Os meus dados vão mudar a vossa mentalidade
-
0:01 - 0:04Vou falar sobre a vossa mentalidade.
-
0:04 - 0:07Será que a vossa mentalidade
corresponde aos meus dados? -
0:07 - 0:09(Risos)
-
0:09 - 0:12Se não, um dos dois
precisa de ser atualizado, certo? -
0:13 - 0:16Quando falo com os meus alunos
sobre questões globais, -
0:16 - 0:19e os ouço no intervalo do café,
-
0:19 - 0:21dizem sempre "nós" e "eles".
-
0:21 - 0:24Quando voltamos à sala de aula,
pergunto-lhes: -
0:24 - 0:26"Que querem dizer com 'nós' e 'eles'?".
-
0:26 - 0:29"É muito fácil. É o mundo ocidental
e o mundo em desenvolvimento". -
0:29 - 0:31"Aprendemos na faculdade".
-
0:31 - 0:33"E qual é então a definição?"
-
0:33 - 0:35"A definição? Toda a gente sabe".
-
0:35 - 0:37Mas eu gosto de pressioná-los.
-
0:37 - 0:39Então uma miúda, esperta, disse:
-
0:39 - 0:43"É muito fácil. O mundo ocidental
é uma vida longa numa família pequena. -
0:43 - 0:46O mundo em desenvolvimento
é uma vida curta numa família grande". -
0:46 - 0:48Gosto desta definição porque me permitiu
-
0:48 - 0:52transferir a mentalidade deles
para os meus dados. -
0:52 - 0:54E aqui têm o conjunto de dados.
-
0:54 - 0:58Podem ver que, neste eixo aqui,
temos o tamanho da família. -
0:58 - 1:01Uma, duas, três, quatro, cinco
crianças por mulher neste eixo. -
1:01 - 1:04E aqui, a duração da vida,
a esperança de vida. -
1:04 - 1:0530, 40, 50.
-
1:05 - 1:09Exatamente aquilo que os estudantes
disseram ser a sua visão do mundo. -
1:09 - 1:12Na verdade, isto tem a ver
com o quarto de dormir. -
1:12 - 1:15Se um homem e uma mulher decidem
ter uma família pequena -
1:15 - 1:19e cuidar dos seus filhos,
e quanto tempo vão viver. -
1:19 - 1:21É sobre a casa de banho e a cozinha.
-
1:21 - 1:24Se tiverem sabão, água e comida,
podem viver por muito tempo. -
1:24 - 1:26E os estudantes tinham razão, não é?
-
1:26 - 1:30O mundo consistia
num conjunto de países aqui, -
1:30 - 1:33que têm famílias grandes e vidas curtas.
-
1:33 - 1:34O mundo em desenvolvimento.
-
1:34 - 1:37E outro conjunto de países lá em cima
-
1:37 - 1:40que compunham o mundo ocidental.
-
1:40 - 1:42Tinham famílias pequenas e vidas longas.
-
1:42 - 1:46Vão ver aqui a coisa espantosa
-
1:46 - 1:48que aconteceu no mundo
durante o meu tempo de vida. -
1:48 - 1:52Os países em desenvolvimento aplicaram
sabão e água, vacinação -
1:52 - 1:55e toda a gente passa a fazer
planeamento familiar, -
1:55 - 1:58em parte porque os EUA ajudaram
-
1:58 - 2:00com aconselhamento técnico e investimento.
-
2:00 - 2:04Vemos que todo o mundo se encaminha
para famílias de 2 filhos, -
2:04 - 2:07e para uma vida de 60 a 70 anos.
-
2:07 - 2:10Mas alguns países permanecem
nesta área aqui. -
2:10 - 2:13Vemos que ainda temos
o Afeganistão cá em baixo. -
2:13 - 2:16Temos a Libéria. Temos o Congo.
-
2:16 - 2:18Temos países a viver ali.
-
2:18 - 2:20O problema que tive
-
2:20 - 2:24foi que a visão do mundo
que os meus alunos tinham -
2:24 - 2:26correspondia à realidade do mundo
-
2:26 - 2:29no ano em que os seus professores nasceram.
