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Os mistérios das pirâmides chinesas

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    Um poder sem limites.
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    Uma depravação de luxo.
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    Corpos mumificados.
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    Tesouros inimagináveis.
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    Bem-vindos ao além,
    visto pela China antiga.
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    Um mundo secreto e violento
    deixou como herança
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    sepulturas monumentais.
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    Estas montanhas artificiais
    simbolizavam o poder dos imperadores
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    e fizeram cair dinastias.
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    Os Mistérios das Pirâmides Chinesas
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    A província de Shaanxi é considerada
    o berço da civilização chinesa.
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    Hoje, é uma região
    rica e industrializada.
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    Um pequeno "drone" sobrevoa a zona
    para observar os campos vizinhos.
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    Está em ação por conta
    de uma equipa de arqueólogos.
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    Os especialistas estão impacientes
    para verem as imagens.
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    Fazem aparecer um mundo fascinante.
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    Centenas de montículos de terra
    em volta da capital, Xian.
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    Alguns deles têm uma dimensão modesta.
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    Outros, são gigantescos.
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    Ignora-se o que eles escondem.
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    Mas, sabe-se quem está no seu interior.
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    São as últimas moradas de imperadores,
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    de generais, de aristocratas,
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    de defuntos especialmente
    ricos e poderosos.
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    Há 2000 anos, estes campos eram teatro
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    de combates sangrentos
    e de braços de ferro políticos.
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    Ressoavam também com risos e música.
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    A nobreza chinesa não se privava de nada.
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    A época também tinha
    uma face mais sombria.
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    Milhares de trabalhadores penavam
    para construir estes monumentos
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    para glória eterna da classe dirigente.
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    Estes túmulos eram símbolo de poder,
    de riquezas e de legitimidade política.
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    Testemunhavam o modo de vida do defunto
    para toda a eternidade.
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    o que podemos resumir assim:
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    "Eu tenho o túmulo maior,
    sou o mais poderoso".
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    É muito raro que os arqueólogos
    possam penetrar nestes túmulos
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    e possam ver os seus tesouros.
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    Conservam uma grande parte
    do seu mistério.
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    Os especialistas, pelo menos,
    têm uma certeza,
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    Estes projetos eram enormes
    desafios de logística.
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    Para satisfazer os desejos do imperador,
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    os engenheiros fizeram deslocar
    milhões de toneladas de terra
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    e escavar fossas de várias
    dezenas de metros de profundidade
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    que depois eram tapadas
    com montanhas artificiais.
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    Sempre nos interrogámos
    sobre qual o método.
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    Hoje, encontramos o reverso do cenário.
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    O preço humano
    deste estaleiro foi terrível.
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    Foi sinónimo de um sofrimento imenso.
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    O povo revoltou-se com frequência.
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    Durante cerca de mil anos,
    estes empreendimentos grandiosos
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    corroeram o poder das dinastias chinesas.
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    fragilizando-as.
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    Um túmulo distingue-se dos outros
    pela sua beleza
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    e pela sua história trágica.
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    Estamos em 246 a.C.
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    O império da China ainda não existe.
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    Sete reinos combatem
    para impor o seu domínio.
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    No ano 2 de Qin,
    um novo soberano sobe ao trono.
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    Tem apenas 13 anos.
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    Uma das suas primeiras decisões
    é ordenar a construção do seu túmulo.
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    Hoje, isso parecer-nos-ia
    prematuro, aos 13 anos.
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    Mas é preciso inserir as coisas
    no seu contexto.
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    Há 2000 anos, era-se muito mais maduro
    nessa idade do que hoje.
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    Ninguém podia dizer
    quanto tempo é que ele ia viver.
  • 6:21 - 6:22
    Havia quem morresse
    antes dos 30 ou 40 anos,
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    portanto, para ele era essencial
    garantir imediatamente a sua mortalidade.
  • 6:31 - 6:34
    Para os arquitetos reais,
    o êxito do projeto
  • 6:34 - 6:36
    depende sobretudo do local escolhido.
  • 6:41 - 6:45
    Na China antiga, os túmulos de marca
    são sempre em altura.
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    Portanto, o do rei tem que ser
    mais alto do que os outros.
  • 6:53 - 6:56
    É preciso escolher um local sobre-elevado,
  • 6:56 - 6:59
    onde se possa escavar
    muito profundamente no subsolo.
  • 7:04 - 7:08
    O local escolhido fica a 90 km
    da capital real,
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    nos flancos do monte Li
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    Os arquitetos e os engenheiros
    ignoram, sem dúvida,
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    que este túmulo será um dos
    mais grandiosos da História.
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    Com efeito, o rei-criança de Qin
    vive até aos 49 anos.
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    Tem um destino extraordinário.
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    Esmaga brutalmente os seus rivais,
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    unifica os reinos combatentes
    sob a sua autoridade
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    e funda o Império de Qin.
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    Em 221 a.C., é o homem
    mais poderoso do continente,
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    e sabe-o.
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    Adota o novo nome de Qin Shi Huang Di,
    o primeiro imperador da China
  • 8:17 - 8:19
    e quer que o seu túmulo
    apregoe alto e bom som
  • 8:19 - 8:22
    a sua grandeza e a façanha
    que acaba de realizar.
  • 8:28 - 8:31
    Que forma melhor para dar a imagem
    de poder ilimitado
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    do que mandar construir
    o maior mausoléu,
  • 8:35 - 8:38
    a maior pirâmide da História?
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    Para os projetistas, a criação do Império
    altera os dados.
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    Já não podem contentar-se
    em edificar um túmulo digno de um rei.
  • 8:54 - 8:58
    Têm que imaginar um mausoléu
    para glória do mais poderoso soberano
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    da História chinesa.
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    Têm uma fonte de inspiração.
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    Já existe um monumento
    funerário excecional.
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    Com esta descoberta, em 1977,
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    os arqueólogos chineses
    ficaram estupefactos
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    com o túmulo de Marquis Yi of Zeng
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    morto dois séculos
    antes do primeiro imperador.
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    É único na história chinesa.
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    Anteriormente, os túmulos
    eram poços verticais muito simples.
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    Este é um verdadeiro palácio subterrâneo.
