Inspirando uma vida de envolvimento
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0:01 - 0:04Tenho passado muito tempo
a viajar à volta do mundo, ultimamente, -
0:04 - 0:07falando a grupos
de estudantes e profissionais. -
0:08 - 0:11E tenho descoberto que,
em toda a parte, ouço temas semelhantes. -
0:11 - 0:12Por um lado, as pessoas dizem:
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0:12 - 0:14"O tempo da mudança é agora."
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0:14 - 0:16Querem fazer parte disso.
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0:16 - 0:19Falam de quererem uma vida
com um objetivo e com maior significado. -
0:20 - 0:21Mas por outro lado,
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0:21 - 0:24eu ouço pessoas falar de medo,
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0:24 - 0:26de um sentimento de aversão ao risco:
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0:26 - 0:28"Eu quero seguir uma vida com objetivo,
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0:28 - 0:30mas não sei por onde começar.
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0:30 - 0:33"Não quero desiludir
a minha família ou amigos." -
0:34 - 0:35Eu trabalho na área
da pobreza global e elas dizem: -
0:35 - 0:37"Quero trabalhar em pobreza global,
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0:37 - 0:39"mas o que vai acontecer à minha carreira?
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0:39 - 0:42"Serei marginalizado?
Irei ganhar dinheiro suficiente? -
0:42 - 0:45"Será que nunca me vou casar
ou ter filhos?" -
0:44 - 0:48Eu não me casei
até ser bastante mais velha -
0:48 - 0:50— ainda bem que esperei —
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0:50 - 0:51(Risos)
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0:52 - 0:53e não tenho filhos.
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0:53 - 0:56Olho para estes jovens e digo:
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0:57 - 0:58"O teu trabalho não é ser perfeito.
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0:58 - 1:00"O teu trabalho é ser simplesmente humano.
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1:00 - 1:03"Nada de importante acontece na vida
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1:03 - 1:05"que não tenha um preço."
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1:05 - 1:08Estas conversas refletem
o que está a acontecer -
1:08 - 1:10a nível nacional e internacional.
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1:10 - 1:13Os nossos líderes e nós mesmos
queremos tudo, -
1:13 - 1:15mas não falamos do preço,
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1:15 - 1:17não falamos do sacrifício.
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1:18 - 1:21Uma das minhas citações
preferidas na literatura -
1:21 - 1:22foi escrita por Tillie Olsen,
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1:22 - 1:25a grande escritora americana do Sul.
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1:25 - 1:27Num conto chamado "Oh Yes"
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1:27 - 1:31ela fala de uma mulher branca,
nos anos 50, que tem uma filha -
1:31 - 1:35que se torna amiga
de uma rapariguinha afro-americana. -
1:35 - 1:38Ela olha para a sua filha
com um sentimento de orgulho, -
1:38 - 1:40mas também se interroga:
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1:40 - 1:42"Qual é o preço que ela irá pagar?
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1:42 - 1:45"É melhor viver envolvida
do que viver intocada." -
1:46 - 1:48Mas a verdadeira questão é:
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1:48 - 1:50Qual é o preço de não ousar?
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1:50 - 1:52Qual é o custo de não tentar?
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1:52 - 1:55Eu tenho sido privilegiada
na minha vida -
1:55 - 1:57por conhecer líderes extraordinários
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1:57 - 1:59que escolheram viver
vidas de envolvimento. -
1:59 - 2:02Uma mulher que eu conheci
e que era membro num programa -
2:02 - 2:04que eu geria na Fundação Rockefeller
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2:04 - 2:06chamava-se Ingrid Washinawatok.
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2:06 - 2:08Ela era uma líder da tribo Menominee,
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2:08 - 2:10um povo nativo americano.
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2:10 - 2:13E quando nos reuníamos enquanto colegas
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2:13 - 2:16ela obrigava-nos a pensar
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2:16 - 2:19como os anciãos,
na cultura nativa americana, -
2:19 - 2:20tomam decisões.
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2:20 - 2:24Ela disse-nos que eles, literalmente,
visualizam as caras das crianças -
2:24 - 2:26até sete gerações no futuro,
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2:26 - 2:29a olharem para eles desde a Terra.
