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Pierre Huyghe in "Romance" - Season 4 - "Art in the Twenty-First Century" | Art21

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    Pierre Huyghe em: Arte no Século XXI
  • 0:11 - 0:13
    Quando começo um projeto,
  • 0:15 - 0:17
    sempre preciso criar um mundo.
  • 0:19 - 0:21
    E aí eu quero entrar nesse mundo
  • 0:23 - 0:26
    E meu passeio por esse mundo
    são as obras.
  • 0:30 - 0:33
    O que me toma bastante tempo
    é criar o mundo.
  • 0:40 - 0:43
    "Celebration Park no Tate"
    é uma coleção de exibições.
  • 0:44 - 0:48
    Um local que proporciona
    experiências únicas.
  • 0:52 - 0:54
    "EU NÃO SOU DONO DA BRANCA DE NEVE."
  • 0:54 - 0:57
    O que será que as pessoas pensam
    quando entram no Tate e veem
  • 0:57 - 1:00
    "Eu não sou dono da Branca de Neve"?
  • 1:01 - 1:04
    Todos que viram Branca de Neve
    são donos da Branca de Neve,
  • 1:04 - 1:05
    é claro.
  • 1:08 - 1:12
    Você deve brincar com essa cultura
    para poder ser parte dela.
  • 1:13 - 1:16
    Eu acho que alguem que vê
    "Eu não sou dono da Branca de Neve",
  • 1:16 - 1:19
    deve entender que pode começar a
    brincar com ela.
  • 1:22 - 1:24
    É sobre a circulação de histórias.
  • 1:24 - 1:27
    É sobre como podemos
    contar histórias uns aos outros,
  • 1:27 - 1:28
    e o quão flúido é o processo,
  • 1:28 - 1:30
    ou o quão rígido ele é.
  • 1:34 - 1:37
    É por isso que tem portas
    girando nessa sala
  • 1:37 - 1:38
    o limite.
  • 1:39 - 1:42
    Você diria que está dentro ou fora
    da sala?
  • 1:44 - 1:47
    Se o limite está se movendo,
    se as portas estão se movendo,
  • 1:47 - 1:48
    não existe mais limite,
  • 1:48 - 1:50
    não existe mais dentro e fora.
  • 1:51 - 1:53
    Com certeza é sobre limites.
  • 1:54 - 1:55
    Sobre cultura e limites.
  • 1:56 - 1:57
    Esses letreiros e essas portas,
  • 1:57 - 1:59
    estão, de certa forma,
    conectados.
  • 2:03 - 2:09
    [BRISA DO MAR]
  • 2:16 - 2:20
    [ÁGUA SOB O GELO]
  • 2:22 - 2:24
    Em algum lugar,
    é para existir uma ilha.
  • 2:27 - 2:29
    Eu ouvi dizer, é um rumor,
    eu li,
  • 2:29 - 2:31
    eu falei com pessoas,
    e elas disseram
  • 2:31 - 2:35
    que tem uma criatura branca
    nessa ilha.
  • 2:41 - 2:43
    Agora, eu estou usando
    um barco
  • 2:43 - 2:45
    para atravessar a
    Passagem de Drake,
  • 2:45 - 2:48
    para descobrir se isso é
    verdade ou não.
  • 2:48 - 2:52
    Para encontrar esse território e
    essa criatura.
  • 2:53 - 2:57
    [NEVASCA]
  • 3:11 - 3:17
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 3:29 - 3:33
    Eu estive filmando essa jornada,
  • 3:33 - 3:36
    e também estou filmando
    algo equivalente,
  • 3:36 - 3:40
    uma adaptação dessa jornada
    em forma de opera no Central Park.
  • 3:41 - 3:47
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 4:07 - 4:11
    Eu pedi ao compositor
    para pegar o formato da ilha,
  • 4:16 - 4:19
    e transformar o formato
    em uma partitura,
  • 4:19 - 4:22
    para uma
    orquestra sinfônica.
  • 4:22 - 4:26
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 4:26 - 4:27
    Então ele está tocando
  • 4:29 - 4:30
    a montanha,
  • 4:30 - 4:32
    ele está tocando a ilha.
  • 4:32 - 4:35
    O espaço é transformado em
    tempo.
  • 4:35 - 4:41
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 4:44 - 4:46
    Nós temos "Uma viagem pela Lua";
  • 4:46 - 4:49
    "Uma viagem pela neve", na Antártica;
  • 4:50 - 4:51
    temos "A conquista do mundo",
  • 4:52 - 4:55
    então é importante dar uma
    espaçada.
  • 4:55 - 4:59
    Fazer as pessoas saberem que você sabe
    e que elas sabem.
  • 4:59 - 5:01
    Para que outra peça
    possa começar.
  • 5:04 - 5:07
    A outra peça é que agora nós
    não sabemos se eu fui lá,
  • 5:07 - 5:10
    não sabemos se eu vi essa ilha,
  • 5:11 - 5:14
    se eu vi essa criatura branca.