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    Contém quatro câmaras
    — com aberturas nas paredes —
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    e o caixão, para que a alma do defunto
    possa circular mais facilmente.
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    Duzentos anos antes do túmulo
    do primeiro imperador,
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    vemos aparecer um conceito
    totalmente novo.
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    Já não se faz um simples buraco,
    mas um palácio.
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    Ou seja, um complexo
    de câmaras subterrâneas,
  • 10:20 - 10:22
    cada uma delas com uma função definida
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    nas quais o morto
    poderá viver eternamente.
  • 10:30 - 10:33
    Esses grandes e poderosos homens
    viviam depois da sua morte
  • 10:33 - 10:36
    e os seus túmulos deviam satisfazer
    os seus mais pequenos desejos.
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    No além, o Marquis Yi of Zeng
    precisava de uma orquestra completa
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    e de cerca de 10 toneladas
    de objetos de bronze.
  • 10:51 - 10:54
    Quanto a mim, a baixela
    encontrada neste túmulo
  • 10:54 - 10:57
    para servir o vinho e os alimentos
  • 10:58 - 11:03
    reúne os objetos de bronze fundido
    mais espetaculares do mundo antigo.
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    A música e a boa mesa
    não eram suficientes
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    para a felicidade eterna de Marquis.
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    Os arqueólogos encontraram
    os esqueletos de oito raparigas,
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    concubinas sacrificadas
    para lhe fazer companhia no além.
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    Cerca de dois séculos depois da morte
    de Marquis Yi of Zeng
  • 11:43 - 11:46
    os engenheiros são chamados
    para a construção do túmulo
  • 11:46 - 11:48
    do primeiro imperador.
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    Era o maior palácio subterrâneo da China.
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    Mas segundo o arqueólogo Wang Xueli,
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    os projetistas tiveram que resolver
    primeiro um problema
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    relacionado com o local escolhido.
  • 12:11 - 12:14
    Sem isso, ficava tudo comprometido.
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    Estamos sobre a bacia recetora
    do Monte Li.
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    Cinco rios descem da montanha
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    e desaguam diretamente no local
    onde iam construir o túmulo.
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    Todos os anos, na estação das cheias,
    o nível da água subia muito alto
  • 12:35 - 12:37
    e todo o local corria o risco
    de ficar inundado.
  • 12:40 - 12:43
    Antes de começar a construção
    do túmulo imperial,
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    os engenheiros desviaram
    os cursos de água.
  • 12:51 - 12:56
    A solução que imaginaram há 2000 anos
    ainda existe, à beira da estrada.
  • 13:00 - 13:02
    Estou em cima da barragem
    que eles construíram.
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    Mede 3000 m de comprimento,
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    entre 20 e 75 m de largura, no topo
  • 13:10 - 13:12
    e 12 a 15 m de altura.
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    É feita com a terra retirada do fosso
  • 13:17 - 13:20
    utilizado para modificar o percurso
    das correntes de água.
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    Na época, a construção da barragem
    era apenas a primeira etapa.
  • 13:33 - 13:36
    Depois, foi preciso escavar o solo,
    até libertar um espaço
  • 13:36 - 13:38
    suficientemente grande
    para um palácio imperial.
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    Quando o imperador morreu,
    foi tudo tapado
  • 13:45 - 13:47
    por um enorme montículo de terra.
  • 13:48 - 13:51
    Por sorte, os engenheiros da época
  • 13:51 - 13:54
    tinham à sua disposição um material
    de construção fantástico.
  • 13:59 - 14:02
    É abundante, fácil de trabalhar
    e muito barato.
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    Na Nova Zelândia, John Cheah e a sua equipa
    embarcam num projeto original.
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    Constroem uma casa... com terra.
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    Vamos com calma!
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    É preciso comprimi-la um pouco.
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    Estes jovens engenheiros fazem parte
    de um movimento mundial
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    que experimentam novos
    métodos de construção.
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    Para eles, utilizar a terra
    é uma solução ideal.
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    Não parece, mas é um material
    muito sólido.
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    Certas estruturas de terra
    aguentaram séculos
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    ou mesmo milhares de anos.
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    É o caso da parte mais antiga
    da Grande Muralha da China.
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    Esta técnica baseia-se num método simples
    que não mudou desde há 2000 anos.
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    Para construir de forma duradoura
    com um material tão básico,
  • 15:28 - 15:30
    há duas imposições.
  • 15:35 - 15:38
    Primeiro, juntar um aglutinante
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    que não venha a criar fissuras
    ou a desintegrar-se.
  • 15:42 - 15:44
    É preciso que isto fique
    como uma leve chuva,
  • 15:44 - 15:46
    uniforme mas ligeira.
  • 15:47 - 15:51
    Hoje, a equipa utiliza fibras de linho
    que cresce na Nova Zelândia.
  • 15:53 - 15:57
    Os engenheiros do primeiro imperador
    tiveram outra ideia.
  • 15:59 - 16:02
    Os chineses usavam cola de arroz
    para aglutinar a terra.
  • 16:02 - 16:04
    Também encontramos
    muitas vezes esterco.
  • 16:07 - 16:08
    Segunda exigência,
  • 16:08 - 16:10
    Impedir a água de se infiltrar.
  • 16:10 - 16:13
    Se houver bolsas de ar,
    ela encontra forma de lá entrar.
  • 16:13 - 16:16
    Depois, a terra amolece ou estala.
  • 16:16 - 16:19
    Se gelar, a água dilata-se.
  • 16:19 - 16:21
    Em ambos os casos, a parede desmorona-se.
  • 16:24 - 16:27
    Se se utilizar a terra como material,
  • 16:27 - 16:29
    é preciso evitar a todo o custo
    as bolhas de ar
  • 16:29 - 16:31
    e para isso, só há um método,
  • 16:36 - 16:40
    comprimir a camada de terra
    até ela ficar tão densa como o betão.
  • 16:46 - 16:49
    Pelo que se pode ver,
    a equipa fez um bom trabalho.
  • 16:49 - 16:50
    Esta parede está perfeitamente lisa
  • 16:50 - 16:53
    e quando lhe tocamos, sentimos
    que é muito densa.
  • 16:53 - 16:55
    A compactação ficou bem feita.
  • 16:55 - 16:59
    A equipa de John não é a primeira
    a utilizar esta técnica.
