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Como eu uso o sonar para navegar pelo mundo

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    (Cliques)
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    Eu nasci com retinoblastoma bilateral,
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    câncer retinal.
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    Meu olho direito foi removido
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    quando eu tinha sete meses de vida.
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    Eu tinha 13 meses, quando removeram
    meu olho esquerdo.
  • 0:26 - 0:31
    A primeira coisa que eu fiz
    quando acordei desta última cirurgia
  • 0:31 - 0:35
    foi sair do meu berço
  • 0:35 - 0:39
    e fiquei vagando por ali na UTI infantil,
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    provavelmente procurando
    quem tinha feito aquilo comigo.
  • 0:43 - 0:45
    (Risos)
  • 0:47 - 0:50
    Evidentemente, vagar pela UTI
  • 0:50 - 0:54
    não era um problema pra mim
    que não tinha olhos.
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    O problema foi ter sido pego.
  • 0:58 - 1:01
    São as impressões sobre a cegueira
  • 1:01 - 1:04
    que são bem mais ameaçadoras
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    para as pessoas cegas,
    do que a própria cegueira.
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    Pensem um momento sobre suas
    impressões sobre a cegueira.
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    Pensem sobre as reações que tiveram,
    quando eu entrei no palco
  • 1:17 - 1:21
    ou que teriam com a possibilidade
    de sua própria cegueira,
  • 1:21 - 1:25
    ou a de um ente querido ficar cego.
  • 1:25 - 1:31
    O terror é incompreensível
    pela maioria de nós,
  • 1:31 - 1:33
    porque pensa-se que a cegueira
  • 1:33 - 1:39
    representa a ignorância
    e o desconhecimento,
  • 1:39 - 1:46
    uma infeliz exposição aos tormentos
    do sombrio desconhecido.
  • 1:46 - 1:48
    Que poético.
  • 1:49 - 1:53
    Felizmente para mim,
    meus pais não eram poéticos.
  • 1:53 - 1:54
    Eram pragmáticos.
  • 1:54 - 2:01
    Eles entenderam que ignorância e medo
    eram nada mais que coisas da mente,
  • 2:01 - 2:05
    e a mente é adaptável.
  • 2:05 - 2:09
    Eles acreditavam que eu cresceria
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    para aproveitar as mesmas liberdades
    e responsabilidades que todos os outros.
  • 2:14 - 2:16
    Nas palavras deles, eu ia sair de casa,
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    o que eu fiz quando completei 18 anos;
  • 2:19 - 2:21
    pagaria impostos;
  • 2:21 - 2:24
    obrigado...
    (Risos)
  • 2:26 - 2:31
    e eles sabiam a diferença
    entre amor e medo.
  • 2:31 - 2:36
    O medo nos imobiliza quando
    enfrentamos um desafio.
  • 2:36 - 2:39
    Eles sabiam que a cegueira
    seria um desafio significativo.
  • 2:39 - 2:42
    Eu não fui criado com medo.
  • 2:42 - 2:45
    Eles colocaram minha liberdade
    acima de tudo,
  • 2:45 - 2:49
    porque é isso que o amor faz.
  • 2:49 - 2:53
    Agora, avançando,
    como me viro hoje em dia?
  • 2:54 - 2:57
    O mundo é uma UTI bem maior.
  • 2:57 - 3:01
    Felizmente, tenho a minha longa
    e confiável bengala,
  • 3:01 - 3:04
    mais longa que as bengalas
    usadas pela maioria dos cegos.
  • 3:04 - 3:07
    Eu a chamo de meu bastão da liberdade.
  • 3:07 - 3:09
    Vai evitar, por exemplo,
  • 3:09 - 3:15
    que eu saia do palco de uma maneira
    não muito digna. (Risos)
  • 3:15 - 3:17
    Eu estou vendo
    a beira daquele penhasco.
  • 3:18 - 3:22
    Eles me avisaram mais cedo,
    que todo tipo de contratempo
  • 3:22 - 3:25
    já aconteceu aos palestrantes
    aqui neste palco.
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    Eu não me importo em estabelecer
    um novo precedente.
  • 3:28 - 3:30
    Mas além disso,
  • 3:30 - 3:34
    muitos podem ter me ouvido
    clicar, quando subi ao palco...
  • 3:34 - 3:35
    (Clique)...