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2:29 - 2:32Elas olhavam para eles,
tornando-os responsáveis -
2:32 - 2:34por aquele futuro.
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2:34 - 2:36A Ingrid sabia que estamos
ligados uns aos outros, -
2:36 - 2:38não só enquanto seres humanos,
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2:38 - 2:40mas a todos os seres vivos no planeta.
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2:41 - 2:44Tragicamente, em 1999,
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2:44 - 2:46quando estava na Colômbia
a trabalhar com o povo U'wa, -
2:46 - 2:50empenhada em preservar
a sua cultura e linguagem, -
2:50 - 2:54ela e dois colegas
foram raptados, torturados -
2:54 - 2:55e mortos pelas FARC.
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2:55 - 2:58Desde então, sempre
que reuníamos os membros, -
2:58 - 3:01deixávamos uma cadeira vazia
para o espírito dela. -
3:02 - 3:04Mais de uma década depois,
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3:04 - 3:06quando falo para membros de ONG,
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3:06 - 3:10quer seja em Trenton, Nova Jérsei,
ou no gabinete da Casa Branca, -
3:10 - 3:12e quando falamos acerca da Ingrid,
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3:12 - 3:16todos eles dizem que estão a tentar
integrar a sua sabedoria e o seu espírito -
3:17 - 3:20e continuar, verdadeiramente,
o trabalho inacabado -
3:20 - 3:22da missão da sua vida.
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3:22 - 3:23Quando pensamos em legado,
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3:23 - 3:26eu não consigo imaginar
nenhum mais poderoso, -
3:26 - 3:29apesar de a vida dela ter sido tão curta.
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3:30 - 3:32Também fui tocada por mulheres cambojanas,
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3:32 - 3:37mulheres lindas, que mantiveram
a tradição da dança clássica no Camboja. -
3:37 - 3:39Conheci-as no início dos anos 90.
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3:39 - 3:42Na década de 70,
sob o regime de Pol Pot, -
3:42 - 3:44o Khmer Vermelho matou
mais de um milhão de pessoas. -
3:45 - 3:48Escolheram como alvo
as elites e os intelectuais, -
3:48 - 3:50os artistas, os bailarinos.
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3:50 - 3:55No final da guerra, só estavam vivas
30 destas bailarinas clássicas. -
3:55 - 3:58As mulheres que eu tive
o privilégio de conhecer, -
3:58 - 4:00quando só havia três sobreviventes,
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4:00 - 4:02contaram-me que ficavam
deitadas nos seus colchões -
4:02 - 4:04nos campos de refugiados.
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4:04 - 4:06Disseram-me que se esforçavam
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4:06 - 4:08por se recordar de fragmentos da dança,
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4:08 - 4:11na esperança que outras estivessem vivas,
e fizessem o mesmo. -
4:11 - 4:15E houve uma mulher que ficou
inerte numa postura perfeita, -
4:15 - 4:17com as mãos descaídas,
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4:17 - 4:21e falou da reunião das 30 mulheres
depois da guerra, -
4:21 - 4:23de como tinha sido extraordinário.
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4:23 - 4:25Caiam-lhe as lágrimas pela cara,
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4:25 - 4:28mas ela nunca ergueu as mãos
para as limpar. -
4:28 - 4:30As mulheres decidiram que iriam treinar
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4:30 - 4:34não a geração seguinte de raparigas,
porque elas já eram demasiado crescidas, -
4:34 - 4:36mas a geração seguinte.
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4:36 - 4:40Sentei-me no estúdio a observar
aquelas mulheres a baterem palmas -
4:41 - 4:42— ritmos maravilhosos —
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4:42 - 4:46enquanto pequenas fadinhas
dançavam à sua volta, -
4:46 - 4:48usando sedas de cores lindas.
