É o fim do mundo tal como o conhecemos (e eu acho ótimo) | Daniel Gilbert | TEDxAcademy
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0:17 - 0:20Obrigado por terem vindo.
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0:20 - 0:23Em 1896, foi fundada
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0:23 - 0:27a Sociedade Londrina para a Prevenção
da Sepultura Prematura. -
0:28 - 0:30Formou-se especificamente
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0:31 - 0:33"para impedir a sepultura
prematura em geral", -
0:33 - 0:36mas especificamente, dos seus membros.
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0:37 - 0:41No século XIX, em Londres,
os médicos nem sempre tinham a tecnologia -
0:41 - 0:45de distinguir entre pessoas
que estavam quase mortas -
0:45 - 0:48e pessoas que estavam mesmo mortas.
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0:48 - 0:52Em consequência, a sepultura
prematura era um problema, -
0:52 - 0:55mas não era um grande problema.
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0:55 - 0:59Na verdade, a possibilidade de ser
sepultado vivo, em Londres, em 1896, -
0:59 - 1:05era quase a mesma da possibilidade
de ser sepultado vivo em Atenas, em 2014, -
1:05 - 1:09ou seja, praticamente zero.
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1:09 - 1:13Isso não impedia que os londrinos
se preocupassem. -
1:13 - 1:16Escreviam editoriais,
formavam sociedades, -
1:16 - 1:18pressionavam os legisladores
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1:18 - 1:21para aprovarem legislação
extremamente dispendiosa -
1:21 - 1:26para impedir o horror
duma sepultura prematura. -
1:27 - 1:30Porque, basicamente,
nunca tinha acontecido. -
1:31 - 1:36Porque é que, por vezes, tratamos
pequenas ameaças como se fossem grandes -
1:36 - 1:39e grandes ameaças
como se fossem muito pequenas? -
1:40 - 1:43Essa é a pergunta a que hoje
quero responder. -
1:43 - 1:45A resposta é muito simples.
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1:45 - 1:50O cérebro humano não é
um computador para todo o serviço -
1:50 - 1:54que determina racionalmente
como deve reagir a ameaças, -
1:54 - 1:57avaliando a probabilidade
de elas poderem ocorrer -
1:57 - 2:00e a dimensão das suas consequências.
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2:00 - 2:04O cérebro humano é uma máquina
muito especializada, -
2:05 - 2:09um computador que evoluiu para resolver
um conjunto muito especial de problemas, -
2:09 - 2:12que eram problemas
para um número muito pequeno -
2:12 - 2:15de caçadores-recoletores
que viviam nas planícies -
2:15 - 2:19de África há 200 000 anos.
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2:19 - 2:22Quando as ameaças que enfrentamos
são parecidas com as ameaças -
2:22 - 2:26que os nossos antepassados enfrentavam,
reagimos rapidamente, -
2:26 - 2:29com grande força,
com grande determinação. -
2:29 - 2:33Quando não são,
é-nos muito difícil reagir. -
2:33 - 2:36Vejamos dois exemplos,
duas ameaças que enfrentamos hoje. -
2:36 - 2:39O terrorismo e o aquecimento global.
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2:39 - 2:42O terrorismo é uma ameaça,
é uma ameaça muito real. -
2:42 - 2:46Ameaça o tecido
duma sociedade civil pacífica, -
2:46 - 2:51ameaça a nossa paz de espírito
e ameaça a vida humana. -
2:51 - 2:56Por vezes, de dezenas de pessoas,
por vezes, de centenas ou milhares. -
2:57 - 3:00Mas, por maior que seja
a nossa imaginação, -
3:00 - 3:03não ameaça toda a vida no planeta.
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3:03 - 3:06O aquecimento global é que sim.