  • 3:35 - 3:36
    com a minha língua.
  • 3:36 - 3:40
    Isso são flashes de som
  • 3:40 - 3:44
    que refletem em superfícies
    ao meu redor,
  • 3:44 - 3:46
    como um sonar de morcego,
  • 3:46 - 3:52
    e retornam pra mim em padrões,
    com pedaços de informação,
  • 3:52 - 3:54
    parecido com o que a luz faz por vocês.
  • 3:55 - 3:59
    E meu cérebro, graças aos meus pais,
  • 3:59 - 4:04
    foi ativado para formar imagens
    no meu córtex visual,
  • 4:04 - 4:07
    que hoje chamamos de sistema de imagem,
  • 4:07 - 4:11
    a partir desses padrões, parecido
    com o que o cérebro de vocês faz.
  • 4:11 - 4:14
    Eu chamo esse processo de Flash de Sonar.
  • 4:15 - 4:20
    Foi assim que aprendi a ver
    através da minha cegueira,
  • 4:20 - 4:23
    a navegar em minha jornada
  • 4:23 - 4:28
    através da escuridão desconhecida
    dos meus próprios desafios,
  • 4:28 - 4:34
    o que me rendeu o apelido
    de "o extraordinário Batman."
  • 4:35 - 4:38
    Agora, Batman eu aceito.
  • 4:38 - 4:41
    Morcegos são legais. Batman é legal.
  • 4:41 - 4:47
    Mas não fui criado para pensar que sou
    extraordinário em qualquer sentido.
  • 4:48 - 4:52
    Sempre me considerei
    como qualquer outra pessoa
  • 4:52 - 4:57
    que navega pela escuridão desconhecida
    de seus próprios desafios.
  • 4:57 - 5:01
    É assim tão extraordinário?
  • 5:01 - 5:04
    Eu não uso meus olhos, uso meu cérebro.
  • 5:05 - 5:07
    Pois bem, alguém, em algum lugar,
  • 5:07 - 5:11
    deve pensar que isso é extraordinário,
    ou então não estaria aqui,
  • 5:11 - 5:14
    mas vamos considerar isso por um momento.
  • 5:15 - 5:18
    Todos aqui
  • 5:18 - 5:24
    que enfrentam ou que já enfrentaram
    um desafio, levantem as mãos.
  • 5:25 - 5:27
    Nossa! Certo.
  • 5:27 - 5:30
    Muitas mãos levantando, um momento,
    deixe-me fazer as contas.
  • 5:30 - 5:33
    (Clique)
  • 5:34 - 5:37
    Isso vai demorar um pouco.
    (Clique) (Risos)
  • 5:37 - 5:38
    Muitas mãos no ar.
  • 5:38 - 5:40
    Deixem levantadas. Tive uma ideia.
  • 5:40 - 5:46
    Aqueles que usam o cérebro
    para navegar nesses desafios,
  • 5:46 - 5:49
    abaixem as mãos.
  • 5:50 - 5:53
    Certo, alguém que ainda esteja
    com a mão levantada
  • 5:53 - 5:58
    tem desafios próprios. (Risos)
  • 5:58 - 6:01
    Então todos nós enfrentamos desafios,
  • 6:01 - 6:05
    e todos nós enfrentamos
    a escuridão desconhecida,
  • 6:05 - 6:09
    o que os desafios têm em comum,
    o que mais tememos, certo?
  • 6:09 - 6:13
    Mas todos nós temos cérebros
  • 6:13 - 6:17
    que se ativam para nos permitir
  • 6:17 - 6:23
    navegar nessa jornada
    através desses desafios. Certo?
  • 6:24 - 6:28
    O caso em questão: eu vim aqui
  • 6:28 - 6:37
    e... (Clique)...eles não me disseram
    onde estava o suporte para as coisas.
  • 6:38 - 6:41
    Então não se pode confiar
    nesses caras do TED.
  • 6:43 - 6:45
    "Encontre você mesmo," eles disseram.
  • 6:45 - 6:48
    Então... (Risos)
  • 6:49 - 6:53
    E o retorno não ajuda em nada.
  • 6:53 - 6:56
    Então agora apresento a vocês um desafio.
  • 6:56 - 7:00
    Fechem os olhos por um momento, está bem?
