As mentiras que a nossa cultura nos diz sobre o que é importante - e uma forma melhor de viver
-
0:01 - 0:03Todos passamos por fases difíceis na vida.
-
0:04 - 0:06Eu passei por uma em 2013.
-
0:06 - 0:08O meu casamento tinha acabado
-
0:08 - 0:11e sentia-me humilhado
por ter falhado o compromisso. -
0:11 - 0:14Os meus filhos estavam
a sair de casa para a universidade. -
0:14 - 0:16Eu cresci maioritariamente
no movimento conservador, -
0:16 - 0:18mas o conservadorismo tinha mudado,
-
0:18 - 0:20e eu também perdi muitos desses amigos.
-
0:20 - 0:23Vivia sozinho num apartamento
-
0:23 - 0:25e só trabalhava.
-
0:25 - 0:29Se abrissem as gavetas da cozinha
onde deviam estar utensílios, -
0:29 - 0:31havia notas em Post-its.
-
0:31 - 0:32Se abrissem as outras gavetas
-
0:32 - 0:35onde deviam estar pratos
eu tinha envelopes. -
0:36 - 0:40Eu tinha amigos de trabalho,
mas não tinha amigos de fim-de-semana. -
0:40 - 0:44Os meus fins-de-semana
eram um longo silêncio gritante. -
0:44 - 0:46E eu sentia-me solitário.
-
0:46 - 0:50A minha solidão, inesperadamente,
assumiu uma forma -
0:50 - 0:53que parecia medo,
o estômago a arder. -
0:53 - 0:56Parecia-se um pouco com a embriaguez,
-
0:56 - 1:01eu só tomava más decisões,
só fluidez, falta de solidez. -
1:02 - 1:05A parte dolorosa daquele momento
era a consciência -
1:05 - 1:07de que o vazio no meu apartamento
-
1:07 - 1:10era um reflexo do vazio em mim mesmo,
-
1:10 - 1:14e que eu tinha caído nalgumas das mentiras
que a nossa cultura nos conta. -
1:15 - 1:19A primeira mentira é que
uma carreira de sucesso é satisfatório. -
1:19 - 1:21Já tenho algum sucesso profissional
-
1:21 - 1:23e descobri que me ajuda a evitar
a vergonha que sentiria -
1:23 - 1:25se me sentisse um fracasso,
-
1:25 - 1:28mas não me fez nenhum bem.
-
1:28 - 1:32A segunda mentira é
que posso ser feliz, -
1:32 - 1:35que, se conseguir mais uma vitória,
-
1:35 - 1:38perder 7 quilos, praticar mais ioga,
-
1:38 - 1:39vou ficar feliz.
-
1:40 - 1:42Essa é a mentira da auto-suficiência.
-
1:42 - 1:45Mas, como qualquer pessoa
no seu leito de morte dirá, -
1:45 - 1:48o que faz as pessoas felizes
são os relacionamentos profundos, -
1:48 - 1:51a perda da auto-suficiência.
-
1:52 - 1:55A terceira mentira
é a mentira da meritocracia. -
1:55 - 1:59A mensagem da meritocracia
é que somos aquilo que alcançamos. -
1:59 - 2:02O mito da meritocracia
é que podemos ganhar dignidade, -
2:02 - 2:04ao nos associarmos
a marcas de prestígio. -
2:04 - 2:07A emoção da meritocracia
é o amor condicional, -
2:07 - 2:09podemos "conquistar" o amor.
-
2:09 - 2:13A antropologia da meritocracia é que
não somos uma alma a ser purificada, -
2:13 - 2:15somos um conjunto
de competências a maximizar. -
2:15 - 2:17E o mal da meritocracia
-
2:17 - 2:19é que as pessoas que já conquistaram
mais que as outras -
2:19 - 2:22valem na verdade
um pouco menos que as outras. -
2:22 - 2:25Como o salário do pecado é o pecado
-
2:25 - 2:27e os meus pecados
foram pecados de omissão -
2:27 - 2:29- não estender a mão,
não estar lá para os meus amigos, -
2:29 - 2:31a evasão, evitar o conflito.
