Ecocídio, o quinto crime contra a paz |Polly Higgins | TEDxExeter
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0:16 - 0:21Há sete anos, eu estava
no Tribunal Real da Justiça, em Londres -
0:21 - 0:23— eu sou advogada —
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0:23 - 0:26e era o último dia de um longo processo
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0:27 - 0:30em que eu tinha representado um homem
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0:31 - 0:36que tinha sido ferido gravemente
no local de trabalho. -
0:36 - 0:38Eu era a advogada dele
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0:38 - 0:41e estava a falar no tribunal em nome dele.
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0:42 - 0:44Houve um momento de silêncio
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0:44 - 0:47enquanto esperávamos
que os juízes entrassem na sala. -
0:47 - 0:50Nesse momento, olhei pela janela
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0:50 - 0:52e comecei a pensar.
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0:56 - 0:58Olhei pela janela e pensei
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0:58 - 1:02que a Terra também tem sido
gravemente prejudicada e ferida -
1:03 - 1:05e era preciso fazer
qualquer coisa a esse respeito. -
1:06 - 1:09O que pensei a seguir
mudou toda a minha vida. -
1:09 - 1:12Pensei: "A Terra precisa
de um bom avogado". -
1:12 - 1:13(Risos)
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1:14 - 1:17Foi um pensamento que não mais me largou.
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1:18 - 1:21Fui-me embora e continuei a pensar nisso.
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1:21 - 1:23"Enquanto advogada num tribunal,
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1:24 - 1:28"onde estão os instrumentos de que preciso
para representar a Terra num tribunal?" -
1:29 - 1:32E apercebi-me de que eles não existem.
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1:33 - 1:37Então, comecei a pensar nisto:
"De que é que preciso pôr isto em prática? -
1:38 - 1:41"E se a Terra tivesse direitos?
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1:41 - 1:44"Afinal, os seres humanos têm direitos.
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1:45 - 1:49"O direito mais importante, claro,
é o nosso direito à vida. -
1:49 - 1:53"E se a Terra também tivesse
o direito à vida?" -
1:53 - 1:55Falei nisso a outros advogados
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1:55 - 1:58que disseram: "Polly, estás louca.
Claro que a Terra não tem direitos. -
2:00 - 2:03"Afinal, há toda uma série
de leis ambientais. -
2:04 - 2:06"Porque é que não usas isso?
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2:06 - 2:08Mas eu disse: "Há aqui um problema.
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2:08 - 2:12"Todas essas leis ambientais
não estão a funcionar. -
2:12 - 2:14"Não podem funcionar!
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2:14 - 2:18"Basta olharem para a Amazónia
para verem que não funcionam. -
2:18 - 2:21"Estamos a assistir a danos
e destruição total -
2:21 - 2:23"que aumentam todos os dias.
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2:23 - 2:26"As leis existentes não impedem isso".
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2:28 - 2:32Então, olhei à minha volta
para ver quem mais pensava como eu. -
2:32 - 2:35Descobri que, de facto,
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2:35 - 2:38há muitas pessoas que pensam como eu.
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2:38 - 2:42Uns 750 milhões de pessoas,
para ser exata. -
2:42 - 2:46Dessas pessoas,
370 milhões são indígenas. -
2:46 - 2:49Têm a ideia de que a Terra
tem o direito à vida. -
2:50 - 2:53Têm a ideia de que a vida é sagrada,
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2:53 - 2:55não só a vida humana, mas toda a vida.
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2:56 - 3:00Também descobri que os budistas
também têm este modo de pensar. -
3:00 - 3:02São mais 380 milhões de pessoas.
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3:02 - 3:07São 750 milhões de pessoas,
tantas como na Europa, que pensam como eu. -
3:07 - 3:09Só que isso não está escrito na lei.
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3:11 - 3:13Mas, depois, pensando melhor,
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3:13 - 3:19porque, com os nossos direitos humanos
e o nosso direito à vida, -
3:19 - 3:24isso também se rege, a nível individual,
pelo crime de assassínio -
3:24 - 3:26— ou, como se diz nos EUA,
o homicídio — -
3:26 - 3:29e, quando se trata de nós
e da nossa comunidade, -
3:29 - 3:30chama-se genocídio.
