Por que Aristófanes é chamado de o "Pai da Comédia"? - Mark Robinson

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Aristófanes, normalmente referido como o "Pai da Comédia", escreveu as primeiras comédias dramáticas do mundo que sobreviveram. Elas estão repletas de paródias, músicas, piadas sexuais e fantasias surreais, e moldaram como as comédias foram sendo escritas e apresentadas desde então. Mark Robinson compartilha um pouco da história de Aristófanes.

Lição de Mark Robinson, dirigido por Anton Bogaty.

No festival anual de dramaturgia
ateniense em 426 a.C.,

uma peça cômica chamada "The Babylonians",

escrita por um jovem poeta
chamado Aristófanes,

recebeu o primeiro prêmio.

Mas a representação na peça da conduta
de Atenas durante a Guerra do Peloponeso

foi tão controversa que, depois dela,

um político chamado Kleon
levou Aristófanes aos tribunais

por "difamar o povo de Atenas
na presença de estrangeiros".

Aristófanes se vingou dois anos depois
com uma peça chamada "The Knights".

Nela, ele zombou de Kleon abertamente,

terminando com o personagem de Kleon
como um humilde vendedor de salsichas

trabalhando fora dos portões da cidade.

Este estilo de sátira foi uma consequência

da democracia irrestrita
da Atenas do século 5

e agora é chamado de "velha comédia".

As peças de Aristófanes, os dramas cômicos
sobreviventes mais antigos do mundo,

estão repletos de paródias, músicas,
piadas sexuais e fantasia surreal.

Elas costumam usar
situações extravagantes,

como um herói voando aos céus
num besouro-de-esterco

ou uma rede jogada sobre uma casa
para manter o pai do dono preso,

para subverter as expectativas da plateia.

E elas moldaram como a comédia
tem sido escrita e executada desde então.

A palavra "comédia" vem
do grego antigo "komos" - folia,

e "oide" - cantar,

e diferia de sua forma parceira de arte,
a "tragédia", em muitos aspectos.

Enquanto antigas tragédias atenienses
lidavam com a queda do altivo e poderoso,

as comédias deles geralmente
terminavam muito alegres.

E enquanto a tragédia quase sempre
emprestava histórias de lendas,

a comédia abordava eventos atuais.

As comédias de Aristófanes celebravam
pessoas comuns e atacavam os poderosos.

Os alvos dele eram políticos arrogantes,

generais de guerra

e intelectuais que se achavam importantes,

exatamente aqueles que se sentavam
na primeira fila do teatro,

para que todos pudessem ver suas reações.

Como resultado, eles eram
chamados de "komoidoumenoi":

"aqueles que eram zombados na comédia".

O escárnio malicioso e muitas vezes
obsceno de Aristófanes

responsabilizava esses líderes,
testando o compromisso deles com a cidade.

Uma questão, em particular, inspirou
muito do trabalho de Aristófanes:

a guerra do Peloponeso
entre Atenas e Esparta.

Em "A Paz", escrita em 421 a.C.,

um ateniense de meia-idade liberta
a encarnação da paz de uma caverna,

onde ela tinha sido exilada
por políticos especuladores.

Então, como resultado de uma derrota
naval esmagadora para Atenas em 411 a.C.,

Aristófanes escreveu "Lisístrata".

Nesta peça, as mulheres de Atenas
ficam cansadas da guerra

e fazem uma greve de sexo
até que seus maridos declarem a paz.

Outras peças usam cenários similarmente
fantásticos para espetar situações atuais,

como em "As Nuvens",

na qual Aristófanes zombou
do pensamento filosófico da moda.

O herói, Estrepsíades, se matricula
na nova escola filosófica de Sócrates,

na qual ele aprende como provar
que o errado está certo

e que uma dívida não é uma dívida.

Não importa o quão extravagantes
essas peças sejam,

os heróis sempre prevalecem no final.

Aristófanes também se tornou
o mestre da transgressão,

uma técnica cômica na qual os atores
se dirigem diretamente ao público,

muitas vezes elogiando o dramaturgo
ou fazendo comentários e piadas atuais.

Por exemplo, em "As Aves",

o coro assume o papel de diferentes aves
e ameaça os juízes atenienses

dizendo que se a peça deles
não ganhar o primeiro lugar,

vão defecar neles enquanto
eles andarem pela cidade.

Talvez os juízes não apreciaram a piada,
já que a peça ficou em segundo.

Ao explorar novas ideias

e incentivar a autocrítica
na sociedade ateniense,

Aristófanes não apenas
zombou de seus concidadãos,

mas moldou a natureza da comédia em si.

Aclamado por alguns estudiosos
como o pai da comédia,

suas impressões digitais são visíveis
sobre técnicas cômicas por todo lado,

da palhaçada, aos duos cômicos,

das imitações, à sátira política.

Pela exaltação à liberdade de expressão
e a celebração de heróis comuns,

as peças de Aristófanes fizeram
o público dele pensar enquanto ria.

E sua réplica a Kleon em 425 a.C.
ressoa ainda hoje:

"Eu sou comediante,
então falarei sobre justiça,

não importando o quanto isso
soe desagradável aos seus ouvidos".