-
2:29 - 2:32(Risos)
-
2:32 - 2:35(Aplausos)
-
2:35 - 2:38Na verdade, quando mostrámos
isto a toda a gente -
2:38 - 2:42— estive na Conferência Global de Saúde
aqui em Washington, na semana passada — -
2:42 - 2:45pude ver que até pessoas ativas, nos EUA,
-
2:45 - 2:47tinham este conceito errado.
-
2:47 - 2:50Não se tinham apercebido da melhoria
-
2:50 - 2:55do México e da China,
em relação aos Estados Unidos. -
2:55 - 2:57Vejam aqui quando avanço no tempo.
-
2:57 - 2:59Cá vamos nós.
-
3:04 - 3:07Estão a recuperar o atraso.
Aquele é o México. -
3:07 - 3:10Está a par dos EUA nestas duas dimensões sociais.
-
3:10 - 3:13Menos de 5% dos especialistas de saúde global
-
3:13 - 3:15tinham conhecimento disto.
-
3:15 - 3:18Esta grande nação, o México,
-
3:18 - 3:21tem o problema das armas
que vêm do norte, através da fronteira. -
3:21 - 3:23Tiveram que pôr fim a isso,
-
3:23 - 3:26porque têm uma relação estranha
com os Estados Unidos. -
3:27 - 3:30Mas vejamos, se eu mudar aqui o eixo
-
3:30 - 3:33e o substituir pelo
rendimento "per capita"... -
3:34 - 3:37Rendimento per capita. Posso colocá-lo aqui.
-
3:37 - 3:40Veremos uma imagem
completamente diferente. -
3:40 - 3:43Já agora, estou a ensinar-vos
-
3:43 - 3:45a usar o nosso website, Gapminder World,
-
3:45 - 3:47enquanto corrijo isto.
-
3:47 - 3:50Porque é um utilitário gratuito na net.
-
3:50 - 3:52Agora que, finalmente, acertei com isto,
-
3:52 - 3:56posso retroceder 200 anos na nossa história.
-
3:57 - 4:00Encontramos os EUA lá em cima.
-
4:00 - 4:03Posso fazer aparecer os outros países.
-
4:03 - 4:06Agora tenho o rendimento
"per capita" neste eixo. -
4:06 - 4:10Os EUA, na altura, tinham
apenas 2000 dólares -
4:10 - 4:13e uma esperança de vida de 35 a 40 anos,
-
4:13 - 4:15ao nível do Afeganistão atual.
-
4:17 - 4:21Vou mostrar agora
o que aconteceu no mundo. -
4:21 - 4:23Isto em vez de estudar História
-
4:23 - 4:25durante um ano na universidade.
-
4:25 - 4:27Prestem atenção um minuto e verão tudo.
-
4:27 - 4:29(Risos)
-
4:29 - 4:34Vemos como a bolha castanha
— a Europa Ocidental — -
4:34 - 4:37e a bolha amarela — os EUA —
-
4:37 - 4:39enriquecem cada vez mais
-
4:39 - 4:41e também começam a tornar-se
cada vez mais saudáveis. -
4:41 - 4:43Isto agora é há 100 anos.
-
4:43 - 4:47Por outro lado,
o resto do mundo fica para trás. -
4:47 - 4:50Aqui vamos nós. Aqui foi a pandemia
da gripe espanhola. -
4:52 - 4:54É por isso que temos
tanto medo da gripe, não é? -
4:54 - 4:58Ficou-nos na memória.
A queda da esperança de vida. -
4:58 - 5:00Depois subimos.
-
5:00 - 5:03Mas só depois de a independência
ter começado. -
5:03 - 5:05Vejam, temos a China aqui,
-
5:05 - 5:06temos a Índia ali,
-
5:06 - 5:08e isto foi o que aconteceu.
-
5:14 - 5:17Vemos aqui que temos o México lá em cima.
