Vamos falar de tabus
-
0:04 - 0:07Alisa Volkman:
É aqui que começa a nossa história... -
0:07 - 0:11os dramáticos momentos do nascimento
do nosso primeiro filho, Declan. -
0:11 - 0:13Foi um momento muito profundo,
-
0:13 - 0:15que mudou a nossa vida de várias formas.
-
0:15 - 0:17Também mudou a nossa vida
de maneiras inesperadas. -
0:17 - 0:20Mais tarde refletimos
sobre essas formas inesperadas, -
0:20 - 0:22e acabámos por imaginar
um negócio entre os dois. -
0:22 - 0:24Um ano depois, lançámos o Babble,
-
0:24 - 0:26um site de Internet para pais.
-
0:26 - 0:29Rufus Griscom: Creio que a nossa história
começou uns anos antes. -
0:29 - 0:31(AV: É verdade.)
-
0:31 - 0:34RG: Deves lembrar-te
que nos apaixonámos loucamente. -
0:34 - 0:35AV: Pois foi.
-
0:35 - 0:37RG: Na altura, geríamos
um site totalmente diferente. -
0:37 - 0:39Era um site chamado Nerve.com,
-
0:39 - 0:42cuja categoria era
"obscenamente culto". -
0:42 - 0:43(Risos)
-
0:43 - 0:45Em teoria, e esperávamos que na prática,
-
0:45 - 0:49era uma revista elegante online
sobre sexo e cultura. -
0:50 - 0:53AV: Que deu origem
a um site de encontros online. -
0:53 - 0:55Nem calculam as piadas
a que éramos sujeitos. -
0:55 - 0:56O sexo gera bebés.
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0:56 - 0:59Sigam as instruções no Nerve
e terminam de certeza no Babble, -
0:59 - 1:00tal como nós.
-
1:00 - 1:04Podemos lançar um terceiro site,
de geriatria. Veremos. -
1:04 - 1:07RG: Mas para nós, a ligação
entre o Nerve e o Babble -
1:07 - 1:11não se resumia às fases da vida,
o que, obviamente, é relevante, -
1:11 - 1:14mas tinha mais a ver com o nosso desejo
-
1:14 - 1:16de falar muito francamente de assuntos
-
1:16 - 1:19de que as pessoas têm dificuldade
em falar francamente. -
1:19 - 1:22Parece-nos que,
quando as pessoas começam a dissimular, -
1:22 - 1:24começam a mentir sobre as coisas,
-
1:24 - 1:26é aí que o assunto
se torna interessante, -
1:26 - 1:27que queremos aprofundar.
-
1:27 - 1:30Ficámos surpreendidos ao descobrir,
enquanto pais, -
1:30 - 1:33que afinal há quase tantos tabus
à volta da paternidade -
1:33 - 1:35quanto os que existem à volta do sexo.
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1:35 - 1:36AV: É verdade. Tal como dissemos,
-
1:36 - 1:38os anos iniciais foram fantásticos,
-
1:38 - 1:40mas também foram muito difíceis.
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1:40 - 1:43Sentimos que algumas dessas dificuldades
-
1:43 - 1:46foram provocadas por esses falsos mitos
em torno da paternidade. -
1:46 - 1:48(Risos)
-
1:47 - 1:50Assinámos muitas revistas,
fizemos o trabalho de casa, -
1:50 - 1:53mas para qualquer lado que olhássemos,
só víamos imagens como esta. -
1:54 - 1:55E mergulhámos na paternidade
-
1:55 - 1:58na expetativa de que
a nossa vida seria assim. -
1:58 - 2:01O sol estaria sempre a brilhar,
os nossos filhos nunca chorariam. -
2:01 - 2:04Eu estaria sempre perfeitamente
penteada e bem descansada. -
2:04 - 2:06Na realidade, não é nada disso.
-
2:06 - 2:09RG: Quando pusemos de lado
as belas revistas de paternidade -
2:09 - 2:12que andávamos a ler,
com estas lindas imagens, -
2:12 - 2:14e olhámos para a nossa sala de estar,
-
2:14 - 2:16o aspeto era mais parecido com isto.
-
2:16 - 2:17Estes são os nossos três filhos.
-
2:17 - 2:19Claro, não estão sempre
a chorar e aos gritos. -
2:19 - 2:22Mas com três rapazes,
há uma alta probabilidade -
2:22 - 2:24de, pelo menos um deles,
não estar a comportar-se -
2:24 - 2:25exatamente como devia.