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3:30 - 3:33Eu estava a falar a uma grande audiência
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3:33 - 3:36há uns anos, em 2009,
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3:36 - 3:38sobre os direitos da Terra,
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3:38 - 3:40quando alguém na audiência disse:
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3:40 - 3:42"Sabe, precisamos de uma nova linguagem,
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3:42 - 3:46"para lidar com esta quantidade enorme
de danos e destruição -
3:46 - 3:52"que está a ocorrer na Terra,
nos nossos ecossistemas". -
3:52 - 3:54E eu pensei que ele tinha razão.
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3:54 - 3:55Isto é como um genocídio.
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3:55 - 3:57É um ecocídio!
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3:58 - 4:00Foi um desses momentos de descoberta.
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4:00 - 4:04Literalmente, senti como se uma luz
se tivesse acendido sobre a minha cabeça. -
4:04 - 4:06Pensei: "Oh, meu Deus,
devia ser um crime". -
4:07 - 4:10Será possível?
Podemos criminalizar o ecocídio? -
4:11 - 4:15Voltei a correr para casa
e comecei a investigar. -
4:16 - 4:18Três meses depois,
voltei a respirar -
4:18 - 4:24e percebi que, na verdade,
não só podíamos criminalizá-lo -
4:24 - 4:28como é um quinto crime
contra a paz. -
4:29 - 4:33Vão ver aqui neste diapositivo
o que se conhece -
4:33 - 4:36como crimes internacionais contra a paz.
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4:37 - 4:41Já temos crimes contra a humanidade,
crimes de guerra, genocídio, -
4:41 - 4:44foram considerados
depois da II Guerra Mundial. -
4:44 - 4:48Atuam como leis abrangentes,
cobrem todo o mundo. -
4:48 - 4:52São uma espécie de super leis:
suplantam tudo o mais. -
4:52 - 4:55Todas as outras leis,
têm que lhe obedecer. -
4:55 - 4:58Os crimes de agressão
— a preparação para a guerra — -
4:58 - 5:00foram considerados em 2010.
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5:01 - 5:05E eu digo que há um quinto crime
contra a paz -
5:05 - 5:07que é o ecocídio.
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5:08 - 5:10O que já temos em vigor
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5:10 - 5:14são leis que protegem
a saúde da vida. -
5:14 - 5:18O que elas protegem
é a sacralidade da própria vida. -
5:18 - 5:21E digo, não é só a vida humana,
-
5:21 - 5:25mas alargamos o nosso ciclo
de preocupação -
5:25 - 5:28e é o bem-estar de toda a vida,
-
5:28 - 5:31de todos os habitantes
que vivem nesta Terra. -
5:31 - 5:36Este é um diagrama do que acontece
no mundo, neste momento. -
5:37 - 5:40Temos danos e destruição
a uma escala enorme -
5:40 - 5:45que é aquilo a que chamo ecocídio
— e já explicarei este termo. -
5:45 - 5:49Isto leva, entre outras coisas,
ao esgotamento dos recursos, -
5:49 - 5:52o que leva, entre outras coisas,
ao conflito -
5:53 - 5:55que pode levar à guerra,
-
5:55 - 5:58que, claro, leva a mais
danos e destruição, -
5:58 - 6:00a um maior esgotamento de recursos.
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6:00 - 6:03Na verdade, o que está a acontecer
no Congo, neste momento, -
6:03 - 6:06é um exemplo muito poderoso
deste ciclo, -
6:06 - 6:09numa espiral para a frente
e para a cima, cada vez mais depressa, -
6:09 - 6:13um conflito que leva a mais guerra,
a mais danos e a mais destruição, -
6:13 - 6:14a mais ecocídio.
-
6:14 - 6:17E assim continua a espiral
para a frente e para cima. -
6:19 - 6:23É aquilo a que Sir David King chama
"um século de guerras pelos recursos". -
6:24 - 6:25É a isso que estamos a assistir.
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6:25 - 6:28Penso que há outra forma
para dar a volta a isto. -
6:28 - 6:30Podemos deter a sua marcha.
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6:31 - 6:35Não se trata de abrandar este ciclo
trata-se de o fazer parar, -
6:36 - 6:38intervindo.
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6:38 - 6:40Criando uma lei
-
6:40 - 6:44que atue como dissuasor desta espiral
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6:44 - 6:47enquanto ela gira em espiral
para a frente e para cima. -
6:47 - 6:51É o que pode fazer uma lei do ecocídio.
