La Haine 1995 Multi Subtitles Full Movie HD

My favorite movie of all time.
La Haine 1995 Multi Subtitles 1080p : Arabic Bulgarian Czech German Greek English Spanish Estonian Finish French Croatian Italian Bosnian Dutch Portuguese Russian Slovenian Serbian Swedish

Assassinos! É fácil porem-se
aos tiros, nós só temos pedras!

ÓDIO

O filme é dedicado a todos os que
morreram durante a sua realização.

Sabem a história do gajo
que caiu dum arranha-céus?

À medida que ia passando
cada andar dizia,

para se tranquilizar,

"Até aqui, tudo bem... "

"Até aqui, tudo bem... "

Mas o importante não é a queda.

É como se aterra.

Mais distúrbios hoje à noite
nos arredores da cidade.

Até meio da noite,

uma centena de jovens cercaram
literalmente uma esquadra,

bem no meio da cidade.

Os reencontros deixaram
catorze agentes feridos

e trinta e três pessoas
foram presas.

Um centro comercial e vários
edifícios foram saqueados,

antes da situação se normalizar
às 4 da manhã.

Aparentemente a revolta foi des-
poletada por brutalidade policial;

há dois dias um adolescente
fora severamente espancando

durante um interrogatório.
O inspector foi suspenso,

mas Abdel Ichaha continua
internado no hospital,

sendo o seu estado considerado
grave pelos...

Acabo de apreender um ladrão
que se diz menor...

Saïd FODE A POLÍCIA

Vinz! Onde raio se meteu?

Que é?

Que é o quê?! Ficas sem pinte-
lhos se disseres bom dia?

Não chateies e diz o que queres.
- Diz ao teu irmão que desça!

Para quê?
- Diz que desça!

Para quê?
- Diz e pronto!

Para quê?

Julgas-te na televisão,
ou quê?

Param com esses gritos?!

Ainda não chegou o barulho
que fizeram esta noite?

Por acaso viste-me na rua?
Então está calado!

Para a próxima é a ti que
pegamos fogo! Imbecil!

Tu chama-lo ou não?!
- Que é que me chamaste?

Ainda aí estás?
E tu também?!

Se queres acorda-o tu,
não estou para o aturar!

Espero que a Polícia
vos dê cabo do coiro!

Deixa-me em paz...

Vê lá como me falas ou sou
obrigado a ir-te às trombas.

Cheiras mal que te fartas!

Queres começar já a curtir, é?
Vá, um...

Dois, três.

Perdeste.
- Vai comer a tua irmã.

Já te disse que não fales
da minha irmã!

Ela faz bicos a todos!

Deixa de armar em judeu
e anda-te embora.

Vi uma vaca...

Viste o quê?
- Uma vaca.

Onde tens a erva?
- Aí na caixa.

Ontem à noite corri a esconder-me
atrás dum prédio

e choquei em cheio numa vaca.

Pára de te charrar,
faz-te mal aos miolos.

Sai da minha cama ou digo à mãe
que vocês se drogam.

Diz e eu degolo-te
e penduro-te pelos pés,

para que sufoques no teu sangue.

Vovó!

Senta-te aqui...
E tu vá, some-te.

Não te quero na minha cama.

Some-te, queixinhas.

Vê como falas à minha irmã.

Não há sal?
- Respeito pela tua avó.

Tu és meu pai?

E tu, és minha mãe?

Porque não estás na escola?
- Deitaram-lhe fogo.

Os grandes selvagens...

Começam assim e acabam
não indo à sinagoga!

Não deitei fogo à escola!

Também não vais à sinagoga!
- Pronto, rendo-me.

Se todos fugissem às discussões
haveria uma linda debandada!

Ao menos íamos todos
na mesma direcção.

Mazeltov...

É comigo que tu falas?

É comigo que falas, cabrão?

É comigo que falas?!

Este picolho de merda
fala comigo!

É comigo que falas assim?!

...E diz o mano, "Por massa
acho que fazia tudo, até matava".

Diz ao colega, "Acho que
até a ti despachava".

O outro gajo fica branco
e ele diz,

"Estava a brincar, tu és meu
amigo, a ti matava-te de graça".

"De graça"! A frase não é
de tombar?

"Eu a ti matava-te de graça. "
Não é de cair para o chão?

