensavam
que isso lhes dava maior sensibilidade -
0:37 - 0:39e concedia um gênio criativo.
-
0:41 - 0:43Na década de 1950,
-
0:43 - 0:45em vez disso, soubemos
que a tuberculose era causada -
0:45 - 0:49por uma infecção bacteriana
altamente contagiosa, -
0:49 - 0:51o que é um pouco menos romântico,
-
0:51 - 0:53mas que teve o lado positivo
-
0:53 - 0:57de podermos talvez desenvolver
medicamentos para tratá-la. -
0:57 - 1:00Assim, os médicos descobriram
uma nova droga, a iproniazida, -
1:00 - 1:03e ficaram otimistas achando
que ela poderia curar a tuberculose. -
1:03 - 1:07Eles deram o medicamento
aos pacientes, que ficavam exultantes. -
1:07 - 1:10Eles ficavam mais sociais e energéticos.
-
1:10 - 1:15Um relatório médico disse que ficavam
"dançando nos corredores". -
1:16 - 1:17E infelizmente,
-
1:17 - 1:20isso não era necessariamente
porque estavam melhorando. -
1:20 - 1:23Muitos ainda estavam morrendo.
-
1:24 - 1:30Outro relatório médico os descreve
como sendo "inapropriadamente felizes". -
1:31 - 1:35E é assim que o primeiro
antidepressivo foi descoberto. -
1:36 - 1:40Assim, descobertas acidentais
não são incomuns na ciência, -
1:40 - 1:43mas requerem mais
do que apenas um acidente feliz. -
1:43 - 1:47Você tem que ser capaz de reconhecê-lo
para que ocorra a descoberta. -
1:48 - 1:50Como neurocientista,
vou falar com vocês um pouco -
1:50 - 1:52sobre minha experiência em primeira mão
-
1:52 - 1:55com o que quiserem chamar
de o oposto de pura sorte; -
1:55 - 1:57vamos chamá-la de sorte grande.
-
1:57 - 2:00Mas primeiro, um pouco mais de história.
-
2:00 - 2:03Felizmente, desde a década de 1950,
-
2:03 - 2:07desenvolvemos algumas outras drogas
e agora podemos curar a tuberculose. -
2:07 - 2:11E, pelo menos nos Estados Unidos, embora
não necessariamente em outros países, -
2:11 - 2:12nós fechamos nossos sanatórios
-
2:12 - 2:16e, provavelmente, muitos de vocês
não estão muito preocupados com a TB. -
2:17 - 2:20Mas muito do que era verdade
no início dos anos 1900 -
2:20 - 2:21sobre doenças infecciosas,
-
2:21 - 2:24nós podemos dizer agora
sobre transtornos psiquiátricos. -
2:25 - 2:28Estamos no meio de uma epidemia
de transtornos de humor -
2:28 - 2:32como depressão e a desordem
de estresse pós-traumático, ou TEPT. -
2:32 - 2:36Um em cada quatro adultos
nos Estados Unidos -
2:36 - 2:38sofre de doença mental,
-
2:38 - 2:41o que significa que se você não
passou por isso pessoalmente, -
2:41 - 2:44ou alguém em sua família,
-
2:44 - 2:47ainda é muito provável que alguém
que você conheça tenha passado, -
2:47 - 2:49apesar de não falar sobre isso.
-
2:50 - 2:54A depressão já superou
-
2:54 - 2:58a AIDS, a malária,o diabetes e a guerra
-
2:58 - 3:02como a principal causa
de deficiência em todo o mundo. -
3:02 - 3:05E também, como a tuberculose
na década de 1950, -
3:05 - 3:07não sabemos o que causa isso.
-
3:07 - 3:09Uma vez desenvolvida, é crônica,
-
3:09 - 3:11dura uma vida
-
3:11 - 3:13e não há curas conhecidas.