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6:53 - 6:55Este é o início da proposta legal
-
6:55 - 6:58que eu apresentei
nas Nações Unidas. -
6:58 - 7:01O ecocídio é um crime
-
7:01 - 7:05quando causamos uma destruição enorme,
danos ou perda de ecossistemas. -
7:06 - 7:10Cada palavra aqui tem o seu peso legal.
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7:10 - 7:13Mas, possivelmente, a palavra
mais importante aqui -
7:13 - 7:15é a palavra "habitantes".
-
7:15 - 7:20Vemos que não se trata só de pessoas,
estamos a falar de habitantes. -
7:20 - 7:23Claro que é o reconhecimento
de que olhamos, num certo território, -
7:23 - 7:27não só para os seres humanos
que ali vivem, -
7:27 - 7:30mas também para as outras espécies.
-
7:30 - 7:33É também o reconhecimento
da interligação da própria vida. -
7:34 - 7:36Por fim, se destruirmos a Terra
onde vivemos, -
7:36 - 7:40destruímos a nossa capacidade
de viver em paz. -
7:41 - 7:44Há aqui dois tipos de ecocídio.
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7:44 - 7:46Um ecocídio provocado pelo Homem.
-
7:46 - 7:48E um ecocídio provocado pelos homens
-
7:48 - 7:52é quando vemos e conseguimos determinar
-
7:52 - 7:55que, em resultado das nossas ações,
-
7:55 - 7:58estamos a causar
enormes danos e destruição. -
7:58 - 8:01Com efeito, já ouvimos hoje
-
8:02 - 8:05como, em termos provocados pelos homens,
-
8:05 - 8:08estamos a criar prejuízos
por outras formas -
8:08 - 8:11— o aumento dos gases
com efeitos de estufa, -
8:11 - 8:15é uma consequência dos enormes
danos e destruição. -
8:16 - 8:20Recentemente, apresentei
a todos os governos -
8:20 - 8:23um documento conceptual
sobre como podemos usar esta lei -
8:23 - 8:27para fechar a porta
à perigosa atividade industrial -
8:27 - 8:32que está a causar o ecocídio humano,
o ecocídio provocado pelos homens. -
8:32 - 8:38Mas há um outro tipo de ecocídio
de que quero falar hoje -
8:38 - 8:42e isso é um ecocídio
que ocorre naturalmente. -
8:42 - 8:49Isso é quando vemos tsunamis,
cheias, subida do nível do mar, -
8:49 - 8:53tudo o que causa
o colapso de um ecossistema. -
8:53 - 8:56Podemos criar uma lei internacional
-
8:56 - 8:59que não governe apenas
a atividade empresarial -
9:00 - 9:02mas, mais importante,
que imponha o dever legal -
9:02 - 9:05de cuidar de todas as nações,
-
9:05 - 9:09de dar-nos sistemas
quando aconteça uma coisa como esta. -
9:10 - 9:11Porque, no momento,
-
9:11 - 9:17temos pessoas como nas Maldivas
que nos dizem: "Ajudem-nos! -
9:17 - 9:20"Vamos afundar-nos
com a subida do nível do mar -
9:21 - 9:23"nos próximos 10 anos".
-
9:23 - 9:26E os governos dizem:
"Não podemos fazer nada". -
9:26 - 9:28Na verdade, o que eles dizem é:
-
9:28 - 9:31"Não temos o dever legal
de vos prestar assistência". -
9:31 - 9:33Se criarmos uma lei do ecocídio,
-
9:33 - 9:35podemos impor um dever legal
de assistência -
9:35 - 9:39de modo que todas as nações
se reúnam e impeçam isso. -
9:39 - 9:43Afinal, há 54 pequenas ilhas estados
-
9:43 - 9:45que enfrentam a subida
do nível do mar. -
9:45 - 9:49E não são só essas 54 ilhas estados.
também há outros países, Bangladesh, -
9:49 - 9:53que enfrentam não apenas as cheias,
a subida do nível do mar, -
9:53 - 9:58mas têm um triplo infortúnio,
porque também têm gelo a derreter. -
10:00 - 10:03Se impusermos um dever legal
de socorro às nações, -
10:03 - 10:07o diálogo pode começar a ter lugar
-
10:07 - 10:08e poderemos decidir:
-
10:08 - 10:11"O que é que vamos fazer
para ajudar?" -
10:11 - 10:16E isso é muito importante,
podermos avançar juntos nisto. -
10:16 - 10:18Porque, afinal, no fim do dia,
-
10:18 - 10:21mesmo que eles estejam
do outro lado do mundo, -
10:21 - 10:23estamos nisso todos juntos.