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3:06 - 3:10No entanto, gastaremos milhares
de milhões de dólares, este ano, -
3:10 - 3:15para impedir a sepultura
prematura do terrorismo. -
3:15 - 3:19Mas nem sequer conseguimos
que os países industrializados da Terra -
3:19 - 3:23se reunissem para analisar
a possibilidade de chegar a acordo -
3:23 - 3:29sobre as provisões totalmente inadequadas
para impedir o aquecimento do planeta. -
3:29 - 3:33O aquecimento do planeta
é um problema real. -
3:34 - 3:37Os cientistas modernos parecem
profetas bíblicos. -
3:37 - 3:40Dizem-nos que, nos próximos 50 anos,
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3:40 - 3:43podemos esperar a inundação
de importantes cidades. -
3:43 - 3:46Alguns países vão ficar debaixo de água.
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3:46 - 3:49Podemos esperar que locais secos
fiquem mais secos -
3:49 - 3:52e que os refugiados desses locais
que serão demasiado húmidos -
3:52 - 3:54ou demasiado secos para viver
não terão para onde ir. -
3:54 - 3:58Podemos esperar que a água do oceano
aqueça e crie mais furacões -
3:58 - 4:01que devastarão as cidades costeiras.
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4:01 - 4:04Podemos esperar que haja
mais incêndios florestais -
4:04 - 4:07porque as florestas estarão
demasiado secas para resistir ao fogo. -
4:07 - 4:09Podemos esperar fome.
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4:09 - 4:12O mundo subdesenvolvido
reduzirá a sua produção agrícola, -
4:12 - 4:15entre 10 a 25%,
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4:15 - 4:18são países que já não conseguem
alimentar os seus cidadãos. -
4:18 - 4:23Podemos esperar doenças, quando
os insetos avancem de sul para norte, -
4:23 - 4:25levando a malária
e o vírus do Nilo Ocidental -
4:25 - 4:29para locais que nunca ouviram
falar dessas doenças. -
4:29 - 4:33Isto parece o Antigo Testamento:
sangue, úlceras e rãs, -
4:33 - 4:35as pragas do Egito.
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4:35 - 4:38Mas elas vão surgir
e vão surgir para todos nós. -
4:39 - 4:44Porque é que não fazemos
nada quanto a isso? -
4:44 - 4:47A resposta é que o nosso cérebro evoluiu
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4:47 - 4:51para reagir a ameaças
que têm quatro características essenciais. -
4:51 - 4:54Quando uma ameaça tem
essas características, reagimos. -
4:55 - 4:58Na falta dessas características,
temos dificuldade em nos preocuparmos. -
4:59 - 5:02Reagimos a ameaças
que são intencionais, imorais, -
5:02 - 5:05iminentes e instantâneas.
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5:05 - 5:09Vou falar-vos da psicologia
de cada uma destas quatro coisas. -
5:09 - 5:11Comecemos pelo "intencional".
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5:12 - 5:16Nem todos aqui sabem, julgo eu,
que o cérebro humano tem partes diferentes -
5:16 - 5:19e cada uma das partes
faz uma coisa levemente diferente. -
5:19 - 5:25O cérebro humano dedica regiões especiais
a funções extremamente importantes. -
5:25 - 5:29Aqui atrás é onde se situa a visão.
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5:29 - 5:32Aqui é onde está situada a linguagem.
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5:32 - 5:37Ver e falar são extremamente
importantes para a nossa sobrevivência. -
5:37 - 5:40O cérebro tem áreas especiais
que fazem essas tarefas. -
5:40 - 5:44Não há nenhuma área para o ténis,
não há nenhuma área para as compras. -
5:44 - 5:48Essas coisas não são importantes
para a sobrevivência da nossa espécie -
5:48 - 5:51e o cérebro não tem uma área
especial para as fazermos. -
5:51 - 5:54Adivinhem o que descobrimos
nos últimos 15 anos. -
5:54 - 5:57O cérebro tem uma rede especializada
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5:57 - 6:02dedicada a compreender
as mentes dos outros seres humanos, -
6:02 - 6:07uma rede especial que está dedicada
apenas à compreensão dos pensamentos, -
6:07 - 6:10dos sentimentos, das intenções,
dos planos, das ambições -
6:10 - 6:13dos outros seres humanos.
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6:13 - 6:17Mais ainda, esta rede nunca se desliga.