Percebi à primeira...

Manda o teu irmão
vir falar comigo.

A frase não é mesmo de cair?
"Eu a ti matava-te de graça. "

Cala-te e passa o charro.

Não achas de cair?
- De cair.

"A ti matava-te de graça"...
De melhor ninguém se lembrava!

Que é que tu tens hoje?

Caralhos me fodam...

Os sacanas partiram tudo!

Olha-me isto!

Não dá para crer...

Como meteram o carro cá dentro?
Não entrava pela porta!

Olha, lá está ele...
Deve estar puto da vida.

Pudera, há dois anos que
se batia para ter esta sala.

É boa, a tua erva...

Não é minha, é do Hubert.

Não adormeças com o charro.

Não tinhas largado?
- Também pensei que sim.

Que é que aconteceu aqui?
- Adivinha.

Um fogo?

Acertaste e podes voltar
para a semana, Einstein.

Sabia que um dia
se havia de ir em fumo.

Então por que deste cabo
do canastro por ela?

Por achar que valia a pena.

Sabes quem foi?
- Nem sequer quero saber.

Como meteram o carro cá dentro?
Não passava pela porta!

Gozávamo-los, cuspimos-lhes
em cima,

mas os chuis não saíam da deles.

Até que os sacanas se afastaram
para dar passagem...

E apareceram os paisanas
armados de matracas.

Desataram à porrada a um mano,
mas à séria!

Uma vez, duas, e à terceira,
avançámos nós.

Eu dei um pontapé
na tola dum bófia!

Uma YZ.

Qual YZ, é uma C.R.

Não, é a KX do Mohamed,
arranjou-lhe o escape.

Não, é a mãe do Vinz numa YZ.

Qual Mohamed?
O irmão mais novo da Farida?

A que acaba de ter a carta?
- Não, a do supermercado.

Bom, vocês deviam lá ter estado,
principalmente tu, Hubert.

Gás lacrimogénio, passar 48 horas
dentro a levar porrada

e depois ainda ter de levar
dos velhos...

Lamento, mas não é cá
para o chavalo.

Deixa-te de tretas, aquilo foi
uma guerra, em directo e tudo!

Pois, mas eu tentava
agarrar alguma massa

e a vossa brincadeira
estragou tudo.

Quando um mano é fodido,
eu reajo.

Mas qual mano?
Eu conheço-o, por acaso?

Não penses que levo porrada
por um ladrão que nem conheço.

O Abdel não é ladrão.

Pois, mas só sei que não corro
mais depressa que uma bala.

Tirem as patas dos cachorros!

Dá lá um...
- Para ficar falido?

Fazes-nos chorar...
- Olha que a ti faço mesmo.

É a 5 francos para toda
a gente, merda!

Menos para o Hubert,
o prédio é o dele.

São 5 francos por dois.

Tens papel?
- Tenho, para mim.

Deixem que não me esqueço
disto.

Pois, vê se não esqueces.

Vá, eu fico-te a dever...

Queres que fique a dever
também à tua irmã?

Falas assim da minha irmã?!
- Paras de te armar...

Dá cá isso, meu sacana!

Emprestam-me papel?
- Não, estamos mijos.

Estamos tesos...
Bom, portanto diz o juiz

que ou vou dentro ou faço
umas merdas para a Câmara.

A choldra já chega
para nos lixar os cornos.

O quê, preferes ir dentro?

O teu irmão roubou-me
um cachorro!

Aldrabão!
- Ainda tem a boca cheia!

Põe na minha conta.
- Até te cresce o nariz!

Hás-de haver-te comigo!

Uma 45 automática.

Igual à do filme
"Arma Mortal".

Vimos esse filme juntos
e era uma 9mm!

Não era nada!
- Essa era uma Desert Eagle.

Ele alvejava o camião...
- Isso era noutro filme.

De que falam vocês?

Um bófia perdeu a pistola
naquilo de ontem.

Essa é boa!

Não conheço o chui que a perdeu,

mas gramava saber
quem a encontrou.

Durmo, morfo, levanto pesos...
Estiveram todos dentro menos eu.

Um mês dentro por um roubo
de nada?

Claro, não é o teu nível...
- Qual nível, nunca fui dentro!

Porque parei a tempo.

Venham ver, temos visitas!