-
2:32 - 2:34O estranho era que,
enquanto eu caía pelo abismo -
2:35 - 2:36- era um abismo de desconexão -
-
2:36 - 2:39muitas outras pessoas
faziam o mesmo. -
2:39 - 2:41Este é quase o segredo da minha carreira:
-
2:41 - 2:43muitas das coisas que me aconteceram
-
2:43 - 2:45estão sempre a acontecer
a muitas pessoas. -
2:45 - 2:48Eu sou uma pessoa muito normal
que sei comunicar acima do normal. -
2:48 - 2:49(Risos)
-
2:49 - 2:51Então, eu estava desconectado.
-
2:51 - 2:55E ao mesmo tempo,
muitas pessoas estavam desconectadas -
2:55 - 2:57e isoladas e separadas umas das outras.
-
2:57 - 3:0035% dos americanos com mais
de 45 anos sofrem de solidão crónica. -
3:00 - 3:03Apenas 8% dos americanos
afirmam ter conversas significativas -
3:03 - 3:05com os seus vizinhos.
-
3:05 - 3:08Só 32% dos americanos
dizem confiar nos seus vizinhos, -
3:08 - 3:10e apenas em 18% da geração do milénio.
-
3:10 - 3:12Os partidos políticos
e os movimentos religiosos -
3:12 - 3:15com maior crescimento
são independentes. -
3:15 - 3:18As taxas de depressão
e problemas mentais estão a aumentar. -
3:18 - 3:21A taxa de suicídio aumentou
30% desde 1999. -
3:21 - 3:24Os suicídios de adolescentes
nos últimos anos -
3:24 - 3:26aumentaram 70%.
-
3:27 - 3:30Suicidam-se 45 000 americanos por ano.
-
3:30 - 3:32Morrem 72 000 por dependência de opiácios;
-
3:32 - 3:36a esperança de vida está a decrescer,
não está a aumentar. -
3:37 - 3:39O que vos pretendo dizer,
o que vim aqui para dizer -
3:39 - 3:42é que temos uma crise económica,
temos uma crise ambiental, -
3:42 - 3:44temos uma crise política.
-
3:44 - 3:46Também temos uma crise
social e relacional; -
3:46 - 3:47estamos no abismo.
-
3:47 - 3:49Estamos separados uns dos outros,
-
3:49 - 3:52temos listas de mentiras
a sair de Washington. -
3:52 - 3:53Estamos no abismo.
-
3:53 - 3:55Eu passei os últimos cinco anos...
-
3:55 - 3:57Como é que saímos de um abismo?
-
3:57 - 4:01Os gregos diziam:
"Sofremos para chegar à sabedoria." -
4:01 - 4:05Naquele período negro em que estava,
compreendi algumas coisas. -
4:05 - 4:08A primeira é que a liberdade é péssima.
-
4:09 - 4:12A liberdade económica é Ok,
a liberdade política é ótima, -
4:12 - 4:14a liberdade social é péssima.
-
4:14 - 4:17Um homem sem raízes é um homem à deriva.
-
4:17 - 4:20Um homem sem raízes é um homem esquecido,
pois não se compromete com nada. -
4:21 - 4:24A liberdade não é um oceano
em que queremos nadar, -
4:24 - 4:26é um rio que queremos atravessar,
-
4:26 - 4:29para nos comprometernos
e passarmos para o outro lado. -
4:29 - 4:31A segunda coisa que eu aprendi
-
4:31 - 4:33é que, quando passamos
por um mau momento na vida, -
4:34 - 4:35podemos ficar destroçados
-
4:35 - 4:37ou podemo-nos abrir.
-
4:37 - 4:39Todos conhecemos pessoas destroçadas.
-
4:39 - 4:41Sofreram alguma dor ou pesar,
e encolhem-se -
4:41 - 4:44tornam-se mais zangadas,
ressentidas e agressivas -
4:44 - 4:45Como diz o ditado:
-
4:45 - 4:48"Dor que não se transforma, transmite-se."
-
4:48 - 4:50Mas outras pessoas abrem-se.
-
4:51 - 4:54O grande poder do sofrimento
é que é uma interrupção da vida. -
4:54 - 4:57Lembra-nos que não somos a pessoa
que achávamos que éramos. -
4:57 - 4:59O teólogo Paul Tillich disse
-
4:59 - 5:02que o sofrimento consegue penetrar
pelo que pensávamos ser o chão -
5:02 - 5:03do fundo da nossa alma,
-
5:03 - 5:06consegue romper o chão
e revela uma cavidade abaixo, -
5:06 - 5:09continua a romper o chão
e revela outra cavidade abaixo. -
5:09 - 5:12Compreendemos que temos
níveis mais profundos dentro de nós, -
5:12 - 5:15que só o alimento espiritual
e relacional podem preencher. -
5:16 - 5:19Quando descemos a esse nível,
saímos da cabeça do ego -
5:19 - 5:21e entramos no coração,
-
5:21 - 5:23o coração que deseja.