-
5:17 - 5:20O México não está de todo
ao nível dos Estados Unidos. -
5:20 - 5:22Mas estão muito perto.
-
5:22 - 5:25É especialmente interessante ver
a China e os EUA, -
5:25 - 5:27durante 200 anos.
-
5:28 - 5:31Eu tenho o meu filho mais velho
a trabalhar para a Google, -
5:31 - 5:33depois de a Google
ter adquirido este software. -
5:33 - 5:35Isto é exploração infantil.
-
5:35 - 5:38O meu filho e a mulher dele
ficaram enfiados num armário -
5:38 - 5:40durante muitos anos a desenvolver isto.
-
5:40 - 5:43O meu filho mais novo
estudou chinês em Pequim. -
5:43 - 5:46Portanto eles dão-me
duas perspetivas diferentes. -
5:46 - 5:49O meu filho mais novo,
que estudou em Pequim, na China, -
5:49 - 5:52ficou com uma perspectiva a longo prazo.
-
5:52 - 5:55Quanto ao meu filho mais velho,
que trabalha na Google, -
5:55 - 5:58a avaliação é feita
a cada trimestre, ou semestre. -
5:58 - 6:01Ou, como a Google é muito generosa,
talvez a cada um ou dois anos. -
6:01 - 6:04Mas na China veem geração após geração,
-
6:04 - 6:09porque se lembram
do embaraçoso período de 100 anos -
6:09 - 6:11em que andaram para trás.
-
6:11 - 6:13E devem lembrar-se da primeira parte
-
6:13 - 6:16do século passadp, que foi muito má.
-
6:16 - 6:20Podemos ir pelo chamado
"grande salto em frente". -
6:20 - 6:22Isto foi em 1963.
-
6:22 - 6:26Mao Tse-Tung conseguiu dar saúde
aos chineses, e depois morreu. -
6:26 - 6:29Depois Deng Xiaoping iniciou
este espantoso vanço. -
6:29 - 6:32Não é um pouco estranho ver que os EUA
-
6:32 - 6:35primeiro fizeram crescer a economia
e só depois enriqueceram gradualmente, -
6:35 - 6:39enquanto a China pôde tornar-se
saudável muito mais cedo? -
6:39 - 6:43Porque aplicaram o conhecimento
existente ao nível da educação, nutrição, -
6:43 - 6:45e beneficiaram também da penicilina,
-
6:45 - 6:48vacinas e planeamento familiar.
-
6:48 - 6:50É por isso que a Ásia pôde ter
desenvolvimento social -
6:50 - 6:54antes de ter desenvolvimento económico.
-
6:54 - 6:56Para mim, enquanto professor
de saúde pública, -
6:56 - 6:59não é estranho que todos estes países
cresçam tanto agora. -
6:59 - 7:01Porque o que veem aqui
-
7:01 - 7:04é o mundo plano de Thomas Friedman.
-
7:04 - 7:06Não é?
-
7:06 - 7:08Não tão plano quanto isso.
-
7:08 - 7:10Mas os países de rendimento médio...
-
7:10 - 7:13E é aqui que sugiro aos meus estudantes
-
7:13 - 7:15que deixem de usar o conceito
"mundo em desenvolvimento". -
7:15 - 7:18Porque, afinal, falar
do mundo em desenvolvimento -
7:18 - 7:22é como ter dois capítulos
na história dos EUA. -
7:22 - 7:26O último capítulo é sobre
o presente e o presidente Obama. -
7:26 - 7:28E o outro é sobre o passado,
-
7:28 - 7:32em que se aborda tudo
desde Washington a Eisenhower. -
7:32 - 7:34Porque, entre Washington a Eisenhower,
-
7:34 - 7:36temos o que encontramos
no mundo em desenvolvimento. -
7:36 - 7:40Podíamos, mesmo,
ir desde Mayflower a Eisenhower -
7:40 - 7:43e isso seria o mundo em desenvolvimento,
-
7:44 - 7:47em que as cidades
crescem de forma incrível -
7:47 - 7:49que possui grandes empreendedores,
-
7:49 - 7:51mas também países em colapso.
