A tecnologia não mudou o amor. Eis porquê
-
0:01 - 0:04Eu estive recentemente a viajar
nas terras altas da Nova Guiné. -
0:04 - 0:07E estava a falar com um homem
que tinha três mulheres. -
0:07 - 0:10Eu perguntei-lhe:
"Quantas mulheres gostaria de ter?" -
0:10 - 0:12Houve uma longa pausa,
-
0:12 - 0:13e eu pensei:
-
0:13 - 0:15"Vai dizer cinco?"
-
0:15 - 0:16"Vai dizer 10?"
-
0:16 - 0:18"Vai dizer 25?"
-
0:18 - 0:20Ele aproximou-se e sussurrou:
-
0:20 - 0:21"Nenhuma".
-
0:22 - 0:23(Risos)
-
0:24 - 0:2886% das sociedades permitem
que um homem tenha várias mulheres. -
0:28 - 0:29Poligamia.
-
0:29 - 0:31Mas na vasta maioria
destas culturas, -
0:31 - 0:36só cerca de 5 ou 10% dos homens
têm, de facto, várias mulheres. -
0:36 - 0:38Ter várias parceiras pode
ser uma dor de cabeça. -
0:38 - 0:41Na verdade, as mulheres podem
desentender-se entre si. -
0:41 - 0:44Por vezes, até podem envenenar
os filhos umas das outras. -
0:44 - 0:47E é preciso ter muitas
vacas, muitas cabras, -
0:47 - 0:49muito dinheiro, muita terra,
-
0:49 - 0:51para construir um harém.
-
0:51 - 0:53Somos uma espécie monógama.
-
0:53 - 0:5797% dos mamíferos não formam
pares para cuidar dos jovens. -
0:57 - 0:59Os seres humanos, sim.
-
0:59 - 1:01Não estou a sugerir
-
1:01 - 1:04que nós tenhamos que ser
sexualmente fiéis aos nossos parceiros. -
1:04 - 1:07Estudei o adultério em 42 culturas,
-
1:07 - 1:09E percebi, na verdade,
parte da sua genética -
1:09 - 1:11e parte dos circuitos
cerebrais envolvidos. -
1:11 - 1:13É muito comum em todo o mundo,
-
1:13 - 1:15mas nós somos feitos para amar.
-
1:16 - 1:19De que forma é que a tecnologia
está a alterar o amor? -
1:20 - 1:22Eu digo que, praticamente,
de forma nenhuma. -
1:23 - 1:24Eu estudo o cérebro.
-
1:24 - 1:28Eu e os meus colegas submetemos mais
de 100 pessoas a ressonâncias magnéticas, -
1:28 - 1:31pessoas que tinham acabado
de se apaixonar, -
1:31 - 1:34pessoas que tinham acabado
de ser rejeitadas no amor, -
1:34 - 1:36e pessoas apaixonadas a longo prazo.
-
1:36 - 1:38É possível mantermo-nos
"apaixonados" a longo prazo. -
1:39 - 1:41E tenho mantido, desde há muito tempo
-
1:41 - 1:43que desenvolvemos três sistemas
cerebrais diferentes -
1:44 - 1:45para acasalamento e reprodução:
-
1:45 - 1:47Desejo sexual.
-
1:47 - 1:49Sentimentos de intenso amor romântico.
-
1:49 - 1:52E sentimentos de uma profunda ligação
cósmica com um parceiro a longo prazo. -
1:52 - 1:55E juntos, estes três sistemas cerebrais,
-
1:55 - 1:57juntamente com outras partes do cérebro,
-
1:57 - 2:02orquestram a nossa vida sexual,
romântica e familiar. -
2:02 - 2:06Mas estes estão bem abaixo do córtex,
-
2:06 - 2:09bem abaixo do sistema límbico
onde sentimos as nossas emoções, -
2:09 - 2:11onde geramos as emoções.
-
2:11 - 2:15Eles estão nas partes mais primitivas
do nosso cérebro, ligados à energia, -
2:15 - 2:20à atenção, aos anseios, à motivação,
aos desejos e ao impulso. -
2:21 - 2:22Neste caso,
-
2:22 - 2:24o impulso de ganhar
o maior prémio na vida: -
2:24 - 2:26um parceiro para acasalamento.