-
2:26 - 2:29AV: Podem ver como tínhamos estado
longe da realidade. -
2:29 - 2:31Sentimos que as nossas expetativas
-
2:31 - 2:34não tinham nada a ver
com o que estávamos a viver. -
2:34 - 2:37Por isso, decidimos
transmitir a realidade aos pais. -
2:37 - 2:40Queríamos que eles percebessem
-
2:40 - 2:43quais as realidades da paternidade
de uma forma honesta. -
2:44 - 2:45RG: O que queremos fazer hoje
-
2:45 - 2:49é partilhar convosco
quatro tabus da paternidade. -
2:49 - 2:51Claro que há muito mais
do que quatro coisas -
2:51 - 2:53que se podem dizer sobre a paternidade.
-
2:53 - 2:55Mas hoje queríamos falar de quatro
-
2:55 - 2:58que são particularmente relevantes
para nós pessoalmente. -
2:58 - 3:01O primeiro tabu, o tabu número um:
-
3:01 - 3:04"Não podemos dizer que não
nos apaixonámos pelo nosso bebé -
3:04 - 3:06"desde o primeiro minuto".
-
3:06 - 3:09Recordo vivamente,
sentado ali no hospital. -
3:09 - 3:12Estávamos no processo de dar à luz
o nosso primeiro filho. -
3:12 - 3:13AV: Nós, ou eu?
-
3:14 - 3:15RG: Desculpa.
-
3:15 - 3:17Uso errado do pronome.
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3:17 - 3:21A Alisa estava generosamente no processo
de dar à luz o nosso primeiro filho... -
3:21 - 3:23AV: Obrigada.
-
3:23 - 3:25... e eu estava ali
com uma luva de basebol. -
3:25 - 3:26Estava ali, de braços abertos.
-
3:26 - 3:30A enfermeira veio ter comigo
com esta maravilhosa criança. -
3:29 - 3:33E eu a lembrar-me,
ao vê-la aproximar-se de mim, -
3:33 - 3:34das vozes dos amigos a dizer:
-
3:34 - 3:37"No momento em que eles
te põem o bebé nos braços, -
3:37 - 3:39"vais sentir uma enorme
onda de amor a atingir-te -
3:39 - 3:42"que tem uma dimensão mais poderosa
-
3:42 - 3:44"do que tudo o que já sentiste
em toda a tua vida." -
3:44 - 3:47Assim, eu estava-me a preparar
para esse momento. -
3:47 - 3:48O bebé vinha aí,
-
3:48 - 3:52e eu pronto para a onda de amor
do tamanho de um camião TIR -
3:52 - 3:53que me ia atirar ao chão.
-
3:53 - 3:56Em vez disso, quando me puseram
o bebé nos braços, -
3:56 - 3:58foi um momento extraordinário.
-
3:58 - 4:01Esta fotografia foi tirada segundos depois
-
4:01 - 4:04de o bebé estar nos meus braços,
e eu o ter passado à mãe. -
4:04 - 4:07Como podem ver,
os nossos olhos estavam a brilhar. -
4:07 - 4:10Eu estava assoberbado de amor
e afeto pela minha mulher, -
4:10 - 4:13e uma enorme gratidão por termos
o que parecia ser uma criança saudável. -
4:14 - 4:16Claro que também foi muito surrealista
-
4:16 - 4:19Tive de verificar as pulseiras
para ter a certeza, eu estava incrédulo. -
4:19 - 4:21"Têm a certeza de que é o nosso filho?"
-
4:21 - 4:23Era tudo extraordinário.
-
4:23 - 4:25Mas o que senti pela criança
foi um grande afeto, -
4:25 - 4:29mas nada do que viria a sentir por ele
agora, cinco anos depois. -
4:29 - 4:32E por isso fizemos uma coisa
que é uma heresia. -
4:33 - 4:35Fizemos um gráfico
-
4:35 - 4:38do nosso amor pelos nossos filhos,
ao longo dos anos. -
4:38 - 4:40(Risos)
-
4:41 - 4:44Como sabem, isto é uma heresia.
-
4:44 - 4:46É proibido fazer um gráfico do amor.