-
5:23 - 5:26A ideia de que o que realmente desejamos
é o anseio e amor por outro, -
5:26 - 5:29o tipo de coisa que Louis de Bernières
descreve no seu livro, -
5:29 - 5:31"O Bandolim do Capitão Corelli."
-
5:31 - 5:33Ele põe um homem velho a falar com a filha
-
5:33 - 5:35sobre a sua relação
com a sua falecida esposa, -
5:35 - 5:37e o homem diz:
-
5:37 - 5:40"O amor é o que resta
quando a paixão se consome. -
5:40 - 5:43"Isto é tanto arte
como um acidente fortuito. -
5:44 - 5:45"A tua mãe e eu tínhamos isso.
-
5:45 - 5:48"Tínhamos raízes que cresceram
na direção um do outro, -
5:48 - 5:51"e quando todas as flores bonitas
caíram dos nossos ramos, -
5:51 - 5:53"descobrimos que somos
uma árvore e não duas." -
5:54 - 5:56É isto que o coração anseia.
-
5:56 - 5:59A segunda coisa que descobrimos
é a nossa alma. -
5:59 - 6:02Não vos peço que acreditem em Deus
ou que não acreditem, -
6:02 - 6:04mas peço-vos que acreditem
que existe um pedaço de vós -
6:04 - 6:06que não tem forma, tamanho, cor ou peso,
-
6:06 - 6:09mas que vos dá infinita
dignidade e valor. -
6:09 - 6:12Pessoas ricas e bem sucedidas
não têm mais disto -
6:12 - 6:14do que as pessoas menos bem sucedidas.
-
6:14 - 6:17A escravidão é errada porque
é a aniquilação de outra alma. -
6:17 - 6:20A violação não é só um ataque
a um conjunto de moléculas, -
6:20 - 6:23é uma tentativa de insultar
a alma de outra pessoa. -
6:23 - 6:26A alma anseia por justiça.
-
6:26 - 6:30O coração anseia por se fundir com outro,
a alma anseia por justiça. -
6:30 - 6:33Isto levou à minha terceira conclusão,
que pedi emprestada a Einstein: -
6:34 - 6:36"O problema que temos
não vai ser resolvido -
6:36 - 6:39"ao nível da consciência
em que o criámos. -
6:39 - 6:43"Temos de nos expandir
a um nível diferente de consciência." -
6:43 - 6:44Então o que fazemos?
-
6:44 - 6:47A primeira coisa que fazemos
é ir ter com os nossos amigos -
6:47 - 6:50e ter conversas muito mais profundas
do que alguma vez tivemos. -
6:50 - 6:51A segunda coisa que fazemos
-
6:51 - 6:54é irmos sozinhos para o deserto,
-
6:54 - 6:57para o lugar onde não há ninguém
para desempenhar um papel -
6:57 - 6:59e o ego não tem nada para fazer
e despedaça-se. -
6:59 - 7:01Só assim somos capazes de ser amados.
-
7:02 - 7:05Tenho uma amiga que disse
que, quando a sua filha nasceu, -
7:05 - 7:09percebeu que a amava mais
do que o exigido pela evolução. -
7:09 - 7:10(Risos)
-
7:10 - 7:12Gostei sempre disso.
-
7:12 - 7:13(Aplausos)
-
7:13 - 7:16Porque fala sobre a paz
que está nas nossas profundezas, -
7:16 - 7:18o nosso cuidado inexplicável
uns pelos outros. -
7:19 - 7:22Quando chegamos a esse ponto,
estamos prontos para ser salvos. -
7:22 - 7:24A parte difícil de estar no abismo
-
7:25 - 7:27é não ser capaz de sair;
-
7:27 - 7:29alguém tem de aparecer
e de nos tirar de lá. -
7:29 - 7:30Aconteceu comigo.
-
7:31 - 7:34Por sorte, fui convidado a ir a casa
de um casal chamado Kathy e David, -
7:34 - 7:35e eles eram...