-
2:26 - 2:30Evoluíram durante 4,4 milhões de anos,
entre os nossos primeiros antecessores -
2:30 - 2:35e não vão mudar por irmos
para a direita ou esquerda no Tinder. -
2:35 - 2:36(Risos)
-
2:36 - 2:39(Aplausos)
-
2:39 - 2:43Não há dúvidas que a tecnologia
está a mudar a forma como cortejamos: -
2:43 - 2:45emails, mensagens,
-
2:45 - 2:47"emojis" para exprimir as nossas emoções,
-
2:47 - 2:49mensagens eróticas.
-
2:49 - 2:51Pôr "gosto" numa fotografia,
as "selfies"... -
2:51 - 2:55Estamos a ver as novas regras
e os tabus para fazer a corte. -
2:56 - 2:58Mas, sabem...
-
2:58 - 3:01Estará, de facto, a mudar
drasticamente o amor? -
3:02 - 3:04Então e quanto ao final
da década de 40 -
3:04 - 3:07quando os carros
se tornaram muito populares -
3:07 - 3:09e, de repente, tínhamos
camas rolantes? -
3:09 - 3:11(Risos)
-
3:11 - 3:15E aquando da introdução da pílula?
-
3:16 - 3:21Libertadas da grande ameaça
da gravidez a da ruína social, -
3:21 - 3:25as mulheres puderam finalmente
expressar a sua sexualidade primitiva. -
3:26 - 3:29Nem os "sites" de encontros
estão a mudar o amor. -
3:29 - 3:31Eu sou consultora científica
chefe do Match.com -
3:31 - 3:33já há 11 anos.
-
3:33 - 3:35Eu continuo a dizer-lhes,
e eles concordam, -
3:35 - 3:38que estes não são "sites" de encontros
-
3:38 - 3:39mas de apresentação.
-
3:39 - 3:41Quando nos sentamos num bar,
-
3:41 - 3:43num café,
-
3:43 - 3:44num banco de jardim,
-
3:44 - 3:49o nosso cérebro antigo entra em ação
como um gato que é acordado -
3:49 - 3:51e sorrimos
-
3:51 - 3:52e rimos
-
3:52 - 3:53e ouvimos
-
3:53 - 3:59e desfilamos da mesma forma que os
nossos antecessores faziam há 100 mil anos. -
3:58 - 4:00Podemos apresentar-vos várias pessoas,
-
4:00 - 4:02todos os sites de encontros o fazem.
-
4:02 - 4:06Mas o único algoritmo real
é o nosso cérebro humano. -
4:06 - 4:09A tecnologia não irá mudar isso.
-
4:09 - 4:14E também não vai mudar as pessoas
por quem nos apaixonamos. -
4:14 - 4:16Eu estudo a biologia da personalidade,
-
4:16 - 4:18e tenho vindo a acreditar
-
4:18 - 4:22que desenvolvemos 4 estilos diferentes
de pensamento e comportamento -
4:22 - 4:25ligados aos sistemas de
dopamina, de serotonina, -
4:25 - 4:26de testosterona e de estrogénio.
-
4:26 - 4:31Por isso, criei um questionário,
diretamente do cérebro da ciência, -
4:31 - 4:34para determinar o grau
em que expressamos os traços, -
4:34 - 4:35a constelação de traços,
-
4:35 - 4:38ligados a estes quatro sistemas cerebrais.
-
4:39 - 4:44Depois, colocámos o questionário
em vários "sites" de encontros, -
4:44 - 4:45em 40 países.
-
4:46 - 4:50Mais de 14 milhões de pessoas,
já responderam ao questionário -
4:50 - 4:54e comecei a perceber quem é
naturalmente compatível com quem. -
4:54 - 4:56No final de contas,
-
4:56 - 4:59aqueles cujo sistema de dopamina
é mais expressivo -
4:59 - 5:02tendem a ser mais curiosos, criativos,
espontâneos e enérgicos. -
5:02 - 5:05Imagino que uma grande parte das
pessoas neste auditório seja assim, -
5:05 - 5:07São atraídas por pessoas como elas.
-
5:07 - 5:10As pessoas curiosas e criativas
precisam de pessoas como elas. -
5:10 - 5:13Pessoas muito expressivas,
dado o sistema de serotonina, -
5:13 - 5:16tendem a ser mais tradicionais,
convencionais e cumpridores. -
5:16 - 5:18Respeitam a autoridade.