É o Maire!

Vai levar no cu,
filho duma grande puta!

Desliguem a rádio... Quem é
o chefe aqui? Tu, Eddine?

Que é que se passa aqui?
Julgam-se na EuroDisney?

Desçam, não têm licença
para estar aqui em cima.

Não fazemos mal nenhum...

Pois, mas isso não interessa,
têm de sair do telhado.

Nós gramamos isto aqui.

Ouve lá, não aprendeste outra
frase na Academia de Polícia?

Bom, quero todos calados!

Não serve de nada a discussão;
aqui não podem ficar.

Portanto peguem nas vossas
cadeiras e nos cachorros

e tudo lá para baixo,
com muito juizinho.

E como vais obrigar-nos
a descer?

Com ajuda ou sozinho,
nessa farda toda catita?

Só fazemos o nosso trabalho!

Deixem-nos em paz!

E tu não fales comigo,
já não te conheço.

E dêem de frosque!

Quem quiser descer que desça,
e assunto arrumado.

Eu cá fico.
- Não, tu desces.

Deixa-me ficar, Nordine.
- Eu mandei o quê?

E tu, o que fazes?
- Pronto, eu desço.

Eu desço, pronto!

Vinz, anda embora!
Nós descemos.

Acagaças-te sempre todo!

Ele mandou descer,
portanto descemos.

...Há nas sex-shops.
Como se chamam?

Um G-string...
- G-string, burro...

Pois a gaja tinha um. E eu
parecia um animal, a comê-la.

Estávamos no quarto...

E ela não parava
de berrar por mais.

O vizinho do lado até bateu
na parede, por causa do barulho.

Tu comeste-a foi em sonhos.

Conheces a garina?
- Conheço, e ela tem sida.

Deixa-te de tretas.

Bom dia, somos da Televisão...
Entraram nas revoltas de ontem?

Deitaram fogo a carros...?
- Temos cara de criminosos?

Eu não disse isso...
- Acha-nos com cara de quê?

Porque não saem do carro?
Isto não é Thoiry.

Isto é trabalho...

E qual é o trabalho, provocar
bronca para terem notícia?

Vai-te daqui, cabrona de merda!
E pára de filmar, filho da puta!

Isto não é Thoiry!

Que têm hoje os sacanas?
- Viram-me aquela puta...

Que é Thoiry?
- Um Zoo que se visita de carro.

Cabrões de merda...

Ainda dormes à uma da tarde?

Para que é essa rede?
- Não chateiem...

Julgas-te actor de cinema?

Que merda de televisor é esta?
- Vê onde te sentas!

Onde está o novo?
- Era grande demais...

Ontem vim buscar o meu papel
e tu não estavas.

Eu tenho lá o teu papel...
Não sabes o que aconteceu?

Vai ver o que fizeram
os teus amigos.

Foi obra do irmão do Foued.
- E depois?

Depois quero a morada dele.
Olha como me pôs o carro!

Olha como mo pôs!

Tu, larga isso.

Perdi 50 mil francos, 50!
E como vou trabalhar agora?

É só um carro.

Que história é essa agora?
És inconsciente ou quê?

É tudo o que eu tenho...

E largas isto?!

Um mano está à morte
e tu pensas no carro.

Pois, mas o meu problema
é aquilo!

Tu até metes nojo...

Não tenho mais nada,
é a minha vida!

Estão a passar a merda de ontem!
- O carro é mais importante!

Merda de televisor...
- Pois, agora parte-o.

Endireita a antena!
- Eu faço o que posso...

Olhem o David! Como conseguiu
que o filmassem?

Eu estava mesmo ao lado
e não me filmaram!

Arranja isso, não se vê nada.
- O televisor é uma merda!

O cabrão conseguiu ser filmado...

Passa-me o meu dinheiro.

Não o tenho, tem o Astérix.

Levanta-te e dá cá o blusão.
Cheiras mal como a merda...

Vocês devem estar contentes,
um chui perdeu a arma dele.

Espero que quem a encontrar
não a use aqui, para variar.

Deixem, não esperam
pela demora...

Sabes aquele programa
da Câmara Indiscreta?

Um gajo conhecido está certo
que lhe armaram uma,

um amigo dele combinou tudo
com os gajos do programa

para que ele pense
que lhe armaram uma.