-
7:51 - 7:54Como poderemos perceber isto melhor?
-
7:54 - 7:57Uma possível estratégia sera olharmos
-
7:57 - 8:00para a distribuição de rendimentos.
-
8:00 - 8:02Esta é a distribuição de rendimentos
das pessoas no mundo, -
8:02 - 8:04começando por 1 dólar por dia.
-
8:04 - 8:06Aqui é onde há comida para comer.
-
8:06 - 8:08Estas pessoas vão para a cama com fome.
-
8:08 - 8:09Este é o número de pessoas.
-
8:09 - 8:12Aqui são 10 dólares, onde há sistemas
de saúde, públicos ou privados. -
8:12 - 8:16Aqui podem proporcionar-se serviços
de saúde à família, e escola às crianças -
8:16 - 8:18Estes são os países da OCDE.
-
8:18 - 8:21A verde, a América Latina.
A Europa de Leste. -
8:21 - 8:24Esta é a Ásia Oriental.
E este azul claro é o sul da Ásia. -
8:24 - 8:27E isto é como o mundo mudou.
-
8:27 - 8:29Mudou assim.
-
8:29 - 8:31Podem ver como está a crescer?
-
8:31 - 8:34E como centenas de milhões
e milhares de milhões -
8:34 - 8:35saem da pobreza na Ásia?
-
8:35 - 8:37E vêm para aqui.
-
8:37 - 8:39Agora entro em projecções.
-
8:39 - 8:42Mas tenho que parar à porta
do Lehman Brohers... -
8:42 - 8:45(Risos)
-
8:45 - 8:47... porque estas projecções já não são válidas.
-
8:48 - 8:50Provavelmente o mundo fará isto
-
8:50 - 8:52e continuará em frente assim.
-
8:52 - 8:54Mas é mais ou menos isto
que vai acontecer. -
8:54 - 8:59Temos um mundo cujas partes
não podem ser analisadas isoladamente. -
8:59 - 9:02Temos países com rendimentos altos aqui,
-
9:02 - 9:04com os EUA à cabeça.
-
9:04 - 9:07Temos economias emergentes no meio,
que contribuíram muito -
9:07 - 9:10para a ajuda dada recentemente
aos bancos e empresas. -
9:10 - 9:12E temos aqui os países
de rendimentos baixos. -
9:13 - 9:15É um facto que é daqui que vem o dinheiro.
-
9:15 - 9:18Têm vindo a poupar,
ao longo da última década. -
9:18 - 9:20E aqui temos os países
de rendimentos baixos, -
9:20 - 9:21onde estão os empresários.
-
9:22 - 9:24Aqui temos os países
em colapso e em guerra, -
9:24 - 9:29como o Afeganistão, a Somália,
partes do Congo, o Darfur. -
9:29 - 9:31Temos tudo isto simultaneamente.
-
9:31 - 9:34É por isso que é tão problemático
descrever o que aconteceu -
9:34 - 9:35no mundo em desenvolvimento
-
9:35 - 9:38porque o que lá aconteceu
é tão diferente, . -
9:38 - 9:42É por isso que sugiro uma abordagem
ligeiramente diferente da habitual. -
9:42 - 9:46Há também grandes diferenças dentro dos próprios países.
-
9:46 - 9:50Ouvi dizer que os vossos departamentos
se dividem por regiões. -
9:50 - 9:52Aqui temos a África Subsariana,
o Sul da Ásia, -
9:52 - 9:54a Ásia Oriental, os estados árabes,
-
9:54 - 9:57a Europa de Leste,
a América Latina e a OCDE. -
9:57 - 9:59Neste eixo está o PIB.
-
9:59 - 10:00E neste, saúde, sobrevivência infantil.
-
10:00 - 10:02E não é de todo surpreendente
-
10:02 - 10:05que a África, a sul do Saara,
esteja no fundo. -
10:05 - 10:10Mas quando divido o gráfico
em bolhas de países, -
10:10 - 10:12o tamanho das bolhas aqui é a população.