-
3:15 - 3:17O segundo antidepressivo descobrimos,
-
3:17 - 3:19também por acidente, nos anos 50,
-
3:19 - 3:23a partir de um anti-histamínico
que deixava as pessoas maníacas: -
3:24 - 3:25a imipramina.
-
3:26 - 3:30E, tanto no caso da tuberculose
como no anti-histamínico, -
3:30 - 3:32alguém tinha que ser capaz de reconhecer
-
3:32 - 3:34que um medicamento que foi
criado com uma função, -
3:34 - 3:37tratar a tuberculose ou suprimir alergias,
-
3:37 - 3:39poderia ser usado para fazer
algo muito diferente: -
3:39 - 3:41tratar depressão.
-
3:41 - 3:44E esse tipo de reorientação
é realmente bastante desafiador. -
3:44 - 3:46Quando os médicos viram pela primeira vez
-
3:46 - 3:49este efeito de melhora
do humor da iproniazida, -
3:49 - 3:51na verdade, eles não
reconheceram o que viram. -
3:51 - 3:53Estavam tão acostumados a pensar
-
3:53 - 3:56que era um medicamento
contra a tuberculose -
3:56 - 3:58que eles apenas o listaram
-
3:58 - 4:00como um efeito secundário adverso.
-
4:00 - 4:02Como podem ver aqui,
-
4:02 - 4:06muitos desses pacientes em 1954
estão experimentando uma euforia severa. -
4:07 - 4:11E eles estavam preocupados que isso
poderia, de alguma forma, interferir -
4:11 - 4:13com a recuperação da tuberculose deles.
-
4:13 - 4:19Assim, eles recomendaram que a iproniazida
fosse usada somente em casos de TB extrema -
4:20 - 4:23e em pacientes que estavam
altamente estáveis emocionalmente, -
4:24 - 4:28o que é, naturalmente, exatamente
o oposto de seu uso como antidepressivo. -
4:28 - 4:33Eles estavam tão acostumados a vê-lo
do ponto de vista desta única doença, -
4:33 - 4:37que não podiam ver as implicações
maiores para outra doença. -
4:37 - 4:40E para ser justa,
não é inteiramente culpa deles. -
4:40 - 4:43Fixação funcional é um viés
que afeta a todos nós. -
4:43 - 4:46É uma tendência para apenas
ser capaz de pensar num objeto -
4:46 - 4:49em termos de seu uso
ou função tradicional. -
4:50 - 4:52E a definição mental é outra coisa. Certo?
-
4:52 - 4:55É uma espécie de estrutura preconcebida
com as quais abordamos problemas. -
4:55 - 4:59E isso torna o reaproveitamento
muito difícil para todos nós, -
4:59 - 5:02e foi por isso, eu acho, que deram
um programa de TV para o cara -
5:02 - 5:05que era ótimo em reaproveitamento.
-
5:05 - 5:07(Risos)
-
5:07 - 5:12Assim, os efeitos em ambos os casos
da iproniazida e da imipramina -
5:12 - 5:13eram muito fortes:
-
5:13 - 5:15havia mania, ou pessoas
dançando nos corredores. -
5:15 - 5:18Não é assim tão surpreendente
que eles foram pegos. -
5:18 - 5:22Mas isso faz você se perguntar
o que mais nós perdemos. -
5:23 - 5:25Assim iproniazida e imipramina
-
5:25 - 5:28são mais do que apenas
um estudo de caso em reorientação. -
5:28 - 5:31Elas têm outras duas coisas
em comum realmente importantes: -
5:31 - 5:33efeitos colaterais terríveis,
-
5:33 - 5:36e isso inclui toxicidade hepática,
-
5:36 - 5:39ganho de peso de mais de 22 quilos,
-
5:39 - 5:41tendência ao suicídio,
-
5:41 - 5:45e ambas aumentam os níveis de serotonina,
-
5:45 - 5:47que é um sinal químico no cérebro,
-
5:47 - 5:49ou um neurotransmissor.
