Lições sobre o Jornalismo Investigativo| Carol Marin | TEDxMidwest
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0:08 - 0:10Muito obrigada!
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0:10 - 0:15Aprendi muitas lições
como repórter investigativa, -
0:15 - 0:18e achei melhor ir direto ao ponto.
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0:18 - 0:22Lição número um: você pode colocar
a vida de alguém em risco. -
0:22 - 0:24(Risos)
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0:24 - 0:27Trabalhei por muito tempo cobrindo
o crime organizado -
0:27 - 0:32e em 1980 em particular, cobri
o crime organizado em Chicago, -
0:32 - 0:38e um agenciador de apostas mafioso
multi milionário, William "B.J." Jahoda. -
0:38 - 0:41Ele trabalhava para a gangue do Cicero.
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0:41 - 0:45Nós de Chicago sabemos que naquela época
isso era território do Al Capone. -
0:45 - 0:48Ele trabalhava para a máfia.
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0:49 - 0:51O que podemos dizer de Rocky Infelice?
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0:51 - 0:53Um cara muito mau.
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0:53 - 0:57Era uma das gangues
mais cruéis, duras e más -
0:57 - 1:01e Rocky Infelice era muito perigoso.
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1:01 - 1:04"B" era como todos chamavam Jahoda.
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1:04 - 1:08Ele era jornalista, e era brilhante
ao trabalhar as palavras, -
1:08 - 1:12e era um operador,
podia calcular de cabeça. -
1:12 - 1:14Ele podia memorizar livros,
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1:14 - 1:19avaliar as possibilidades
e entendia tudo. -
1:19 - 1:22Mas, no fundo, era um homem decente.
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1:22 - 1:25Durante os muitos anos rentáveis,
Rocky foi ficando irritado, -
1:25 - 1:28pois eles eram agenciadores de apostas
renegados em Chicago. -
1:28 - 1:31Eram caras independentes,
não dependiam do "Outfit", -
1:31 - 1:32e isso era um péssimo negócio.
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1:32 - 1:37Rocky mandou Jahoda pegar alguns dos caras
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1:37 - 1:41enganá-los e depois,
deixá-los em algum lugar. -
1:41 - 1:45"Deixe-os lá", Rocky disse,
"e não olhe para trás!" -
1:45 - 1:49Bom, um desses agenciadores
foi morto na cozinha do B.J. Jahoda. -
1:49 - 1:51Foi um caos.
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1:51 - 1:54Ele não aguentava mais e em 1989,
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1:54 - 1:57aceitou usar um grampo e ajudar a polícia
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1:57 - 1:59a prender Rocky e sua gangue,
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1:59 - 2:03e acreditem, isso nunca
havia acontecido em Chicago. -
2:03 - 2:07Ninguém havia penetrado o Chicago Outfit
e toda a gangue antes, -
2:07 - 2:11mas Bill Jahoda sim,
colocando sua vida em risco. -
2:11 - 2:14A primeira vez que colocaram
uma escuta nele, -
2:14 - 2:17ele achou que seria como
um mini rádio transistor, -
2:17 - 2:22mas era do tamanho de um maço de cigarros
e foi colocado em sua lombar. -
2:22 - 2:24Ele disse que parecia um tijolo.
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2:24 - 2:28E disse que quando foi para
sua primeira reunião com a escuta, -
2:28 - 2:31ele se sentiu como o mascote
de San Diego numa casa funerária; -
2:31 - 2:33e achou que todos sabiam.
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2:33 - 2:37Depois de seis semanas de depoimentos
inacreditáveis na Corte Federal, -
2:37 - 2:41incluindo o momento
mais memorável que presenciei, -
2:41 - 2:43quando até o juiz deu risada,
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2:43 - 2:47porque B estava descrevendo Rose Laws,
famosa madame de Chicago, -
2:47 - 2:51e como ela fornecia "suas garotas"
para a gangue do Rocky. -
2:51 - 2:55Jahoda chamou isso
de "refresco horizontal". -
2:55 - 2:56(Risos)
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2:56 - 3:00B.J. Jahoda incriminou todos
os integrantes da gangue de rua. -
3:00 - 3:06Rocky foi preso, e B ingressou
no programa de proteção às testemunhas. -
3:06 - 3:09Quando ele decidiu me conceder
sua primeira entrevista para TV -
3:09 - 3:11ficamos morrendo de medo.