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6:17 - 6:20Está permanentemente a funcionar.
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6:20 - 6:25É por isso que o nosso cérebro
é obcecado com tudo o que é humano. -
6:26 - 6:30Reparem nestas duas imagens
em que não vemos nenhum padrão. -
6:30 - 6:33Mas se eu as virar ao contrário,
todos vemos imediatamente -
6:34 - 6:38uma cara nas nuvens
e Jesus numa tortilha! -
6:38 - 6:39(Risos)
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6:39 - 6:42Não tivemos de nos esforçar
para ver estes padrões -
6:43 - 6:47porque esta rede especial
está sempre à procura de padrões -
6:47 - 6:51da ação humana e da inteligência
humana, na natureza. -
6:51 - 6:54É por isso que, quando ponho
uns pontos no ecrã -
6:54 - 6:56e os movimento de certa forma,
-
6:56 - 6:58vemos imediatamente
um homem a correr na nossa direção -
6:58 - 7:00e depois uma mulher
a correr na nossa direção. -
7:00 - 7:03Olhamos para o céu,
vemos Hércules e Zeus. -
7:03 - 7:06Quando alucinamos,
o que é que ouvimos? -
7:06 - 7:10Vozes humanas, não são apitos
de comboio, nem despertadores. -
7:10 - 7:13Ouvimos pessoas a falar.
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7:14 - 7:17A nossa obsessão
com as intenções humanas -
7:17 - 7:19é a razão por que nos preocupamos tanto
-
7:19 - 7:23com pessoas que escondem bombas
na roupa interior. -
7:23 - 7:26O total anual de mortes
das bombas na roupa interior, -
7:26 - 7:28já agora, é zero.
-
7:28 - 7:29(Risos)
-
7:29 - 7:34E ninguém aqui se preocupa
muito com a gripe. -
7:34 - 7:39O total de mortes por este vírus
é de 300 000 pessoas por ano. -
7:40 - 7:42É um número muito grande.
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7:42 - 7:47Muitos pais preocupam-se mais
que apareça um estranho -
7:47 - 7:49e rapte o seu filho
-
7:49 - 7:52do que com que o seu filho
coma demasiadas batatas fritas. -
7:52 - 7:56Mas o rapto de crianças por estranhos
é um acontecimento extremamente raro -
7:56 - 8:02e a obesidade devida a maus alimentos
não é rara e cada vez é menos rara. -
8:02 - 8:05Não é preciso procurar muito longe
exemplos destes. -
8:05 - 8:11Penso que em Atenas, tal como nos EUA,
todos os dias há notícias sobre um avião -
8:11 - 8:17que, por misteriosas razões, parece
ter desaparecido e matado 200 pessoas. -
8:17 - 8:21Ouvi falar desse avião duas vezes por dia,
todos os dias, durante meses, -
8:21 - 8:24e ainda oiço falar dele
uma vez por semana. -
8:24 - 8:27No entanto, muitos de nós
parece não ter visto um outro artigo -
8:27 - 8:29publicado na mesma altura,
-
8:29 - 8:32de que a poluição matou sete milhões
de pessoas em 2012. -
8:32 - 8:34Isso é um holocausto.
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8:34 - 8:37Pois, mas voltemos ao caso do avião,
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8:38 - 8:42porque o avião tem a ver
com as intenções das pessoas -
8:42 - 8:44e a poluição nem por isso.
-
8:45 - 8:47Vemos a mesma coisa
nas experiências de laboratório. -
8:47 - 8:50Levamos sujeitos para o laboratório
-
8:50 - 8:52e pomo-los a jogar
jogos económicos. -
8:52 - 8:54Sabem que mais?