-
5:49 - 5:51E essas duas coisas juntas,
-
5:51 - 5:54uma ou as duas, podem
não ter sido importantes, -
5:54 - 5:55mas as duas juntas significaram
-
5:55 - 5:58que tivemos de desenvolver
medicamentos mais seguros, -
5:58 - 6:01e que a serotonina parecia
um bom lugar para começar. -
6:02 - 6:06Assim nós desenvolvemos drogas para
focar mais especificamente a serotonina. -
6:06 - 6:09A serotonina seletiva reabastece
os inibidores, os ISRS's, -
6:09 - 6:12dos quais o mais famoso é o Prozac.
-
6:12 - 6:14E isso foi há 30 anos,
-
6:14 - 6:17e desde então temos apenas trabalhado
na otimização dessas drogas. -
6:18 - 6:21E os ISRS's são melhores
do que as drogas que vieram antes deles, -
6:21 - 6:23mas ainda têm muitos efeitos colaterais,
-
6:23 - 6:26incluindo ganho de peso, insônia,
-
6:26 - 6:28tendências suicidas,
-
6:28 - 6:30e demoram muito para agir,
-
6:30 - 6:33cerca de quatro a seis semanas
em muitos pacientes; -
6:33 - 6:35isso quando funciona com os pacientes.
-
6:35 - 6:38Elas não funcionam com muitos deles.
-
6:38 - 6:41E isso significa agora, em 2016,
-
6:42 - 6:45que ainda não temos curas
para quaisquer transtornos de humor, -
6:45 - 6:47apenas medicamentos
que suprimem os sintomas, -
6:47 - 6:51o mesmo que tomar
um analgésico para uma infecção -
6:52 - 6:53em vez de um antibiótico.
-
6:53 - 6:55Um analgésico vai fazer
você se sentir melhor, -
6:55 - 6:58mas não vai fazer nada
para tratar a doença subjacente. -
6:59 - 7:01E foi essa flexibilidade
em nosso pensamento -
7:01 - 7:04que nos fez reconhecer
que iproniazida e imipramina -
7:04 - 7:06poderiam ser reutilizadas desta forma,
-
7:06 - 7:08o que nos levou à hipótese da serotonina,
-
7:08 - 7:11na qual nós, ironicamente, nos fixamos.
-
7:12 - 7:15Isso é sinalização cerebral, serotonina,
-
7:15 - 7:16de um comercial de ISRS.
-
7:16 - 7:18Caso não esteja claro,
esta é uma dramatização. -
7:19 - 7:23E na ciência, tentamos
remover o nosso viés, -
7:23 - 7:25fazendo experimentos em dupla ocultação
-
7:25 - 7:29ou sendo estatisticamente agnósticos
quanto aos nossos resultados. -
7:29 - 7:33Mas o viés se arrasta mais insidiosamente
no que escolhemos para estudar -
7:33 - 7:35e como escolhemos estudar.
-
7:36 - 7:40Então, temos nos concentrado
na serotonina nos últimos 30 anos, -
7:40 - 7:42muitas vezes com exclusão
de outras coisas. -
7:43 - 7:45Ainda não temos curas,
-
7:45 - 7:49e se a serotonina não é tudo,
o que há para a depressão? -
7:49 - 7:51E se nem mesmo é a parte chave dela?
-
7:51 - 7:53Significa que não importa
quanto tempo ou dinheiro, -
7:53 - 7:56ou esforço coloquemos nela,
-
7:56 - 7:58isso nunca conduzirá a uma cura.
-
7:58 - 8:01Nos últimos anos, os médicos descobriram
-
8:01 - 8:06provavelmente o que é o primeiro
novo antidepressivo desde os ISRS: -
8:07 - 8:08Calypsol,
-
8:08 - 8:11e esta droga funciona muito rapidamente,
dentro de algumas horas ou um dia, -
8:11 - 8:13e não funciona na serotonina.
-
8:13 - 8:16Ela funciona no glutamato,
que é outro neurotransmissor. -
8:16 - 8:18E também é reutilizada.
