A vida de um astronauta — Jerry Carr

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/life-of-an-astronaut-jerry-carr

O astronauta Jerry Carr conhece o espaço. Enquanto comandante do Skylab, passou mais de 2000 horas no espaço, dando a volta à Terra mais de 1000 vezes. Ao contra a história da sua vida, Carr recorda os anos de encanto que passou na NASA´

Lição de Jerry Carr, animação de Sharon Colman Graham

Normalmente, a formação dos astronautas
leva cerca de um ano,

e inclui assuntos como

a astronomia, a astrofísica

a fisiologia do voo,
as trajetórias orbitais,

ou a gestão orbital.

Outra parte da formação básica
do astronauta é o treino de sobrevivência.

Na época do Gemini,

nunca se sabia ao certo
onde uma nave podia aterrar

se houvesse uma emergência,
uma saída da órbita.

Tivemos que ter formação no deserto,

na água e em sobrevivência na selva.

Tivemos que aprender a cozinhar
e a comer cobras

e todas essas coisas igualmente boas,

e como fazer água num deserto.

Depois desse ano e meio da formação
básica dum astronauta,

os nossos nomes eram colocados numa lista

e essa lista, na época,
era muito mais comprida

do que os assentos disponíveis.

Por isso, davam-nos outras tarefas

para nos manter ocupados

e para continuar a nossa formação.

Fomos designados cinco
para o módulo lunar.

A nossa tarefa era mantermo-nos
junto desses módulos lunares

enquanto estavam a ser construídos.

Passámos muito tempo ali.

Tenho que reconhecer que, provavelmente,
passei mais tempo

a dormir no chão do Módulo Lunar n.º 6

do que a tripulação que foi à Lua nele.

A minha tarefa seguinte foi fazer parte
da tripulação de apoio do Apollo 8.

O Apollo 8 foi a nave espacial
que foi à Lua

e voltou, mas não aterrou lá.

Quando estavam por detrás da Lua,

deviam ter feito uma manobra de impulsão
que abrandasse a velocidade,

para serem captados na órbita lunar.

Nós limitávamo-nos a ficar sentados,

enquanto eles estavam por detrás da Lua.

Quando eles saíram pelo outro lado,
um pouco cedo demais,

percebemos que eles não tinham
queimado o suficiente,

nem tinham abrandado o suficiente
e iam continuar a passear pelo espaço,

não seriam captados na órbita.

Se saíssem um pouco atrasados,

era porque tinham saído tarde demais

e também não ficariam na órbita,

mas iam começar numa espiral
em descida até à superfície lunar.

Claro que, sem um módulo lunar,

isso daria cabo do dia.

Podem imaginar o alívio que sentimos

quando, no momento em que era suposto

eles aparecerem do outro lado da Lua,

eles apareceram!

A minha tarefa seguinte foi de novo

na tripulação de apoio
numa missão do Apollo 12,

O Apollo 12 foi atingido por um raio

quando saía da plataforma.

Uma tempestade vizinha,
um relâmpago que caiu

e atingiu a ponta da nave espacial.

A carga percorreu a nave espacial,

atravessou o propulsor,
desceu pelos tubos de escape,

e saiu para a plataforma de lançamento.

Desligou o sistema de energia elétrica

e todos os computadores.

Imaginem o que eles teriam sentido,

quando as luzes se apagaram todas
e depois voltaram a acender,

quando as baterias recuperaram a carga.

Todas as luzes de aviso e de alerta

na nave espacial estavam acesas, a piscar.

Todas as campainhas,
apitos e sinais sonoros

e coisas dessas lá dentro,

ativaram-se todas ao mesmo tempo.

A tripulação estava confusa
sem saber o que se estava a passar.

Quando estávamos em órbita,

testámos todos os diversos sistemas

e tudo parecia estar bem.

Por isso, pensei que estava tudo bem

e, claro, tive uma missão,

uma missão de voo.

Fui encarregado do apoio
à tripulação do Apollo16,

ou seja, iria fazer parte
da tripulação principal do Apollo 19.

Semanas depois de começar o treino,

a NASA fez o anúncio surpreendente

de que iam cancelar
os Apollos 18, 19 e 20.

Estávamos no meio da Guerra do Vietname,

o orçamento estava muito em baixo.

Podem imaginar, havia três tipos

muito tristes e abatidos,
que vagueavam pelos gabinetes,

porque tínhamos perdido o voo para a Lua.

Semanas depois, recebi
uma chamada de Tom Stattford,

o astronauta sénior naquela altura,

a chamar-me ao gabinete dele
e lá fui.

Ele disse-me que lamentava

que eu tivesse perdido
a oportunidade para ir à Lua, e disse:

"Tenho outra missão para ti.

"Quero que sejas o comandante

"da terceira e última missão Skylab.

"Achas que dás conta do recado?"

Eu disse: "Claro que dou!".

Confesso que senti

um nó no peito e no estômago,

porque eu era um novato

e normalmente não escolhem
um novato para comandante,

normalmente é preciso ter realizado,
pelo menos, um voo,

mas escolheram-me a mim,
o que foi um choque

porque o ultimo comandante Novato
tinha sido Neil Armstrong no Gemini 8.