-
5:18 - 5:21Tendem a ser mais religiosos
— isso está no sistema de serotonina. -
5:21 - 5:25E as pessoas tradicionais
vão ao encontro de outras iguais. -
5:25 - 5:27Neste sentido, os
semelhantes atraem. -
5:28 - 5:30Nos outros dois casos,
os opostos atraem. -
5:30 - 5:32Pessoas muito expressivas
no sistema de testosterona -
5:32 - 5:36tendem a ser analíticas, lógicas,
diretas e decisivas -
5:36 - 5:37e vão ao encontro do seu oposto.
-
5:37 - 5:40Procuram alguém cujo nível
de estrogénio é elevado. -
5:40 - 5:42Alguém cujas competências
verbais sejam elevadas -
5:42 - 5:43e competências sociais.
-
5:43 - 5:45Alguém muito intuitivo
-
5:45 - 5:48que é acolhedor
e emocionalmente expressivo. -
5:49 - 5:51Temos padrões naturais
para a escolha de parceiros. -
5:51 - 5:57A tecnologia moderna não vai
mudar por quem nos apaixonamos. -
5:57 - 6:00Mas a tecnologia está a criar
uma tendência -
6:00 - 6:02que me parece particularmente importante.
-
6:02 - 6:06Está associada ao conceito
do paradoxo da escolha. -
6:06 - 6:08Durante milhares de anos
-
6:08 - 6:10vivemos em pequenos grupos
de caçadores-recoletores. -
6:10 - 6:13Não tínhamos a possibilidade de escolha
-
6:13 - 6:16entre mil pessoas num "site" de encontros.
-
6:16 - 6:18De facto, tenho estudado
isto recentemente. -
6:18 - 6:22E acho que há um lugar
específico no cérebro. -
6:22 - 6:25Não sei qual é, mas parece
que, pela leitura de dados, -
6:25 - 6:30podemos incluir
cerca de 5 a 9 alternativas, -
6:30 - 6:33e depois, podemos entrar naquilo
a que os académicos chamam -
6:33 - 6:34"excesso cognitivo".
-
6:34 - 6:36E deixamos de escolher.
-
6:36 - 6:39Por isso, cheguei a concluir que
devido a este excesso cognitivo, -
6:39 - 6:43estamos a realizar
uma nova forma de cortejar -
6:43 - 6:45a que eu chamo "amor lento".
-
6:45 - 6:49Cheguei aqui através do
meu trabalho com a Match.com. -
6:49 - 6:51Todos os anos, desde há 6 anos,
-
6:51 - 6:54fazemos um estudo
chamado "Solteiros na América". -
6:54 - 6:56Não questionamos o grupo do Match,
-
6:56 - 6:58mas sim a população norte-americana.
-
6:58 - 7:01Usamos mais de cinco mil pessoas,
-
7:01 - 7:05uma amostra representativa dos EUA,
com base nos censos norte-americanos. -
7:05 - 7:07Agora temos informação
sobre mais de 30 mil pessoas. -
7:07 - 7:10E todos os anos,
-
7:10 - 7:12vejo um mesmo padrão.
-
7:13 - 7:15Todos os anos, quando pergunto,
-
7:15 - 7:18mais de 50% das pessoas
já tiveram casos de uma noite -
7:18 - 7:21— não necessariamente nesse ano,
mas na sua vida — -
7:21 - 7:2350% dos inquiridos já tiveram
amigos com benefícios -
7:23 - 7:25ao longo da sua vida.
-
7:25 - 7:28E mais de 50% tiveram
uma relação duradoura -
7:28 - 7:30antes de casarem.
-
7:30 - 7:32Os norte-americanos pensam
que isto é irresponsável. -
7:32 - 7:35Eu duvidei disso por muito tempo.
-
7:35 - 7:37Os padrões são demasiado fortes.
-
7:37 - 7:40Tem de haver uma qualquer
explicação darwiniana. -
7:40 - 7:42Não há assim tantas pessoas loucas.
-
7:42 - 7:46E encontrei uma estatística
que me fez pensar. -
7:46 - 7:49Era um artigo académico muito interessante
-
7:49 - 7:54no qual descobri que 67%
dos solteiros nos EUA, -
7:54 - 7:56que estão hoje
numa relação duradoura, -
7:56 - 8:00ainda não casaram
por terem medo do divórcio. -
8:00 - 8:03Têm medo das consequências sociais,
-
8:03 - 8:04legais, emocionais
-
8:04 - 8:07e económicas do divórcio.