-
8:18 - 8:21Foi tradicionalmente utilizada
como anestesia em cirurgia. -
8:22 - 8:23Mas ao contrário dessas outras drogas,
-
8:23 - 8:25que foram reconhecidas muito rapidamente,
-
8:25 - 8:27demorou 20 anos
-
8:27 - 8:29para se perceber que Calypsol
era um antidepressivo, -
8:29 - 8:32apesar de ser realmente
um antidepressivo melhor, -
8:32 - 8:34provavelmente, do que essas outras drogas.
-
8:34 - 8:38Provavelmente por ser
um antidepressivo melhor -
8:38 - 8:40que era mais difícil
para nós reconhecermos. -
8:40 - 8:43Não havia uma obsessão
para sinalizar seus efeitos. -
8:43 - 8:46Então em 2013,
na Universidade de Columbia, -
8:46 - 8:47estava trabalhando com minha colega,
-
8:47 - 8:49Dr. Christine Ann Denny,
-
8:49 - 8:53e estávamos estudando Calypsol
como antidepressivo em ratinhos. -
8:54 - 8:56E Calypsol tem uma semi-vida muito curta,
-
8:56 - 9:00o que significa que está fora do seu corpo
dentro de algumas horas. -
9:00 - 9:01Estávamos apenas testando-o.
-
9:01 - 9:03Aplicávamos uma injeção nos ratos,
-
9:03 - 9:05e depois esperávamos uma semana,
-
9:05 - 9:08e então conduzíamos outra
experiência para poupar dinheiro. -
9:08 - 9:11E num dos experimentos
que estávamos conduzindo, -
9:11 - 9:12estressávamos os ratos
-
9:12 - 9:14e usávamos isso como
um modelo de depressão. -
9:14 - 9:18E no início pareceu não funcionar.
-
9:18 - 9:20Assim, poderíamos ter parado lá.
-
9:20 - 9:22Mas eu executei esse modelo
de depressão por anos, -
9:22 - 9:26e os dados pareciam estranhos;
não pareciam corretos para mim. -
9:26 - 9:29Então nós os analisamos novamente
-
9:29 - 9:33baseadas no fato de eles terem
ou não recebido uma injeção de Calypsol -
9:33 - 9:35uma semana antes.
-
9:35 - 9:37E parecia um pouco com isto.
-
9:37 - 9:39Se olharem para a extrema esquerda,
-
9:39 - 9:42se colocarmos um rato em um novo espaço,
-
9:42 - 9:44esta é a caixa, muito excitante.
-
9:44 - 9:46O rato andará ao redor e explorará,
-
9:46 - 9:50e podemos ver que a linha rosa
é a medida deles andando. -
9:50 - 9:54E também demos a droga
a outro rato num copo -
9:54 - 9:56com o qual ele pode decidir interagir.
-
9:56 - 9:59Esta é também uma dramatização,
caso não esteja claro. -
10:01 - 10:04Um rato normal irá explorar, será social.
-
10:04 - 10:06Vejam o que está acontecendo.
-
10:06 - 10:09Se estressamos um rato
neste modelo de depressão, -
10:09 - 10:11que é a caixa do meio,
-
10:11 - 10:13ele não é social, não explora;
-
10:13 - 10:17ele principalmente tenta se esconder
no canto traseiro, atrás do copo. -
10:17 - 10:20No entanto, os ratos que tomaram
uma injeção de Calypsol, -
10:20 - 10:21aqui à direita,
-
10:22 - 10:25estavam explorando, eram sociais.
-
10:25 - 10:27Eles pareciam nunca
terem sido estressados, -
10:28 - 10:30o que é impossível.
-
10:30 - 10:32Então, poderíamos ter parado ali.