-
4:46 - 4:48E não é permitido fazer
um gráfico do amor -
4:48 - 4:50porque pensamos no amor
como uma coisa binária. -
4:50 - 4:52Ou estamos apaixonados, ou não estamos.
-
4:52 - 4:54Amamos, ou não amamos.
-
4:54 - 4:56Eu acho que o amor é um processo.
-
4:56 - 5:00E acho que o problema de pensar no amor
como uma coisa que é binária -
5:00 - 5:04é que isso leva-nos
a pensar, indevidamente, -
5:04 - 5:08que o amor é fraudulento,
inadequado, ou seja o que for. -
5:08 - 5:11Eu estou obviamente a falar
da experiência de ser pai. -
5:11 - 5:13Mas acho que muitos homens
passam pela mesma coisa -
5:13 - 5:16nos primeiros meses,
talvez no primeiro ano. -
5:16 - 5:19A sua reação emocional
é, de certa forma, inadequada. -
5:19 - 5:21AV: Ainda bem que o Rufus fala nisto,
-
5:21 - 5:24porque vemos que a curva dele
é baixa nos primeiros anos -
5:24 - 5:27em que acho que era eu
a fazer a maior parte do trabalho. -
5:27 - 5:29Mas gostamos de gozar.
-
5:29 - 5:31Nos primeiros meses de vida
dos nossos filhos, -
5:31 - 5:32há um Tio Rufus.
-
5:32 - 5:34(Risos)
-
5:34 - 5:36RG: Eu sou um tio muito afetuoso,
um tio muito afetuoso. -
5:36 - 5:40AV: Eu costumo troçar do Rufus
quando ele chega a casa -
5:40 - 5:43porque acho que ele nunca conseguiria
distinguir um filho nosso -
5:43 - 5:45no meio de outros bebés.
-
5:45 - 5:48Por isso preparei
um teste surpresa para o Rufus. -
5:48 - 5:49RG: Oh-oh...
-
5:49 - 5:52AV: Não quero envergonhá-lo.
Dou-lhe três segundos para responder. -
5:52 - 5:55RG: Não é justo. Aqui há rasteira.
Ele não está ali, pois não? -
5:55 - 5:58AV: O nosso filho de oito semanas
está algures ali. -
5:58 - 6:00Queria ver se o Rufus
é capaz de o identificar. -
6:00 - 6:01RG: O último da esquerda.
-
6:01 - 6:02AV: Não!
-
6:03 - 6:05(Risos)
-
6:09 - 6:10RG: Que cruel!
-
6:10 - 6:12AV: Não é preciso dizer mais nada.
-
6:12 - 6:14(Risos)
-
6:14 - 6:16Vou avançar para o tabu número dois.
-
6:16 - 6:20"É proibido dizer que ter um bebé
pode ser uma tarefa solitária". -
6:20 - 6:22Eu adorei estar grávida, adorei.
-
6:22 - 6:25Senti-me incrivelmente ligada
à comunidade à minha volta. -
6:25 - 6:28Senti que toda a gente à minha volta,
participava na minha gravidez, -
6:28 - 6:31seguindo-a até à data do parto.
-
6:31 - 6:34Eu senti que era um recetáculo
do futuro da humanidade. -
6:34 - 6:38Isso continuou quando fui para o hospital.
foi realmente emocionante. -
6:38 - 6:41Fui inundada de presentes,
de flores e de visitas. -
6:41 - 6:43Foi uma experiência mesmo maravilhosa.
-
6:43 - 6:46Mas quando fui para casa,
-
6:46 - 6:50de repente, senti-me desligada
e subitamente isolada e ignorada. -
6:50 - 6:52Fiquei muito surpreendida
com aqueles sentimentos. -
6:52 - 6:54Eu já esperava que fosse difícil,
-
6:54 - 6:57passar noites em branco,
amamentar constantemente, -
6:57 - 7:01mas não contava com os sentimentos
de isolamento e solidão que sentia. -
7:01 - 7:04Fiquei surpreendida
por ninguém me ter avisado, -
7:04 - 7:06que eu me ia sentir daquela maneira.
-
7:06 - 7:09Telefonei à minha irmã,
a quem estou muito ligada -
7:09 - 7:11— ela teve três crianças —
e perguntei-lhe: -
7:11 - 7:14"Porque é que não me disseste
que eu me ia sentir assim, -
7:14 - 7:18"que me ia sentir incrivelmente isolada?"