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3:11 - 3:13A máfia queria matá-lo.
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3:13 - 3:16Fomos cuidadosos em escolher
um ponto de encontro. -
3:16 - 3:20Decidimos ir a um hotel em Wisconsin,
fora do distrito de Illinois. -
3:20 - 3:22Mas nossa bagagem é pesada.
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3:22 - 3:26Levamos duas camêras, três produtores, eu
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3:26 - 3:31e alguém que assistisse Channel 5
poderia me reconhecer. -
3:31 - 3:35Estávamos com muito medo de sermos
responsáveis pela morte dele, -
3:35 - 3:37e acho que B estava
muito preocupado também. -
3:38 - 3:40Graças a Deus, ele não foi assassinado!
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3:40 - 3:43E a entrevista, preciso contar a vocês,
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3:43 - 3:44foi incrível!
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3:45 - 3:49Porque as pessoas o chamavam de rato,
chamamos a matéria de "Diário do Rato". -
3:49 - 3:53B.J. Jahoda cumpriu
sua tarefa como cidadão, -
3:53 - 3:55e parou de ajudar
que pessoas fossem mortas, -
3:55 - 3:57mas foi muito difícil.
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3:57 - 4:00Quando a entrevista estava
quase terminando disse: -
4:01 - 4:04"Você ainda teme por sua vida
todos os dias?" -
4:04 - 4:07E ele disse: "Vou dizer o seguinte:
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4:07 - 4:11eles começariam a festa removendo
meus olhos com uma colher de chá". -
4:12 - 4:17Lição dois: alguém pode querer matar você.
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4:17 - 4:21Minha vizinha me chamou
uma manhã, frenética e disse: -
4:21 - 4:25"Quem são os caras armados no seu jardim?"
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4:25 - 4:26(Risos)
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4:27 - 4:31É uma longa história, mas começa
com um cara chamado Jeff Fort. -
4:31 - 4:33Fort está preso agora.
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4:33 - 4:36Entrou e saiu da cadeia
durante todos estes anos, -
4:36 - 4:39mas até hoje continua sendo
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4:39 - 4:43um dos líderes de gangue
mais conhecidos e temidos de Chicago. -
4:43 - 4:45Era um dos filhos da Grande Imigração.
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4:45 - 4:48Ele veio de Abeerden, Mississippi
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4:49 - 4:53para Woodlawn, no sul de Chicago
nos anos 50. -
4:53 - 4:55Ele era estranho porque era magrinho,
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4:55 - 4:58semi-alfabetizado no máximo,
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4:58 - 4:59mas ele era mágico.
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4:59 - 5:01Era um líder.
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5:01 - 5:05Teve milhares de seguidores
nos anos 60 e 70, -
5:05 - 5:07e eles o chamavam de "Anjo".
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5:07 - 5:10E na guerra contra a pobreza lançada
pelo presidente Lyndon Johnson, -
5:10 - 5:14Jeff Fort conseguiu cerca de US$ 1 milhão
do governo federal, -
5:14 - 5:19dinheiro que iria para organizações
da comunidade e potenciais líderes. -
5:19 - 5:23Ele enganou o governo,
roubou o dinheiro e foi para a prisão, -
5:24 - 5:28mas foi inteligente o suficiente
para perceber na prisão -
5:28 - 5:34que as organizações religiosas tinham
um certo tipo de proteção constitucional. -
5:34 - 5:37Então ele pensou: "Aha, vou criar
uma religião, não uma gangue!" -
5:37 - 5:43O grupo ficou conhecido como "El Rukns",
uma organização religiosa muçulmana. -
5:43 - 5:47E fora da prisão Jeff volta
para as ruas de Chicago -
5:47 - 5:49com sua El Rukns.
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5:49 - 5:55A organização não era apenas perigosa.