  • 7:00 - 7:04
    E vão aprender um pouco
    sobre o flash de sonar.
  • 7:04 - 7:05
    Vou fazer um som.
  • 7:05 - 7:09
    Vou segurar esse painel na minha frente,
    mas não vou movê-lo.
  • 7:09 - 7:11
    Agora, escutem o que acontece
    com esse mesmo som
  • 7:13 - 7:19
    Chhhhhhhhhh.
  • 7:19 - 7:21
    Certo, nada muito interessante.
  • 7:21 - 7:24
    Agora, escutem o que acontece
    com esse mesmo som
  • 7:24 - 7:26
    quando movo o painel.
  • 7:27 - 7:33
    Chhhhhhhhhhh.
    (Tom ficando mais agudo e mais grave)
  • 7:38 - 7:42
    Vocês não sabem o poder do lado nedro.
  • 7:42 - 7:43
    (Risos)
  • 7:43 - 7:46
    Não pude resistir.
  • 7:48 - 7:50
    Tá, agora mantenham
    seus olhos fechados.
  • 7:50 - 7:52
    Vocês ouviram a diferença?
  • 7:52 - 7:55
    Tá. Agora, vamos ter certeza.
  • 7:55 - 7:57
    Como desafio,
  • 7:57 - 8:02
    digam-me, apenas digam "agora",
    quando ouvirem o painel se mover.
  • 8:02 - 8:05
    Prontos? Relaxem.
  • 8:08 - 8:12
    Chhhhhhh.
  • 8:12 - 8:14
    Plateia: Agora.
    Daniel Kish: Bom. Excelente.
  • 8:14 - 8:15
    Abram os olhos.
  • 8:15 - 8:20
    Tudo bem. Só mais alguns centímetros
  • 8:20 - 8:22
    e vocês vão notar a diferença.
  • 8:22 - 8:24
    Vocês acabaram de experimentar o sonar.
  • 8:25 - 8:29
    Vocês seriam ótimos cegos.
    (Risos)
  • 8:29 - 8:31
    Vamos ver o que acontece
  • 8:31 - 8:35
    quando esse processo de ativação
  • 8:35 - 8:39
    recebe o devido tempo e atenção.
  • 8:39 - 8:42
    (Vídeo) Juan Ruiz: Assim como
    vocês podem ver com os olhos
  • 8:42 - 8:45
    nós podemos ver com nossos ouvidos.
  • 8:45 - 8:49
    Brian Bushway: Não é uma questão
    de apreciar mais ou menos;
  • 8:49 - 8:51
    é uma questão de apreciar
    de forma diferente.
  • 8:51 - 8:55
    Shawn Marsolais: E vai em frente.
    DK: Sim.
  • 8:55 - 8:58
    SM: E gradualmente vai
    para baixo de novo.
  • 8:58 - 9:00
    DK: Sim!
    SM: É incrível.
  • 9:00 - 9:04
    De certa forma, eu posso
    ver o carro. Minha Nossa!
  • 9:10 - 9:12
    J. Louchart: Eu amo ser cego.
  • 9:12 - 9:16
    Se eu tivesse a oportunidade, de verdade,
    eu não gostaria de voltar a ver.
  • 9:16 - 9:19
    JR: Quanto maior o objetivo,
    mais obstáculos vai enfrentar,
  • 9:19 - 9:22
    e no outro lado desse objetivo
  • 9:22 - 9:23
    há a vitória.
  • 9:23 - 9:29
    [Em italiano]
  • 9:29 - 9:34
    (Aplausos)
  • 9:38 - 9:42
    DK: Pois bem, essas pessoas
    parecem aterrorizadas?
  • 9:42 - 9:44
    Não muito.
  • 9:44 - 9:47
    Temos dado treinamento de ativação
  • 9:47 - 9:50
    para dezenas de milhares de cegos
    e não cegos de todas as origens
  • 9:50 - 9:53
    em quase 40 países.
  • 9:53 - 9:57
    Quando pessoas cegas aprendem a ver,
  • 9:57 - 10:00
    aqueles que veem se motivam
  • 10:00 - 10:05
    a aprender a ver de uma maneira melhor,
    mais claramente, com menos medo,
  • 10:07 - 10:13
    porque isso demonstra
    a nossa enorme capacidade
  • 10:13 - 10:19
    de navegar por qualquer tipo de desafio,
    através de qualquer forma de escuridão,
  • 10:19 - 10:22
    para descobertas inimagináveis,
  • 10:22 - 10:28
    quando estamos ativados.