-
10:12 - 10:15Então vemos que a Serra Leoa e as Maurícias
são totalmente diferentes. -
10:15 - 10:18Há uma diferença enorme
dentro da África Subsariana. -
10:18 - 10:20E posso dividir os outros.
-
10:20 - 10:22Aqui está o Sul da Ásia, o mundo árabe.
-
10:22 - 10:24Agora todos os diferentes departamentos.
-
10:24 - 10:27A Europa de Leste, a América Latina,
países da OCDE. -
10:27 - 10:30E aqui estamos nós.
Há uma linha contínua no mundo. -
10:30 - 10:32Não o podemos dividir em duas partes.
-
10:32 - 10:34Mayflower fica aqui em baixo.
-
10:34 - 10:37Washington fica aqui, edificando países.
-
10:39 - 10:41Lincoln aqui, fazendo-os avançar.
-
10:41 - 10:44Eisenhower aqui, a trazer-lhes a modernidade.
-
10:44 - 10:47E os EUA atuais, aqui em cima.
-
10:47 - 10:49Temos países aqui.
-
10:49 - 10:52Agora, isto é o mais importante
-
10:52 - 10:55para perceber como o mundo mudou.
-
10:55 - 10:58Neste ponto, decidi fazer uma pausa.
-
10:59 - 11:01(Risos)
-
11:01 - 11:04E é meu dever, em nome do resto do mundo,
-
11:04 - 11:08transmitir um agradecimento
aos contribuintes americanos, -
11:08 - 11:10pela Pesquisa Demográfica de Saúde.
-
11:10 - 11:11(Risos)
-
11:12 - 11:15Não, isto não é uma piada,
é muito a sério. -
11:15 - 11:19É devido ao continuado patrocínio dos EUA,
-
11:19 - 11:23durante 25 anos,
desta excelente metodologia -
11:23 - 11:25para medir a mortalidade infantil,
-
11:25 - 11:28que percebemos
o que está a acontecer no mundo. -
11:28 - 11:32(Aplausos)
-
11:34 - 11:37E é o governo dos EUA, no seu melhor,
-
11:37 - 11:40sem interesses escondidos,
disponibilizando apenas factos, -
11:40 - 11:43que são úteis à sociedade.
-
11:43 - 11:47E disponibilizando-os gratuitamente,
na internet, para o mundo usar. -
11:47 - 11:49Muito obrigado.
-
11:49 - 11:51Em grande contraste com o Banco Mundial,
-
11:51 - 11:53que compila dados com dinheiro do governo,
-
11:53 - 11:57de impostos, e depois os vende,
com lucros mínimos, -
11:57 - 12:00de forma bastante ineficaz,
à maneira de Guttenberg. -
12:00 - 12:03(Aplausos)
-
12:05 - 12:08Mas as pessoas que fazem isso no Banco Mundial
-
12:08 - 12:10estão entre as melhores do mundo.
-
12:10 - 12:12São profissionais altamente competentes.
-
12:12 - 12:15Só gostaríamos de melhorar
as nossas agências internacionais, -
12:15 - 12:19para que lidem com o mundo
duma forma moderna, como nós. -
12:19 - 12:22No que se refere a dados
gratuitos e a transparência, -
12:22 - 12:24os EUA estão entre os melhores.
-
12:24 - 12:28E não é fácil, para um professor
de saúde pública sueco, reconhecer isso. -
12:28 - 12:30(Risos)
-
12:31 - 12:33Não, não sou pago para estar aqui.
-
12:33 - 12:35Gostava de vos mostrar
o que acontece com os dados, -
12:35 - 12:37o que podemos mostrar com estes dados.
-
12:37 - 12:39Vejam aqui. Isto é o mundo.
-
12:39 - 12:42Com o rendimento aqui em baixo,
e a mortalidade infantil. -
12:42 - 12:44O que aconteceu no mundo?
-
12:44 - 12:46Desde 1950, nos últimos 50 anos
-
12:46 - 12:49tivemos uma queda na mortalidade infantil.