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4:48 - 4:50E pensei que, depois
de toda aquela atrocidade, -
4:50 - 4:53aquela era a forma
como os seres humanos rezam. -
4:54 - 4:56Porque estão focados em honrar
-
4:56 - 4:59o que há de mais belo
no nosso passado -
4:59 - 5:04e desenvolvê-lo numa promessa
para o nosso futuro. -
5:03 - 5:05O que aquelas mulheres compreendiam
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5:05 - 5:08é que, por vezes,
as coisas mais importantes que fazemos -
5:08 - 5:10e em que gastamos o nosso tempo
-
5:10 - 5:12é naquelas coisas
que não conseguimos medir. -
5:14 - 5:19Eu também tenho sido tocada
pelo lado negro do poder e da liderança. -
5:19 - 5:21E aprendi que o poder,
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5:21 - 5:23particularmente na sua forma absoluta,
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5:23 - 5:25fornece-nos oportunidades semelhantes.
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5:25 - 5:27Em 1986, mudei-me para o Ruanda,
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5:27 - 5:30e trabalhei com um pequeno grupo
de mulheres do Ruanda -
5:30 - 5:33para iniciar o banco
de microfinanciamento desse país. -
5:33 - 5:36Uma destas mulheres era a Agnes
-
5:36 - 5:38— ali, na extrema esquerda.
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5:38 - 5:41Ela foi uma das primeiras três mulheres
no parlamento do Ruanda, -
5:41 - 5:47e o seu legado deveria ter sido
ser uma das mães do Ruanda. -
5:46 - 5:49Desenvolvemos esta instituição
baseada na justiça social, -
5:49 - 5:51na igualdade de sexos,
-
5:51 - 5:54na ideia de dar poder às mulheres.
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5:54 - 5:58Mas a Agnes preocupava-se mais
com a pompa do poder -
5:58 - 6:00do que com os princípios, no final.
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6:00 - 6:03E apesar de ter feito parte
da criação do partido liberal, -
6:03 - 6:07um partido politico focado
na diversidade e na tolerância -
6:07 - 6:10cerca de três meses antes de genocídio,
ela mudou de partido -
6:10 - 6:13e aliou-se ao partido extremista,
Poder Hutu, -
6:13 - 6:17e veio a ser ministra da Justiça
no regime genocida. -
6:16 - 6:20Tornou-se conhecida por incitar os homens
a matar mais rapidamente -
6:20 - 6:23e deixarem de se comportar como mulheres.
-
6:23 - 6:27Foi condenada por crimes
de genocídio em primeiro grau. -
6:27 - 6:30Visitei-a nas prisões,
-
6:30 - 6:33sentadas lado a lado,
os joelhos a tocar-se. -
6:33 - 6:35Eu tive de reconhecer,
para mim mesma, -
6:35 - 6:37que há monstros em todos nós,
-
6:37 - 6:40mas que talvez não sejam
exatamente monstros, -
6:40 - 6:43mas partes quebradas de nós mesmos,
-
6:43 - 6:46as tristezas, a vergonha secreta.
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6:46 - 6:48É isso que, no final,
torna fácil aos demagogos -
6:48 - 6:52aproveitarem-se dessas partes,
desses fragmentos, se preferirem, -
6:53 - 6:56e fazerem-nos olhar
para outros seres humanos, -
6:56 - 6:58como menos do que nós próprios
-
6:58 - 7:01e, no extremo, fazer coisas terríveis.
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7:02 - 7:06Não há nenhum grupo mais vulnerável
a esse tipo de manipulações -
7:06 - 7:08do que os rapazes.
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7:08 - 7:11Eu ouvi dizer que o animal
mais perigoso do planeta -
7:11 - 7:13é o adolescente.
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7:14 - 7:17Por isso, num encontro
em que estamos focados nas mulheres, -
7:18 - 7:21apesar de ser essencial
investir nas raparigas -
7:21 - 7:23equilibrar os campos,
-
7:23 - 7:25e descobrir formas de as honrar,
-
7:25 - 7:28temos de nos lembrar
que as raparigas e as mulheres -
7:28 - 7:30são mais isoladas, violadas
-
7:30 - 7:33vitimizadas, e tornadas invisíveis
-
7:33 - 7:36nas mesmas sociedades em que
os homens e os rapazes -
7:36 - 7:38se sentem sem poder,
-
7:38 - 7:41incapazes de providenciar.