O gajo come sempre
no mesmo restaurante

e tem a certeza
que o filmarão ali.

Os outros convenceram-no
que há uma câmara escondida.

E ele vê o camião lá fora,
uma câmara atrás dum espelho

e o tipo que tem à frente
põe-se com caras esquisitas.

O gajo resolve então tramá-los
a todos e finge não ver nada.

Mas está à espera que
lhe caia merda em cima.

Mas os gajos não prepararam
nada, limitam-se a filmá-lo.

E de repente o gajo...
Pára com isso, Said!

Não era eu!
- Então quem?

O gajo começa a suar
de tanto se fingir na maior,

sempre que um criado passa
julga que é daquela.

Até que um gajo se levanta
para lhe pedir o autógrafo;

o gajo famoso julga que é aquela
a partida e desanca no outro,

que não percebe nada,
fica fulo e desata à porrada.

E os gajos da Câmara Indiscreta
têm de separá-los.

Foi de morrer a rir...

E depois?

Depois nada, acabou.

Quem era o gajo famoso?

Não sei, mas era muito.
Não me lembro quem era.

Vai haver merdas...
Vou pôr-me a andar.

Que é que queriam?

A vingança é um prato
que se serve frio...

Era o irmão do Abdel...
Tinham lá uma dois-canos.

E se fôssemos ver o Abdel
ao hospital?

Quero mostrar uma coisa
antes.

A gaja é mortal mesmo...

É do caraças.

Que vais fazer com ela?
- Está quieto.

Vais matar um bófia?
- É só como nos respeitam.

Respeitam-te se matares
um chui?

Pelo menos ficamos quites.

Eu arranjava-te uma pistola...
- Mas esta é especial.

Julgas-te em missão?

Qual missão, encontrei-a eu
e pronto. Não me chateies.

Isso ajuda o Abdel?
- A nós, ajuda.

Pára com merdas.
- Merdas és tu.

Vais-te meter em sarilhos.
- Faço o que tenho de fazer.

Eu não quero saber.
- Então não perguntes.

Com essa coisa nas mãos,
és o grande manda-chuva...

Hubert, espera por mim!

Que porra fazes aí?!
- Porquê, cagaste-te todo?

Desculpem mas não podem entrar.

Deixa passar, vimos ver o Abdel.

Pois mas lamento, são ordens...

São só 2 minutos e depois
vamo-nos embora.

É nosso amigo...

Os médicos não os deixam vê-lo,
está em coma.

Não vimos armar barraca!

Se os deixo entrar, despedem-me.
- Grande caguinchas...

Falem mais baixo,
está cá a família.

Respeitam o sossego deles?

Bom, não fiquem aí!
- Olha-me essas patas, meu...

Vais obrigar-me a ir embora?

Como, a tiro?
Puxa do teu brinquedo, vá!

Olha-me o cara-de-cu!

Viemos ver o nosso amigo!

Só vamos depois de ver o Abdel.

Põe-te a andar antes que
te meta dentro.

Inspector, eles puseram-se
com barracas e agarrei o chefe.

Ele não fez nada!
- Prendi o chefe.

Qual chefe?
- O Said.

Ainda não te chegam as coisas,
tinhas de ir ao hospital?

Só faziam o trabalho deles...
- O trabalho?!

Tu, meu sacana, bico calado!

Cala tu o teu.
- E não me fales assim!

Caluda, porra!

Tu não sabes nada de nada.
- E tu sabes muito?

Vai bugiar, palerma.

Tento na língua.
- Tem tu na tua!

As bestas que espacaram o Abdel
irão parar à cadeia!

Estás a sonhar...

Os dos hospital só lá estão
para o proteger e à família.

E só pensas em arranjar merdas.
És um palerma, confundes tudo.

Aqueles chuis só lá estão
a proteger o Abdel!

Se a maioria deles anda nas ruas
é para vos proteger!

E quem nos protege de vocês?

E não tornes, ouves?

Boa frase, devias fazer cinema.
- Cuidado com o que dizes!

Calado, estúpido.

Voltas a fazer-me fazer figura
de parvo e prendo-te na central.

E depois o teu irmão
que te tire.

Não pedi favores.
- Fiz isto pelo teu irmão.

Ele devia desfazer-te em bocados.