  • 17:07 - 17:11
    Em Xian, os arqueólogos exploram
    o túmulo de um general chinês.
  • 17:15 - 17:18
    Estes muros em terra batida
    tem quase 2000 anos
  • 17:18 - 17:20
    mas continuam de pé.
  • 17:23 - 17:27
    O segredo da construção com terra
    é de colocar camadas muito finas
  • 17:29 - 17:31
    e compactá-las com muito cuidado
  • 17:31 - 17:33
    até que elas fiquem
    extremamente duras.
  • 17:36 - 17:38
    Assim, ficam perfeitamente estáveis.
  • 17:39 - 17:42
    Aqui, vê-se muito bem a estrutura do muro.
  • 17:42 - 17:46
    Nesta parte, temos
    entre 25 a 30 camadas sobrepostas
  • 17:46 - 17:48
    que os arqueólogos delimitaram
    com traços.
  • 17:49 - 17:52
    Em cada uma delas,
    é uma camada de terra batida.
  • 17:56 - 18:00
    Centenas de homens tiveram que trabalhar
    durante meses, para construir este túmulo,
  • 18:00 - 18:01
    utilizando este método.
  • 18:03 - 18:06
    Quando lhe batemos, é quase
    tão duro como o betão.
  • 18:07 - 18:09
    Para o túmulo deste general,
  • 18:09 - 18:11
    foram necessárias centenas
    de camadas de terra.
  • 18:12 - 18:15
    Mas é uma pálida sombra,
    ao lado do túmulo do imperador.
  • 18:18 - 18:22
    O dele é uma pirâmide de 350 m de lado,
  • 18:22 - 18:24
    de 50 a 70 m de altura
  • 18:24 - 18:27
    e é composta por mais
    de 3 500 000 toneladas de terra.
  • 18:33 - 18:35
    É muito mais que um túmulo.
  • 18:37 - 18:40
    É um dos maiores complexos
    funerários do mundo,
  • 18:40 - 18:42
    com uma superfície
    de quase 6000 hectares.
  • 18:49 - 18:51
    Não foi explorado na totalidade
  • 18:51 - 18:54
    mas os arquivos descrevem
    a câmara mortuária.
  • 18:57 - 19:00
    Terá um teto decorado com constelações,
  • 19:02 - 19:05
    um chão com a reprodução
    do território do Império
  • 19:05 - 19:07
    com rios e oceanos de mercúrio,
  • 19:11 - 19:14
    e réplicas de todos
    os palácios do imperador
  • 19:14 - 19:16
    prontos a acolher a sua alma.
  • 19:18 - 19:21
    Tinha que ter ao pé dele
    tudo o que fosse necessário
  • 19:21 - 19:23
    para reinar eternamente.
  • 19:28 - 19:31
    Mas os documentos da época
    omitem referir
  • 19:31 - 19:34
    o que os construtores dissimularam
    em três fossos do túmulo.
  • 19:43 - 19:46
    O célebre exército de 8000 soldados
    em terracota.
  • 19:49 - 19:53
    Ao lado, havia estátuas de malabaristas,
    de acrobatas, de altos funcionários
  • 19:53 - 19:57
    e de carros puxados por cavalos
    com os seus palafreneiros.
  • 20:01 - 20:05
    Todo o universo do imperador
    está reproduzido em bronze e argila.
  • 20:10 - 20:14
    No entanto, ele quis demarcar-se
    de uma tradição sinistra.
  • 20:16 - 20:19
    Antes do primeiro imperador,
    era frequente sacrificar súbditos
  • 20:20 - 20:22
    para o servirem depois da morte.
  • 20:22 - 20:25
    Mas para um túmulo tão grande,
    seria necessário matar muita gente
  • 20:25 - 20:27
    e a ideia foi posta de parte.
  • 20:30 - 20:34
    Na época do primeiro imperador
    era claro que não se podia abater
  • 20:34 - 20:36
    um regimento inteiro de soldados.
  • 20:36 - 20:38
    Réplicas em terracota seriam suficientes.
  • 20:40 - 20:42
    Não era o caso quanto às suas amantes.
  • 20:45 - 20:49
    Segundo os arquivos,
    todas as concubinas sem filhos
  • 20:49 - 20:52
    deviam acompanhar
    o primeiro imperador no túmulo.
  • 20:55 - 20:58
    Temos dificuldade em separar
    a realidade da lenda.
  • 20:59 - 21:03
    Em 2005, arqueólogos encontraram
    a prova de que continha muitos tesouros.
  • 21:06 - 21:09
    Localizaram os contornos
    duma enorme câmara
  • 21:09 - 21:10
    de 80 m por 50 m,
  • 21:10 - 21:14
    cercada por uma parede de pedra
    de 150 m por 125 m.
  • 21:21 - 21:25
    A toda a volta, a terra continha
    uma forte concentração de mercúrio.
  • 21:29 - 21:31
    O talhe da peça e a presença do veneno
  • 21:32 - 21:34
    leva-nos a pensar que os relatos
    de mar de mercúrio
  • 21:34 - 21:36
    e dos sacrifícios das concubinas
  • 21:36 - 21:38
    podem ser verídicos.
  • 21:43 - 21:45
    Um outro mistério envolve este túmulo.
  • 21:46 - 21:49
    Até hoje ainda não foi esclarecido.
  • 21:56 - 21:59
    Os textos antigos dizem
    que, depois de terminado,
  • 21:59 - 22:01
    o edifício media 115 m de altura,
  • 22:02 - 22:04
    ou seja, o dobro da sua altura atual.
  • 22:08 - 22:12
    Para ser tão elevada, a base da pirâmide
    devia ter 500 m de lado
  • 22:12 - 22:16
    Isso representa um monumento
    cinco vezes maior do que o que temos hoje,
  • 22:16 - 22:19
    e quatro vezes maior
    do que a pirâmide de Khéops.
  • 22:23 - 22:25
    Que se passou para ele ter sido encolhido?
  • 22:29 - 22:31
    Segundo certos especialistas,
  • 22:31 - 22:35
    os elementos naturais corroeram
    todo o edifício.
  • 22:39 - 22:41
    Há uma outra teoria.