-
7:36 - 7:39Tinham um filho chamado Santi
que tinha um amigo -
7:39 - 7:41que precisava de um sítio para ficar
-
7:41 - 7:43porque a mãe estava doente.
-
7:43 - 7:45Esse amigo tinha um amigo,
e esse amigo tinha um amigo. -
7:46 - 7:48Quando fui a casa deles há seis anos,
-
7:48 - 7:51entro e estão uns 25
à volta da mesa da cozinha, -
7:51 - 7:53uns quantos a dormir na cave.
-
7:53 - 7:55Fui ter com um miúdo para me apresentar,
-
7:55 - 7:58e ele diz:
"Aqui não damos apertos de mão. -
7:58 - 8:00"Aqui só damos abraços."
-
8:00 - 8:03Eu não sou a pessoa
mais abraçadora da terra -
8:03 - 8:07mas tenho voltado àquela casa
todas as 5.ª-feiras quando estou na cidade -
8:07 - 8:09para abraçar todas aquelas crianças.
-
8:09 - 8:10Elas exigem intimidade.
-
8:10 - 8:14Elas exigem que nos comportemos
de forma a revelar tudo de nós. -
8:14 - 8:16E ensinam-nos uma nova forma de viver
-
8:16 - 8:19que é a cura de todas os males
da nossa cultura, -
8:19 - 8:22que é uma forma de colocar
o relacionamento em primeiro lugar, -
8:22 - 8:25não só de palavras,
mas como uma realidade. -
8:26 - 8:30O mais bonito é que
estas comunidades estão em todo o lado. -
8:30 - 8:33Eu iniciei uma coisa no Instituto Aspen
chamada "Tecer: O Tecido Social." -
8:33 - 8:35Este é o nosso logótipo.
-
8:35 - 8:38Chegamos a um lugar e encontramos
tecelões por todas as partes. -
8:39 - 8:41Encontramos pessoas
como Asiaha Butler, que cresceu -
8:42 - 8:45e viveu em Chicago, em Englewood,
num bairro perigoso. -
8:45 - 8:48Estava prestes a mudar-se
porque era mesmo perigoso, -
8:48 - 8:51olhou para o outro lado da rua
e viu duas meninas a brincar -
8:51 - 8:53num lote vazio, com garrafas partidas,
-
8:53 - 8:56e virou-se para o marido e disse:
"Não nos vamos embora. -
8:56 - 8:59"Não vamos ser mais uma família
que abandona aquela cena." -
8:59 - 9:03Ela pesquisou como se voluntariar,
e agora é lider da R.A.G.E., -
9:03 - 9:04uma grande organização comunitária.
-
9:04 - 9:07Algumas destas pessoas
passaram por abismos difíceis. -
9:07 - 9:11Conheci uma antiquária chamada Sarah,
em Ohio, que tinha voltado de uma viajem -
9:11 - 9:15e descobriu que o seu marido
matara os dois filhos e se suicidara. -
9:16 - 9:19Agora, dirige uma farmácia gratuita,
faz voluntariado na comunidade, -
9:19 - 9:22ajuda mulheres a lidar
com a violência, e ensina. -
9:22 - 9:25Ela disse-me: "Eu evoluí desta experiência
porque estava zangada. -
9:25 - 9:28"Ia lutar contra o que ele
me tentou fazer" -
9:28 - 9:30"fazendo a diferença no mundo.
-
9:30 - 9:32"Vejam, ele não me matou.
-
9:32 - 9:33"A minha resposta é:
-
9:33 - 9:38"O que quer que fosse que me
querias fazer, azar, não vais conseguir." -
9:38 - 9:41Estes tecelões não estão a viver
uma vida individualista, -
9:41 - 9:45vivem uma vida relacional,
têm um conjunto de valores diferentes. -
9:45 - 9:46Têm motivações morais.
-
9:46 - 9:49Possuem uma certeza vocacional,
eles plantaram-se. -
9:49 - 9:51Conheci um homem
em Youngstown, Ohio, -
9:51 - 9:53que segurava uma placa
na praça da cidade: -
9:53 - 9:54"Defendam Youngstown."
-
9:54 - 9:56Têm um mutualismo radical,
-
9:56 - 9:59e são génios em relacionamentos.
-
9:59 - 10:01Há uma mulher chamada Mary Gordon
-
10:01 - 10:03que dirige a organização
"Roots of Empathy". -
10:03 - 10:06Pegam em grupos de adolescentes,
estudantes do oitavo ano, -
10:06 - 10:08colocam uma mãe com o seu bebé
-
10:08 - 10:11e os estudantes têm de adivinhar
o que o bebé está a pensar, -
10:11 - 10:12para ensinar empatia.