Quanto ao ginásio, posso obter-te
uma subvenção da Câmara.

Deves poder arranjar outro.

Já não é em sacos
que os manos querem bater.

Já nem sei que fazer, há anos
ainda conseguia falar com eles,

mas agora...

E a mim conhecem-me;
um novato não aguentava um mês.

E um árabe numa esquadra
nem uma hora aguenta.

Bom, tenho de ir...
Vê se tens calma.

Tu, meu sacana, não voltas
a dirigir-me a palavra.

Tu apertas-lhe a mão?
- Sempre foi porreiro comigo.

Não se aperta mãos de bófias.

Enquanto não lhe deres um tiro
aperto-lhe a mão, estás a ouvir?

És completamente marado!
- Claro, eu sabia...

Estavas tão esquisito
no hospital.

E nem sequer nos preveniste?
- Tu não querias saber...

Ia lá pensar que andavas
com ela!

Calas-te com os sermões?

Eu já te dou os sermões...

Achas-te muito importante
com essa coisa aí?

Parem os dois com isso...
Venham é comer uma sanduíche.

Vai bugiar.

Isso, dá o fora...
- Anda connosco!

Deixa-o ir embora!

Espera, não vás.

Mas que tem o chavalo?

Deixa, o gajo pensa de mais.

A mamã?

Explica aqui uma coisa...
- Agora não posso.

Então? Qual é a resposta?
- Não sei.

Tu nunca sabes.
- Pronto, nunca sei.

Como está o puto?
- Vai andando.

O teu irmão na cadeia
é que não vai nada bem.

Que mais foi ele arranjar?
- Quer livros escolares.

Para quê?

Para acabar o secundário
enquanto está dentro.

Se ainda nem o primário tem...

Larga a panela!

Mas ao preço que estão,
sei lá como comprá-los.

Aquilo é para o gás.

E a minha máquina?
- Qual?

A nova, de costura!
Não tinhas ficado de perguntar?

Merda, esqueci de perguntar
ao Darty.

Esta está a ir desta
para melhor.

Patou, se fosses estudar
para o quarto?

Não discutas.

Quem é o Darty,
o receptor da Torre B?

Não, ele vive na D.
- Esse não conheço...

Pode arranjar-nos livros?
- Ele não é livreiro!

Fomos informados que um agente
perdeu ontem à noite a sua arma,

arma essa que ainda
não foi encontrada.

Perguntámos a gente local

o que pensa duma tal arma
nesta situação de crise...

Deitaram fogo à sala de boxe?

Estou farto desta cidade,
isto está cada vez pior.

Tenho a certeza que o Vinz
ajudou a deitar fogo àquilo.

Está a ficar marado,
como o Max.

Tenho de me ir embora.
De sair daqui...

Se passares por uma mercearia,
traz-me uma alface.

A minha avó faz aqui as compras
todas, pode fiar-me 2 francos!

Não és a tua avó.

Tu, não mexas!
- Só estava a ver!

Tens aí dois francos?
- Chega-te um?

Não, um não chega.

Dê-me um franco em vez
de se pôr aí a bufar!

Que mais há?
- Então, decide-se?

Eu vi-te...
- Que é que eu fiz?

Bom, dê cá dos vermelhos,
são mais baratos.

A minha avó mata-me,
odeia estes!

Pois mata o china e leva
dos verdes, a tua avó ia gostar.

Ele passou-se.

Ele mata...

Said, olha-me a vaca.

Vai-te foder mais a vaca!

Anda, disseste que me cortavas
o cabelo.

A mesma vaca que ontem.
- Vaca és tu!

É a porra da mesma vaca!

Se não acreditas olha.
- Não chateies!

Chamo-me Señor Canardo...

Vou fodê-los a todos,
a ti, a ele, a ela...

Pronto, já ouvi,
são dos vermelhos!

Esta história da vaca
é cá uma trip mais maluca...

Vê lá é o que me fazes
ao cabelo.

Preciso de foder,
vê lá o que fazes.

Não me chamo Paul Bocuse,
faço como souber.

Senta aí o cu.

Está quente, Vinz...
A pistola do bófia está quente.

Já disseste isso...
Tu paras-me quieto?

Isso devagar...
- Não te mexas.

Se o Abdel morre
matas mesmo um bófia?