-
7:18 - 7:20E ela respondeu
— nunca me hei de esquecer — -
7:20 - 7:23"Não é uma coisa
que se queira dizer a uma mãe -
7:23 - 7:25"que vai ter um bebé pela primeira vez."
-
7:25 - 7:27RG: E claro, nós pensamos
-
7:27 - 7:30que é precisamente
o que devemos mesmo dizer -
7:30 - 7:33às mães que têm filhos pela primeira vez.
-
7:33 - 7:35Este é um dos temas
-
7:35 - 7:38em que nós pensamos
-
7:38 - 7:40que a sinceridade e a honestidade brutal
-
7:40 - 7:44é fundamental para que todos nós
sejamos pais excelentes. -
7:44 - 7:46É difícil deixar de pensar
-
7:46 - 7:49que parte do que leva
a esse sentimento de isolamento -
7:49 - 7:51é o nosso mundo moderno.
-
7:51 - 7:53A experiência da Alisa
não é um caso isolado. -
7:53 - 7:56Temos 58% de mães inquiridas
que relatam sentimentos de solidão. -
7:56 - 8:00Destas, 67% sentem-se mais sós
quando têm filhos dos 0 aos 5 anos, -
8:00 - 8:02mais provavelmente dos 0 aos 2 anos.
-
8:02 - 8:04Quando estávamos a preparar isto,
-
8:04 - 8:06observámos como algumas
outras culturas do mundo -
8:06 - 8:08lidam com este período de tempo,
-
8:08 - 8:10porque aqui, no mundo ocidental,
-
8:10 - 8:13menos de metade
vivem perto dos seus familiares, -
8:13 - 8:16e acho que, em parte, é por isso
que é um período tão duro. -
8:16 - 8:19Consideremos um exemplo,
entre muitos. -
8:19 - 8:22No sul da Índia, há uma prática
conhecida por jholabihari, -
8:22 - 8:25em que, quando uma mulher está grávida
de sete ou oito meses, -
8:25 - 8:27vai viver com a sua mãe
-
8:27 - 8:29e atravessa uma série
de rituais e cerimónias, -
8:29 - 8:33dá à luz e só volta para casa
da sua família nuclear -
8:33 - 8:34uns meses depois de a criança nascer.
-
8:34 - 8:36Pensamos que esta é uma das muitas formas
-
8:36 - 8:39como as outras culturas compensam
este período de solidão. -
8:40 - 8:42AV: Então o tabu número três:
-
8:42 - 8:44"Não se pode falar
de abortos espontâneos" -
8:44 - 8:46mas hoje vou falar-vos do meu.
-
8:46 - 8:49Depois de termos o Declan,
repensámos as nossas expetativas. -
8:49 - 8:52Pensámos que podíamos passar
por tudo aquilo outra vez -
8:52 - 8:55e pensámos que já sabíamos
o que íamos enfrentar. -
8:55 - 8:57Ficámos satisfeitos
por eu ter engravidado de novo. -
8:57 - 9:00Fiquei a saber que íamos ter um menino.
-
9:00 - 9:01Quando eu estava de cinco meses,
-
9:01 - 9:04soubemos que tínhamos
perdido o nosso bebé. -
9:04 - 9:07Esta é a última imagem que temos dele.
-
9:07 - 9:10É óbvio que foram tempos muito difíceis,
-
9:10 - 9:12muito dolorosos.
-
9:12 - 9:15Enquanto eu estava a atravessar
o processo de luto, -
9:15 - 9:19fiquei espantada
porque não queria ver ninguém. -
9:19 - 9:21Eu só queria rastejar para um buraco.
-
9:21 - 9:24Não fazia a mínima ideia
de como é que ia voltar -
9:24 - 9:26para a comunidade que me rodeava.
-
9:26 - 9:29Depois percebi
que me estava a sentir assim, -
9:29 - 9:31— é um sentimento muito profundo —
-
9:31 - 9:34o que eu sentia era muita vergonha,
-
9:34 - 9:36francamente, estava embaraçada,
-
9:36 - 9:39porque, de certa forma,
eu tinha fracassado -
9:39 - 9:42em trazer ao mundo aquilo
para que estou geneticamente concebida. -
9:42 - 9:44Claro que isso fez-me pôr em dúvida
-
9:44 - 9:45se eu não seria capaz
de ter outro bebé, -
9:45 - 9:48o que significaria isso
para o meu casamento, -
9:48 - 9:50e para mim como mulher.