-
10:13 - 10:15Havia um adolescente numa turma
que era maior que os outros -
10:15 - 10:19porque se atrasara, tinha passado
pelo sistema de acolhimento, -
10:19 - 10:21tinha visto matarem a sua mãe.
-
10:21 - 10:23E ele queria pegar no bebé.
-
10:23 - 10:25A mãe estava nervosa
porque ele era grande e assustador. -
10:25 - 10:28Mas deixou que aquele miúdo,
o Darren, pegasse no bebé. -
10:28 - 10:30Ele pegou no bebé
e foi fantástico com ele. -
10:31 - 10:35Depois devolveu o bebé e começou
a fazer perguntas sobre parentalidade. -
10:35 - 10:37A sua pergunta final foi:
-
10:37 - 10:40"Se nunca ninguém nos amou,
será que podemos ser um bom pai?" -
10:41 - 10:42A "Roots of Empathy"
-
10:42 - 10:45aproxima-se e retira as pessoas do abismo.
-
10:45 - 10:47Isso é o que os tecelões fazem.
-
10:49 - 10:52Alguns deles mudam de trabalho.
-
10:52 - 10:55Alguns mantêm-se no mesmo trabalho.
-
10:55 - 10:58Mas todos possuem uma certa intensidade.
-
10:58 - 10:59Eu li isto,
-
10:59 - 11:05E.O. Wilson escreveu um grande livro,
"Naturalist", sobre a sua infância. -
11:06 - 11:08Aos sete anos, os seus pais
estavam a divorciar-se. -
11:09 - 11:12E enviaram-no a Paradise Beach
na Flórida do Norte. -
11:12 - 11:14Ele nunca tinha visto o oceano.
-
11:15 - 11:17E nunca tinha visto uma medusa.
-
11:17 - 11:21Ele escreveu: "A criatura era fascinante.
Existia para lá da minha imaginação." -
11:22 - 11:23Certo dia, estava sentado na doca
-
11:23 - 11:26e viu uma arraia a flutuar
por baixo dos seus pés. -
11:26 - 11:30Nesse momento de admiração
e maravilha nasceu um naturalista. -
11:30 - 11:32Ele faz esta observação:
-
11:33 - 11:34que " quando somos crianças,
-
11:34 - 11:37"olhamos para os animais
como se tivessem o dobro do tamanho". -
11:38 - 11:40Isso sempre me impressionou,
-
11:40 - 11:45porque o que queremos em criança
é essa intensidade moral, -
11:45 - 11:48de nos entregarmos
completamente a alguma coisa -
11:48 - 11:50e encontrar esse nível de vocação.
-
11:50 - 11:52Quando estamos perto destes tecelões,
-
11:52 - 11:55eles vêem as outras pessoas
como se tivessem o dobro do tamanho. -
11:56 - 11:58Eles vêem mais fundo nelas.
-
11:58 - 12:00E o que vêem é alegria.
-
12:01 - 12:05Na primeira montanha da nossa vida,
quando lutamos pela nossa carreira, -
12:05 - 12:07lutamos pela felicidade.
-
12:08 - 12:11A felicidade é uma coisa boa,
é a expansão do eu. -
12:11 - 12:12Conquistamos uma vitória,
-
12:12 - 12:16somos promovidos,
a nossa equipa ganha o Super Bowl, -
12:17 - 12:18somos felizes.
-
12:18 - 12:22A alegria não é a expansão do eu,
é a dissolução do eu. -
12:23 - 12:27É o momento em que a barreira física
desaparece entre uma mãe e o seu filho. -
12:27 - 12:31É o momento em que um naturalista
se sente livre na natureza. -
12:31 - 12:34É o momento em que estamos
tão perdidos no nosso trabalho ou causa -
12:34 - 12:36que nos esquecemos completamente de nós.
-
12:37 - 12:40A alegria é uma coisa melhor
a alcançar do que a felicidade. -
12:40 - 12:43Eu colecciono passagens de alegria,
de pessoas quando se perdem. -
12:43 - 12:45Uma das minhas favoritas é de Zadie Smith.