Porquê, queres ser o próximo
árabe a morrer numa esquadra?

Pois eu também não.
- Ah, porque agora és árabe?

Os outros julgam que brinco,
mas não é brincadeira, juro.

Calma aí...

Eles também precisam de lic...
Que é que tu me fizeste?!

Nada, juro pela minha mãe.

Se não fizeste nada,
por que juras?

Porque é que sinto frio aqui?
- Por fazer frio aqui!

Não te preocupes,
eu corto igual do outro lado.

Mostra como está.
- Tens uma confiança em mim...

Não vi nada!
- Porque não olhaste!

Tem confiança em mim!

Ficou baril, o buraco.
- Qual buraco?!

Olha, ou tens confiança em mim
ou não te corto o cabelo.

Said, olha para mim!
- Desaparece!

Não te ponhas assim, merda!

Em Nova Iorque andam todos
assim, é a moda agora,

pára com as choraminguices.

Mas qual Nova Iorque,
pareço é um punk!

Não rias!
- Vá, dá cá um beijinho...

Sai-me é da frente!
- Não te armes em rancoroso.

Então, o teu dono continua
o parvo de sempre?

Olha a tua irmã...

Ponham-se a andar,
minhas cabras.

Ainda aí estás?

Dá de frosque.

Agora falas aos meus amigos?
- Falo ao Vincent...

Não se chama Vincent mas Vinz,
e não quero que lhe fales.

Vens hoje?
- Onde?

A Paris, ver um combate
do irmão do Jason.

Tens bilhetes?
- É de graça.

Quem te cortou o cabelo?

Estas chavalas de hoje!

Andem ver!

O Abdel é meu irmão, porco!

Hás-de pagar-mas!

Arranca!
- Foi-se abaixo!

Todos quietos!

Vinz, Hubert, por aqui!

Andem!

Quietos!

'Tás doido?!

Onde se meteram?

Fodemos-te a tua mãe!

Juro-te que tinha o bófia
mesmo ali à minha frente,

tinha-o como estás tu aí.

O sacana deve-se ter
cagado todo nas calças.

Sem o Hubert lá,
tinha arrumado o gajo.

O Hubert deu-lhe cá um murro
que até entrou em órbita, juro!

Foste o maior.

O MUNDO VOSSO

Então, que fazemos?

Vocês não sei, eu cá vou tele-
fonar a pedir a minha massa.

Dás-me a morada do Astérix?

Eu espero, mas despacha-te!

A 15 francos o chocolate,
é bom que receba o que me devem.

Também queres, Vinz?

De certeza?

Primo Hub, queres...

Chocolate já tu és.

Vocês param com as trombas?

Quem está com trombas?
Eu cá não sou.

Pergunta a ele.
- Parecem dois miúdos!

Dois miúdos ralados
com parvoíces!

O teu amigo que não chateie,
nunca disse que ia matar um.

Disseste, sim.

O que disse foi que matava um
se o Abdel morresse.

Não era pelo gozo!

E se há bocado não tenho a arma
éramos massacrados.

E não sou o Rodney King!
- A diferença é enorme...

E esperas que te levamos prendas
quando estiveres de cana?

Não espero nada dum gajo
que vendo o cu à bófia.

Isso, ri-te...

Estou farto de aturar
a porra deste sistema!

Vivemos em buracos como ratos

e não fazes ponta dum corno
contra isso! E ele também não!

Mas a vocês eu digo uma coisa,

que se o Abdel morre me vingo,
matando um chui!

Para que fiquem sabendo que
não damos mais a outra face.

Lindo discurso, tipo meio-Moisés
meio-Bernard Tapie...

Agora a sério, não te metas, é
muita areia para a tua camioneta.

Se o Abdel morre, perdemos
um amigo; sim ou não?

E se morre um chui, é um a menos;
sim ou não?

Mas tu estás sozinho,
não os podes arrumar a todos.

Alguém te nomeou pregador?

Agora sabes o que está
certo ou errado?

Por que te pões ao lado
daquelas bestas?

De que besta falas?

Na escola aprende-se que ódio
gera mais ódio.

Mas eu não andei na escola,
ando é nas ruas!

E sabes o que me ensinaram?

Que se dás a outra face
és um cabrão morto!