Era pequena e super secreta. -
5:55 - 6:00E o governo lutou para penetrar
a organização por muitos anos. -
6:00 - 6:04Jeff rapidamente voltou para a cadeia
por outra denúncia, -
6:04 - 6:06ligada ao narcotráfico,
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6:06 - 6:10e além de ser um líder religioso,
era muito bom no telefone público. -
6:10 - 6:13Então, do telefone público de outro lugar
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6:14 - 6:17durante as 3.500 horas que a polícia
conseguiu grampear, -
6:17 - 6:19puderam escutar suas instruções
aos seus seguidores -
6:19 - 6:24para fazer um acordo com Muammar Gaddafi
e eles iriam para a Líbia, -
6:24 - 6:27pois eles eram muçulmanos
e conseguiriam conhecer o Gaddafi. -
6:27 - 6:31E por US$ 2,5 milhões
o grupo de Jeff prometeu -
6:31 - 6:37cometer atos de terrorismo doméstico
e derrubar aviões em pleno voo. -
6:37 - 6:40E a polícia o pegou.
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6:40 - 6:44Ele estava metido em sérios problemas
naquele julgamento. -
6:44 - 6:47Nesse meio tempo, eu estava filmando
o documentário "Anjo do Medo", sobre ele. -
6:47 - 6:49E o telefone de casa toca,
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6:49 - 6:51e era um capanga do El Rukn
chamado Billy Doyle, -
6:51 - 6:56e eles não ligam para casa de repórter,
então eu sabia que estava encrencada. -
6:56 - 7:00Liguei para a NBC e para a polícia.
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7:00 - 7:03Não queria ligar para ninguém,
pois sendo repórter, -
7:03 - 7:04não faço parte de nenhum clube.
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7:04 - 7:06NBC mandou seguranças,
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7:06 - 7:09a polícia ficou vigiando a casa.
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7:09 - 7:12Instalaram um sistema de segurança
que vinha com um botão do pânico -
7:12 - 7:15que lembra um botão de abrir a garagem,
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7:15 - 7:17e se você bater nele com seu dedo
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7:17 - 7:20ele dispara um alarme de emergência
e a polícia vem a sua casa. -
7:20 - 7:23Uma manhã, eu estava na banheira
com meu filho de seis meses -
7:23 - 7:27e meu outro filho de dois anos
entra e diz: "Olha mãe!" -
7:27 - 7:28(Risos)
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7:28 - 7:31Eu sabia que tinha 30 segundos
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7:31 - 7:35para tirar a maquiagem borrada
dos olhos ou colocar um roupão, -
7:35 - 7:39porque em 30 segundos a polícia
estava na porta, tocando a campainha. -
7:39 - 7:44Quando abri a porta vi dois homens
apontando suas armas; -
7:44 - 7:49eles haviam corrido pelo cimento
fresco da casa ao lado, -
7:49 - 7:52pois estavam reformando as calçadas,
então tinham cimento nos sapatos. -
7:52 - 7:55E eu disse: "Sinto muitíssimo!"
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7:55 - 7:58No dia seguinte, liguei
para o advogado do Jeff e disse: -
7:58 - 8:01"Diga a ele que foi
um grande erro fazer isso". -
8:01 - 8:03O advogado disse: "Jeff pede desculpas".
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8:03 - 8:06Sabia que tinha de pedir
desculpas a outra pessoa. -
8:06 - 8:07Na manhã seguinte,
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8:07 - 8:11arrumei as bolsas das crianças, o bebê
nas minhas costas e o Josh do meu lado. -
8:11 - 8:15Pegamos um táxi e fomos
pegar 12 dúzias de rosquinhas, -
8:15 - 8:18entramos no táxi e fomos até a delegacia.