-
10:25 - 10:27Mas vai mais longe do que isso.
-
10:27 - 10:29Na lei criminal internacional,
-
10:30 - 10:33temos um princípio
chamado "responsabilidade superior". -
10:33 - 10:35Sim, trata-se de assumir
a responsabilidade, -
10:35 - 10:37mas, mais do que isso,
-
10:37 - 10:40trata-se de impor
uma responsabilidade superior -
10:40 - 10:42sobre aqueles que
-
10:42 - 10:46— se imaginarem um triângulo,
sentados no topo do triângulo, -
10:46 - 10:49os que estão numa posição
de comando e controlo. -
10:49 - 10:52Isso significa chefes de estado,
ministros, -
10:53 - 10:58e também chefes executivos,
diretores, banqueiros, -
10:58 - 11:02todos os que estão em posição
de tomar decisões -
11:02 - 11:08que podem ter efeitos adversos
em muitos milhões de pessoas abaixo deles. -
11:08 - 11:12Se impusermos um dever legal
de assistência a esses indivíduos, -
11:12 - 11:16podemos criar um enquadramento
no qual podemos tomar decisões -
11:16 - 11:20que se baseiem em dar prioridade
às pessoas e ao planeta. -
11:20 - 11:25Trata-se de fechar a porta
à perigosa atividade industrial. -
11:29 - 11:32Isto reduz-se a duas formas
diferentes de considerar o planeta. -
11:32 - 11:35Se considerarmos a Terra
como uma coisa inerte, -
11:35 - 11:38estamos a colocar nela
uma etiqueta com um preço. -
11:38 - 11:40Atribuímos-lhe um valor
-
11:40 - 11:44e compramo-la, vendemo-la,
usamo-la, abusamos dela, -
11:45 - 11:47transformamo-la numa mercadoria.
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11:47 - 11:50Tudo isso é governado
pela lei da propriedade. -
11:52 - 11:54Mas há outra maneira
de considerar a Terra. -
11:54 - 11:57É considerar a Terra como um ser vivo.
-
11:57 - 11:59Quando fizermos isso,
a situação é muito diferente. -
11:59 - 12:05Muda drasticamente a forma
como a consideramos a longo prazo. -
12:05 - 12:08Porque, quando nos considerarmos
como curadores, como guardiões, -
12:08 - 12:11começamos a assumir a responsabilidade
para com as gerações futuras. -
12:11 - 12:15Trata-se de realinhar
a balança da justiça. -
12:15 - 12:19Neste momento, ela está desajustada,
está desequilibrada. -
12:19 - 12:23Eu acredito que podemos fazer isso:
podemos reequilibrar a balança. -
12:23 - 12:26Na verdade, já o fizemos
uma vez na História. -
12:27 - 12:29Gostava de vos fazer recuar 200 anos.
-
12:30 - 12:32Há 200 anos, William Wilberforce
-
12:32 - 12:34que foi o parlamentar,
aqui na Grã-Bretanha, -
12:34 - 12:37que assumiu a posição
a favor da abolição da escravatura -
12:38 - 12:40quando se ergueu e disse:
-
12:40 - 12:43"Moralmente, a escravatura é um erro,
temos de acabar com ela!", -
12:44 - 12:48enfrentou uma barragem de objeções.
-
12:49 - 12:51A grande indústria disse:
-
12:51 - 12:54"Não é possível, porque é uma necessidade.
-
12:54 - 12:57"O público exige-a e, além disso,
-
12:57 - 13:00"a economia desmoronar-se-á
se acabarmos com a escravatura". -
13:01 - 13:04Essas 300 empresas
que estavam envolvidas na escravatura -
13:04 - 13:06apareceram com diversas ideias.
-
13:06 - 13:10Disseram: "Deixem-nos resolver,
com os nossos mecanismos voluntários. -
13:10 - 13:12"Nós vamos regulamentar isso".
-
13:12 - 13:13"Já há leis a mais".
