Porque é que a Inteligência Artificial vai democratizar a medicina? | Nacho Hernández Medrano | TEDxMadrid

As informações médicas estão a crescer rapidamente e os médicos já não têm tempo para se manterem atualizados. A Inteligência Artificial permitirá que a tecnologia dos "big data" ajude os médicos de todo o mundo a conseguir os melhores conhecimentos médicos possíveis para cada doente, estejam onde estiverem.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

Se alguma vez, perante uma doença,
pensaram na ideia do sábio de bata branca

que é sempre impecavelmente em dia

em todos os diagnósticos
e em todos os tratamentos,

gostava de vos convidar
a vê-lo de forma mais crítica.

Por um lado, a população
envelhece cada vez mais

e, por isso, temos cada vez
mais doentes.

Por outro lado, a tecnologia
cresce de forma exponencial,

pelo que estamos a gerar uma espécie
de inflação da ciência

porque produzimos mais conhecimentos
do que os que podemos absorver.

As informações médicas
duplicam-se, de cinco em cinco anos.

Hoje sabemos que os médicos
têm entre 4 a 6 dúvidas por semana

e isso, em saúde, é muito.

Ao contrário de épocas passadas

hoje não temos tempo para
nos mantermos atualizados.

Este é um novo problema
que estamos a enfrentar.

Isto significa que, quando
vão a uma consulta,

a atenção que vão receber
depende da sorte.

O vosso destino está nas mãos
do profissional que vos atende

que pode estar ou não em dia
com o vosso problema concreto.

A este fenómeno tão incómodo em medicina
chamamos "variabilidade".

Asseguro-vos que, enquanto doentes,

este é o vosso pior inimigo.

Agora, uma boa notícia.

Felizmente, todos os dias,
os especialistas

anotam nas suas histórias clínicas
uma grande quantidade de informações

que são o reflexo da sua forma de pensar

quando enfrentam os problemas dos doentes

em condições reais de incerteza.

É como o molho secreto
do raciocínio médico.

Uma informação muito valiosa
que não vem nos livros.

Por isso, um engenheiro,
um financeiro e um médico

começámos a pensar se não seria útil

reutilizar essas informações
que já ali estão

para resolver o problema
da desinformação.

Se podíamos fazer uma coisa semelhante

ao que a jurisprudência faz
no mundo do Direito:

utilizar o que se aprendeu
em casos anteriores

para enfrentar casos presentes
em tempo real.

Gerar um sistema de apoio
à decisão médica,

com base na experiência coletiva anterior

que consiga aumentar
a capacidade do espírito humano

— que continua a ser necessária —

com o poder da informática.

A sorte é que, hoje,

já dispomos das tecnologias
necessárias para o fazer.

Temos histórias clínicas digitais

— temos dito adeus ao papel —
que são compatíveis entre si.

Temos potentes motores de busca,

e temos a tecnologia de interpretação
da linguagem natural:

a Inteligência Artificial.

De modo que, combinando-as,

em breve, qualquer clínico,
em qualquer consultório,

por mais longe que esteja,

vai poder experimentar
uma coisa semelhante

a entrar numa casa

onde estiveram os melhores especialistas
em qualquer matéria médica

e poder perguntar-lhes
a sua opinião coletiva

sobre um problema específico.

Muito em breve será uma rotina
os médicos consultem com a IA.

Porque, para isso, não necessitamos
de computadores perfeitos,

só precisamos de computadores
suficientemente bons

para diminuirmos os erros
que praticamos hoje.

Nada mais.

Isto não é apenas uma ideia,

não é apenas um projeto.

O que vos estou a contar é uma realidade.

Estamos já a desenvolver um algoritmo

que vai tornar isso possível, em breve,

e contamos com o apoio entusiasta

de várias comunidades autónomas

porque, em muito pouco tempo,
os doentes vão ser beneficiados.

O que vos quero transmitir

é que a nossa paixão é conseguir
que todos os doentes,

estejam onde estiverem,
sejam quem sejam,

tenham acesso ao melhor
conhecimento médico possível.

Quero que fiquem com a ideia
de que isto não é um pequeno passo,

isto é uma proeza revolucionária
na democratização da situação clínica

que vai mudar por completo o modo
como entendemos a medicina.

Obrigado.

(Aplausos)