O "design", explicado.

John Hodgman, comediante e perito residente, 'explica' o design de três objectos icónicos modernos. (Da sessão 'The Design Studio' na TED2012, com os curadores convidados Chee Pearlman e David Rockwell.)

Hoje vou-vos desvendar

três exemplos de design icónico

e faz perfeito sentido

que seja eu a fazê-lo

porque tenho um Bacharelato em Literatura.

(Risos)

Mas também sou uma famosa

personalidade menor de televisão

e um coleccionador ávido de

catálogos 'Design Within Reach',

portanto sei quase tudo

do que existe.

Ora, tenho a certeza que

conhecem este objecto;

muitos de vós provavelmente viram-no

enquanto aterravam os vossos zeppelins privados

no Aeroporto Internacional de Los Angeles

nos últimos dias.

Isto é conhecido como o Edifício 'Theme';

tem esse nome por razões

que ainda são muito sombrias.

E é, talvez,

o melhor exemplo que temos em Los Angeles

de antiga arquitectura extraterrestre.

Foi escavado pela primeira vez em 1961

enquanto construíam o LAX (aeroporto),

embora os cientistas acreditem que

remonta ao ano de 2000

Antes da Era Comum,

quando era usado como

um activo porto espacial transdimensional

pelos antigos astronautas

que colonizaram pela primeira vez este planeta

e criaram a nossa espécie

da selvageria ao dar-nos

a dádiva da linguagem escrita

e da tecnologia

e a dádiva de restaurantes giratórios.

Pensa-se que foi uma

substituição para os mais antigos portos espaciais

localizados, claro, em Stonehenge,

e considerada

uma grande melhoria

devido ao design organizado,

à falta de druidas que passeavam constantemente

e, obviamente, ao acesso muito melhor

a estacionamento.

Quando foi descoberto,

introduziu uma nova era

de design moderno e arcaicamente futurista

chamado Googie,

que veio a ser sinónimo com

a Era do Jacto, um termo impróprio.

Afinal de contas, os antigos astronautas que o usavam

não viajavam de jacto frequentemente,

preferindo viajar através de serpente com penas,

alimentada por crânios de cristal.

(Aplausos)

(Música)

Ah, sim, uma mesa.

Usamo-las todos os dias.

E em cima dela,

o 'juicy salif' (espremedor).

Isto é um design de Philippe Starck,

que penso que está na audiência neste preciso momento.

E podem ver que é um design do Starck

pela sua precisão, vivacidade,

inovação e

promessa de violência iminente.

(Risos)

É um design que desafia a vossa intuição --

não é o que pensam quando o vêem pela primeira vez.

Não é um garfo desenhado

para apanhar três aperitivos em simultâneo,

que, se me permitem, até seria útil

lá fora no corredor.

E apesar da sua óbvia

influência por parte dos antigos astronautas,

com o seu estilo da era espacial e tripodismo,

não é algo

desenhado para se prender ao vosso cérebro

e sugar-vos os pensamentos.

É, de facto, um espremedor cítrico

e quando digo isso,

nunca mais o verão como outra coisa.

Também não é um monumento ao design,

é um monumento à utilidade do design.

Podem leva-lo para casa convosco,

ao contrário do Edifício 'Theme',

que ficará onde está para sempre.

Isto é barato

e pode ir para casa convosco

e, como tal, pode ficar

sobre a vossa bancada de cozinha --

não pode ir para as vossas gavetas;

acreditem, descobri isso da pior forma --

e transformar a vossa bancada de cozinha num

monumento ao design.

Outra coisa a dizer,

se tiverem um em casa,

deixem-me contar-vos outra característica que podem não conhecer:

quando adormecem,

ele ganha vida
(risos)

e caminha pela vossa casa

e vasculha o vosso correio

e observa-vos enquanto dormem.

(Aplausos)

Ok, que objecto é este?

Não faço ideia. Não sei o que é esta coisa.

Tem um aspecto horrível. É um pequeno prato quente?

Não percebo.

Alguém sabe? Chee?

É um ... iPhone. iPhone.

Ah sim, é isso, lembro-me desses;

Substituí todos os azulejos da minha casa de banho

com uns desses nos bons velhos tempos.

Não, eu tenho um iPhone. Claro que tenho.

Aqui está o meu amado iPhone.

Faço tantas coisas neste pequeno dispositivo.

Gosto de ler livros nele.

Mais do que isso, gosto de comprar livros nele

pelos quais não me sinto culpado de não ler,

porque vão para aqui e nunca mais volto a olhar para eles

e é perfeito.

Uso-o todos os dias

para medir o peso de um boi,

por exemplo.

De vez em quando,

admito que faço

uma chamada nele ocasionalmente.

No entanto, esqueço-me sempre dele.

Isto é um design

que uma vez visto,

se esquece.

É fácil de esquecer o fascínio

que ocorreu em 2007 quando

tocaram isto pela primeira vez, porque se

difundiu muito rapidamente

e porque adotámos instantaneamente

estes gestos

e fizemos dele uma extensão da nossa vida.

Ao contrário do Edifício 'Theme',

isto não é tecnologia alienígena.

Ou melhor,

o que fez foi pegar em tecnologia

que, ao contrário das pessoas nesta sala --

para muitas outras pessoas no mundo

ainda parece muito extraterrestre --

e fê-la parecer imediatamente

familiar e íntima.

E ao contrário do espremedor,

não ameaça

prender-se ao vosso cérebro;

simplesmente,

prende-se mesmo ao vosso cérebro.

(Risos)

E nem repararam que tal aconteceu.

E é isso. O meu nome é John Hodgman.

Acabei de explicar design.

Muito obrigado.

(Aplausos)