-
9:50 - 9:51Portanto, foi um tempo muito difícil.
-
9:51 - 9:53Enquanto tentava compreender isso,
-
9:53 - 9:57comecei a sair daquele buraco
e a falar com outras pessoas. -
9:57 - 9:58Fiquei muito espantada
-
9:58 - 10:00com todas as histórias
que começaram a surgir. -
10:00 - 10:02Pessoas com quem interagia diariamente,
-
10:02 - 10:04com quem trabalhava, de quem era amiga,
-
10:04 - 10:06membros da família
que conhecia há muito, -
10:06 - 10:08nunca me tinham contado as suas histórias.
-
10:08 - 10:12E lembro-me da sensação de descobrir
essas histórias saídas do armário. -
10:12 - 10:13Senti-me como se tivesse entrado
-
10:13 - 10:17numa sociedade secreta
de mulheres da que agora fazia parte, -
10:17 - 10:20o que era reconfortante
mas também algo preocupante. -
10:21 - 10:24Eu acho que um aborto
é uma perda invisível. -
10:24 - 10:28Não existe muito apoio
da comunidade quanto a isso. -
10:27 - 10:30Não há uma cerimónia,
rituais, ou ritos. -
10:30 - 10:33Com uma morte, há um funeral,
celebramos a vida, -
10:33 - 10:35e há muito apoio da comunidade.
-
10:35 - 10:38É uma coisa que as mulheres não têm
quando abortam. -
10:38 - 10:39RG: O que é muito mau,
-
10:39 - 10:42porque é uma experiência
muito comum e muito traumática. -
10:42 - 10:4415 a 20 % das gestações
acabam num aborto espontâneo. -
10:44 - 10:46Eu acho isto impressionante.
-
10:46 - 10:49Numa pesquisa, 74% das mulheres
disseram que sentiram -
10:49 - 10:52que o aborto fora em parte
por sua culpa, o que é horrível. -
10:52 - 10:54Ainda mais impressionante, 22 % disseram
-
10:54 - 10:56que esconderiam do marido
um aborto espontâneo. -
10:56 - 10:58Agora o tabu número quatro:
-
10:58 - 11:01"Não se pode dizer
que a vossa felicidade normal -
11:01 - 11:03"diminuiu por terem tido um filho".
-
11:03 - 11:07A verdade é que cada aspeto da minha vida
-
11:07 - 11:09tornou-se radicalmente melhor
-
11:09 - 11:11desde que eu participei
-
11:11 - 11:14no milagre que é o nascimento
de uma criança e uma família. -
11:14 - 11:17Nunca esquecerei
— lembro-me perfeitamente até hoje — -
11:17 - 11:20o nosso primeiro filho, Declan,
tinha nove meses, -
11:20 - 11:22eu estava sentado no sofá,
-
11:22 - 11:26e estava a ler um livro espetacular
de Daniel Gilbert, "Tropeçar na Felicidade." -
11:26 - 11:28Eu já ia a cerca
de dois terços da leitura, -
11:28 - 11:31e havia um gráfico do lado direito,
-
11:31 - 11:33na página do lado direito,
-
11:33 - 11:34que nós intitulámos aqui
-
11:34 - 11:37"O Gráfico mais Aterrorizador
que é possível Imaginar -
11:37 - 11:39"para Pais pela Primeira Vez".
-
11:39 - 11:42Era constituído por quatro estudos
totalmente independentes. -
11:42 - 11:46Vemos aqui esta queda brutal
da satisfação marital, -
11:47 - 11:50que está muito alinhada
com uma maior felicidade -
11:50 - 11:52e que só sobe de novo
-
11:52 - 11:54quando o primeiro filho
entra na universidade. -
11:54 - 11:55(Risos)
-
11:55 - 11:58Eu fiquei sentado a pensar
nos 20 anos seguintes da minha vida, -
11:58 - 12:00este abismo de felicidade
-
12:00 - 12:03para onde estávamos a conduzir
o nosso descapotável proverbial. -
12:03 - 12:05Ficámos desanimados.
