O que é a tragédia dos bens comuns? - Nicholas Amendolare

Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/what-is-the-tragedy-of-the-commons-nicholas-amendolare

Será possível que a pesca em excesso, as bactérias resistentes e o aquecimento global sejam causados pela mesma coisa? Em 1968, um homem chamado Garrett Hardin escreveu um ensaio sobre o excesso de população. Nele, descobriu um padrão do comportamento humano que explica alguns dos maiores problemas da história. Nicholas Amendolare descreve a tragédia dos bens comuns.

Lição de Nicholas Amendolare, direção de TED-Ed.

Imagina que vives numa pequena aldeia

e dependes do lago local para
obter peixes para te alimentares.

Partilhas o lago com mais três aldeões.

O lago começa com uma dúzia de peixes,
e estes reproduzem-se.

Por cada dois peixes, haverá
mais um bebé todas as noites.

Por isso, para maximizar
o fornecimento de comida,

quantos peixes deves apanhar por dia?

Pensa um pouco nisso.

Assumindo que o bebé atinge
imediatamente o estado adulto,

que o lago começa
com uma capacidade total,

e ignoras fatores como o sexo
do peixe que se apanha.

A resposta? Um, e não és apenas tu.

A melhor maneira de maximizar
o fornecimento de comida de cada aldeão

é cada pescador pescar
apenas um peixe por dia.

É assim que os cálculos se elaboram.

Se cada aldeão tirar um peixe, ficarão
oito peixes no lago durante a noite.

Cada par de peixes produz um bebé,

e no dia seguinte, o lago volta a estar
restabelecido com doze peixes.

Se alguém levar mais de um peixe,
o número de pares reprodutivos diminui,

e a população não será capaz
de se restabelecer.

Por fim, desaparecerão os peixes do lago,

deixando os quatro aldeões a passar fome.

O lago dos peixes é apenas um exemplo
de um problema clássico,

chamado a tragédia dos bens comuns.

Este fenómeno foi, primeiramente,
descrito num panfleto

pelo economista
William Forster Lloyd em 1833,

numa discussão sobre
o excesso de pastoreio de gado

nas áreas comuns da aldeia.

Mais de 100 anos depois, o ecologista
Garrett Hardin reavivou o conceito

para descrever o que acontece
quando muitos indivíduos

partilham um recurso limitado,

como os terrenos de pastagem,

as áreas de pesca,

o espaço para viver,

e até o ar puro.

Hardin argumentou que essas situações
enfrentam interesses próprios a curto prazo

contra o bem comum

e acabam mal para todos,

resultando em excesso de pastoreio,
excesso de pesca,

excesso de população

poluição,

e outros problemas sociais e ambientais.

A peça chave da tragédia dos bens comuns

é que providencia uma oportunidade
para benefício de um indivíduo

enquanto espalha quaisquer efeitos
negativos sobre toda a população.

Para ver o que isso significa,
voltemos ao nosso lago.

Cada pescador está motivado

para apanhar o maior número de peixes
que conseguir para si mesmo.

Entretanto, qualquer declínio
na reprodução dos peixes

é partilhado pela aldeia inteira.

Ansioso por evitar perder
para os seus vizinhos,

um pescador vai concluir que é do
seu interesse retirar um peixe extra,

ou dois ou três.

Infelizmente, esta será a mesma
conclusão dos outros pescadores,

e essa é a tragédia.

Otimizar para si mesmo a curto prazo
não é o melhor para ninguém a longo prazo.

Este é um exemplo simplificado
mas a tragédia dos bens comuns

também pode ser usada nos sistemas
mais complexos da vida real.

O uso excessivo de antibióticos levou
a ganhos de curto-prazo na produção de gado

e ao tratamento de doenças comuns,

mas também resultou na evolução
de bactérias resistentes a antibióticos,

o que ameaça toda a população.

Uma fábrica a carvão produz eletricidade
barata para os consumidores

e lucros para os proprietários.

Estes benefícios locais
são úteis a curto prazo,

mas a poluição de extrair e queimar carvão
espalha-se por toda a atmosfera

e mantém-se durante milhares de anos.

Também há outros exemplos.

O lixo,

a escassez de água,

a desflorestação,

os engarrafamentos de trânsito,

até a compra de água engarrafada.

Mas a civilização humana comprova
que é capaz de fazer algo extraordinário.

Nós formamos contratos sociais,

chegamos a acordos comunitários,

elegemos governos,

e aprovamos leis.

Tudo isto para proteger o coletivo
dos nossos impulsos individuais.

Não é fácil, e certamente que nós
nem sempre acertamos em todas as situações.

Mas os seres humanos no seu melhor

mostraram que podemos
resolver estes problemas

e podemos continuar a fazê-lo
se nos lembrarmos da lição de Hardin.

Quando se aplica a tragédia
dos bens comuns,

o que é bom para todos nós,
é bom para cada um de nós.