  • 22:44 - 22:46
    O túmulo nunca foi terminado.
  • 22:49 - 22:51
    Mas, porque é que o homem
    mais poderoso da China
  • 22:51 - 22:53
    terá consagrado anos inteiros
    a esta obra
  • 22:53 - 22:55
    sem chegar ao fim?
  • 23:06 - 23:09
    O arqueólogo Zhan Zhongli
    pensa ter encontrado a resposta
  • 23:10 - 23:12
    num pomar próximo do local.
  • 23:23 - 23:25
    Há aqui muitas ossadas.
  • 23:25 - 23:27
    Isto é um fémur ou uma tíbia.
  • 23:31 - 23:35
    Ali, há um crânio,
    até podemos ver os dentes.
  • 23:35 - 23:37
    O corpo está deitado., assim.
  • 23:41 - 23:44
    Para edificar o sumptuoso túmulo imperial,
  • 23:44 - 23:46
    foram precisas toneladas de terra
  • 23:46 - 23:48
    mas também, milhares de vidas humanas.
  • 23:51 - 23:54
    Não podemos determinar o número
    de esqueletos.
  • 23:54 - 23:56
    Estão todos misturados.
  • 23:56 - 24:00
    Penso que há li um e outro ali.
  • 24:02 - 24:05
    Os corpos estão empilhados
    uns por cima dos outros.
  • 24:05 - 24:06
    É uma vala comum.
  • 24:09 - 24:10
    Quem eram estas pessoas?
  • 24:13 - 24:16
    Não muito longe, artistas modernos
    imaginaram-no.
  • 24:18 - 24:20
    Depois da unificação do país,
  • 24:20 - 24:22
    o primeiro imperador teve à sua disposição
  • 24:22 - 24:24
    a mão-de-obra mais numerosa
    da História chinesa.
  • 24:27 - 24:29
    Utilizou-a à força para o seu projeto.
  • 24:32 - 24:35
    Hoje, os trabalhadores
    que construíram o túmulo
  • 24:35 - 24:37
    são representados como heróis.
  • 24:37 - 24:39
    Os esqueletos deles dão
    uma outra versão dos factos.
  • 24:46 - 24:47
    Reparem neste crânio.
  • 24:48 - 24:52
    A dentição aqui indica
    que este homem tinha cerca de 30 anos.
  • 24:59 - 25:01
    No entanto, matou-se a trabalhar.
  • 25:01 - 25:04
    Morreu por causa das condições
    de trabalho difíceis.
  • 25:06 - 25:09
    Os trabalhadores eram homens
    na força da idade.
  • 25:09 - 25:11
    mas forçavam-nos a viver
    um verdadeiro calvário.
  • 25:17 - 25:20
    Labutavam do nascer ao pôr-do-sol
    até à exaustão.
  • 25:20 - 25:22
    Tinham pouca alimentação e pouco sono.
  • 25:22 - 25:24
    Morriam aos milhares.
  • 25:31 - 25:33
    Quando morria um trabalhador,
  • 25:33 - 25:36
    o corpo dele era lançado
    para uma vala comum.
  • 25:38 - 25:40
    Assim, temos várias camadas
    de ossadas anónimas.
  • 25:43 - 25:48
    Os soldados de terracota foram inumados
    com mais consideração e dignidade
  • 25:48 - 25:50
    do que os trabalhadores mortos
    no local de construção.
  • 25:53 - 25:56
    A maior parte dos corpos
    não foram enterrados
  • 25:56 - 25:58
    de acordo com os rituais fúnebres chineses.
  • 26:00 - 26:04
    No entanto, alguns homens
    tiveram direito a sepulturas individuais.
  • 26:04 - 26:09
    Sobre a sepultura, uma pequena placa
    indica o nome deles e a sua aldeia natal.
  • 26:10 - 26:12
    Os arqueólogos tentaram perceber
  • 26:12 - 26:15
    porque é que eles tiveram direito
    a um tratamento de favor.
  • 26:15 - 26:18
    A resposta ainda enegrece mais o quadro.
  • 26:19 - 26:22
    Os trabalhadores eram provenientes
    de várias classes sociais.
  • 26:24 - 26:28
    Os que tinham meios para mandar gravar
    o nome e a aldeia de origem numa placa
  • 26:29 - 26:31
    tinham um estatuto mais elevado.
  • 26:32 - 26:35
    Trabalhavam aqui para pagar dívidas.
  • 26:37 - 26:40
    Estes homens crivados de dívidas
    trabalhavam, portanto,
  • 26:40 - 26:42
    ao lado de criminosos e de escravos.
  • 26:44 - 26:47
    Os cidadãos vulgares também
    tinham que dar um ano da sua vida
  • 26:47 - 26:49
    para o túmulo do imperador.
  • 26:51 - 26:53
    Muitos deles ficaram mais tempo.
  • 26:56 - 26:59
    O primeiro imperador podia invocar
    uma razão qualquer
  • 26:59 - 27:01
    para prolongar
    a requisição de um cidadão.
  • 27:02 - 27:04
    Muitos deles nunca voltaram
    à sua vida normal.
  • 27:09 - 27:12
    O túmulo do primeiro imperador
    é, de facto, impressionante.
  • 27:12 - 27:15
    É um monumento magnífico,
    inovador e fascinante.
  • 27:18 - 27:22
    Mas é também chocante,
    dado o sofrimento que provocou.
  • 27:23 - 27:26
    O custo humano do estaleiro
    foi exorbitante.
  • 27:26 - 27:28
    Mas não é só isso.
  • 27:30 - 27:34
    Nenhum soberano gastou tanto
    com a sua última morada.
  • 27:34 - 27:36
    Isso teve consequências desastrosas.
  • 27:41 - 27:44
    O imperador morreu em 210 a.C.
  • 27:44 - 27:47
    e no ano seguinte, o povo,
    exausto, revoltou-se.
  • 27:48 - 27:51
    Três anos depois, o seu sucessor
    foi assassinado.
  • 27:56 - 28:00
    A sua dinastia extinguiu-se,
    15 anos apenas após a sua existência.
  • 28:03 - 28:06
    É possível que a construção do túmulo
    nunca tenha sido acabada
  • 28:06 - 28:08
    porque o país tenha mergulhado no caos.