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8:18 - 8:22Uma prostituta e um bêbado abrem a porta;
tinham acabado de ser liberados. -
8:22 - 8:26Entramos na delegacia,
coloquei o Josh na mesa -
8:26 - 8:29e disse: "Josh, pede desculpas
para o sargento". -
8:29 - 8:30(Risos)
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8:30 - 8:33E o policial, com sotaque irlandês, diz:
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8:33 - 8:35"Oh senhora não seja tão dura
com o menino!" -
8:35 - 8:36(Risos)
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8:36 - 8:39Lição número três:
prepare-se para ser impopular. -
8:39 - 8:42Ao longo dos anos fizemos reportagens
sobre pessoas muito populares. -
8:42 - 8:45Isso inclui Michael Jordan,
no ápice de sua carreira, -
8:45 - 8:49Barack Obama no começo de sua
ascendência à presidência da república, -
8:49 - 8:52e agora estamos trabalhando
no "Sun-Times", -
8:52 - 8:55com outra história sobre
o sobrinho de Daley Clan, -
8:55 - 8:57e se ele realmente
teve tratamento especial -
8:57 - 9:00numa briga que resultou na morte
de um jovem rapaz em 2004, -
9:00 - 9:03pela qual ele nem foi indiciado.
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9:03 - 9:06Essas três histórias geraram
muita controvérsia. -
9:06 - 9:11A instituição de caridade de Jordan foi
criada para ser sua relações públicas; -
9:11 - 9:16dar dinheiro para os pobres representava
uma pequena porcentagem de suas funções. -
9:16 - 9:19Obama tinha um coletor de fundos
com boas conexões chamado Tony Rezko, -
9:19 - 9:22sobre o qual ele não quis falar
durante sua primeira campanha, -
9:22 - 9:24e nós falamos.
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9:24 - 9:28Demorou 18 meses para convencê-lo
a vir ao grupo editorial dar explicações. -
9:29 - 9:34Um promotor especial foi indicado
para o caso do sobrinho do Daley -
9:34 - 9:37e do menino que morreu, David Koschman.
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9:37 - 9:40Houve rejeição às três histórias,
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9:40 - 9:44por todo tipo de pessoas,
mas as publicamos assim mesmo, -
9:44 - 9:48porque é um privilégio ser repórter.
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9:48 - 9:52Em troca desse privilégio,
sempre digo aos meus alunos, -
9:52 - 9:54abrimos mão de alguns direitos
que temos como cidadãos. -
9:54 - 9:57O que significa que você
não pertence a um partido político, -
9:57 - 10:00nem a nenhum grupo específico,
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10:00 - 10:05e nem sempre é convidado para jantares,
porque ninguém quer falar com você. -
10:05 - 10:06E querem saber?
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10:06 - 10:07Tudo bem.
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10:08 - 10:10Lição número [quatro]:
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10:10 - 10:12prepare-se para obter mais crédito
do que você merece. -
10:12 - 10:16Em 1997 pedi demissão na NBC
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10:16 - 10:19e meu co-âncora também, Ron Magers.
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10:19 - 10:23Naquele tempo, a diretoria da NBC
era bem diferente da de hoje em dia. -
10:23 - 10:27Decidiram inovar a nossa equipe,
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10:27 - 10:31e acreditavam que teriam mais sucesso
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10:31 - 10:33contratando Jerry Springer
como comentarista -
10:33 - 10:35e o apresentaríamos no jornal das dez.
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10:35 - 10:41Ron e eu sentimos que isso arruinaria
nossa integridade e credibilidade. -
10:43 - 10:46Protestamos dizendo que seria um erro.
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10:46 - 10:49Nós perdemos, eles ganharam.
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10:49 - 10:50Pedimos demissão.
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10:50 - 10:51Nossa audiência se revoltou.
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10:51 - 10:54Houve tantas ligações
que o painel derreteu. -
10:54 - 10:56Foram dez mil ligações.
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10:56 - 10:58Ron e eu recebemos muita atenção.
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10:58 - 11:03Histórias sobre nós foram publicadas
nos jornais, fomos muito elogiados. -
11:03 - 11:05O ponto disso é
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11:05 - 11:09que pessoas pedem demissão
todos os dias por questões de princípios. -
11:09 - 11:12Eu recebi umas 2 mil cartas,
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11:12 - 11:15uma delas da esposa de um cara do DACF,
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11:15 - 11:17Departamento Social
de Crianças e Famílias, -
11:17 - 11:23que se recusou a alocar crianças vítimas
de maus-tratos num abrigo em Chicago, -
11:23 - 11:26porque ele acreditava que lá
elas poderiam ser abusadas sexualmente. -
11:26 - 11:27Ele foi demitido.