-
8:07 - 8:11Vim a perceber que isto
não é irresponsabilidade, -
8:11 - 8:13acho que é precaução.
-
8:13 - 8:18Os solteiros querem saber
tudo sobre os seus parceiros -
8:18 - 8:19antes de casarem.
-
8:19 - 8:21Aprendemos muito entre os lençóis,
-
8:21 - 8:24não só sobre a forma
como fazem amor, -
8:24 - 8:25mas se são amáveis.
-
8:25 - 8:27se sabem ouvir.
-
8:27 - 8:30E, na minha idade,
se têm ou não sentido de humor. -
8:30 - 8:31(Risos)
-
8:31 - 8:35Numa idade em que
temos demasiadas escolhas, -
8:35 - 8:38não temos medo
da gravidez e da doença -
8:38 - 8:42e não temos vergonha
do sexo antes do casamento, -
8:42 - 8:46acho que as pessoas estão
a tomar o seu tempo para amar. -
8:46 - 8:48E, de facto, o que está a acontecer
-
8:48 - 8:52é uma expansão do estado
de pré-compromisso -
8:52 - 8:54antes de dar o nó,
-
8:54 - 8:57em que o casamento
era o início de uma relação -
8:57 - 8:58e agora é o final.
-
8:59 - 9:01Mas o cérebro humano...
-
9:01 - 9:03(Risos)
-
9:03 - 9:05O cérebro humano triunfa sempre.
-
9:05 - 9:07E, de facto, hoje nos EUA,
-
9:07 - 9:1186% dos norte-americanos
irá casar antes dos 49 anos. -
9:11 - 9:14E até em culturas por todo o mundo,
onde não há tantos casamentos, -
9:14 - 9:17eles vão acabar por assentar
com um parceiro a longo prazo. -
9:17 - 9:19Então comecei a pensar
-
9:19 - 9:24que, durante a longa extensão
da fase de pré-compromisso, -
9:24 - 9:27se nos conseguimos livrar
de más relações antes de casar, -
9:27 - 9:30é possível começar a ver
casamentos mais felizes. -
9:30 - 9:35Por isso fiz um estudo sobre
1100 pessoas casadas nos EUA, -
9:35 - 9:37não através do 'Match.com, claro.
-
9:37 - 9:39Fiz uma série de perguntas,
-
9:39 - 9:40mas uma das perguntas era:
-
9:40 - 9:45"Voltaria a casar com a pessoa
com quem está agora casada?" -
9:45 - 9:48E 81% disse que sim.
-
9:49 - 9:55De facto, a maior diferença
na vida romântica e familiar -
9:55 - 9:57não é a tecnologia
-
9:57 - 9:59nem sequer é o "amor demorado",
-
9:59 - 10:02mas sim a entrada das mulheres
no mercado de trabalho -
10:02 - 10:04nas culturas de todo o mundo.
-
10:04 - 10:05Durante milhares de anos,
-
10:05 - 10:08os nossos antecessores viviam
em pequenos grupos de caçadores. -
10:08 - 10:11As mulheres deslocavam-se diariamente
para recolher fruta e vegetais. -
10:11 - 10:14Voltavam para casa com 60 a 80%
da refeição da noite. -
10:14 - 10:17A família com duplo rendimento
era a regra. -
10:17 - 10:22E as mulheres eram consideradas
económica, social e sexualmente -
10:22 - 10:24tão poderosas como os homens.
-
10:24 - 10:27Mas o ambiente começou a alterar-se
há cerca de 10 mil anos. -
10:27 - 10:30Começámos a assentar em quintas.
-
10:30 - 10:32E tanto os homens como as mulheres
-
10:32 - 10:34eram obrigados a casar
com a pessoa certa, -
10:34 - 10:37com o melhor contexto familiar,
-
10:37 - 10:38da religião certa
-
10:38 - 10:41e com os parentes certos
e contactos sociais e políticos certos, -
10:41 - 10:43O trabalho dos homens
tornou-se mais importante: -
10:43 - 10:45afastar pedras, derrubar árvores,
cultivar as terras. -
10:45 - 10:48Levavam o produto aos mercados
locais e voltavam para casa -
10:48 - 10:50com o equivalente em dinheiro.