-
10:33 - 10:37Mas Christine também tinha usado
Calypsol antes como anestesia, -
10:37 - 10:40e há alguns anos ela percebeu
que parecia ter havido -
10:40 - 10:42efeitos estranhos nas células,
e algum outro comportamento -
10:42 - 10:45que pareciam durar muito tempo
depois da administração da droga, -
10:45 - 10:47talvez algumas semanas.
-
10:47 - 10:50Então, pensamos: "Talvez não seja
completamente impossível", -
10:50 - 10:52mas ficamos realmente céticas.
-
10:52 - 10:55Então fizemos o que se faz
na ciência, caso haja incerteza: -
10:55 - 10:56refizemos o teste.
-
10:56 - 11:00E me lembro de estar no laboratório,
-
11:00 - 11:03movendo os ratos de uma caixa
para outra para testá-los, -
11:03 - 11:07e Christine estava sentada no chão
com o computador no colo -
11:07 - 11:10então o rato não podia vê-la,
e ela analisava os dados em tempo real. -
11:10 - 11:12E me lembro de nós gritando,
-
11:12 - 11:15o que não se deve fazer
num laboratório durante um teste, -
11:15 - 11:17porque tinha funcionado.
-
11:17 - 11:21Esses ratos pareciam protegidos
contra o estresse, -
11:21 - 11:24ou que estavam "inadequadamente" felizes.
-
11:25 - 11:27E ficamos muito animadas.
-
11:28 - 11:31Então ficamos realmente céticas,
porque era bom demais para ser verdade. -
11:32 - 11:34Então fizemos o teste de novo
-
11:34 - 11:36em um modelo de TEPT,
-
11:36 - 11:39e novamente num modelo fisiológico,
-
11:39 - 11:41no qual demos hormônios
de estresse a eles. -
11:41 - 11:43E nossos alunos fizeram isso,
-
11:43 - 11:47e depois nossos colaboradores
na França executaram o teste. -
11:48 - 11:51E sempre que executavam o teste,
confirmavam a mesma coisa: -
11:51 - 11:54parecia que aquela injeção de Calypsol
-
11:54 - 11:57estava de alguma forma protegendo
contra o estresse por semanas. -
11:57 - 11:59E só publicamos isso há um ano,
-
11:59 - 12:03mas desde então outros laboratórios
confirmaram este efeito independentemente. -
12:04 - 12:06Portanto, não sabemos
o que causa depressão, -
12:06 - 12:12mas sabemos que o estresse
é o gatilho inicial em 80% dos casos. -
12:13 - 12:17Depressão e TEPT são doenças diferentes,
mas isso é algo que elas compartilham. -
12:17 - 12:21É estresse traumático, como
combate ativo ou desastres naturais -
12:22 - 12:24ou violência em comunidades
ou agressão sexual -
12:24 - 12:26que causam o transtorno
de estresse pós-traumático, -
12:27 - 12:33e nem todos expostos ao estresse
desenvolvem distúrbio de humor. -
12:33 - 12:36E essa capacidade de sofrer
estresse e ser resiliente, -
12:36 - 12:40se recuperar e não desenvolver
depressão ou TEPT -
12:40 - 12:45é conhecida como resiliência ao estresse,
e isso varia entre as pessoas. -
12:45 - 12:48E sempre pensamos nisso como apenas
uma espécie de propriedade passiva. -
12:48 - 12:53É a ausência de fatores de suscetibilidade
e de risco para esses distúrbios. -
12:54 - 12:56Mas e se esses fatores fossem ativos?
-
12:56 - 13:00Talvez pudéssemos melhorar a droga,
como se colocássemos uma armadura. -
13:01 - 13:06Descobrimos acidentalmente a primeira
droga que melhora a resiliência. -
13:07 - 13:10E como eu disse, apenas demos
uma pequena quantidade da droga, -
13:10 - 13:11e ela durou por semanas,
-
13:11 - 13:14algo jamais visto com antidepressivos.