  • 28:08 - 28:11
    Isso poderá explicar que ele seja
    mais pequeno que o previsto.
  • 28:18 - 28:20
    Devia simbolizar o poder da dinastia
  • 28:20 - 28:22
    mas conduziu-a à sua perda,
    em poucos anos.
  • 28:25 - 28:28
    No entanto, o maior êxito
    do primeiro imperador,
  • 28:28 - 28:31
    — a unificação da China —
    perdurou.
  • 28:34 - 28:37
    Outros soberanos assumiram
    a liderança do Império
  • 28:37 - 28:40
    e tentaram ganhar um desafio
    aparentemente impossível.
  • 28:40 - 28:44
    Como construir grandes túmulos
    sem provocar a queda da dinastia?
  • 28:58 - 29:02
    Em 202 a.C., a China continuava
    dilacerada por conflitos armados.
  • 29:08 - 29:12
    Um chefe de guerra de origem camponesa
    triunfou sobre os exércitos rivais
  • 29:12 - 29:14
    e fundou a dinastia seguinte,
  • 29:14 - 29:15
    a dinastia Han.
  • 29:20 - 29:24
    Os Han dirigiram o país de forma
    menos brutal e menos autoritária
  • 29:25 - 29:28
    que contrastava com o totalitarismo
    do primeiro imperador.
  • 29:33 - 29:37
    No entanto, a sombra dele pairava
    sobre a nova dinastia no poder.
  • 29:40 - 29:45
    O seu túmulo dominava a paisagem
    como um desafio para os seus sucessores.
  • 29:50 - 29:53
    O primeiro soberano Han
    queria um túmulo tão impressionante
  • 29:53 - 29:55
    como o do primeiro imperador da China.
  • 29:57 - 29:58
    Mas estava perante um dilema,
  • 29:59 - 30:01
    Como consegui-lo sem fazer sofrer o povo?
  • 30:04 - 30:07
    Várias gerações de imperadores Han
    tentaram fazê-lo.
  • 30:07 - 30:11
    Mandaram construir túmulos gigantescos,
    ao lado uns dos outros,
  • 30:11 - 30:13
    a norte da capital imperial,
  • 30:13 - 30:15
    uma localização
    que não se devia ao acaso.
  • 30:19 - 30:22
    Nessa época, essas sepulturas
    eram uma proteção simbólica
  • 30:22 - 30:25
    do Império contra
    os seus inimigos jurados, os hunos.
  • 30:32 - 30:35
    As hordas de nómadas desciam
    regularmente das estepes do norte
  • 30:35 - 30:37
    para pilhar as riquezas chinesas.
  • 30:40 - 30:45
    Os imperadores Han faziam-se enterrar
    onde podiam ajudar a defender o país.
  • 30:48 - 30:52
    Era um símbolo de poder
    arquitetural e monumental,
  • 30:52 - 30:55
    no plano físico e espiritual.
  • 30:56 - 30:59
    Se os espíritos dos imperadores
    continuavam a viver,
  • 30:59 - 31:00
    eles eram um muro defensivo
  • 31:00 - 31:03
    entre os habitantes da capital
    e do resto do Império
  • 31:03 - 31:05
    e aqueles que viviam do outro lado.
  • 31:11 - 31:14
    Mas, para que a proteção
    não fosse apenas simbólica,
  • 31:14 - 31:17
    os túmulos imperiais deviam também
    servir de posto avançado militar.
  • 31:21 - 31:26
    Num deles, o arqueólogo Jiao Nanfengang
    constatou que era esse o caso.
  • 31:29 - 31:32
    Do outro lado da estrada,
    vemos aterros
  • 31:32 - 31:34
    erguidos durante a dinastia Han,
  • 31:34 - 31:37
    quando a aldeia ainda era
    uma cidadela funerária fortificada.
  • 31:41 - 31:43
    A oeste daqui, havia a cidadela funerária.
  • 31:46 - 31:50
    Descobrimos que a cidade Danlinhe ???
    tinha 1200 m de comprimento,
  • 31:50 - 31:52
    de oeste para leste
  • 31:52 - 31:55
    e 800 m de largura, de sul para norte.
  • 31:56 - 32:00
    Na época dos Han, a cidade fortificada
    tinha 100 000 habitantes
  • 32:00 - 32:04
    que trabalhavam na construção
    e na manutenção dos túmulos imperiais.
  • 32:10 - 32:12
    Eles deviam também defender o Império
    contra os hunos.
  • 32:17 - 32:20
    As incursões dos nómadas estrangeiros
    não eram a única ameaça.
  • 32:21 - 32:24
    Os imperadores Han também
    desconfiavam dos inimigos internos.
  • 32:29 - 32:31
    Alguns nobres poderosos
    tinham o seu próprio exército.
  • 32:33 - 32:35
    Cobiçavam o trono.
  • 32:37 - 32:40
    Também aí, as cidadelas funerárias
    desempenhavam um papel definido.
  • 32:41 - 32:44
    O imperador escolhia sempre
    um aristocrata poderoso
  • 32:44 - 32:46
    para supervisionar a construção
    do seu túmulo.
  • 32:46 - 32:49
    Era uma honra que ninguém podia recusar.
  • 32:49 - 32:52
    Mas, para isso, o homem designado
    tinha que sair das suas terras
  • 32:52 - 32:54
    para viver na cidadela funerária.
  • 32:59 - 33:02
    Em troca, essa cidade não estava
    sujeita a impostos.
  • 33:06 - 33:07
    Era tudo a favor do imperador.
  • 33:08 - 33:10
    Neutralizava os seus rivais,
    forçando-os ao exílio.
  • 33:13 - 33:16
    Obrigando os seus opositores
    a vir para o pé da capital imperial,
  • 33:17 - 33:19
    o imperador podia controlá-los melhor.
  • 33:20 - 33:23
    Os senhores locais perdiam o seu poder
    e o imperador retomava o domínio.
  • 33:28 - 33:30
    A dimensão das pirâmides Han
  • 33:31 - 33:33
    deixa imaginar o esplendor
    escondido lá dentro.
  • 33:39 - 33:42
    No entanto, talvez nunca o vejamos.
  • 33:42 - 33:45
    Nenhum arqueólogo explorou
    os túmulos imperiais desta dinastia.