  • 5:14 - 5:17
    Talvez eu tenha visto,
    talvez sejam efeitos especiais,
  • 5:17 - 5:18
    não dá para saber.
  • 5:19 - 5:23
    O importante para mim é
    criar buracos no mapa,
  • 5:23 - 5:25
    botar pontos desconhecidos
    no mapa.
  • 5:27 - 5:30
    Ao fazer isso,
    você cria um aspecto místico,
  • 5:30 - 5:33
    cria uma zona de
    não conhecimento,
  • 5:33 - 5:34
    borra a certeza.
  • 5:37 - 5:41
    [ZUMBIDO]
  • 5:42 - 5:45
    Eu estou tentando focar menos na
    narrativa.
  • 5:46 - 5:50
    Quero trazer o foco para
    as emoções que a paisagem evoca.
  • 5:51 - 5:56
    Quero que as pessoas experienciem uma
    emoção, não uma simples narração.
  • 5:58 - 6:04
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 6:29 - 6:33
    Fui convidado para fazer algo no
    prédio de Le Corbusier,
  • 6:33 - 6:35
    o único prédio que ele fez na
    América do Norte.
  • 6:36 - 6:39
    Esse prédio faz parte do
    Campus de Harvard,
  • 6:40 - 6:42
    é um centro de arte e também
    o departamento de artes.
  • 6:58 - 7:01
    Tive alguns problemas com a
    encomenda,
  • 7:01 - 7:03
    não sabia o que fazer,
  • 7:03 - 7:05
    até que encontrei
    um livro sobre
  • 7:05 - 7:09
    como Le Corbusier também teve problemas
    quando trabalhou nesse prédio.
  • 7:14 - 7:17
    Decidi fazer uma peça,
    um tipo de sátira,
  • 7:17 - 7:20
    uma parábola irônica das
    duas situações.
  • 7:20 - 7:25
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 7:26 - 7:27
    É não-verbal,
  • 7:28 - 7:30
    a música é de
    Xénakis e Varèse.
  • 7:30 - 7:32
    colaboradores passados de
    Le Corbusier.
  • 7:34 - 7:40
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 7:44 - 7:48
    Há a curadora, que me convidou
    para fazer esse projeto.
  • 7:52 - 7:54
    E, é claro,
    Le Corbusier,
  • 7:54 - 7:57
    e as pessoas que fizeram a
    encomenda a Le Corbusier,
  • 7:57 - 7:59
    então é uma simetria
    perfeita.
  • 8:00 - 8:05
    Há essa figura preta,
    que parece um louva-a-deus,
  • 8:06 - 8:07
    ou Darth Vader,
  • 8:08 - 8:11
    que é o reitor dos reitores,
    a instituição.
  • 8:11 - 8:14
    [PÁSSARO PIANDO]
  • 8:22 - 8:23
    [ASAS BATENDO]
  • 8:29 - 8:30
    Há esse passarinho
    vermelho,
  • 8:30 - 8:34
    que vem de uma anedota que
    Le Corbusier escreveu.
  • 8:39 - 8:43
    Ele sonhava que pássaros
    trouxessem sementes até o prédio,
  • 8:43 - 8:44
    e que as sementes
    crescessem.
  • 9:03 - 9:08
    [VINHAS SE ESPREITANDO]
  • 9:15 - 9:18
    O teatro foi construído em
    colaboração com um arquiteto.
  • 9:18 - 9:23
    A ideia era construir algo entre
    as raízes e um tumor.
  • 9:24 - 9:27
    Algo que pareça que vai crescer
    como um tumor,
  • 9:27 - 9:28
    da base do prédio.
  • 9:28 - 9:31
    E, dentro desse tumor,
    acontecerá a peça.
  • 9:32 - 9:36
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 9:36 - 9:40
    Há um sentimento de irreverência que
    eu quero captar, de certa forma.
  • 9:41 - 9:47
    Sempre achei o humor uma forma de
    se opor às estruturas hierárquicas
  • 9:49 - 9:54
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 9:54 - 9:58
    Se tratando da beleza transcedental
    da peça,
  • 9:58 - 10:01
    até mesmo a poesia da peça,
  • 10:01 - 10:04
    ou o senso crítico da peça,
  • 10:04 - 10:09
    eu acho o humor uma ferramenta essencial
    para evitar julgamento e críticas;
  • 10:09 - 10:10
    para estar acima disso.
  • 10:12 - 10:15
    E eu acho que é uma linguagem que
    é muito visual,
  • 10:15 - 10:17
    me encanta a rapidez do
    humor.
  • 10:25 - 10:30
    Não me interesso em filmar a realidade
    como ela se apresenta.
  • 10:30 - 10:33
    Mas também não me interesso
    em construir uma ficção.
  • 10:34 - 10:36
    O que me interessa,
  • 10:36 - 10:40
    é definir uma realidade,
  • 10:40 - 10:43
    produzir uma realidade,
  • 10:44 - 10:48
    e, somente depois disso,
    documentar essa realdiade.
  • 10:50 - 10:54
    Eu fiz, por exemplo, uma celebração
    ao norte de Nova Iorque,
  • 10:55 - 10:58
    Streamside é uma pequena cidade
    em construção.
