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An-My Lê em "Protesto" - Temporada 4 - "Arte no Século XXI" | Art21

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    An-My Lê: Eu acho que tinha ideias
    muito conflituosas sobre o exército.
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    Era algo que me atraía,
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    mas que, ao mesmo tempo, me repelia,
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    por causa do que, sabe,
    do que aconteceu no Vietnã.
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    Eu sou completamente fascinada
    pela estrutura do exército.
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    Então a ideia de estudar a preparação da
    guerra se tornou algo muito interessante.
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    Que será muito melhor.
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    Sargento: É isso o que [inaudível],
    é isso o que eu presumo.
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    An-My Lê: Sim!
    Não, está muito melhor.
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    Suba as escadas!
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    Eu acho que nunca teria conseguido
    acesso ao exército por conta própria
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    e aprendido todas essas coisas.
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    E, então, a câmera é um pretexto.
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    An-My Lê: Uau.
    Hein?
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    Sim. É, é...
    Ah, aquela coisa?
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    - Sargento-chefe?
    - Sargento: Sim, senhora?
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    Poderia perguntar a eles
    se eu posso ir até a passagem?
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    - Sargento: Até a passarela?
    - Sim, na passarela. Por favor, obrigada.
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    É legal.
    É, isso está bom.
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    É como Apocalypse Now.
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    (helicópteros sobrevoando e risadas)
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    O enquadramento não está certo.
    Ele deveria estar aqui.
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    É muito bonito.
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    Minha câmera é de madeira.
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    É uma velha Deardorff.
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    É uma câmera substancial e complicada.
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    Por ser tão complicada, ela me força
    a tirar um tipo específico de foto.
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    Eu acho que ela me força
    a resolver questões.
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    Então, por exemplo,
    fotografar exercícios militares,
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    tenho interesse no que eu devo fazer
    para fazer isso funcionar.
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    E eu acho que isso me força
    a tirar um tipo específico de foto.
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    Isso é incrível!
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    Sem realmente ter consciência disso,
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    acho que sempre tentei entender
    o significado da guerra
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    e o que realmente significa viver
    em tempos de turbulência como aqueles,
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    e eu acho que muitas dessas questões
    meio que estimulam o meu trabalho.
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    Quando tirei as fotos no Vietnã
    pela primeira vez,
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    eu não estava nem um pouco preparada
    para lidar com a guerra.
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    Guerra era parte da vida para nós.
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    E eu já fui para a escola com
    sete anos de idade, para chegar
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    e ver o portão da frente
    da minha escola cheio de fumaça,
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    porque uma bomba havia acabado
    de cair ali, sabe, às 5h30 da manhã.
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    Então é... é algo que nós
    encaramos com naturalidade.
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    Acho que estava afetando
    muito mais nossos pais.
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    Assim que cheguei ao Vietnã,
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    eu percebi que não estava tão interessada
    na psicologia específica de cada pessoa,
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    mas estava mais interessada
    nas atividades,
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    no que eles fazem e como
    a atividade é exibida na paisagem.
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    Essa é a beleza que eu queria
    abranger no meu trabalho.
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    Para mim, ser capaz de voltar ao Vietnã
    e tirar aquelas fotos
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    foi um jeito de me reconectar com uma
    pátria ou com uma ideia do que ela é.
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    Sabe, quando se vive em exílio,
    coisas como cheiros e memórias,
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    histórias que você ouve da sua infância,
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    todas essas coisas
    ganham tanta importância,
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    coisas que realmente
    te conectam com o país.
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    E, infelizmente, fotos não têm cheiro,
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    mas se eu pudesse fazê-las ter,
    sabe, seria algo sobre cheiros também.
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    Está reto, John?
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    John Pilson: Sim.
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    John Pilson: Como você quer chamar isso?
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    - [inaudível].
    - John Pilson: Não, como você quer chamar esse...
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    John Pilson: Sabe, como um...
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    - Quer dizer um nome?
    - John Pilson: Você precisa dar um nome.
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    Mas, é tecnicamente um [inaudível].
    (risadas)
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    - John Pilson: Você tem que...
    - "Eu retornando do Iraque".
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    - John Pilson: É um nome muito longo.
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    - John Pilson: Só para poder nomeá-lo
    na revisão final, como você vai chamá-lo?
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    - John Pilson: Praia? Pouso na praia?
    - Sim. Sim.
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    Acho que todo corpo de trabalho
    cresce a partir do próximo,
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    porque eu acho que você resolve algo
    e se sente pronto
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    para seguir em frente,
    para tratar de outro assunto.
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    E certamente, depois do Vietnã ficou óbvio
    que eu não tratei da questão da guerra.
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    Trabalhar com os reencenadores
    se tornou uma grande oportunidade.
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    John Pilson: A primeira vez que ela foi,
    ela foi sozinha e eu não estava...
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    Essa foi... essa foi a única vez,
    de tudo o que ela já fez,