-
8:54 - 8:58Eles ficam irritados
se outro jogador faz batota, -
8:58 - 9:02mas não se importam se a batota
for feita por um computador. -
9:02 - 9:06Se dermos um choque elétrico a uma pessoa
num laboratório de psicologia, -
9:06 - 9:09ela diz que doeu mais,
se for uma pessoa a dar-lhe o choque -
9:09 - 9:12do que se for uma máquina
a dar-lhe o choque. -
9:12 - 9:15Se um avião embater num edifício
-
9:16 - 9:18porque foi atingido por um raio,
-
9:18 - 9:22ninguém nesta sala se lembrará
da data em que isso aconteceu. -
9:22 - 9:25Mas, para todos os norte-americanos
e para muitos europeus, -
9:25 - 9:30isto é uma fotografia icónica
que nos faz dizer "11 de setembro". -
9:32 - 9:37O aquecimento global não está
a tentar matar-nos, e isso é muito mau -
9:37 - 9:40porque, se o aquecimento global
fosse uma conspiração -
9:40 - 9:43de um homem malévolo
com um feio bigode, -
9:44 - 9:48teríamos organizações
como a CIA e a NSA -
9:49 - 9:53empenhadas em acabar
com o aquecimento global amanhã. -
9:55 - 9:58Número dois. Ameaças a que reagimos
-
9:58 - 10:01são ameaças que têm
uma componente moral. -
10:02 - 10:03Os seres humanos são animais sociais.
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10:03 - 10:06Preocupamo-nos muito
com as mentes dos outros. -
10:06 - 10:08Mas também somos animais morais.
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10:08 - 10:11Na verdade, o único animal
que se preocupa profundamente -
10:11 - 10:16com o bom e o mau,
o certo e o errado, o bem e o mal. -
10:17 - 10:20Mas gostava que reparassem
numa coisa muito interessante -
10:20 - 10:23sobre as nossas regras morais
e na sua violação. -
10:23 - 10:25Vou contar-vos uma história
que, segundo penso, -
10:25 - 10:28vai violar as regras morais
de toda a gente. -
10:28 - 10:31Julie e Mark são irmão e irmã.
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10:31 - 10:35Viajam juntos em França
numas férias de verão da faculdade. -
10:35 - 10:39Uma noite, estão os dois sozinhos
numa cabana perto da praia. -
10:39 - 10:45Resolvem que seria interessante
e divertido se tentassem fazer amor. -
10:46 - 10:50Pelo menos, seria uma experiência
nova para cada um. -
10:50 - 10:53Julie já andava a tomar
pílulas de controlo de gravidez -
10:53 - 10:56mas Mark usou um preservativo,
à cautela. -
10:56 - 11:00Ambos gostaram de fazer amor
mas decidiram não voltar a fazê-lo. -
11:00 - 11:03Mantiveram aquela noite
em segredo absoluto -
11:03 - 11:06o que os torna ainda mais
próximos um do outro. -
11:06 - 11:08Agora, uma pergunta.
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11:08 - 11:11O que é que pensam disto?
Foi certo eles terem feito amor? -
11:12 - 11:15Esta pergunta foi feita
a milhares de pessoas -
11:15 - 11:18e, até agora, ninguém disse: "Foi".
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11:18 - 11:23Toda a gente acha que foi errado
eles terem feito amor. -
11:23 - 11:26Depois, perguntamos-lhes porquê.
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11:26 - 11:28Aparecem todo o tipo de respostas.
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11:28 - 11:31"Bolas, se um irmão e irmã
têm relações sexuais, -
11:31 - 11:33"vão ter filhos deformados".
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11:33 - 11:34Bom, mas a história diz
-
11:34 - 11:37que eles usaram dois tipos
de controlo de gravidez. -
11:37 - 11:38Não tiveram nenhum bebé.
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11:38 - 11:42"Isso vai mexer com eles
psicologicamente". -
11:42 - 11:45Bom, mas a história diz
que eles ficaram na maior, -
11:45 - 11:47tinha sido uma ocasião especial
para ambos -
11:47 - 11:50e até os tinha tornado mais próximos.
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11:50 - 11:52"Bom, é contra a lei".
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11:52 - 11:55Sim, mas não em França.
Eles estavam em França. -
11:55 - 11:57(Risos)
-
11:57 - 12:00Como veem, podem continuar
a dizer-me que é errado -
12:00 - 12:02e eu continuo a dizer
que essas razões não contam, -
12:02 - 12:05mas não altero a vossa mentalidade
nem durante um minuto, -
12:05 - 12:09porque a razão por que vocês
pensam que é errado não é razão nenhuma, -
12:09 - 12:10é uma emoção.