  • 11:00 - 11:03
    Estou tantando decidir o que
    há de comum em todas essas pessoas,
  • 11:04 - 11:07
    e chego a algo simples:
    todos eles se conectam com a natureza,
  • 11:07 - 11:09
    que é esse lugar que eu
    encontrei.
  • 11:09 - 11:14
    E sobre essa base simples,
    eu crio um script programado,
  • 11:15 - 11:16
    e faço a filmagem.
  • 11:24 - 11:28
    Aqui temos uma recriação
    do início de Bambi.
  • 11:28 - 11:31
    A ideia de uma natureza
    pura e ideal,
  • 11:31 - 11:34
    e o que acontece é que o veado
    sai da natureza e chega a uma cidade.
  • 11:39 - 11:43
    O veado vai de um lugar onde há certa
    complexidade, a natureza,
  • 11:43 - 11:45
    a esse tipo de
    cubo branco.
  • 11:46 - 11:48
    E aí o filme começa
    novamente,
  • 11:48 - 11:50
    e agora você vê um menininha
    em casa,
  • 11:50 - 11:55
    até que ela se muda da casa antiga dela
    e vai para uma casa nova.
  • 11:55 - 11:57
    Então é o mesmo tipo de
    movimento,
  • 11:57 - 11:59
    uma vez pelo animal,
    uma vez pelo humano.
  • 12:00 - 12:03
    Essa é a base dessa
    tradição.
  • 12:03 - 12:05
    Essa celebração,
    esse costume.
  • 12:08 - 12:10
    O que você vê
    na segunda parte do filme
  • 12:10 - 12:13
    é a celebração,
    eles celebram isso.
  • 12:16 - 12:20
    ♪ [FLAUTA] ♪
  • 12:26 - 12:28
    [CRIANÇAS CONVERSANDO]
  • 12:28 - 12:31
    Eu organizei toda a
    celebração
  • 12:31 - 12:35
    a parada, o show,
    a comida, o prefeito
  • 12:35 - 12:37
    e o discurso da garota,
    e as crianças brincando,
  • 12:37 - 12:38
    organizei tudo.
  • 12:40 - 12:42
    [HOMEM: Testando...]
  • 12:42 - 12:44
    De certa forma, é um script,
    uma receita.
  • 12:44 - 12:46
    [MULHER: Boa tarde, pessoal...]
  • 12:46 - 12:47
    É uma partitura.
  • 12:48 - 12:50
    A partitura
    pode ser tocada novamente,
  • 12:50 - 12:52
    próximo ano, no mesmo horário,
    dia 11 de outubro,
  • 12:52 - 12:54
    é so pegar esse pedaço de
    papel
  • 12:54 - 12:58
    e dar as ordens, esperando que
    todos atuem como o ensaiado.
  • 12:59 - 13:00
    Para mim,
    a coisa mais importante
  • 13:00 - 13:03
    é poder repetir a
    performance.
  • 13:03 - 13:07
    Como acontece anualmente,
    você acaba voltando e voltando.
  • 13:07 - 13:09
    Isso é o que me faz querer
    criar uma linha temporal,
  • 13:09 - 13:13
    o momento, que vai
    acabar acontecendo de novo.
  • 13:14 - 13:19
    ♪ [VIOLÃO] ♪
  • 13:19 - 13:22
    Estou criando um tipo de
    mitologia.
  • 13:22 - 13:29
    ♪ [MÚSICA] ♪
  • 13:32 - 13:35
    Então, as pessoas encenam
    essa mitologia
  • 13:35 - 13:38
    na forma de uma festa, que nós
    chamamos de celebração,
  • 13:38 - 13:39
    uma vez no ano.
  • 13:41 - 13:43
    Temos uma partitura,
    e então você tem a interpretação
  • 13:47 - 13:50
    Minhas obras desde 1994 tem sido
    baseadas nesse
  • 13:50 - 13:55
    protocolo temporal,
    trabalho temporal.
  • 13:55 - 13:58
    Elas sempre foram sobre a
    exibição em sí,
  • 13:58 - 14:00
    a exibição sendo o
    ponto de partida.
  • 14:01 - 14:05
    Geralmente, artistas veem
    exibições como o ponto final,
  • 14:05 - 14:06
    a resolução de algo.
  • 14:06 - 14:09
    Ele está trabalhando no estúdio,
    e então há o processo,
  • 14:09 - 14:12
    e ao fim do processo ele
    apresenta o trabalho
  • 14:12 - 14:14
    no que chamamos de
    exibição.
  • 14:17 - 14:18
    Não tenho interesse nisso,
  • 14:18 - 14:22
    para mim, a exibição não é
    o final do processo,
  • 14:22 - 14:26
    mas sim o ponto inicial
    para chegar a outro lugar.
Title:
Pierre Huyghe in "Romance" - Season 4 - "Art in the Twenty-First Century" | Art21
Description:

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Art in the Twenty-First Century" broadcast series
Duration:
15:36

Portuguese, Brazilian subtitles

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