-
13:14 - 13:19Mas é um pouco similar
ao que se vê em vacinas. -
13:19 - 13:22Assim, com vacinas tomamos uma dose,
-
13:22 - 13:26e semanas, meses, anos depois,
-
13:26 - 13:28quando somos expostos à bactéria,
-
13:28 - 13:30não será a vacina no nosso corpo
que nos protegerá. -
13:30 - 13:32O nosso próprio sistema imunológico
-
13:32 - 13:36desenvolveu resistência e resiliência
a esta bactéria que ele combate, -
13:36 - 13:38e nunca teremos a infecção,
-
13:38 - 13:41o que é muito diferente
de nossos tratamentos. -
13:41 - 13:45Nesse caso, pegamos a infecção,
estamos expostos à bactéria, -
13:45 - 13:49ficamos doentes, tomamos
um antibiótico que cura isso, -
13:49 - 13:52e essas drogas estão trabalhando
para matar a bactéria. -
13:53 - 13:55Ou, como eu disse antes
com este paliativo, -
13:55 - 13:58tomamos algo que irá suprimir os sintomas,
-
13:58 - 14:01mas não vai tratar a infecção subjacente,
-
14:01 - 14:04e só nos sentiremos melhores
no período em que nos medicarmos, -
14:04 - 14:07e por isso precisamos continuar
tomando o medicamento. -
14:07 - 14:09E na depressão e TEPT,
-
14:09 - 14:11aqui temos sua exposição ao estresse,
-
14:11 - 14:14só temos cuidados paliativos.
-
14:14 - 14:16Os antidepressivos
apenas suprimem sintomas, -
14:16 - 14:19por isso você precisa
continuar tomando o medicamento -
14:19 - 14:21durante toda a duração da doença,
-
14:21 - 14:24o que significa, muitas vezes,
durante toda a sua vida. -
14:24 - 14:27Assim, chamamos nossas drogas
reforçadoras de resiliência -
14:27 - 14:28de "paravacinas",
-
14:28 - 14:30semelhantes a uma vacina,
-
14:30 - 14:32porque parece que elas podem
ter o potencial -
14:32 - 14:34de proteger contra o stress
-
14:34 - 14:38e evitar que "ratos" desenvolvam
-
14:38 - 14:40depressão e estresse pós-traumático.
-
14:41 - 14:44Além disso, nem todos os antidepressivos
são também paravacinas. -
14:45 - 14:48Tentamos Prozac também,
e não teve nenhum efeito. -
14:49 - 14:52Então, se estivéssemos falando
sobre seres humanos, -
14:52 - 14:56poderíamos proteger as pessoas
que estão previsivelmente em risco -
14:57 - 15:01contra distúrbios induzidos pelo estresse
como a depressão e o TEPT. -
15:01 - 15:04Então, socorristas e bombeiros,
-
15:04 - 15:08refugiados, prisioneiros
e guardas prisionais, -
15:08 - 15:10soldados, todos eles.
-
15:11 - 15:15E para dar a vocês uma noção
da escala dessas doenças, -
15:16 - 15:19em 2010, o ônus global de doenças
-
15:19 - 15:23foi estimado em US$ 2,5 trilhões,
-
15:23 - 15:25e uma vez que são crônicas,
-
15:25 - 15:28esse custo está aumentando
e espera-se que alcance -
15:28 - 15:31US$ 6 trilhões em apenas 15 anos.
-
15:32 - 15:34Como mencionei antes,
-
15:34 - 15:38a reorientação pode ser um desafio devido
aos nossos preconceitos anteriores. -
15:39 - 15:41Calypsol tem outro nome:
-
15:41 - 15:42Cetamina,
-
15:43 - 15:46que também passa por outro nome:
-
15:46 - 15:47Special K,
-
15:47 - 15:50que é uma droga de clubes e de abuso.
-
15:51 - 15:54Ainda é usada em todo o mundo
como anestésico. -
15:54 - 15:57É usada em crianças e no campo de batalha.
-
15:57 - 16:00É a droga escolhida em muitos
países em desenvolvimento, -
16:00 - 16:02porque não afeta a respiração.