  • 10:28 - 10:33
    Desejo a todos vocês uma ótima
    jornada de ativação.
  • 10:33 - 10:35
    Muito obrigado.
  • 10:35 - 10:42
    (Aplausos)
  • 10:43 - 10:46
    Chris Anderson: Daniel, meu amigo.
  • 10:46 - 10:48
    Como sei que pode ver,
  • 10:48 - 10:51
    é um aplauso espetacular, de pé, no TED.
  • 10:51 - 10:54
    Obrigado pela palestra extraordinária.
  • 10:54 - 11:00
    Só mais uma pergunta sobre o seu mundo,
    seu mundo interno que você constrói.
  • 11:00 - 11:05
    Pensamos que temos coisas no nosso mundo
    que você, como uma pessoa cega, não tem,
  • 11:05 - 11:07
    mas como é o seu mundo?
  • 11:07 - 11:10
    O que você tem que não temos?
  • 11:10 - 11:13
    DK: Uma visão de 360 graus.
  • 11:13 - 11:17
    Meu sonar funciona tão bem
    atrás de mim quanto em frente a mim.
  • 11:17 - 11:18
    Funciona em torno dos cantos.
  • 11:18 - 11:21
    Funciona através de superfícies.
  • 11:22 - 11:27
    Geralmente, é como um tipo
    de geometria tridimensional confusa.
  • 11:27 - 11:31
    Um dos meu alunos,
    que agora se tornou um instrutor,
  • 11:31 - 11:34
    quando perdeu sua visão,
    depois de alguns meses
  • 11:34 - 11:36
    estava em uma casa de três andares
  • 11:36 - 11:40
    e ele percebeu que conseguia ouvir
    tudo que acontecia pela casa:
  • 11:40 - 11:45
    conversas, pessoas na cozinha,
    pessoas no banheiro,
  • 11:45 - 11:47
    vários andares de distância,
    várias paredes de distância.
  • 11:47 - 11:51
    Ele disse que era como ter
    uma visão de raio-x.
  • 11:51 - 11:54
    CA: Como você imagina onde está agora?
  • 11:54 - 11:57
    Como você imagina este auditório?
  • 11:58 - 12:03
    DK: Francamente, há alto-falantes demais.
  • 12:04 - 12:09
    É interessante, quando as pessoas
    fazem um som,
  • 12:09 - 12:14
    quando dão risada, ficam inquietas,
    pegam uma bebida ou assoam o nariz
  • 12:14 - 12:17
    ou sei lá, eu escuto tudo.
  • 12:17 - 12:20
    Eu escuto cada pequeno movimento
    que cada pessoa faz.
  • 12:20 - 12:23
    Nada disso foge da minha atenção,
  • 12:23 - 12:24
    e então, da perspectiva do sonar,
  • 12:24 - 12:30
    o tamanho da sala, a curvatura
    do auditório ao redor do palco,
  • 12:30 - 12:34
    a altura da sala.
  • 12:34 - 12:37
    Como eu disse, é tudo um tipo
    de geometria de superfície tridimensional
  • 12:37 - 12:39
    ao meu redor.
  • 12:39 - 12:41
    CA: Daniel, você fez
    um trabalho espetacular
  • 12:41 - 12:44
    de nos ajudar a ver o mundo
    de uma forma diferente.
  • 12:44 - 12:46
    Muito obrigado por isso, de verdade.
    DK: Obrigado.
  • 12:46 - 12:49
    (Aplausos)
Title:
Como eu uso o sonar para navegar pelo mundo
Speaker:
Daniel Kish
Description:

Daniel Kish é cego desde que tinha 13 meses de vida, mas ele aprendeu a "ver" usando uma forma de localização por meio de eco. Ele estala a língua e envia flashes de som que são refletidos pela superfície do ambiente e que retornam para ele, ajudando-o a construir uma percepção do espaço em que está. Numa conversa empolgante, Kish demonstra como isso funciona e nos convida a nos libertarmos do medo da "escuridão desconhecida".

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:03

Portuguese, Brazilian subtitles

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