-
12:49 - 12:52Foi a DHS que tornou possível
sabermos isto. -
12:52 - 12:54Tivemos um aumento no rendimento.
-
12:54 - 12:56Os países anteriormente
em desenvolvimento, a azul, -
12:56 - 13:00misturam-se com os países anteriormente
industrializados do mundo ocidental. -
13:00 - 13:01Temos um contínuo.
-
13:01 - 13:04Claro, temos ainda o Congo, lá em cima.
-
13:04 - 13:10Ainda temos países pobres como
sempre tivemos, ao longo da História. -
13:10 - 13:14Isto são os mil milhões que estão no fundo,
de que falámos hoje -
13:14 - 13:16numa abordagem completamente nova.
-
13:16 - 13:19Com que rapidez é que isso aconteceu?
-
13:19 - 13:22[MDG 4 — Reduzir a mortalidade infantil
em 4,3% por ano] -
13:22 - 13:26Os EUA não se têm mostrado
muito ansiosos por usar o MDG 4, -
13:26 - 13:29Mas têm sido o seu maior patrocinador,
o que nos permitiu medir o seu progresso -
13:29 - 13:32porque só podemos medir
a mortalidade infantil. -
13:32 - 13:35Costumávamos dizer
que deveria cair 4% ao ano. -
13:36 - 13:37Vejamos o que fez a Suécia.
-
13:37 - 13:40Costumávamos gabar-nos
de um rápido progresso social. -
13:40 - 13:42Estávamos aqui, em 1900.
-
13:42 - 13:44Em 1900, a Suécia estava aqui.
-
13:44 - 13:47A mesma mortalidade infantil
que o Bangladesh tinha em 1990, -
13:47 - 13:49embora eles tivessem menores rendimentos.
-
13:49 - 13:51Começaram muito bem.
Usaram bem as ajudas. -
13:51 - 13:54Vacinaram as crianças.
Conseguiram melhor água. -
13:54 - 13:58E reduziram a mortalidade infantil,
à espantosa taxa de 4,7% ao ano. -
13:58 - 13:59Ganharam à Suécia.
-
13:59 - 14:02Mostro a Suécia
no mesmo período de 16 anos. -
14:02 - 14:06Segundo assalto: a Suécia de 1916,
contra o Egipo de 1990. -
14:06 - 14:10Aqui vamos nós.
Uma vez mais, os EUA deram uma ajuda. -
14:10 - 14:13Obtêm água potável.
Obtêm comida para os pobres. -
14:13 - 14:15Erradicam a malária.
-
14:15 - 14:18Redução de 5,5%. São mais rápidos
que a meta de desenvolvimento do milénio. -
14:18 - 14:21Terceira oportunidade
para a Suécia contra o Brasil. -
14:21 - 14:25O Brasil aqui tem uma fantástica melhoria social
-
14:25 - 14:27nos últimos 16 anos.
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14:27 - 14:29Anda mais rápido do que a Suécia.
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14:29 - 14:31Isto significa que o mundo está a convergir.
-
14:31 - 14:34Os países de rendimento médio,
-
14:34 - 14:36as economias emergentes,
estão a apanhar o comboio. -
14:36 - 14:38Estão a deslocar-se para cidades,
-
14:38 - 14:40onde têm também melhor assistência.
-
14:40 - 14:42Em vista destas afirmações,
os suecos protestam: -
14:42 - 14:44"Não é justo!"
-
14:44 - 14:47"Esses países tiveram vacinas e antibióticos
-
14:47 - 14:49"que não estavam disponíveis na Suécia.
-
14:49 - 14:51"Temos que fazer a competição
em tempo-real". -
14:51 - 14:53Certo. Vejamos Singapura,
no ano em que nasci. -
14:53 - 14:56Singapura tinha o dobro
da mortalidade infantil da Suécia. -
14:56 - 14:58É o país mais tropical do mundo.
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14:58 - 15:00Um terra pantanosa no Equador.