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    foi a única vez em que eu não...
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    em que eu fiquei preocupado, sabe,
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    porque ela não sabia nada
    sobre esses homens
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    e ela os achou na Internet.
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    E a ideia toda de ficar na floresta
    por um fim de semana com um monte de...
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    tipo, homens paramilitares.
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    An-My Lê: Trabalhar com os
    reencenadores foi muito difícil
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    porque eles tinham
    suas próprias atividades
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    e eu precisava interrompê-los
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    para preparar minhas próprias fotos.
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    Em um dado momento,
    houve uma questão de, bem,
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    devo dirigi-los completamente?
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    Devo contratá-los?
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    Devo contratar atores?
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    E, uh, eu... eu estou muito feliz que eu,
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    que eu não fiz nada disso,
    porque acho que não ter controle absoluto
  • 6:23 - 6:25
    foi muito interessante.
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    Acho que isso criou
    esses momentos de incerteza.
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    Preto e branco sempre foi a minha escolha
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    por causa do meu interesse
    no desenho das coisas.
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    Nessa foto, por exemplo, sabe,
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    há o desenho dos galhos descendo,
    o desenho do riacho.
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    Nós adicionamos a fumaça.
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    Uh, sabe, esse cara das Forças Especiais
    ou reencenador se escondendo atrás disso.
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    Estava bem claro na minha mente
    como o desenho da paisagem seria.
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    Em cores, não fica tão claro
    em termos de espaço
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    e, então, seria sobre o espaço
    entre o verde e, uh,
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    o cume em si aqui.
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    Acho que em preto e branco,
    eu teria pensado em...
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    acho que teria feito
    uma foto um pouco diferente.
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    Não sei bem como explicar isso.
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    Acho que essa foi uma foto
    em preto e branco que fiz em cores
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    porque eu estava interessada
    em todas as linhas aqui e no...
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    no efeito escada do cume aqui.
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    E eu acho que foi apenas depois que
    eu notei quão lindo o degradê de verdes
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    era da base para o topo.
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    Eu me vejo como
    uma fotógrafa de paisagens.
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    Acho que meu objetivo principal é tentar
    fotografar paisagens de modo que
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    a história possa ser transmitida
    por meio paisagem,
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    seja ela a história industrial
    ou a minha história pessoal.
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    Steve: Pare agora.
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    Sim, está perfeito.
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    Está bem. Estamos indo, um minuto.
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    - Obrigada, Steve.
    - Steve: Sem problemas.
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    A luz está perfeita, [inaudível].
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    Eu tento evitar luzes
    muito dramáticas.
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    Tento não usar muito as luzes
    como um tipo de contraposto dramático.
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    Acho que preferiria ter outra coisa
    no elemento de drama.
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    (explosão)
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    Eu fiquei muito desolada quando
    a guerra começou em Março de 2003
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    e senti meu coração
    se compadecer pelos soldados,
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    os jovens homens e mulheres
    que estavam sendo enviados ao Iraque.
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    Meu impulso imediato
    foi de ir até o Iraque.
  • 9:31 - 9:33
    E quando isso não funcionou
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    e eu vi fotos de Fuzileiros Navais
    treinando em Twentynine Palms, eu pensei,
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    bem, Twentynine Palms pode ser
    um substituto para o Iraque.
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    E por que não?
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    Quando trabalho com o exército,
    ainda penso sobre paisagens.
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    Escala também é muito importante para mim,
    pois mostra o quão insignificantes somos
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    e, especialmente com o exército,
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    não importa quão avançados,
    quão duro trabalhamos,
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    ainda é tudo sobre transportar, sabe,
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    todos esse novos tanques incríveis
    por vastas paisagens.
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    É isso o que você está enfrentando e...
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    e se trata de realmente
    tentar registrar isso.
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    E também se trata de tentar
    dar sentido a isso
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    e é por isso que é importante
    ter uma atividade.
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    Acho que percebi imediatamente que o tipo
    de trabalho que eu faço não é do tipo
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    padrão, tradicional e político.
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    Sabe, não é Agitprop.
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    Eles estão voltando para o navio?
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    E acho que a guerra é muito complicada,
    não é preto no branco.
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    Mas, ao mesmo tempo, o que ela é destinada
    a fazer é... é apenas horrível.
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    nonononono its all i wanted *
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    E acho que é por isso que o projeto parece
    ambíguo e é... é assim que ele deve ser.
  • 11:58 - 11:59
    so... *
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    Não sou categoricamente contra a guerra,
    mas acho que nós precisamos, sabe,
  • 12:51 - 12:53
    tentar evitá-la o máximo possível.
Title:
An-My Lê em "Protesto" - Temporada 4 - "Arte no Século XXI" | Art21
Description:

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Art in the Twenty-First Century" broadcast series
Duration:
14:01

Portuguese, Brazilian subtitles

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