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7:41 - 7:44Então, quando eles se sentam
nas esquinas das ruas, -
7:44 - 7:46só conseguindo pensar no futuro,
-
7:46 - 7:50na falta de emprego, de ensino,
de oportunidades, -
7:50 - 7:52é fácil compreender
-
7:52 - 7:54como a maior fonte de estatuto
-
7:54 - 7:56pode vir de um uniforme
e de uma arma. -
7:57 - 7:59Por vezes, investimentos muito pequenos
-
7:59 - 8:02podem libertar um potencial
enorme, infinito -
8:02 - 8:04que existe em todos nós.
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8:04 - 8:06Um dos membros do Fundo Acumen
na minha organização, -
8:06 - 8:08Suraj Sudhakar,
-
8:08 - 8:10tem aquilo a que chamamos
imaginação moral -
8:10 - 8:13a capacidade de se colocar
no lugar da outra pessoa -
8:13 - 8:15e liderar a partir dessa perspetiva.
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8:15 - 8:18Tem estado a trabalhar
com um grupo de jovens -
8:18 - 8:21que vêm da maior favela do mundo, Kibera.
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8:22 - 8:24São rapazes excecionais.
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8:24 - 8:26Em conjunto, começaram
um clube de leitura -
8:26 - 8:28para uma centena de pessoas nas favelas,
-
8:28 - 8:31e estão a ler muitos
dos autores TED, e a gostar. -
8:31 - 8:34Depois, criaram um concurso
de planos de negócios. -
8:34 - 8:37Depois, decidiram que iam fazer TEDx's.
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8:37 - 8:41Eu aprendi tanto com o Chris e o Kevin
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8:41 - 8:44com o Alex e o Herbert
e todos estes jovens. -
8:45 - 8:47O Alex disse-o da melhor forma:
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8:47 - 8:49"Costumávamos sentir-nos
como zés-ninguém, -
8:49 - 8:51"mas agora sentimo-nos
como alguém." -
8:51 - 8:53Acho que estamos errados
quando pensamos -
8:53 - 8:55que a solução é o rendimento.
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8:55 - 8:57O que desejamos,
enquanto seres humanos, -
8:57 - 8:59é sermos visíveis uns para os outros.
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9:00 - 9:03Estes jovens disseram-me
que fazem estas TEDx's -
9:04 - 9:06porque estavam fartos e cansados
-
9:06 - 9:11de os únicos "workshops" nas favelas
serem sempre sobre o VIH. -
9:11 - 9:13ou, quando muito, em microfinança.
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9:13 - 9:15Eles queriam festejar
-
9:15 - 9:18o que era belo em Kibera e Mathare
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9:18 - 9:20— os fotojornalistas e os criativos,
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9:20 - 9:24os artistas de graffiti, os professores
e os empresários. -
9:24 - 9:25E estão a fazê-lo.
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9:25 - 9:28Eu tiro o meu chapéu a vocês, em Kibera.
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9:29 - 9:33O meu trabalho foca-se em tornar
a filantropia mais eficaz -
9:33 - 9:36e o capitalismo mais inclusivo.
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9:36 - 9:39No Fundo Acumen,
pegamos em recursos filantrópicos -
9:39 - 9:42e investimos no que chamamos
"capital paciente", -
9:42 - 9:45dinheiro que será investido em empresários
-
9:45 - 9:48que não veem os pobres,
como recipientes passivos de caridade, -
9:48 - 9:49mas como agentes de mudança
-
9:49 - 9:53que querem resolver os seus problemas
e tomar as suas decisões. -
9:53 - 9:54Deixamos o dinheiro 10 a 15 anos,
-
9:54 - 9:57e quando somos reembolsados,
investimos noutras inovações -
9:57 - 9:59que se foquem em mudança.
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9:59 - 10:00Eu sei que funciona.
-
10:00 - 10:03Investimos mais de 50 milhões de dólares
em 50 empresas. -
10:04 - 10:06Essas empresas criaram
mais 200 milhões de dólares -
10:06 - 10:08nesses mercados esquecidos.