-
10:50 - 10:52Juntamente com isto,
-
10:52 - 10:54assistimos a um aumento
de uma série crenças. -
10:54 - 10:57A crença na virgindade até ao casamento,
-
10:57 - 10:59casamentos estritamente arranjados,
. -
10:59 - 11:02A crença que o homem
é o chefe da casa -
11:02 - 11:04e que o lugar da mulher é em casa.
-
11:04 - 11:06E o mais importante,
-
11:06 - 11:09honrar o marido
até a que a morte os separe. -
11:09 - 11:11Estas ideias desaparecerem.
-
11:11 - 11:12Estão a desaparecer,
-
11:12 - 11:14e em muitos sítios já desapareceram.
-
11:14 - 11:18Estamos a viver uma
revolução no casamento. -
11:18 - 11:22Estamos a mudar 10 mil anos
da nossa tradição de quinta -
11:23 - 11:28e a mover-nos em direção à igualdade
nas relações entre os sexos. -
11:28 - 11:33Algo que considero altamente compatível
com o espírito humano antigo. -
11:34 - 11:35Não sou uma Poliana.
-
11:35 - 11:37Há muito por que chorar.
-
11:37 - 11:39Já estudei o divórcio
em 80 culturas. -
11:39 - 11:41Estudei, como disse, o adultério.
-
11:41 - 11:43Há toda uma pilha de problemas.
-
11:43 - 11:46Como disse o poeta Butler Yeats:
-
11:46 - 11:49"O amor é uma coisa tortuosa"
-
11:49 - 11:52E eu acrescentaria:
"Ninguém sai vivo". -
11:52 - 11:53(Risos)
-
11:53 - 11:55Todos temos problemas.
-
11:55 - 11:59Mas acredito que o poeta Randall Jarrell
resume bem esta questão. -
11:59 - 12:04Ele disse: "O mundo escuro e inquieto
da vida familiar, -
12:04 - 12:08"onde o melhor pode falhar,
e o mais humilde vingar". -
12:09 - 12:11Mas deixo-vos com o seguinte:
-
12:11 - 12:13O amor e o compromisso prevalecerão.
-
12:13 - 12:16A tecnologia não consegue mudar isso.
-
12:16 - 12:18E concluo dizendo:
-
12:18 - 12:23Qualquer compreensão das relações
humanas deve ter em conta -
12:23 - 12:27um dos determinantes mais
poderosos do comportamento humano: -
12:27 - 12:29o insaciável,
-
12:29 - 12:30adaptável,
-
12:31 - 12:34e primordial impulso para amar.
-
12:34 - 12:35Obrigada.
-
12:35 - 12:38(Aplausos)
-
12:40 - 12:42Kelly Stoetzel: Muito obrigada, Helen.
-
12:42 - 12:45Como sabe, está aqui outra
oradora connosco. -
12:45 - 12:47Ela trabalha no mesmo campo
que a Helen. -
12:47 - 12:49E aborda a questão de uma
perspetiva diferente. -
12:49 - 12:53Esther Perel é psicoterapeuta
que trabalha com casais. -
12:54 - 12:56A Helen estuda dados.
-
12:56 - 12:58A Esther estuda as histórias
que os casais lhe contam, -
12:58 - 13:00quando lhe pedem ajuda.
-
13:00 - 13:01Vamos chamá-la ao palco.
-
13:01 - 13:03Esther?
-
13:03 - 13:06(Aplausos)
-
13:10 - 13:11Então, Esther,
-
13:12 - 13:14enquanto via a palestra da Helen,
-
13:14 - 13:16houve alguma parte
que tenha tido impacto, -
13:16 - 13:18segundo a sua perspetiva de trabalho,
-
13:18 - 13:20que gostasse de comentar?
-
13:20 - 13:24Esther Perel: É interessante
porque, por um lado, -
13:24 - 13:27a necessidade para amar
é omnipresente e universal. -
13:28 - 13:30Mas a forma como amamos,
-
13:30 - 13:32o significado que daí retiramos.
-
13:32 - 13:34as regras que, para mim,
governam as nossas relações -
13:34 - 13:36estão fundamentalmente a mudar.
-
13:36 - 13:39Nós advimos de um modelo
que, até agora, -
13:39 - 13:42foi primariamente regulado
em torno de dever e obrigação, -
13:42 - 13:45das necessidades
de coletividade e lealdade. -
13:45 - 13:46E alterámos isso
-
13:46 - 13:50para um modelo de escolha livre
e sob iguais direitos, -
13:50 - 13:53bem como de satisfação
própria e felicidade. -
13:53 - 13:56E assim, foi a primeira coisa que pensei.