-
13:13 - 13:15(Risos)
-
13:15 - 13:18"Além disso, vamos limitar os números,
se for necessário". -
13:18 - 13:21"Podemos deixar que as forças
de mercado resolvam isso". -
13:21 - 13:24"Criem um sistema de limites máximos,
se quiserem". -
13:25 - 13:26O interessante
-
13:26 - 13:30é que o parlamento britânico
disse não a todas essas propostas. -
13:30 - 13:33Dois dias antes
de William Wilberforce morrer, -
13:33 - 13:34foram aprovadas leis
-
13:35 - 13:40que criaram reflexos em todo o mundo,
para acabar com a escravatura. -
13:40 - 13:42Se olharmos para hoje,
-
13:42 - 13:45o que vemos é um quadro muito semelhante.
-
13:45 - 13:48O que mudou aqui é a imagem.
-
13:48 - 13:51Isto são as areias betuminosas
de Athabasca, no Canadá. -
13:51 - 13:53Quando vi estas imagens
pela primeira vez, -
13:55 - 13:57o meu coração parou, de repente.
-
13:58 - 14:02Olhei para o que se está a passar ali,
e pensei: "Isto é realmente um crime". -
14:03 - 14:07O que vimos hoje é que a indústria
está a dizer exatamente o mesmo. -
14:08 - 14:12A diferença é que já
tentámos essas soluções, -
14:13 - 14:15e descobrimos que não funcionam.
-
14:16 - 14:19Um dos êxitos com o fim da escravatura
-
14:19 - 14:21é que foi gerido,
gouve um período de transição. -
14:21 - 14:24Nenhuma das empresas
deixou de funcionar. -
14:24 - 14:26William Wilberforce
orientava-se por um princípio -
14:26 - 14:28pelo qual eu também me oriento.
-
14:28 - 14:32Não se trata de acabar
com a grande indústria. -
14:32 - 14:35Trata-se de transformar
o problema na solução. -
14:35 - 14:37Nenhuma dessas 300 empresas
-
14:37 - 14:41deixou de funcionar
depois da abolição da escravatura. -
14:41 - 14:43Algumas delas continuaram
o comércio do chá na China. -
14:43 - 14:45Receberam subsídios.
-
14:45 - 14:48Outras tornaram-se os polícias do mar.
-
14:48 - 14:51William Wilberforce disse:
"Tem de haver três coisas fundamentais: -
14:51 - 14:53"Cortar nos subsídios,
ilegalizar o problema -
14:53 - 14:56"e criar novos subsídios noutra direção".
-
14:56 - 14:59É isso precisamente
o que é necessário fazer hoje. -
15:00 - 15:02Mas, para além disso,
-
15:02 - 15:05remonta aos anais do tempo
-
15:05 - 15:09duma coisa conhecida
pela Sagrada Confiança da Civilização. -
15:09 - 15:14Isto é um conceito que remonta,
em documentos escritos -
15:14 - 15:17tanto quanto consegui encontrar,
ao século XVI. -
15:17 - 15:21Foi consagrado
na Carta das Nações Unidas -
15:21 - 15:25que é o nosso primeiro documento
legal internacional de sucesso, -
15:25 - 15:27instituído depois da II Guerra Mundial.
-
15:28 - 15:29O que nele se diz
-
15:29 - 15:34é que os membros das Nações Unidas
têm o dever, o dever legal -
15:34 - 15:36de colocar o interesse dos habitantes
-
15:36 - 15:39— é essa palavra, de novo,
"habitantes" — -
15:40 - 15:41em primeiro lugar,
-
15:41 - 15:44o dever primário
que temos, o dever de assistência -
15:44 - 15:47e que o aceitamos
como uma confiança sagrada. -
15:48 - 15:49Confiança!
-
15:49 - 15:53Trata-se de sermos curadores,
administradores, guardiões, -
15:53 - 15:55temos uma obrigação
-
15:55 - 15:59de promover o maior bem-estar
dos habitantes. -
15:59 - 16:02É uma cláusula sobre saúde e bem-estar,
-
16:02 - 16:05trata-se de pôr as pessoas
e o planeta em primeiro lugar. -
16:05 - 16:08Uma lei do ecocídio dá validade legal
-
16:08 - 16:12a esta secção na Carta das Nações Unidas.
-
16:13 - 16:15E isso é muito importante.