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12:10 - 12:14A violação das regras morais
provoca-nos emoções fortes -
12:14 - 12:16que nos impelem à ação.
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12:16 - 12:20Neste caso, as emoções
são habitualmente a raiva e o desagrado. -
12:20 - 12:24Mas reparem numa coisa
sobre a violação das regras morais -
12:24 - 12:26e sobre as próprias regras morais.
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12:26 - 12:29Têm tendência a preocupar-se
com as mesmas coisas -
12:29 - 12:31que preocupavam os nossos antepassados.
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12:31 - 12:34Todas as culturas humanas
têm uma regra moral -
12:34 - 12:38sobre quem podemos beijar
e quem podemos matar. -
12:38 - 12:40Nenhuma cultura moral
tem uma regra moral -
12:40 - 12:44sobre se podemos usar
ar condicionado no carro -
12:44 - 12:47ou que tipo de lâmpadas
devemos comprar. -
12:47 - 12:51Em consequência, os problemas
como o aquecimento global -
12:51 - 12:53parecem não ter uma componente moral.
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12:53 - 12:56Sim, fazem-nos sentir preocupados,
fazem-nos sentir responsáveis. -
12:56 - 13:01Mas não nos fazem sentir irritados,
não nos fazem sentir repugnância, -
13:01 - 13:05não nos fazem sentir insultados,
não nos fazem sentir desonrados. -
13:05 - 13:10Em consequência, é-nos muito difícil
sermos mobilizados por problemas -
13:10 - 13:13como o aquecimento global
e, em vez disso, viramos a nossa atenção -
13:13 - 13:16para outras ameaças importantes
da vida na Terra -
13:16 - 13:19como o casamento "gay",
a queima de bandeiras, -
13:19 - 13:23o tipo de coisas que muito provavelmente
eliminarão as espécies. -
13:23 - 13:25(Risos)
-
13:25 - 13:28"Iminente", reagimos a ameaças
que são iminentes. -
13:29 - 13:34Se eu agarrar no sapato
e o atirar a vocês, como este homem fez, -
13:34 - 13:38vocês farão o mesmo
que o presidente Bush está a fazer. -
13:38 - 13:40Abaixam-se.
-
13:40 - 13:44Garanto que, se o presidente Bush
pode fazer isso, vocês também podem fazer. -
13:44 - 13:45(Risos)
-
13:45 - 13:48(Aplausos)
-
13:51 - 13:54O nosso presidente não era conhecido
por ser um homem de reflexos rápidos -
13:54 - 13:57mas olhem como ele conseguiu
esquivar-se tão depressa. -
13:57 - 14:01Isso porque é a especialidade
do cérebro humano -
14:02 - 14:05esquivar-se do caminho
de perigos imediatos. -
14:06 - 14:10Na verdade, durante as primeiras
centenas de milhões de anos no planeta, -
14:10 - 14:12era isso o que o cérebro fazia.
-
14:12 - 14:14Era apenas uma grande máquina
de "afasta-te do caminho" -
14:14 - 14:18e tentava esquivar-se do caminho
das coisas que tentavam comê-lo. -
14:19 - 14:24Nos últimos dois milhões de anos,
o cérebro humano aprendeu um novo truque: -
14:24 - 14:27aprendeu a afastar-se do caminho
-
14:27 - 14:30de ameaças que ainda
não tinham aparecido. -
14:30 - 14:34Há cerca de dois milhões de anos,
o cérebro humano descobriu -
14:34 - 14:36um novo país chamado "o futuro",
-
14:36 - 14:39um país onde não vive nenhum outro animal,
-
14:39 - 14:44um país que a nossa espécie
nunca antes tinha visto. -
14:44 - 14:50A nossa capacidade de pensar no futuro,
de reagir às consequências de coisas -
14:50 - 14:51que ainda não aconteceram
-
14:52 - 14:53— não só os sapatos
que vêm contra nós, -
14:53 - 14:56mas a sapatos que, um dia,
podem vir contra nós. -
14:56 - 14:59Isto é uma nova capacidade.