  • 33:49 - 33:52
    São os ilustres antepassados
    do povo chinês.
  • 33:54 - 33:57
    Será aceitável de os perturbar
    para saber mais sobre eles
  • 33:58 - 34:01
    quando eles desejavam repousar em paz
    por toda a eternidade?
  • 34:05 - 34:07
    É uma questão apaixonante.
  • 34:09 - 34:12
    No entanto, já se abriram
    túmulos principescos.
  • 34:15 - 34:18
    O seu conteúdo desafia a imaginação.
  • 34:25 - 34:28
    Há cerca de 850 km
    dos túmulos imperiais de Xian,
  • 34:29 - 34:31
    situa-se a cidade de Xuzhou.
  • 34:34 - 34:38
    Na dinastia Han, era governada
    pela família do imperador.
  • 34:41 - 34:44
    Hoje, o público pode admirar
    estas sepulturas
  • 34:44 - 34:46
    e o cuidado prestado à viagem
    para o além.
  • 34:56 - 34:59
    Um túmulo, chamado Beidongshan
  • 34:59 - 35:02
    é a reprodução de um palácio
    no interior de uma colina.
  • 35:05 - 35:08
    Compreendia uma cozinha,
    despensas e sanitários,
  • 35:08 - 35:11
    tudo aquilo de que um soberano precisava
  • 35:11 - 35:13
    para continuar a viver em grande estilo.
  • 35:15 - 35:18
    Esta divisão era consagrada
    aos divertimentos.
  • 35:18 - 35:20
    às danças e às festas.
  • 35:20 - 35:23
    Devia haver música
    e banquetes intermináveis.
  • 35:25 - 35:29
    Era preciso divertir o príncipe defunto
    por toda a eternidade.
  • 35:30 - 35:32
    A toda a volta, encontram-se
    as outras câmaras
  • 35:33 - 35:36
    necessárias para perpetuar
    o seu estilo de vida no além.
  • 35:38 - 35:42
    Numa das câmaras, há sanitários,
    sob a forma de um simples buraco no chão.
  • 35:47 - 35:49
    O túmulo de Guishan, na região,
  • 35:50 - 35:52
    tem uma versão mais elaborada
    do mesmo equipamento.
  • 35:57 - 36:01
    Contrariamente ao Beidongshan
    Guishan foi escavado na rocha.
  • 36:01 - 36:05
    Esta proeza técnica atesta o talento
    dos construtores da época.
  • 36:11 - 36:15
    O túnel de entrada do túmulo de Qin Shi Huang
    tem 56 m de comprimento
  • 36:16 - 36:20
    mas foi construído com tal precisão
    que podemos enviar um raio laser
  • 36:20 - 36:23
    de uma ponta à outra, sem tocar
    em nenhuma parede.
  • 36:28 - 36:31
    A água subterrânea
    pode danificar a estrutura
  • 36:32 - 36:35
    mas os engenheiros da época
    transformaram esse problema numa vantagem
  • 36:41 - 36:45
    Os projetistas do túmulo queriam
    que tudo fosse perfeito para o príncipe
  • 36:46 - 36:50
    por isso, nos sítios onde a água
    escorria pela rocha,
  • 36:51 - 36:54
    lembraram-se de escavar
    um pequeno reservatório
  • 36:54 - 36:56
    onde ela pudesse acumular-se.
  • 36:59 - 37:02
    Claro, o defunto iria precisar
    de água para beber,
  • 37:03 - 37:04
    para cozinhar, para se lavar.
  • 37:05 - 37:08
    Assim, tinha-a à disposição
    por toda a eternidade.
  • 37:15 - 37:20
    Para viver eternamente, era preciso
    um túmulo e também um sudário
  • 37:20 - 37:22
    formado por milhares
    de pequenas placas de jade,
  • 37:23 - 37:25
    uma pedra conhecida por preservar
    perfeitamente os despojos.
  • 37:36 - 37:39
    Os textos antigos levam-nos a pensar
    que, na dinastia Han,
  • 37:39 - 37:41
    os alquimistas e os embalsamadores
  • 37:41 - 37:44
    trabalhavam na conservação
    dos corpos dos nobres.
  • 37:49 - 37:51
    Descobriu-se assim uma múmia intacta.
  • 37:59 - 38:03
    Em 1971, trabalhadores que escavavam
    um túnel subterrâneo na cidade de Changsha
  • 38:04 - 38:06
    encontraram por acaso
    um tesouro arqueológico.
  • 38:12 - 38:16
    Um túmulo do início da dinastia Han,
    no século II a.C.
  • 38:18 - 38:21
    Albergava réplicas de criados,
    de instrumentos de música,
  • 38:21 - 38:23
    de cestos de alimentos.
  • 38:29 - 38:30
    Esta descoberta não era nada
  • 38:30 - 38:33
    em comparação com o que
    se encontrava junto do caixão.
  • 38:36 - 38:39
    O corpo de um aristocrata
    chamado Xintué
  • 38:39 - 38:42
    estava em tão bom estado
    que os médicos legistas
  • 38:42 - 38:45
    puderam fazer uma autópsia
    como num cadáver recente.
  • 38:56 - 38:58
    Não se sabe porque é que Xintué
  • 38:58 - 39:00
    é uma das múmias
    mais bem preservadas do mundo.
  • 39:00 - 39:04
    A explicação talvez resida
    na construção do seu túmulo.
  • 39:09 - 39:13
    Um cadáver decompõe-se mais depressa
    quando está em contacto com o ar ou a água.
  • 39:17 - 39:20
    Mas Xintue foi enterrado
    a 20 m de profundidade,
  • 39:21 - 39:23
    envolvido em 20 espessuras de seda.
  • 39:28 - 39:30
    O corpo estava dentro
    de quatro sarcófagos,
  • 39:30 - 39:32
    uns dentro dos outros,
    selados a lacre.
  • 39:36 - 39:40
    A câmara funerária estava mergulhada
    em 1,5 m de carvão
  • 39:40 - 39:42
    e, depois, num metro
    de argila branca muito densa.
  • 39:45 - 39:48
    Todas estas precauções
    impediram que o ar e a água
  • 39:48 - 39:49
    degradassem o corpo,
  • 39:49 - 39:52
    o que prova que este túmulo
    foi deliberadamente concebido
  • 39:52 - 39:54
    para o preservar o melhor possível.