-
10:08 - 10:11Só neste ano, eles prestaram
40 milhões de serviços -
10:11 - 10:14em cuidados de saúde maternos
e alojamento, -
10:14 - 10:17serviços de emergência, energia solar,
-
10:17 - 10:19para que as pessoas
pudessem ter mais dignidade -
10:19 - 10:21na resolução dos seus problemas.
-
10:22 - 10:24O capital paciente é incómodo
para as pessoas -
10:24 - 10:27que procuram soluções simples,
categorias fáceis, -
10:28 - 10:31porque não vemos o lucro
como um instrumento cego. -
10:31 - 10:33Mas encontramos empresários
-
10:33 - 10:36que colocam as pessoas e o planeta
à frente do lucro. -
10:37 - 10:40No final, queremos fazer parte
de um movimento -
10:40 - 10:42que trata de avaliar o impacto,
-
10:42 - 10:45avaliar o que é mais importante para nós.
-
10:45 - 10:47O meu sonho é que um dia
tenhamos um mundo -
10:47 - 10:50em que não honramos apenas
aqueles que recebem dinheiro -
10:50 - 10:52e fazem mais dinheiro a partir daí,
-
10:52 - 10:55mas encontremos os indivíduos
que recebem os nossos recursos -
10:55 - 10:58e os convertem para mudar o mundo
das formas mais positivas. -
10:59 - 11:03Só quando os honrarmos, os festejarmos
e lhes atribuirmos importância -
11:03 - 11:06é que o mundo irá realmente mudar.
-
11:06 - 11:09Em maio passado, tive um período
extraordinário de 24 horas -
11:09 - 11:12em que vi duas visões do mundo
a viverem lado a lado -
11:12 - 11:14— uma baseada na violência
-
11:14 - 11:17e a outra na transcendência.
-
11:17 - 11:19Por acaso, eu estava em Lahore, Paquistão
-
11:19 - 11:22no dia em que duas mesquitas
foram atacadas por bombistas suicidas. -
11:23 - 11:24Essas mesquitas foram atacadas
-
11:24 - 11:27porque as pessoas que oravam lá dentro
-
11:27 - 11:29eram de um setor específico do Islão
-
11:29 - 11:32que os fundamentalistas não acreditam
ser completamente muçulmano. -
11:32 - 11:36Esses bombistas suicidas não só
mataram centenas de vidas, -
11:36 - 11:37mas fizeram mais que isso,
-
11:37 - 11:41porque criaram mais ódio,
mais raiva, mais medo -
11:41 - 11:43e certamente mais desespero.
-
11:43 - 11:45Mas em menos de 24 horas,
-
11:45 - 11:48eu estava a 20 km de distância
dessas mesquitas, -
11:48 - 11:51a visitar um dos nossos
investidores Acumen, -
11:51 - 11:53um homem incrível, Jawad Aslam,
-
11:53 - 11:56que ousa viver uma vida de envolvimento.
-
11:56 - 11:57Nascido e criado em Baltimore,
-
11:57 - 12:00estudou negócios imobiliários,
trabalhou no ramo do imobiliário, -
12:00 - 12:04e depois do 11 de Setembro,
foi para o Paquistão para fazer a diferença. -
12:04 - 12:07Durante dois anos, pouco ganhou,
tinha o bolso apertado, -
12:07 - 12:10mas aprendeu com um construtor
imobiliário impressionante -
12:10 - 12:13chamado Tasneem Saddiqui.
-
12:12 - 12:15Nós sonhávamos que ele ia construir
uma comunidade -
12:15 - 12:19neste pedaço de terra agreste,
utilizando capital paciente. -
12:19 - 12:21Mas ele continuou a pagar um preço.
-
12:21 - 12:24Manteve os seus valores morais
e recusou-se a pagar subornos. -
12:24 - 12:27Levou quase dois anos a registar a terra.
-
12:27 - 12:30Mas eu vi quanto o nível
dos padrões morais -
12:30 - 12:33pode aumentar, a partir
da ação de uma pessoa. -
12:33 - 12:38Hoje, vivem 2000 pessoas em 300 casas
nesta comunidade maravilhosa. -
12:38 - 12:41Há escolas, clínicas e lojas.