-
12:05 - 12:08AV: Podem imaginar, repito,
os primeiros meses foram difíceis, -
12:08 - 12:10mas conseguimos ultrapassá-los,
-
12:10 - 12:12e ficámos muito chocados
ao ver este estudo. -
12:12 - 12:14Quisemos estudá-lo mais profundamente
-
12:14 - 12:17na esperança de encontrar a luz
ao fundo do túnel. -
12:17 - 12:19RG: É nestas alturas que é ótimo
ter um site para pais, -
12:19 - 12:22porque nós temos uma repórter incrível
-
12:22 - 12:24que foi entrevistar os cientistas todos
-
12:24 - 12:27que realizaram estes quatro estudos.
-
12:27 - 12:29Dissemos:
"Há aqui qualquer coisa de errado. -
12:29 - 12:31"Falta qualquer coisa nestes estudos.
-
12:31 - 12:33"Não é possível que seja assim tão mau".
-
12:34 - 12:37Liz Mitchell fez um excelente trabalho.
-
12:38 - 12:40Entrevistou os quatro cientistas,
-
12:40 - 12:42e também entrevistou o Daniel Gilbert.
-
12:42 - 12:45E acabámos por encontrar
a luz ao fundo do túnel. -
12:45 - 12:47Este é o nosso palpite
-
12:47 - 12:49sobre o que esta linha base
da felicidade média -
12:49 - 12:52provavelmente parecerá ao longo da vida.
-
12:52 - 12:54Mas a felicidade média é inadequada,
-
12:54 - 12:57porque não menciona as experiências,
momento a momento. -
12:57 - 13:00Então, isto é o que achamos que parece
-
13:00 - 13:03quando introduzimos as experiências,
momento a momento. -
13:03 - 13:05(Risos)
-
13:06 - 13:09Todos nos lembramos, como as crianças
à mais pequena coisa, -
13:09 - 13:11— e vemos isso na cara dos nossos filhos —
-
13:11 - 13:12a mais pequena coisa
-
13:12 - 13:16pode projetá-los para aquelas alturas
de adulação absoluta, -
13:16 - 13:18e, a seguir, a mais pequena coisa
-
13:18 - 13:21pode fazê-las cair a pique
nas profundezas do desespero. -
13:21 - 13:24É extraordinário observá-lo,
lembramo-nos disso em nós mesmos. -
13:24 - 13:26Depois, claro, quando ficamos mais velhos,
-
13:26 - 13:28é como se a idade fosse
uma forma de lítio. -
13:28 - 13:31Quando envelhecemos,
vamos ficando mais estáveis. -
13:31 - 13:34Penso que parte do que acontece,
nos nossos 20 e 30 anos, -
13:34 - 13:36é que começamos a aprender
os limites da nossa felicidade. -
13:36 - 13:38Começamos a perceber:
-
13:38 - 13:41Eu podia ir àquele concerto ao vivo
-
13:41 - 13:43e ter uma experiência
totalmente transformadora -
13:43 - 13:46que cobrirá o meu corpo
de pele de galinha, -
13:46 - 13:48mas é mais provável
que me vá sentir claustrofóbico -
13:48 - 13:50e nem consiga beber uma cerveja.
-
13:50 - 13:52Por isso, acho que não vou.
-
13:52 - 13:55Tenho uma boa aparelhagem
em casa, portanto, não vou. -
13:55 - 13:58Assim, a nossa felicidade média sobe,
-
13:58 - 14:01mas perdemo-la naqueles
momentos transcendentes. -
14:01 - 14:03AV: Sim, e depois temos o primeiro filho.
-
14:03 - 14:07Aí, temos mesmo de aceitar
aqueles altos e baixos. -
14:07 - 14:10Os altos são os primeiros passos,
o primeiro sorriso, -
14:10 - 14:12o nosso filho a ler pela primeira vez.
-
14:12 - 14:17Os baixos é estar em casa a qualquer hora
das seis às sete, todas as noites. -
14:17 - 14:19Depois percebemos que aceitamos
-
14:19 - 14:22perder o controlo
de uma forma maravilhosa. -
14:22 - 14:25Pensamos que isso
dá muito significado à nossa vida -
14:25 - 14:26e é muito gratificante.
-
14:26 - 14:29RG: Então, de facto,
-
14:29 - 14:31nós negociamos a felicidade média,
-
14:31 - 14:33trocamos o sentido de segurança e proteção
-
14:33 - 14:35de certos níveis de contentamento
-
14:35 - 14:37por estes momentos transcendentes.