-
12:45 - 12:48Em 1999 ela estava num bar em Londres,
-
12:48 - 12:51à procura dos amigos,
a pensar onde estaria a sua mala. -
12:51 - 12:53E de repente, tal como escreve:
-
12:53 - 12:57"... um homem magro com olhos enormes
aproximou-se entre a multidão -
12:57 - 12:58"para pegar na minha mão.
-
12:58 - 13:02"Ele fartou-se de me perguntar o mesmo
vezes sem conta: 'Estás a sentir?' -
13:02 - 13:06"Os saltos altos ridículos aleijavam-me
tanto que achava que ia morrer, -
13:06 - 13:08"e ao mesmo tempo sentia-me
a transbordar de prazer -
13:08 - 13:10"porque estava a tocar a música
Can I Kick It?' -
13:10 - 13:13"nesse preciso momento
da história do mundo, -
13:13 - 13:14"no sistema de som,
-
13:14 - 13:16"e agora estava a mudar
para o 'Teen Spirit.' -
13:16 - 13:19"Peguei na mão do homem,
a minha cabeça explodiu, -
13:19 - 13:23"dançámos, dançámos,
entregámos-nos à alegria." -
13:24 - 13:28O que estou a tentar descrever são
duas mentalidades de vida distintas. -
13:28 - 13:32A primeira é sobre a felicidade
individual e o sucesso na carreira. -
13:32 - 13:35É uma boa mentalidade,
não tenho nada contra. -
13:35 - 13:37Mas estamos num abismo nacional,
-
13:37 - 13:40porque não temos
a outra mentalidade para equilibrar. -
13:40 - 13:43Já não nos sentimos bem connosco
enquanto povo, -
13:43 - 13:46perdemos a nossa fé no futuro
que nos define, -
13:46 - 13:49não nos vemos de forma profunda,
já não nos tratamos tão bem. -
13:50 - 13:52E precisamos de muitas mudanças.
-
13:52 - 13:54Precisamos de mudança económica
e mudança ambiental. -
13:55 - 13:58Mas, precisamos também
de uma revolução cultural e relacional. -
13:58 - 14:02Precisamos de nomear a linguagem
de uma sociedade recuperada. -
14:03 - 14:05Para mim, os tecelões
encontraram essa linguagem. -
14:06 - 14:09A minha teoria de mudança social
é que a sociedade muda -
14:09 - 14:11quando algumas pessoas acham
uma forma melhor de viver, -
14:11 - 14:14e as restantes as imitam.
-
14:14 - 14:16Estes tecelões encontraram
uma forma melhor de viver. -
14:16 - 14:19Não é preciso criar teorias sobre isso.
-
14:19 - 14:22Eles andam por todo o país na forma
de construtores de comunidades. -
14:22 - 14:25Só precisamos de mudar
um pouco a nossa vida, -
14:25 - 14:28para poder dizer "sou um tecelão,
somos um tecelão." -
14:28 - 14:30E se o fizermos,
-
14:30 - 14:32o vazio dentro de nós é preenchido,
-
14:32 - 14:35mas, mais importante,
a unidade social é reparada. -
14:35 - 14:37Muito obrigado.
-
14:37 - 14:41(Aplausos)
- Title:
- As mentiras que a nossa cultura nos diz sobre o que é importante - e uma forma melhor de viver
- Speaker:
- David Brooks
- Description:
-
A nossa sociedade encontra-se no meio de uma crise social, diz o colunista e autor David Brooks: estamos presos num abismo de isolamento e separação. Como encontrar a saída? Baseado nas suas viagens pelos Estados Unidos da América - e os seus encontros com pessoas excepcionais conhecidas por "tecelões" - Brooks partilha a sua visão para uma revolução cultural que nos capacita a viver vidas de grande significado, propósito e alegria.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 14:54
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The lies our culture tells us about what matters -- and a better way to live | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The lies our culture tells us about what matters -- and a better way to live | ||
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for The lies our culture tells us about what matters -- and a better way to live | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The lies our culture tells us about what matters -- and a better way to live | ||
Rute Neto edited Portuguese subtitles for The lies our culture tells us about what matters -- and a better way to live | ||
Rute Neto edited Portuguese subtitles for The lies our culture tells us about what matters -- and a better way to live | ||
Rute Neto edited Portuguese subtitles for The lies our culture tells us about what matters -- and a better way to live | ||
Rute Neto edited Portuguese subtitles for The lies our culture tells us about what matters -- and a better way to live |