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11:28 - 11:32Fui ao mercado um dia,
e o açougueiro, Bruno, -
11:32 - 11:35me contou como ele sozinho
sustentava a esposa e os filhos, -
11:35 - 11:38e se recusou a falsear o peso da carne
no último local em que trabalhou -
11:38 - 11:42colocando seu dedo na balança.
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11:43 - 11:45E ele foi mandado embora.
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11:45 - 11:50O assistente social e o açougueiro não
receberam a mesma atenção que nós, -
11:50 - 11:53ninguém escreveu
uma reportagem sobre eles. -
11:53 - 11:58E eles se arriscaram
muito mais do que nós, -
11:58 - 12:02por recompensas bem menores
do que Ron e eu tivemos. -
12:03 - 12:08No dia seguinte ao meu pedido demissão,
recebi uma carta em casa. -
12:08 - 12:11Sem selo nem remetente.
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12:11 - 12:14Era de B.J. Jahoda, que soube da notícia.
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12:14 - 12:18Ele estava no programa de proteção
às testemunhas e a carta dizia: -
12:18 - 12:24"Querida boneca, às vezes temos de deixar
algumas coisas para trás. Com amor, B". -
12:26 - 12:28Lição cinco:
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12:28 - 12:33prepare-se para o que você
não pode prever. -
12:34 - 12:40Há um sentido na maioria das missões
no meu trabalho, um propósito. -
12:40 - 12:45Como em um pronto-socorro quando
uma enfermeira corre para ajudar, -
12:45 - 12:49ou um bombeiro quando escuta
o alarme de incêndio. -
12:50 - 12:54Não é só porque devem fazer isso,
porque são treinados, -
12:54 - 12:58é porque querem fazer isso,
por acreditam no que fazem. -
12:58 - 13:01No dia 11 de setembro
eu estava em Nova York, -
13:01 - 13:04trabalhando para o "60 Minutes"
e "60 Minutes II". -
13:04 - 13:06Por ser do meio-oeste,
eu sempre estava lá super cedo; -
13:06 - 13:08os nova-iorquinos sempre se atrasam.
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13:08 - 13:12E claro que havia monitores
em todos os lugares nos estúdios, -
13:12 - 13:14e só havia alguns de nós lá,
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13:14 - 13:16então alguém gritou: "Oh meu Deus!",
-
13:16 - 13:20ao ver o primeiro avião se chocar
com a primeira torre. -
13:21 - 13:27Eu já era repórter há tempo suficiente
para saber quando algo grande acontece, -
13:27 - 13:30sim, você vai até o local
o mais rápido possível, -
13:30 - 13:33porque a polícia vai isolá-lo
-
13:33 - 13:37e você não chegará
perto o suficiente para ver. -
13:37 - 13:42Fui até o World Trade Center
com apenas meu telefone celular. -
13:42 - 13:45A segunda torre já havia sido atingida.
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13:45 - 13:51E estou no lado direito da pista
e milhares estavam voltando, -
13:51 - 13:53Lembro que alguém disse:
"Pare, dê a volta!" -
13:53 - 13:57Nessa sensação louca de invencibilidade
que temos quando há um trabalho -
13:57 - 14:01eu disse: "CBS News, não se preocupa!"
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14:01 - 14:02(Risos)
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14:02 - 14:04E continuei indo.
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14:04 - 14:06Imaginei que meu celular funcionaria,
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14:06 - 14:12mas milhares de celulares tocando
freneticamente derrubaram o sistema. -
14:13 - 14:19Estava na rodovia West Side
quando vi a primeira torre desabar. -
14:21 - 14:23E continuei seguindo.
-
14:23 - 14:28Cheguei na West Street
e havia cinzas no chão -
14:28 - 14:31e bombeiros, e lhes mostrei
minha credencial, -
14:31 - 14:33e um dos bombeiros disse:
-
14:33 - 14:37"Ande no meio da rua porque
tem muitas coisas caindo". -
14:37 - 14:40E havia macas sem nenhum ferido
e os paramédicos aguardavam. -
14:40 - 14:45Foi então que senti o chão tremer.