  • 40:01 - 40:04
    Os Han também rodeavam os túmulos
    de gravilha e de seixos.
  • 40:07 - 40:09
    O ar e a água não eram
    os únicos perigos a evitar.
  • 40:14 - 40:16
    Havia também os saqueadores de sepulturas.
  • 40:23 - 40:27
    Por vezes, os construtores de túmulos
    tentavam enganá-los.
  • 40:31 - 40:34
    Esta inscrição, com 1000 anos,
    em Guasham
  • 40:34 - 40:36
    declara que não há nada de precioso
    no túmulo
  • 40:36 - 40:38
    e que não vale a pena profaná-lo.
  • 40:47 - 40:49
    Infelizmente, isso não foi suficiente.
  • 40:49 - 40:50
    Foi saqueado.
  • 40:54 - 40:57
    Para o arqueólogo Zhang Jianlin
  • 40:57 - 40:59
    o cascalho e os seixos
    eram muito mais eficazes
  • 41:00 - 41:01
    para dissuadir os intrusos.
  • 41:07 - 41:09
    Como os ladrões escavavam um buraco
  • 41:09 - 41:12
    a areia e os seixos iam caindo no fundo
  • 41:12 - 41:13
    e não conseguiam nada.
  • 41:14 - 41:16
    É um bom método anti pilhagem.
  • 41:21 - 41:24
    Não era a única arma dos Han
    contra os profanadores.
  • 41:27 - 41:31
    Este exército de soldados de argila
    foi encontrado no túmulo de um general.
  • 41:38 - 41:41
    As estatuetas são muito mais pequenas
    do que as estátuas em terracota,
  • 41:41 - 41:43
    em tamanho natural, do primeiro imperador
  • 41:43 - 41:45
    e não empunham armas verdadeiras.
  • 41:51 - 41:56
    Compreendemos que a classe dirigente Han
    aprendeu a reinar com sabedoria.
  • 41:58 - 42:02
    Já não temos o esbanjamento de riquezas
    que definiu o período Qin.
  • 42:04 - 42:07
    Os túmulos da dinastia Han
    têm menos custos
  • 42:07 - 42:09
    do que o imenso mausoléu
    do primeiro imperador.
  • 42:13 - 42:17
    Apesar disso, uma descoberta mostra
    que nem tudo era ideal.
  • 42:20 - 42:23
    Quando estes ferros foram desenterrados,
  • 42:23 - 42:25
    serão sempre das ossadas
    dos trabalhadores mortos
  • 42:25 - 42:27
    na construção do túmulo
    de um imperador Han
  • 42:31 - 42:34
    O arqueólogo Chen Bo
    explica para que serviam.
  • 42:38 - 42:40
    Os dois ferros redondos
    eram colocados nos pulsos,
  • 42:41 - 42:43
    como se fossem algemas.
  • 42:50 - 42:53
    Os que terminavam numa haste comprida
    eram colocados em volta do pescoço.
  • 42:56 - 42:59
    A barra descia ao longo
    da coluna vertebral
  • 43:00 - 43:04
    o que obrigava o escravo a andar curvado
    quando trabalhava.
  • 43:05 - 43:08
    Não podia endireitar-se
    para tentar fugir.
  • 43:10 - 43:14
    Ao longo dos séculos, houve revoltas
    nos estaleiros de construção dos túmulos.
  • 43:14 - 43:17
    Não era raro que os trabalhadores
    se revoltem, atirem pedras aos responsáveis
  • 43:17 - 43:19
    saqueiem o local e tentem fugir.
  • 43:24 - 43:28
    No ano 200 da nossa era,
    depois de quatro séculos de domínio,
  • 43:28 - 43:30
    a dinastia Han desmorona-se.
  • 43:32 - 43:36
    Os imperadores seguintes interrogaram-se
    sobre quais os monumentos à sua glória
  • 43:36 - 43:38
    que queriam legar à posteridade.
  • 43:42 - 43:44
    Uma dinastia inspirou-se no passado
  • 43:44 - 43:47
    para celebrar as grandezas
    dos seus soberanos
  • 43:47 - 43:49
    sem impor sofrimento ao seu povo.
  • 43:57 - 44:01
    Por volta do ano 600, o país emergiu
    de séculos de caos político.
  • 44:02 - 44:03
    que se seguiu à queda dos Han.
  • 44:08 - 44:11
    Durante três séculos,
    os imperadores da dinastia Tang
  • 44:11 - 44:15
    guiaram a China para uma era
    de riqueza e sofisticação sem precedentes.
  • 44:17 - 44:20
    Com os Tang, a China era o país
    mais desenvolvido do mundo.
  • 44:20 - 44:23
    Tinha uma capital próspera
    com mais de um milhão de habitantes.
  • 44:24 - 44:26
    E a sua população era cosmopolita.
  • 44:26 - 44:28
    Vinha gente do mundo inteiro.
  • 44:28 - 44:30
    O país tinha relações com a Ásia toda
    e mesmo com a Europa,
  • 44:30 - 44:32
    graças à Rota da Seda.
  • 44:32 - 44:36
    A sua economia era florescente
    e a sua cultura esclarecida.
  • 44:38 - 44:41
    Mas os imperadores Tang tinham
    consciência de um problema muito antigo.
  • 44:45 - 44:49
    Para garantirem o repouso eterno,
    precisavam de túmulos enormes
  • 44:49 - 44:52
    mas, para os construírem,
    era preciso esvaziar os cofres do Império
  • 44:52 - 44:54
    e reduzir a população
    a uma quase escravatura,
  • 44:54 - 44:56
    correndo o risco de uma rebelião.
  • 44:57 - 44:58
    Como disse um imperador Tang:
  • 44:58 - 45:00
    "O povo é como a água.
  • 45:00 - 45:03
    "Pode fazer flutuar os barcos,
    mas também pode virá-lo e afundá-lo".
  • 45:05 - 45:09
    Os imperadores Tang procuraram assim
    uma solução para passar à posteridade
  • 45:09 - 45:11
    sem pôr em perigo a estabilidade do país.