-
14:59 - 15:02Envolve uma parte particular do cérebro,
-
15:02 - 15:04uma parte nova, chamada o lobo frontal.
-
15:04 - 15:09O lobo frontal é a parte mais nova
do cérebro, em termos de evolução, -
15:09 - 15:12é a última parte do cérebro
a formar-se totalmente. -
15:12 - 15:16Até aos 18 ou 19 anos, o lobo frontal
não está totalmente desenvolvido. -
15:16 - 15:20É a primeira parte do cérebro
a deteriorar-se quando envelhecemos. -
15:21 - 15:23É uma parte do cérebro muito frágil
-
15:23 - 15:26e a capacidade que nos confere
também é muito frágil. -
15:26 - 15:30A capacidade de pensar no futuro
é uma coisa muito recente, para nós, -
15:30 - 15:33e, por vezes, não somos muito bons nisso.
-
15:33 - 15:35Imaginem o que será
não ter essa capacidade, -
15:36 - 15:38de ter danos no lobo frontal.
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15:38 - 15:40Esta é uma conversa entre
um psicólogo e um doente -
15:40 - 15:43com danos nesta área crítica.
-
15:43 - 15:46O psicólogo faz uma pergunta
que qualquer um de nós consegue responder -
15:46 - 15:50mas este doente acha
extremamente incómoda. -
15:50 - 15:53"O que é que vai fazer amanhã?"
-
15:53 - 15:54"Não sei".
-
15:55 - 15:57"Lembra-se da pergunta?"
-
15:57 - 15:59"Foi sobre o que vou fazer amanhã".
-
15:59 - 16:03"Pois foi, consegue descrever
o seu estado de espírito -
16:03 - 16:05"quando tenta pensar nisso?"
-
16:05 - 16:09"Em branco, parece-me,
é como se estivesse a dormir, -
16:10 - 16:13"como estar numa sala vazia
-
16:13 - 16:16"e haver uma pessoa
a pedir-me uma cadeira, -
16:16 - 16:18"mas não haver nada ali,
-
16:18 - 16:20"é como estar a nadar no meio de um lago.
-
16:20 - 16:23"Não há ninguém a segurar-nos
nem há nada para fazer". -
16:24 - 16:27É assim que é viver
num presente permanente, -
16:27 - 16:29um presente sem amanhã.
-
16:30 - 16:33Se observarmos o cérebro humano,
reparamos numa coisa interessante. -
16:33 - 16:37Temos uma parte deste tamanho
dedicada a preocuparmo-nos com o agora, -
16:37 - 16:39e uma parte deste tamanho
-
16:39 - 16:42dedicada a preocuparmo-nos
com o resto da eternidade. -
16:42 - 16:45É por isso que, quando fazemos
perguntas às pessoas -
16:45 - 16:49elas podem dar-nos o que parecem
ser respostas bastante irracionais. -
16:49 - 16:56"Queres 100 euros dentro de 12 meses
ou 200 euros dentro de 13 meses?" -
16:56 - 17:00A maioria das pessoas
optam pelos 200 euros. -
17:00 - 17:04Porquê? Porque vale a pena esperar
mais um mês para duplicar o dinheiro. -
17:04 - 17:05Não acham? Claro.
-
17:06 - 17:09Mas reparem no que acontece
quando fazemos a mesma pergunta, -
17:09 - 17:14mas oferecemos 100 euros já
e os 200 euros dentro de um mês. -
17:14 - 17:16De repente, as pessoas ficam impacientes.
-
17:16 - 17:18"Oh, não, quero o dinheiro já".