-
14:45 - 14:51O bombeiro na minha frente
se virou e gritou: "Corra!" -
14:51 - 14:55Pude ver uma bola de fogo
vindo da base do edifício, -
14:55 - 14:57provavelmente a ignição
do combustível do avião, -
14:57 - 15:00enquanto o prédio começava a desabar.
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15:00 - 15:03Mas você não tem tempo para ver tudo.
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15:03 - 15:08Virei, caí, e o bombeiro me pegou
pela cintura e me colocou em pé. -
15:08 - 15:12Começamos a correr e pudemos ver
-
15:12 - 15:16outro edifício com
uma marquise de mármore, -
15:16 - 15:21e então ele me cobriu com seu corpo.
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15:21 - 15:28Eu podia sentir o coração dele batendo
nas minhas costas, pois pulsava forte. -
15:29 - 15:34A luz da manhã se apagou
e tudo escureceu em segundos. -
15:34 - 15:37Havia partículas em todos os lugares.
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15:37 - 15:39Partículas de pessoas,
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15:40 - 15:43de mesas e prédios,
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15:43 - 15:47e canetas, e coisas
que não conseguíamos ver. -
15:47 - 15:51Estava tão escuro que não conseguia
enxergar a um palmo de distância. -
15:51 - 15:55Pensei: "É assim que os bombeiros morrem".
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15:55 - 15:59Não é o fogo, é a fumaça
porque você não consegue respirar. -
15:59 - 16:03Quando sentimos que o prédio
já havia desabado, -
16:03 - 16:07o bombeiro me passou para um policial,
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16:07 - 16:12que segurou minha mão
ao protegermos nossos rostos -
16:12 - 16:16para tentar seguir, tentar
achar mais luz, uma saída. -
16:17 - 16:22Não pensei em perguntar
o nome do bombeiro. -
16:22 - 16:26Não perguntei quem ele era.
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16:26 - 16:29Isso até hoje me assombra.
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16:30 - 16:34Que tipo de repórter eu era
que sequer pegou o nome dele? -
16:34 - 16:36Peguei o nome de todos depois disso.
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16:36 - 16:40Peguei o nome do policial,
das pessoas que me deram oxigênio. -
16:40 - 16:45Peguei o nome dos paramédicos
que me levaram para o meio da rua, -
16:45 - 16:47peguei o nome do motorista do ônibus
-
16:47 - 16:53que me deixou sequestrar seu ônibus
para chegar até os estúdios da CBS. -
16:54 - 16:56Só faltou o nome do bombeiro.
-
16:56 - 16:58Não sei se ele sobreviveu.
-
16:58 - 17:03Ele se virou e retornou ao local
onde a segunda torre caiu. -
17:03 - 17:06Procurei por ele,
escrevi cartas às autoridades, -
17:06 - 17:10contei muitas vezes a história
na esperança de que algum dia -
17:10 - 17:12alguém saberá quem ele é.
-
17:13 - 17:16Cheguei nos estúdios da CBS,
sentei-me ao lado do Dan Rather, -
17:16 - 17:21coberta em poeira
e relatei o que havia visto. -
17:22 - 17:25A maior lição que aprendi
-
17:25 - 17:29foi que em todas as histórias, todos
os dias, todos os anos em que faço isso, -
17:30 - 17:34é um privilégio ser repórter.
-
17:35 - 17:36Fazer esse trabalho.
-
17:37 - 17:38Muito obrigada.
-
17:38 - 17:40(Aplausos)
- Title:
- Lições sobre o Jornalismo Investigativo| Carol Marin | TEDxMidwest
- Description:
-
Esta palestra foi dada em um evento TEDx local, produzido independentemente das conferências TED.
Carol Marin, uma veterana no jornalismo investigativo, conta um pouco sobre seu trabalho para uma plateia muito interessada em vilões e eventos catastróficos. Ela é muito cativante ao contar sobre o crime organizado e corrupção política em Chicago, e também sobre o medo e o caos que ela experienciou ao ir de encontro às Torres Gêmeas desmoronando em Nova York.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 17:47
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Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for Lessons in Investigative Journalism | Carol Marin | TEDxMidwest | |
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Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Lessons in Investigative Journalism | Carol Marin | TEDxMidwest | |
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