-
12:42 - 12:43Mas há apenas uma mesquita.
-
12:43 - 12:45Por isso, perguntei ao Jawad:
-
12:45 - 12:48"Como é que vocês se governam?
Isto é uma comunidade muito diversa. -
12:48 - 12:50"Quem usa a mesquita às sextas-feiras?"
-
12:50 - 12:53Ele disse: "É uma longa história.
-
12:53 - 12:55"Foi difícil, foi um percurso complicado,
-
12:55 - 12:59"mas, no final, os líderes da comunidade
chegaram a um acordo, -
12:59 - 13:02"ao aperceber-se que apenas
nos temos uns aos outros. -
13:02 - 13:05"Então, decidimos eleger
os três ímanes mais respeitados, -
13:06 - 13:07"e esses ímanes iriam alternar,
-
13:07 - 13:10"quem diria a oração de sexta-feira.
-
13:10 - 13:11"Mas toda a comunidade,
-
13:11 - 13:14"todas as diferentes seitas,
incluindo os xiitas e os sunitas, -
13:14 - 13:17"sentavam-se juntos e oravam."
-
13:17 - 13:20Precisamos deste tipo
de liderança moral e coragem -
13:20 - 13:22nos nossos mundos.
-
13:22 - 13:25Confrontamo-nos com problemas enormes
enquanto mundo -
13:25 - 13:27— a crise financeira,
-
13:27 - 13:29o aquecimento global
-
13:29 - 13:31e este sentimento crescente
de medo e disparidade. -
13:32 - 13:35Todos os dias temos uma escolha.
-
13:35 - 13:38Podemos ir pelo caminho fácil,
o caminho mais cínico, -
13:39 - 13:41que é um caminho baseado, por vezes,
-
13:41 - 13:44em sonhos do passado
que, na realidade, nunca existiu, -
13:44 - 13:46no medo uns dos outros,
-
13:46 - 13:48no distanciamento e na culpa.
-
13:48 - 13:52Ou podemos ir pelo caminho
muito mais difícil -
13:52 - 13:55da transformação, da transcendência,
-
13:55 - 13:56da compaixão e do amor,
-
13:56 - 13:59mas também
da responsabilidade e da justiça. -
14:00 - 14:02Eu tive a enorme honra de trabalhar
-
14:02 - 14:05com o psicólogo infantil Dr. Robert Coles
-
14:05 - 14:07que lutou pela mudança
-
14:07 - 14:09durante o movimento
dos Direitos Civis nos EUA. -
14:09 - 14:11Ele conta uma história incrível.
-
14:11 - 14:14Trabalhou com uma menina de seis anos
chamada Ruby Bridges, -
14:14 - 14:18a primeira criança em escolas
sem segregação racial no Sul -
14:18 - 14:20— neste caso em Nova Orleães.
-
14:20 - 14:21Ele dizia que todos os dias
-
14:21 - 14:24esta menina de seis anos,
vestida com o seu lindo vestido, -
14:24 - 14:26passava, com verdadeira graça,
-
14:26 - 14:28através de uma multidão de pessoas brancas
-
14:28 - 14:31que gritavam iradas,
chamando-lhe um monstro, -
14:31 - 14:34ameaçando envenená-la,
com caras distorcidas. -
14:34 - 14:36Ele observava-a todos os dias,
-
14:36 - 14:38e parecia-lhe que ela
falava com as pessoas. -
14:38 - 14:41E perguntou-lhe:
"Ruby, o que é que estás a dizer?" -
14:41 - 14:43E ela respondeu: "Eu não estou a falar."
-
14:43 - 14:45Por fim, ele disse:
"Ruby, eu vejo que estás a falar. -
14:45 - 14:47"O que é que estás a dizer?"
-
14:47 - 14:49Ela respondeu:
"Dr. Coles, eu não estou a falar; -
14:49 - 14:51"estou a rezar."
-
14:51 - 14:54E ele disse: "Então, o que estás a rezar?"