Porquê? -
17:18 - 17:24Porque "já" tem um poder especial
que nenhum "amanhã" consegue desafiar. -
17:25 - 17:30Um dos problemas com o aquecimento
global é que vai acontecer mais tarde. -
17:31 - 17:35Por fim, reagimos às ameaças
que são instantâneas. -
17:36 - 17:41Ninguém aqui, segundo vejo, consegue
tirar os olhos desta vela tremeluzente. -
17:41 - 17:45A razão é que o cérebro humano
preocupa-se muito com a mudança. -
17:45 - 17:49Preocupa-se com a mudança do local,
a mudança da luz, a mudança do som, -
17:49 - 17:52a mudança do tamanho,
a mudança da pressão, -
17:52 - 17:53a mudança da temperatura.
-
17:53 - 17:57Qualquer tipo de mudança é uma coisa
em que o cérebro humano repara, -
17:57 - 18:00mas só se essa mudança for rápida.
-
18:00 - 18:03Isto não é uma foto, é um filme.
-
18:03 - 18:07Neste momento, estão a ver um filme
e há uma coisa muito importante no ecrã -
18:07 - 18:10que está a mudar, mas vocês não veem,
-
18:10 - 18:14porque está a mudar
no decorrer de 20 segundos. -
18:15 - 18:17Alguém aqui reparou no que era?
-
18:17 - 18:19Pronto, vou passá-lo outra vez.
-
18:19 - 18:21Vou acelerá-lo para o dobro.
-
18:21 - 18:25Agora estão a ver esta mudança
em 10 segundos. -
18:25 - 18:27Alguns de vocês já começaram a reparar.
-
18:27 - 18:31Vou passá-lo ainda mais depressa,
Vou passá-lo em cinco segundos. -
18:32 - 18:36É exatamente a mesma mudança
que mostrei no primeiro filme. -
18:36 - 18:41só que a maioria não conseguiu vê-la
porque estava muito devagar. -
18:41 - 18:44O terrorismo provoca mudanças rápidas.
-
18:44 - 18:48Um dia está aqui um edifício,
no dia seguinte desapareceu -
18:48 - 18:50e o cérebro dá por isso,
-
18:50 - 18:53mas todas as alterações
do aquecimento global são lentas. -
18:53 - 18:58Nos últimos 15 ou 20 anos,
a impureza da água, -
18:58 - 19:02do ar e dos alimentos
aumentou drasticamente, -
19:02 - 19:05mas foi sempre aumentando
um dia de cada vez. -
19:06 - 19:09O cérebro não está concebido
para reconhecer mudanças -
19:09 - 19:11que acontecem tão lentamente.
-
19:11 - 19:14Olhem, nós preocupamo-nos
com o ambiente. -
19:14 - 19:16Vejam como ficamos furiosos
quando uma petrolífera -
19:16 - 19:19derrama mil barris de petróleo num dia,
-
19:20 - 19:23mas não nos importamos
se derrama um barril de petróleo -
19:23 - 19:26todos os dias, durante mil dias.
-
19:26 - 19:28Jovens, tenham cuidado.
-
19:28 - 19:30(Risos)
-
19:30 - 19:33A calvície começa
com um cabelo de cada vez. -
19:33 - 19:35(Risos)
-
19:35 - 19:38(Aplausos)
-
19:41 - 19:44Se eu não tivesse um espelho
ou uma mulher, -
19:44 - 19:47nem sequer sabia
que isso tinha acontecido. -
19:47 - 19:48(Risos)
-
19:48 - 19:50Mas o que é importante é isto:
-
19:50 - 19:54Se eu acordasse uma manhã em 1989,
olhasse para o espelho -
19:54 - 19:57e visse este homem calvo,
teria gritado, -
19:57 - 20:01teria ido a correr ao médico,
teria recorrido a ginástica capilar -
20:01 - 20:03e teria dito: "Implantem qualquer coisa".
-
20:03 - 20:08Mas quase não dei conta de ficar
sem cabelo, porque aconteceu lentamente. -
20:09 - 20:13A ironia é que o cérebro humano
não está concebido -
20:13 - 20:17para combater um inimigo
que se move lentamente. -
20:19 - 20:22As ameaças que são intencionais,
imorais, iminentes e instantâneas -
20:22 - 20:25atraem a nossa atenção
e levam-nos a reagir. -
20:25 - 20:27As ameaças que não têm
essas características não o fazem. -
20:28 - 20:30O aquecimento global,
uma das maiores ameaças -
20:30 - 20:35para o futuro da nossa espécie
não tem nenhuma destas características. -
20:35 - 20:39Isso significa que a nossa destruição
é inevitável? -
20:39 - 20:41Não há nada que possamos fazer?