-
14:37 - 14:39Então, onde é que isto nos deixa.
a nós os dois, -
14:39 - 14:42numa família com os nossos três rapazes
-
14:42 - 14:43no meio disto tudo?
-
14:43 - 14:45Há outro fator no nosso caso.
-
14:45 - 14:49Nós violámos mais um tabu
na nossa vida, -
14:50 - 14:52Este tabu é um bónus.
-
14:53 - 14:56AV: Este tabu bónus, é que
"Não devemos trabalhar juntos", -
14:56 - 14:58— especialmente com três crianças —
-
14:58 - 15:00e nós trabalhamos juntos.
-
15:00 - 15:03RG: Logo de início,
tínhamos algumas reservas. -
15:03 - 15:06Todos sabem: "Nem pensar em trabalhar
com o nosso cônjuge". -
15:06 - 15:09Quando começámos a juntar dinheiro
para lançar o Babble, -
15:09 - 15:10os capitalistas de risco disseram:
-
15:10 - 15:12"Não investimos de forma alguma
-
15:12 - 15:15em empresas formadas por marido e mulher,
-
15:15 - 15:17"porque há uma possibilidade extra
de falharem. -
15:17 - 15:19"É má ideia. Não façam isso."
-
15:19 - 15:21Obviamente nós avançámos.
-
15:21 - 15:24Arranjámos o dinheiro, e estamos felizes
por o termos feito, -
15:24 - 15:26porque, nesta fase da nossa vida,
-
15:26 - 15:29o recurso incrivelmente
mais escasso é o tempo. -
15:29 - 15:32Se estivermos apaixonados
pelo que fazemos — e nós estamos — -
15:32 - 15:34e também estivermos
apaixonados pela nossa relação, -
15:34 - 15:37esta é a única forma de fazer isto.
-
15:37 - 15:39Por isso a pergunta final que fazemos é:
-
15:39 - 15:42Podemos alterar, coletivamente,
aquele gráfico da felicidade para cima? -
15:42 - 15:45É ótimo ter aqueles momentos
transcendentes de alegria, -
15:45 - 15:47mas às vezes são muito rápidos.
-
15:48 - 15:50E se alterássemos a linha base
da felicidade média? -
15:50 - 15:52Podemos subi-la um bocadinho?
-
15:52 - 15:55AV: Sentimos que esta lacuna de felicidade,
de que falámos, -
15:55 - 15:57é resultado de começarmos a ser pais
-
15:57 - 16:00— e, já agora, de qualquer parceria
a longo termo — -
16:00 - 16:01com as expetativas erradas.
-
16:01 - 16:05Se tivermos as expetativas certas,
e gerirmos essas expetativas, -
16:05 - 16:07sentimos que vai ser
uma experiência muito gratificante. -
16:07 - 16:09RG: Tudo se resume a isso.
-
16:09 - 16:11Pensamos que muitos pais
-
16:11 - 16:13quando entramos nisto
— pelo menos, foi o nosso caso — -
16:13 - 16:17fazemos as malas para uma viagem à Europa,
e ficamos entusiasmados com isso. -
16:17 - 16:20Quando saímos do avião,
afinal estamos a caminhar no Nepal. -
16:21 - 16:24Fazer caminhadas no Nepal
é uma experiência extraordinária, -
16:24 - 16:26sobretudo se a bagagem
está bem arrumada, -
16:26 - 16:28se sabemos no que nos vamos meter
e estamos preparados. -
16:28 - 16:30Então a conclusão hoje
-
16:30 - 16:32é não esperar a honestidade, só por si,
-
16:32 - 16:36mas a esperança de que, sendo mais honesto
e mais sincero sobre estas experiências, -
16:36 - 16:38podemos alterar, coletivamente,
-
16:38 - 16:41a linha base da felicidade
um bocadinho para cima. -
16:41 - 16:43RG + AV: Obrigado.
-
16:43 - 16:46(Aplausos)
- Title:
- Vamos falar de tabus
- Speaker:
- Rufus Griscom + Alisa Volkman
- Description:
-
Rufus Griscom e Alisa Volkman, editores do site Babble.com, numa animada palestra conjunta, expõem quatro factos que os pais nunca, jamais admitem... e por que razão o deveriam fazer. Uma palestra divertida e honesta, para quem tem filhos e para quem não tem.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:48
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Let's talk parenting taboos | |
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