Tu ouves-te? Apontaste uma arma
a um chui, podíamos estar mortos!

Não há como uma boa cagadela.

Crêem em Deus? A pergunta
deve ser é ao contrário;

será que crê Deus em nós?

Tive um amigo que se chamava
Grunwalski.

Fomos deportados juntos
para a Sibéria.

E quando se vai para um campo
de trabalho lá,

viaja-se em comboios para gado.

São dias a atravessar-se
estepes geladas

sem se ver viv'alma.

Apertamo-nos para ter calor,

mas para mijarmos, para cagar,
isso no vagão não é possível.

E as únicas vezes que paramos

é para meter água na locomotiva.

Mas o Grunwalski
era envergonhado;

ficava aflito até quando
tomávamos banho juntos.

Gozava-o muito por isso.

Portanto, o comboio pára,
todos saltamos para ir cagar,

atrás dos vagões. Mas eu tinha
gozado tanto com o Grunwalski

que ele preferiu afastar-se
um pouco.

O comboio põe-se em marcha,

todos saltamos lá para dentro
porque ele não espera por ninguém.

O problema foi que o Grunwalski
tinha ido para trás duns arbustos

e não tinha acabado de cagar.

E vejo-o sair detrás dos arbustos
com as calças na mão,

para não cair...
E tenta alcançar o comboio.

Estendo-lhe a mão, mas sempre
que a tenta agarrar,

larga as calças,
que lhe caem nos tornozelos.

Pega nelas, desata outra vez
a correr,

mas de cada vez que estende
a mão, as calças voltam a cair.

E depois, que aconteceu?
- Nada, o Grunwalski...

Morreu de frio.

Muito boa tarde.

Por que nos contou aquilo?

Sim, já tenho a morada;
depois telefono.

Para que contou aquilo?

Acabo de sair do hospital,
há dois dias que não como

e o meu filho tem fome;
se tiverem uns trocados...

À Mina é preciso lançar um laço,
como fazem os cowboys.

Que é que tu queres?
O meu pai está na cadeia,

a minha mãe, o meu irmão,
a minha irmã, todos na cadeia.

Arranja emprego
como toda a gente.

Que têm eles todos,
hoje será carnaval?

Quero a Mina!

Peço a vossa atenção:
acabou-se-me a pensão,

não tenho casa e gostava...

Mais cem metros e encontra.

Uma boa tarde para o senhor.
- Obrigado.

Que bem educados são aqui
os bófias!

Até por senhor me tratou.

Será que ganhou a lotaria?

Merda, está fechada...

Qual é o nome verdadeiro dele?

Não sei, só o conheço
por Astérix...

Sim, bom dia?
- Desculpe incomodar.

Essa é a casa do Astérix?

Pode parecer esquisito, mas...

O sacana desligou.

Tenta tu agora.
- Porquê eu?

Porque o preto ou eu
levamos um tiro!

Bom dia... O Astérix está?

Já agora, porque não também
o Obélix?

Estás a estragar tudo,
grande anormal!

Parem com isso!
- A senhora desculpe a maçada;

um amigo nosso, o Astérix, vive
aqui. Não sabemos o apelido dele.

São doidos para tocar assim!
Julgam que o mundo é vosso?

Não é verdade...

Daqui eu não saio!

Chama a Polícia à vontade,
Linda de Suza!

Said?

Qual é o teu andar?
- O quinto.

Astérix é lá nome de gente!

Foram seguidos?

Por ninguém? De certeza?

Porquê?
- Porque...

Tudo numa boa?

Olha-me a cozinha...
- Quem é o chavalo?

Mas que casa é esta?
Saiu-te a sorte grande?

Um gajo emprestou-mo
mas nunca mais o torna a ver.

Isto não é um apartamento,
é um palácio!

Não dá para crer...
- É um super-apartamento!

Astérix, este é o Vinz.

E este é o Primo Hubert.

Já nos conhecemos...

Gramas coca?
- Não, obrigado.

Alguém quer?

Ninguém quer coca?

Como vai o teu irmão?
cá dos meus, o sacana...

Ainda fode muito?
- E tu?

Mais que nunca. Olha...

Tens tu o meu dinheiro?

Então vomita para cá
o carcanhol.

Deixa-te de merdas...

Vem buscá-lo.

Estás a pedi-las!