-
13:56 - 13:58Que a necessidade não muda,
-
13:58 - 14:01Mas o contexto e a forma
como regulamos as relações -
14:01 - 14:03muda muito.
-
14:03 - 14:05Quanto ao paradoxo da escolha,
-
14:07 - 14:08sabemos que, por um lado,
-
14:08 - 14:11apreciamos a novidade
e a alegria, penso eu, -
14:11 - 14:13por termos várias opções.
-
14:13 - 14:15E, ao mesmo tempo,
-
14:15 - 14:17enquanto fala deste excesso cognitivo,
-
14:17 - 14:20vejo muitas, muitas pessoas,
-
14:22 - 14:26que temem a incerteza e a dúvida
-
14:27 - 14:29que advêm da quantidade de escolhas,
-
14:29 - 14:31criando um caso de FOMO,
-
14:31 - 14:33e levando-nos a...
-
14:33 - 14:36FOMO é o medo de perder
oportunidades. -
14:36 - 14:39É algo como: "Como é que eu
sei que encontrei 'o tal' -
14:39 - 14:41" 'O tal' certo?"
-
14:41 - 14:44Por isso, criámos aquilo a que
chamo "ambiguidade estável". -
14:45 - 14:48Esta ambiguidade ocorre quando temos
demasiado medo de estar sozinhos -
14:48 - 14:51mas também não estamos dispostos
a empenharmo-nos -
14:51 - 14:52na construção de intimidade.
-
14:52 - 14:58É um conjunto de táticas que prolongam
a incerteza de uma relação -
14:58 - 15:00mas também a incerteza de uma rotura.
-
15:00 - 15:03Por isso, na Internet temos
três ideias principais. -
15:03 - 15:06Uma é de cobertura e latência
-
15:06 - 15:09que são grandes táticas de empate
-
15:09 - 15:11que fornecem uma espécie
de circuito de espera, -
15:11 - 15:15enfatizando a natureza indefinida
de uma relação. -
15:15 - 15:19Mas ao mesmo tempo dá-nos
uma consistência reconfortante suficiente -
15:19 - 15:22e liberdade suficiente
nos limites indefinidos. -
15:22 - 15:24(Risos)
-
15:24 - 15:25Sim?
-
15:25 - 15:28E depois vem a "evaporação"
-
15:28 - 15:29que consiste, basicamente
-
15:29 - 15:33em desaparecer do núcleo
de conversações no momento -
15:33 - 15:37e, assim, não temos de lidar
com a dor que infligimos no outro, -
15:37 - 15:40porque estamos a torná-lo
invisível até para nós próprios. -
15:40 - 15:41(Risos)
-
15:41 - 15:42Sim?
-
15:42 - 15:47Estava aqui a pensar — estas palavras
surgiram-me enquanto a ouvia. -
15:47 - 15:52A forma como um vocabulário
também cria uma realidade -
15:52 - 15:54e, ao mesmo tempo,
-
15:54 - 15:55esta é a minha pergunta:
-
15:55 - 15:58Acha que quando o contexto se altera,
-
15:58 - 16:02continua a significar que a
natureza do amor se mantém igual? -
16:02 - 16:06Você estuda o cérebro e eu estudo
as relações e histórias das pessoas. -
16:06 - 16:10Por isso, acho que é tudo
o que você disse, mais: -
16:11 - 16:15Mas nem sempre sei o grau
de variação de determinado contexto... -
16:15 - 16:18Há algum momento em que
começa a alterar-se... -
16:18 - 16:21Se o significado se altera,
também muda a necessidade -
16:21 - 16:23ou a necessidade é separada
de todo o contexto? -
16:24 - 16:25Helen: Uau. Bem...
-
16:25 - 16:27(Risos)
-
16:28 - 16:30(Aplausos)
-
16:31 - 16:34Bem, estão aí três perguntas, certo?
-
16:35 - 16:37Em primeiro lugar:
-
16:37 - 16:40Não há dúvida que mudámos,
agora queremos uma pessoa para amar, -
16:40 - 16:43Durante milhares de anos,
tínhamos de casar com a pessoa certa, -
16:43 - 16:45com o histórico certo
e os contactos certos. -
16:45 - 16:49E, de facto, nos meus estudos com
5000 pessoas, todos os anos, -
16:49 - 16:51eu pergunto: "O que é que procuram?"
