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[música dedilhada]
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Jeff Wall: Estou sempre
buscando aquela foto.
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É o que eu faço.
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Estou sempre buscando aquela
foto.
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Alguns chamam isso de assunto.
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Eu apenas chamo de ponto de partida.
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São a mesma coisa.
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Alguma coisa aparece.
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Por exemplo, fora dessa construção, em
2001, eu saí pela porta, e 3 ou 4 pessoas
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carregando suas malas e mochilas
foram atropeladas.
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Se eu tivesse uma câmera,
teria fotografado,
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mas não é assim que faço as coisas.
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Então, eu sabia que precisava fazer
uma reconstrução do evento,
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e eu andei duas quadras até onde
fica o viaduto, logo aqui,
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vi a estrada íngreme e o céu, e pensei,
"vou fazer aqui".
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E não fazia ideia do quanto eu queria
fazer isso até ver aquilo acontecer, então
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foi por acaso.
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O acaso me conecta a algo que
eu não estava conectado antes.
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Pode ser por ver uma imagem, por exemplo,
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quando fiz "The Sudden Gust of Wind" e
vi essa pintura do Hokusai em um art book.
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Imediatamente me sugeriu que
poderia ser refeita.
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Sabe, eu preciso esperar que as
coisas aconteçam,
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e quando ocorrem, eu tenho que criar algo.
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Suponha que alguém tem uma caixa de
leite, fez um gesto errado e tudo
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saiu jorrando para fora.
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Poderia facilmente acontecer.
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todos já derramaram leite, mas achei um
jeito de tornar isso bem mais fascinante que
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um derramado qualquer.
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[dedilhado eletrônico suave]
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Eu conheço a cidade desde que nasci.
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Vivi aqui a maior parte da vida, e acho que
quando você é de um lugar, ou você gosta
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ou odeia ele.
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Você conhece muito.
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Passou por muita coisa, então tenho
sentimentos mistos sobre Vancouver,
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e sinto que quando estou trabalhando aqui,
trabalho nesses sentimentos...
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e nunca sei dizer ao certo quem
está à frente a cada momento.
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E eu gostaria de pensar que de algum
modo as fotos que fiz têm isso nelas.
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Ainda não sei ao certo por que não
sou pintor.
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Eu parei de pintar por volta de 1964
quando eu tinha uns 19 ou 20 anos,
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no meio dos anos 60, era apenas o começo
daquela explosão de todo tipo de
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formas novas e alternativas de arte,
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coisas como arte conceitual, e por quaisquer razões,
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Vancouver era um lugar muito
antenado naquela época.
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Então acabei me esquivando, sabe,
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de virar um pintor com um estúdio,
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o que eu tinha aos 15 anos,
para tentar outras coisas.
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Pareceu pra mim que quando eu levei
a sério a fotografia havia
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energias potencias no meio que não
estavam sendo bem aproveitadas.
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Tinha a ver com a escala da foto,
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e parecia pra mim que não haviam razões técnicas
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para que a fotografia não crescesse mais.
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[barulho de máquina]
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Fotógrafos tem uma linda, molecular,
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granular superfície que tanto se mostra
como se esconde na imagem que cria,
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Então há qualidades que são reveladas na
fotografia quando ela se expande.
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[conversa ininteligível]
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Depois de ver alguns anúncios com
iluminação de fundo, pensei,
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"Okay.
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Vou tentar 'à luz de fundo'.
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É até que interessante.
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Tem um tipo de luminosidade bem diferente."
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Então eu comecei a usá-la, e funcionou.
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Ela criou um objeto, e o objeto estava
meio que, sabe, empático.
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Não tem regras reais sobre
-- para mim ao menos --
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como devo proceder, então às vezes,
eu faço réplicas...
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Mas quando se começa a construir uma réplica,
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pode ficar bem empolgante e tecnicamente
interessante e bem inspirador artisticamente
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de criar aquela coisa.
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[Jeff Wall] Para onde está olhando?
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— Minha mão, meu dedão.
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[Jeff Wall] Olhe para o rosto do Andrew.
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Agora.
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Sim, isso aí.
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Desse jeito.
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É, está bom.
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Segura.
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Vai.
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Pare.
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Vai.
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Pare.
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Nada nas minhas fotos é falso.
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Tudo que você vê está de fato acontecendo.
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— Ação.
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[Cliques de câmera e flash]
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Ficou boa.
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[Cliques de câmera, estouros de flash]
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Bom.
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Não há realmente diferença entre capturar um
gesto por acidente ou capturá-lo
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por design,
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Então não é possível haver falsidade na fotografia, não mesmo.
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Não acho que é fácil praticar
qualquer forma de arte muito bem,
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Então não há razões para a fotografia ser fácil.
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É fácil clicar no obturador.
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[música acústica]
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Imagens não narram,
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elas apenas implicam uma narrativa,
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[música eletrônica suave]