-
14:54 - 14:55E ela: "Eu estou a rezar,
-
14:55 - 14:58" 'Pai, perdoa-lhes
pois não sabem o que fazem'." -
14:58 - 15:04Aos seis anos, esta criança
estava a viver uma vida de envolvimento, -
15:03 - 15:05e a família dela pagou um preço por isso.
-
15:05 - 15:09Mas ela passou a fazer da história
e criou a ideia -
15:09 - 15:12de que todos nós devíamos
ter acesso ao ensino. -
15:14 - 15:17A minha última história
é sobre um jovem lindo -
15:17 - 15:19chamado Josephat Byaruhanga,
-
15:19 - 15:21outro membro do Fundo Acumen
-
15:21 - 15:23que nos saúda do Uganda,
de uma comunidade agrícola. -
15:23 - 15:27Colocámo-lo numa empresa
no oeste do Quénia, -
15:27 - 15:29apenas a 300 milhas de distância.
-
15:29 - 15:31No final deste ano, ele disse-me:
-
15:31 - 15:34"Jacqueline, a experiência
trouxe-me tanta humildade. -
15:34 - 15:36"porque eu pensava que,
enquanto agricultor e africano, -
15:36 - 15:39"ia entender como transcender a cultura.
-
15:39 - 15:42"Mas, sobretudo quando estava a falar
com mulheres africanas, -
15:42 - 15:44"às vezes fazia erros
-
15:44 - 15:46"— era-me tão difícil
aprender como ouvir. -
15:46 - 15:48"Por isso, eu concluo que, de certa forma,
-
15:48 - 15:51"a liderança é como uma espiga de arroz.
-
15:51 - 15:54"Porque no pino da estação,
no auge dos seus poderes, -
15:54 - 15:59"é linda, é verde, nutre o mundo,
alcança os céus. -
16:00 - 16:02"Mas, mesmo antes da colheita,
-
16:02 - 16:06"dobra-se com grande gratidão e humildade
-
16:07 - 16:09"para tocar a terra de onde veio."
-
16:10 - 16:12Precisamos de líderes.
-
16:13 - 16:15Nós mesmos precisamos de liderar
-
16:15 - 16:18de um sítio que tenha
a audácia de acreditar -
16:18 - 16:22que podemos alargar
o pressuposto fundamental -
16:22 - 16:24de que todos os homens são criados iguais,
-
16:24 - 16:27a todo o homem, mulher e criança
neste planeta. -
16:28 - 16:32Temos de ter a humildade de reconhecer
que não o podemos fazer sozinhos -
16:33 - 16:35Robert Kennedy disse um dia:
-
16:35 - 16:39"Poucos de nós temos a grandeza
para modificar a história, -
16:39 - 16:41"mas cada um de nós pode trabalhar
-
16:41 - 16:44"para mudar uma pequena
porção dos acontecimentos. -
16:44 - 16:47"E é a totalidade desses atos
-
16:47 - 16:50"que vai ser escrita
na história desta geração." -
16:51 - 16:53A nossa vida é curta,
-
16:54 - 16:57e o nosso tempo neste planeta
é muito precioso. -
16:57 - 17:00Só nos temos uns aos outros.
-
17:01 - 17:05Espero que cada um de vós
possa viver vidas de envolvimento. -
17:05 - 17:08Não será necessariamente uma vida fácil.
-
17:08 - 17:12mas no final, é tudo o que nos sustém.
-
17:12 - 17:14Obrigada.
-
17:14 - 17:17(Aplausos)
- Title:
- Inspirando uma vida de envolvimento
- Speaker:
- Jacqueline Novogratz
- Description:
-
Cada um de nós quer viver com um objetivo, mas por onde começar? Nesta palestra, esclarecedora e abrangente, Jacqueline Novogratz apesenta-nos pessoas que conheceu no seu trabalho em "capital paciente" — pessoas que se envolveram profundamente numa causa, numa comunidade, na paixão pela justiça. Estas histórias de vidas humanas testemunham momentos poderosos de inspiração.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:25
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Inspiring a life of immersion | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Inspiring a life of immersion | ||
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Gabriela Matias added a translation |