-
16:02 - 16:06Está na lista da Organização Mundial
de Saúde dos medicamentos mais essenciais. -
16:07 - 16:10Se tivéssemos descoberto a cetamina
como uma paravacina em primeiro lugar, -
16:11 - 16:14teria sido muito fácil
para nós desenvolvê-la, -
16:14 - 16:18mas sendo assim, temos que competir
com nossa fixidez funcional -
16:18 - 16:20e definição mental que podem interferir.
-
16:22 - 16:26Felizmente, não é o único
composto que descobrimos -
16:26 - 16:29que tem essas qualidades
profiláticas de paravacina, -
16:30 - 16:32mas todas as outras drogas
que descobrimos, -
16:33 - 16:35ou compostos, são totalmente novos.
-
16:35 - 16:39Elas têm que passar pelo processo
de aprovação do FDA -
16:39 - 16:42se quisermos usá-las
alguma vez em seres humanos. -
16:42 - 16:44E isso levará anos.
-
16:44 - 16:46Portanto, se queremos algo mais cedo,
-
16:46 - 16:49a cetamina já é aprovada pelo FDA.
-
16:49 - 16:51É genérica, está disponível.
-
16:51 - 16:55Poderíamos desenvolvê-la por uma fração
do preço e uma fração do tempo. -
16:56 - 17:01Mas, na verdade, além da fixidez
funcional e da definição mental, -
17:01 - 17:04há um outro desafio real
para o reaproveitamento de drogas, -
17:04 - 17:06que é a política.
-
17:06 - 17:08Não existem incentivos,
-
17:08 - 17:12uma vez que a droga é genérica
e não mais exclusiva, -
17:12 - 17:15que favoreçam laboratórios
farmacêuticos a desenvolvê-las, -
17:15 - 17:16porque elas não geram lucros.
-
17:16 - 17:19E isso não é verdade
apenas para a cetamina. -
17:19 - 17:21Isso é verdade para todas as drogas.
-
17:21 - 17:26Independentemente disso, a ideia
é completamente nova em psiquiatria, -
17:26 - 17:30de usar drogas para prevenir
doenças mentais -
17:30 - 17:32em vez de apenas tratá-la.
-
17:33 - 17:38É possível que daqui a 20, 50, 100 anos,
-
17:38 - 17:42vamos olhar para trás
para a depressão e TEPT -
17:42 - 17:45do modo como olhamos para trás
para sanatórios de tuberculose, -
17:45 - 17:47como uma coisa do passado.
-
17:47 - 17:52Este poderia ser o começo do fim
da epidemia de saúde mental. -
17:53 - 17:57Mas, como disse um grande cientista:
-
17:58 - 18:03"Só um tolo tem certeza de qualquer coisa.
Um homem sábio continua se perguntando". -
18:03 - 18:04MacGyver.
-
18:04 - 18:05(Risos)
-
18:05 - 18:06Obrigada.
-
18:06 - 18:08(Aplausos)
- Title:
- Uma droga poderia prevenir depressão e TEPT?
- Speaker:
- Rebecca Brachman
- Description:
-
O caminho para uma melhor medicina é pavimentada com descobertas acidentais ainda revolucionárias. Neste conto bem contado sobre como a ciência acontece, a neurocientista Rebecca Brachman compartilha notícias de um tratamento inovador que pode impedir que transtornos mentais como depressão e TEPT jamais se desenvolvam. E aguarde uma inesperada - e polêmica - reviravolta.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:23
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Could a drug prevent depression and PTSD? | ||
Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for Could a drug prevent depression and PTSD? | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Could a drug prevent depression and PTSD? | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Could a drug prevent depression and PTSD? | ||
Maricene Crus accepted Portuguese, Brazilian subtitles for Could a drug prevent depression and PTSD? | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Could a drug prevent depression and PTSD? | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Could a drug prevent depression and PTSD? | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Could a drug prevent depression and PTSD? |