-
20:41 - 20:43Não, nada disso.
-
20:43 - 20:48Os seres humanos fazem muitas coisas
para as quais a natureza não nos concebeu. -
20:48 - 20:50Eu cheguei aqui num voo.
-
20:50 - 20:55A natureza nunca imaginou
que este mamífero iria voar até à Grécia. -
20:55 - 20:59Eu sei fazer contas,
eu posso escrever uma sinfonia. -
20:59 - 21:02Posso viver numa sociedade
pacífica, civilizada. -
21:02 - 21:06Todas as coisas para as quais
a natureza não me concebeu. -
21:06 - 21:11Podemos reagir a ameaças
que não têm estas quatro características. -
21:11 - 21:13Mas temos de o fazer com esforço.
-
21:13 - 21:16Não é uma reação, é uma ação.
-
21:16 - 21:19Na verdade, é uma proeza humana.
-
21:19 - 21:23Quando as simpáticas pessoas no Starbucks
me convidaram para escrever umas palavras -
21:23 - 21:26para pôr nos copos,
pensei muito no que havia de ser -
21:26 - 21:29porque percebi que seriam,
provavelmente, -
21:29 - 21:31as palavras mais importantes
que jamais escrevera. -
21:31 - 21:36Afinal, essas palavras iriam
ser vistas por milhões de pessoas -
21:36 - 21:38que ainda não tinham tomado café
-
21:38 - 21:41e estariam muito sugestíveis
e podiam acreditar em tudo. -
21:41 - 21:42(Risos)
-
21:42 - 21:46Por isso pensei muito, concentrei-me
e são estas as palavras que escrevi: -
21:46 - 21:50"O cérebro humano é o único objeto
no universo conhecido -
21:50 - 21:55"que pode prever o futuro
e determinar o seu destino. -
21:55 - 21:59"O facto de podermos tomar
decisões desastrosas, -
21:59 - 22:01"mesmo quando prevemos
as suas consequências -
22:02 - 22:06"é o grande mistério por resolver
do comportamento humano. -
22:06 - 22:08"Quando detemos o destino na nossa mão,
-
22:09 - 22:11"porque é que havemos de fechar o punho?"
-
22:12 - 22:13Sabemos qual é a resposta.
-
22:13 - 22:17Fechar o punho é a resposta natural
ao perigo. -
22:18 - 22:20A nossa salvação, se chegar,
-
22:20 - 22:25chegará porque somos o animal
que usa o cérebro -
22:25 - 22:29para fazer o que nenhum animal faz
quando é ameaçado. -
22:29 - 22:31Abram as mãos.
-
22:32 - 22:33Obrigado.
-
22:33 - 22:37(Aplausos)
- Title:
- É o fim do mundo tal como o conhecemos (e eu acho ótimo) | Daniel Gilbert | TEDxAcademy
- Description:
-
Embora estudos científicos confirmem que o aumento das temperaturas globais e a mudança dos padrões climáticos ameacem a saúde humana, a biodiversidade e a sustentabilidade dos ecossistemas, a segurança alimentar, a qualidade da água e do ar, e outros serviços dos ecossistemas de que dependemos, menos de metade do mundo adulto consideram o aquecimento global como uma ameaça a si mesmos e às suas famílias. Porque é que não nos preocupamos mais com este terrível desastre?
Daniel Gilbert argumenta que o nosso cérebro reage naturalmente a ameaças que são intencionais, iminentes, imorais e instantâneas, enquanto o aquecimento global não apresenta nenhuma destas características. Para avaliar as ameaças que enfrentamos hoje, diz que devemos abrir as mãos em vez de as fecharmos num punho.Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 22:48