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15:00 - 15:02Cá vamos nós. Demoraram um pouco
a tornarem-se independentes, -
15:02 - 15:04depois começaram
a fazer crescer a economia, -
15:04 - 15:07fizeram investimento social,
livraram-se da malária -
15:07 - 15:09arranjaram um sistema de saúde magnífico,
-
15:09 - 15:11que bateu quer os EUA, quer a Suécia.
-
15:11 - 15:14Nunca imaginámos
que conseguissem bater a Suécia! -
15:14 - 15:17(Aplausos)
-
15:20 - 15:25Todos estes países a verde estão a cumprir
as metas de desenvolvimento do milénio. -
15:25 - 15:27Estes a amarelo
estão quase a consegui-lo. -
15:27 - 15:30Os países a vermelho não conseguem,
e a política deve ser melhorada. -
15:30 - 15:33Não podemos fazer extrapolações simplistas.
-
15:33 - 15:37Temos mesmo de encontrar uma forma
de apoiar mais eficazmente estes países. -
15:37 - 15:40Temos de respeitar os países
de rendimento médio -
15:40 - 15:41no que estão a fazer.
-
15:41 - 15:44Temos que basear em factos a forma
como olhamos para o mundo. -
15:44 - 15:47Isto é dólares por pessoa, isto é a SIDA nos países.
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15:47 - 15:49O azul é a África.
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15:49 - 15:53O tamanho das bolhas representa
o número de pessoas infetadas com VIH. -
15:53 - 15:55Vejam a tragédia na África do Sul.
-
15:55 - 15:58Cerca de 20% da população adulta
está infetada. -
15:58 - 16:01Apesar de terem um rendimento
consideravelmente alto, -
16:01 - 16:03têm um número enorme de infetados com VIH.
-
16:03 - 16:06Mas também se veem
outros países africanos aqui em baixo. -
16:07 - 16:10Não existe uma epidemia de VIH em África.
-
16:10 - 16:13Há cerca de 5 a 10 países em África
-
16:13 - 16:16que têm o mesmo nível
da Suécia e dos EUA. -
16:16 - 16:19Há outros com níveis
extremamente elevados. -
16:19 - 16:21Vou mostrar-vos
o que aconteceu no Botsuana -
16:21 - 16:26num dos melhores países,
com a mais vibrante das economias -
16:26 - 16:28em África, e com um bom governo.
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16:29 - 16:30Têm um nível muito elevado.
-
16:30 - 16:32Está a descer, mas agora não tanto.
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16:32 - 16:35Porque com a ajuda da PEPFAR,
-
16:35 - 16:37os tratamentos administrados estão
a ter êxito e as pessoas não estão a morrer. -
16:37 - 16:40Podem ver que não é assim tão simples
-
16:40 - 16:43dizer que foi a guerra que causou isto.
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16:43 - 16:45Porque aqui, no Congo, há guerra.
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16:45 - 16:48Aqui, na Zâmbia, há paz.
-
16:48 - 16:51Não é a economia. Há países mais ricos
que estão um pouco acima. -
16:51 - 16:53Se dividirmos a Tanzânia por rendimento,
-
16:53 - 16:56vemos que os 20% mais ricos na Tanzânia
-
16:56 - 16:58têm mais VIH que os mais pobres.
-
16:58 - 17:00E é diferente mesmo dentro de cada país.
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17:00 - 17:03Vejam as províncias do Quénia,
são muito diferentes. -
17:03 - 17:05E esta é a situação, como veem.
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17:05 - 17:08Não é pobreza extrema.
É uma situação especial. -
17:08 - 17:11Provavelmente tem a ver
com múltiplos parceiros sexuais, -
17:11 - 17:14entre parte da população heterossexual,
-
17:14 - 17:17em alguns países, ou partes de países,
-
17:17 - 17:18no sul e leste de África.
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17:18 - 17:21Não é só África. Não façamos
disto uma questão racial. -
17:21 - 17:23Façamos disto uma questão local.
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17:23 - 17:27Façamos prevenção em cada lugar,
da forma mais adequada a esse lugar. -
17:27 - 17:30Então, só para terminar.