-
16:15 - 16:17Porque uma lei internacional do ecocídio
-
16:17 - 16:20estipula que é um crime
contra a humanidade -
16:20 - 16:21mas é mais do que isso,
-
16:21 - 16:25é um crime contra a Natureza,
é um crime contra as gerações futuras. -
16:25 - 16:29Em última análise, o mais importante
é que é um crime contra a paz. -
16:30 - 16:34Trata-se de dar prioridade
às pessoas e ao planeta -
16:34 - 16:36acima de quaisquer lucros,
-
16:37 - 16:39mas é também o reconhecimento
de que, quando fizermos isso, -
16:40 - 16:43quando abrirmos a porta
a um mundo livre de conflitos, -
16:43 - 16:46podemos criar inovação
numa direção muito diferente -
16:47 - 16:50que nos dê abundância
de muitas maneiras. -
16:50 - 16:54Eu não sou anti lucros, longe disso,
pelo contrário, sou a favor deles. -
16:54 - 16:56Mas o que eu pretendo fazer
-
16:56 - 17:01é fechar a porta aos que causem
a destruição da vida -
17:01 - 17:06e abrir a porta aos que afirmem
a própria vida. -
17:09 - 17:12Isso leva-me a recuar sete anos
-
17:12 - 17:14quando comecei
com um pensamento poderoso -
17:15 - 17:18e como isso me levou a um percurso
e continua a fazê-lo. -
17:18 - 17:21Não se trata apenas de propor
uma lei internacional do ecocídio, -
17:22 - 17:26mas também me está
a levar a examinar -
17:26 - 17:28o que é que precisamos aqui?
-
17:28 - 17:31Liderança, uma liderança flexível
— temos uma época de rápida mudança. -
17:31 - 17:35Também me levou a um livro,
"Eradicating Ecocide" -
17:35 - 17:36que define esta lei
-
17:36 - 17:40e explica porque é que foia a lei
que provocou este problema. -
17:40 - 17:42Sabiam disto?
-
17:42 - 17:47É a lei de as empresas
porem os lucros em primeiro lugar. -
17:48 - 17:52Uma empresa tem o dever legal
de maximizar os lucros -
17:52 - 17:53para os seus acionistas.
-
17:54 - 17:56Isso também nos agradava.
-
17:56 - 17:59Mas, infelizmente, não olhámos
para as consequências. -
18:00 - 18:05Uma lei do ecocídio suplantará
e instituirá uma peça de legislação -
18:05 - 18:09que nos permitirá
olhar para as consequências. -
18:09 - 18:12Uma disposição de "pensem, antes de agir"
-
18:13 - 18:16que atue como uma grande chave na mão.
-
18:16 - 18:18Em conclusão, só queria dizer isto:
-
18:18 - 18:21Martin Luther King disse um dia
-
18:21 - 18:26que, quando as nossas leis se alinharem
-
18:26 - 18:29pela igualdade e pela justiça,
-
18:29 - 18:31teremos uma verdadeira paz
neste mundo. -
18:31 - 18:37Quando as nossas leis se alinharem
por uma compreensão mais elevada, -
18:37 - 18:40teremos essa verdadeira
qualidade na justiça. -
18:40 - 18:45O ecocídio é uma lei que nos permite
alinharmo-nos com a justiça natural. -
18:45 - 18:48Acredito que, na minha vida,
-
18:48 - 18:53isso é uma coisa por que vale
a pena consagrar a minha vida -
18:53 - 18:54para que isso aconteça.
-
18:55 - 18:56Muito obrigada.
-
18:56 - 18:59(Aplausos)
- Title:
- Ecocídio, o quinto crime contra a paz |Polly Higgins | TEDxExeter
- Description:
-
Olhando pela janela, esperando o veredito duma injustiça feita à sua cliente, a advogada Polly Higgins pensou que a própria Terra também precisa de um advogado de defesa. Leis contra o ecocídio, "o quinto crime contra a paz", merecem um lugar na lei internacional, nessas leis abrangentes que protegem "a sacralidade da própria vida".
Polly começou a sua carreira de advogada em Londres onde foi advogada especializada em leis empresariais e laborais. A sua formação começou nos tribunais criminais e subsequentemente alargou-se à prática da lei civil. Foi só depois de se ter interrogado "Como criamos um dever legal de proteger a Terra?" que Polly virou a sua atenção a tempo inteiro para examinar de que lei se precisava. Renunciando ao seu trabalho nos tribunais para defender um só cliente, a Terra, Polly iniciou o processo de examinar as leis existentes para determinar a melhor forma legal de proteger a Terra.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 19:03
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Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Ecocide, the fith crime against peace | Polly Higgins | TEDxExeter | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Ecocide, the fith crime against peace | Polly Higgins | TEDxExeter | |
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