-
16:51 - 16:54E todos os anos,
mais de 97% responde: -
16:54 - 16:55EP: A lista vai crescendo.
-
16:55 - 16:59HF: Não. O principal
é que 97% das pessoas -
16:59 - 17:02querem alguém que os respeite,
-
17:02 - 17:04alguém em quem possam
confiar e confidenciar, -
17:04 - 17:06alguém que os faça rir,
-
17:06 - 17:07alguém que arranje tempo para eles
-
17:07 - 17:11e alguém que achem fisicamente atraente.
-
17:11 - 17:13Isso nunca muda.
-
17:13 - 17:16E há certamente duas partes...
-
17:16 - 17:18EP: Sabe o que eu chamo a isso?
-
17:18 - 17:20Isso não é o que as pessoas
costumavam dizer... -
17:20 - 17:21HF: Exatamente.
-
17:21 - 17:24EP: Diziam que queriam alguém
com quem tivessem companheirismo, -
17:24 - 17:26apoio económico, crianças.
-
17:26 - 17:29Passámos de uma economia de produção
para uma economia de serviço. -
17:29 - 17:32Fazíamo-lo numa cultura maior,
e agora no casamento. -
17:32 - 17:34HF: Certo, sem dúvida.
-
17:34 - 17:37Mas é curioso, os "milénios"
querem ser excelentes pais, -
17:38 - 17:42enquanto que a geração anterior à deles,
quer ter um maravilhoso casamento. -
17:42 - 17:45Mas que não são de todo
focados em serem bons pais. -
17:45 - 17:46Vemos todas estas nuances.
-
17:46 - 17:49Há duas partes básicas da personalidade:
-
17:49 - 17:53Há a cultura — tudo à volta do qual
crescemos e acreditamos e dizemos — -
17:53 - 17:54E há o temperamento.
-
17:54 - 17:57Basicamente, eu tenho estado
a falar do temperamento. -
17:57 - 18:00Esse temperamento vai certamente
mudar com o passar do tempo -
18:00 - 18:02e mudar certas crenças.
-
18:03 - 18:05Em termos do paradoxo da escolha,
-
18:05 - 18:08não há dúvida que esta é
uma questão complicada. -
18:08 - 18:11Durante milhares de anos,
encontrávamos um rapaz querido -
18:11 - 18:12do outro lado do lago,
-
18:12 - 18:13e íamos atrás dele.
-
18:13 - 18:14EP: Sim, mas...
-
18:14 - 18:16HF: Gostava de dizer mais uma coisa.
-
18:16 - 18:19Nas sociedades caçadoras
e recoletoras, -
18:19 - 18:23há a tendência para ter 2 ou 3
parceiros durante a vida. -
18:22 - 18:24Eles não eram parvos.
-
18:24 - 18:25Não estou a dizer que somos,
-
18:25 - 18:29mas o importante aqui é
que sempre tivemos alternativas. -
18:29 - 18:31O Homem é sempre...
-
18:31 - 18:34O cérebro é bem construído de
tal modo que chamamos "equilibrar", -
18:34 - 18:36para tentar decidir:
-
18:36 - 18:38Devo ir ou ficar? Vou? Fico?
-
18:38 - 18:41Quais são as oportunidades aqui?
Como é que lido com isto? -
18:41 - 18:44Por isso, penso que estamos a
ver uma repetição disso. -
18:44 - 18:46KS: Bem, muito obrigada às duas.
-
18:46 - 18:49Acho que vai ter um milhão
de parceiros para o jantar, hoje. -
18:49 - 18:51(Aplausos)
-
18:51 - 18:52Obrigada, obrigada.
- Title:
- A tecnologia não mudou o amor. Eis porquê
- Speaker:
- Helen Fisher
- Description:
-
No nosso mundo direcionado para a tecnologia, desenvolvemos novas formas e regras de namoro, mas mantiveram-se os princípios fundamentais do amor, isto segundo a antropóloga Helen Fisher. Nesta forma enérgica de contar tudo, aprendam de que forma os avanços mais rápidos nas relações, estão na verdade a conduzir a relações mais demoradas e íntimas. Vejam até ao final para assistirem a uma animada discussão com a especialista do amor, Esther Perel.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:05
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