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17:30 - 17:33Não conhecemos o sofrimento que aflige
-
17:33 - 17:36os mil milhões mais pobres
-
17:36 - 17:39aqueles que vivem
fora do alcance dos telemóveis, -
17:39 - 17:41aqueles que nunca viram um computador,
-
17:41 - 17:43aqueles que não têm eletricidade em casa.
-
17:43 - 17:47Passei 20 anos em África a esclarecer
esta doença, a doença Konzo. -
17:47 - 17:50Ocorre quando, em situações de fome,
consomem raiz de mandioca, que é tóxica. -
17:50 - 17:52insuficientemente processada.
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17:53 - 17:56É semelhante à epidemia de pelagra,
no Mississippi, nos anos 30. -
17:56 - 17:59É semelhante a outras doenças nutricionais.
-
17:59 - 18:02Nunca vai afetar uma pessoa rica.
-
18:02 - 18:04Vimo-la aqui em Moçambique.
-
18:04 - 18:08Isto é a epidemia em Moçambique.
Isto é a epidemia no norte da Tanzânia. -
18:08 - 18:09Nunca ouviram falar desta doença.
-
18:09 - 18:12Mas há muito mais gente
afetada por estas doenlas -
18:12 - 18:14do que os infectados com Ébola,
-
18:14 - 18:16Causam deficiências físicas
em todo o mundo. -
18:16 - 18:18Nos últimos dois anos,
no sul da região de Bandunda, -
18:18 - 18:20houve mais 2000 pessoas
deficientes físicas -
18:20 - 18:24que costumavam participar
no tráfico ilegal de diamantes -
18:24 - 18:26feito pela UNITA,
que dominava essa área de Angola, -
18:26 - 18:28e que agora desapareceu.
-
18:28 - 18:31Estão agora em grandes
dificuldades económicas. -
18:31 - 18:33Há uma semana, pela primeira vez,
-
18:33 - 18:36passou a haver quatro linhas de Internet.
-
18:36 - 18:40Não se deixem enganar pelo progresso
das economias emergentes, -
18:40 - 18:42e pela grande capacidade
-
18:42 - 18:44das pessoas dos países de rendimento médio
-
18:44 - 18:46e dos países pacíficos com baixos rendimentos.
-
18:46 - 18:49Ainda vivem na miséria mil milhões
-
18:49 - 18:50Precisamos de conceitos para além de
-
18:50 - 18:53"países em desenvolvimento"
ou "mundo em desenvolvimento". -
18:53 - 18:56Precisamos duma nova mentalidade.
O mundo está a convergir. -
18:56 - 18:58Mas... mas... mas...
-
18:58 - 19:02Mas nãoão os mil milhões do fundo.
Esses são tão pobres como sempre foram. -
19:02 - 19:07Não é sustentável. E não vai acontecer
à volta de uma superpotência. -
19:07 - 19:09Mas vocês continuarão a ser
-
19:09 - 19:12uma das mais importantes superpotências.
-
19:12 - 19:15E, por agora, a que oferece mais esperança.
-
19:16 - 19:19Esta instituição terá um papel crucial,
-
19:19 - 19:22não para os EUA, mas para o mundo.
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19:22 - 19:25Vocês têm um nome muito desapropriado,
Departamento de Estado. -
19:25 - 19:28Isto não é o Departamento de Estado.
É o Departamento Mundial. -
19:28 - 19:30E temos muita esperança em vocês.
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19:30 - 19:32Muito obrigado.
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19:32 - 19:35(Aplausos)
- Title:
- Os meus dados vão mudar a vossa mentalidade
- Speaker:
- Hans Rosling
- Description:
-
Falando no Departamento de Estado dos EUA, Hans Rosling usa o seu fascinante software de bolhas de dados para acabar com mitos acerca do mundo em desenvolvimento. Vejam novas análises à China e ao mundo pós-crise, misturadas com tradicionais apresentações de dados.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:37
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Let my dataset change your mindset | |
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Sérgio Lopes added a translation |