  • 45:12 - 45:15
    Encontraram-na em ???
    com o túmulo de Wen
  • 45:15 - 45:18
    quinto imperador da dinastia Han.
  • 45:27 - 45:30
    Consternado pelo custo proibitivo
    e pelo sofrimento provocado
  • 45:30 - 45:32
    pela construção de um túmulo,
  • 45:32 - 45:35
    o imperador Wuen decidira
    que o seu seria diferente.
  • 45:38 - 45:41
    Balinhe??? não é um complexo funerário
    ???
  • 45:41 - 45:45
    O imperador ordenou aos engenheiros
    que escavassem um túnel
  • 45:45 - 45:46
    no centro de uma montanha.
  • 45:46 - 45:49
    Era um método simples e económico
  • 45:49 - 45:51
    que utilizava o esplendor natural
    da paisagem
  • 45:51 - 45:54
    em vez de matar escravos nessa tarefa.
  • 45:58 - 46:02
    O túmulo de um grande imperador
    devia ser coberto por uma montanha enorme
  • 46:03 - 46:07
    mas o problema fica resolvido
    quando se utiliza uma que já existe.
  • 46:08 - 46:11
    Basta furar nela uma galeria.
  • 46:12 - 46:15
    Isso mobiliza umas dezenas de pessoas
  • 46:15 - 46:17
    enquanto que eram precisas
    dezenas de milhares
  • 46:18 - 46:20
    para fazerem um montículo.
  • 46:20 - 46:24
    O túmulo de Badinhe??? é uma revolução
    na arquitetura funerária.
  • 46:24 - 46:28
    Séculos depois, servirá de inspiração
    à dinastia Tang.
  • 46:30 - 46:32
    Aos olhos dos imperadores Tang
  • 46:32 - 46:35
    Wen fora um soberano
    sábio e esclarecido
  • 46:35 - 46:39
    que cuidava do seu povo
    e dirigia o seu país com bom senso.
  • 46:43 - 46:47
    Zu Zeng ??? é uma montanha
    situada a 83 km de Xian.
  • 46:49 - 46:51
    Encontramos ali Zhao Ling,
  • 46:51 - 46:56
    o túmulo do imperador Taizong,
    da dinastia Tang, morto em 649.
  • 47:00 - 47:04
    Algures nesta montanha, encontra-se
    um túnel que leva à sua câmara funerária
  • 47:04 - 47:06
    mas ninguém sabe onde se encontra.
  • 47:08 - 47:09
    Segundo os textos da época,
  • 47:09 - 47:13
    os engenheiros imperiais construíram
    um caminho temporário de tábuas
  • 47:13 - 47:16
    na encosta da montanha,
    para poderem circular.
  • 47:16 - 47:20
    Depois, destruíram-no e esconderam
    a entrada da galeria, sem deixar rasto.
  • 47:23 - 47:26
    Não é possível explorar a última morada
    do imperador Taizong.
  • 47:27 - 47:31
    mas conhece-se o da sua filha,
    Zang Lo???, morta em 643,
  • 47:31 - 47:32
    com 23 anos.
  • 47:38 - 47:43
    A princesa foi inumada sem esplendor,
    de acordo com a tradição da época.
  • 47:51 - 47:54
    Para a proteger,
    só há pequenas estatuetas.
  • 47:58 - 48:01
    Desprovido de cozinha
    e de sala de banquetes
  • 48:01 - 48:03
    o túmulo só comporta pinturas
    da vida terrestre
  • 48:03 - 48:05
    que ela poderá desfrutar no além.
  • 48:11 - 48:14
    Havia normas quanto ao número
    de estatuetas
  • 48:14 - 48:17
    que se podiam enterrar, entre 50 e 70.
  • 48:17 - 48:20
    e com uma altura entre 40 a 50 cm.
  • 48:21 - 48:23
    Isso dependia da classe social do defunto.
  • 48:27 - 48:31
    Os imperadores Tang tinham consciência
    de que os seus túmulos seriam saqueados.
  • 48:31 - 48:34
    Seria, portanto, um desperdício
    ser enterrado com objetos de valor.
  • 48:34 - 48:38
    Assim, as sepulturas não atraíam a cobiça
    e manter-se-iam intactas.
  • 48:39 - 48:42
    Pensavam que isso permitia
    não serem perturbados no além.
  • 48:51 - 48:55
    Um dia, talvez os arqueólogos abram
    o túmulo do primeiro imperador.
  • 48:58 - 49:00
    Pesquisarão os túmulos dos imperadores Han
  • 49:01 - 49:05
    e as montanhas onde se escondem
    as câmaras funerárias dos Tang.
  • 49:08 - 49:10
    Quem sabe o que descobrirão?
  • 49:14 - 49:16
    Despojos imperiais
    perfeitamente preservados?
  • 49:18 - 49:21
    Tesouros extraordinários?
  • 49:22 - 49:24
    Ou túmulos saqueados pelos ladrões?
  • 49:28 - 49:30
    Talvez esse dia nunca chegue
  • 49:30 - 49:32
    mas as descobertas arqueológicas atuais
  • 49:32 - 49:35
    deixa-nos adivinhar um mundo incrível.
  • 49:36 - 49:37
    Esses túmulos de terra e de pedra
  • 49:38 - 49:40
    contam-se entre os mais belos
    monumentos da antiguidade.
  • 49:41 - 49:44
    e os maiores mistérios da China antiga.
  • 49:45 - 49:47
    Tradução de Margarida Ferreira
Title:
Os mistérios das pirâmides chinesas
Description:

O imperador Qin foi o primeiro a unificar a China, no século III a.C. A História refere igualmente que ele mandou construir um túmulo singular construído sob uma montanha artificial. Ainda hoje os arqueólogos continuam a explorar esta região, o Xian. Efetivamente, foram detetados outros túmulos. O túmulo de um príncipe Han da dinastia seguinte revela-se perfeitamente ordenado para a vida depois da morte. As múmias mantêm-se num perfeito estado de conservação. Os vestígios permitem concluir que numerosos escravos perderam a vida na edificação destes monumentos. Mais tarde, a dinastia dos Tang opta por câmaras escavadas em montanhas já existentes.

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Video Language:
French
Duration:
50:00

Portuguese subtitles

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