Essas patas quietas.

Isso não é para miúdos,
é a minha pistola.

E depois? Também tenho uma.

Mostra-a lá...
Vá, mostra!

Vinz, não...
- Ele percebe de armas.

É um Smith & Wesson 44
cromado de cano curto.

Atenção, está carregado.

Bela arma...
Usas-te dela?

Só em auto-defesa.

Conheces o Gérard Majax?

Observa. Uma bala.

Falhei...

Tu não regulas.
As balas são verdadeiras!

Calma, é um truque antigo...

Mais difícil.
Agora com duas balas.

Não precisam de flipar...
- És marado dos cornos.

Tua vez.

Claro. O gajo é chanfrado...
- Vais fazer?

Vá, faz.

Eu fiz, agora és tu.
- Queres merdas, é?

Pronto, já chega.

Vinz, chega!

Apontas-me essa coisa?
- És tarado ou quê?!

Podes apostar que ta aponto!

Tu tomas-me por quem?!

Queres ver uma pistola
a sério?

Said, põe-mo na rua.

Mijo-te em cima e em cima
da puta da tua mãe, brochista!

Pois, palermóide...

Aquilo era bluff!

Pois, mas agora posso dizer adeus
ao meu rico dinheirinho.

Não nos metas mais
nas tuas tretas, ouves?!

Tretas, são? Já esqueceste que
temos um amigo no hospital?

Mas pára de te armar em mártir,
não tens arcaboiço para isso!

Não tenho o teu arcaboiço,
ó Mister Músculos?

Vai-te foder!

Vou-me foder?

Calma, meus senhores...
- Tu és quem?

Quiseram divertir-se, foi?

Mas que rápidos! Onde eu moro
os chuis só aparecem

uma semana depois
de sermos mortos.

Estão juntos? Conhecem-se?
- Sei lá quem são!

Que fazias aqui?
- Eu vivo aqui com a minha tia!

Como se chama ela?
- Mme. Zarm...

Mostra identificação.

Tu, está quieto!

Conhecem aquele?
- Quem?

Não conheço.

Gozas comigo? Já vamos ver
se não conheces.

Isto, que é?

É da boa, fico com ela.

A melhor é a afegã,

descolagem e aterragem
na maior.

Black Bombay, igual.

A libanesa, depende da região.

Esta não presta mas fico
com ela.

O paneleiro conseguiu fugir.
Prendemos estes dois.

Entra para trás.
- Sou eu sempre que...

Ouve bem, piolhoso,

para mim não passas de merda
de cão deixada no passeio,

e sabes o que se faz com ela?
Ou é limpa com cuidado,

ou é ali deixada ou então
é pisada e bem pisada.

Se queres um conselho de amigo,
escolhe bem onde cagares.

Não está aqui ninguém.

Não estão no bairro-de-lata,
mais os colegas do palmanço.

Anda, apanha-a com os pés.

No teu país é como se faz.

Eles lá são bons nisso.

A parte difícil é esta...

Não estamos bem aqui?
Ninguém tem pressa...

Daqui a 2 horas podem estar
na rua, portanto aproveita.

Que tal levar uma bala
na nuca, gostavam?

É preciso saberes parar
no momento exacto.

É preciso auto-domínio.

Para isto é preciso
muito auto-domínio...

Não te zangues, já falta pouco.

E tu então,
que tens para dizer?

Cabrão de merda,
não lhe toques!

Este, conheces?
Já tem barbas...

Espera, acho que este
tem sede.

Olha que ainda te magoas...

Não te ponhas assim
que me excitas.

Visto de trás pareces
uma chavala e excitas-me.

São umas chavalinhas
boas para o broche.

Para me mamarem na picha.

Pronto, agora paras
para te acalmar.

O mais difícil é parar a tempo.

Temos de saber acalmar-nos.

Deste não desgosto.
- É giro o puto...

Como se chama, aí no papel?

Tu não és giro?
- Podes crer.

O Hubert é qual?

Este não tem cara de Hubert.

Ele é francês e chama-se Said.

Said é bonito...

Said é nome francês?

Não são bonitos, os dois?
Olha bem para eles.

O puto parece excitado.

É tão fácil ires longe de mais.

Mas não podes,
por muito que te apeteça.

Não é, árabe filho duma cadela?

Vamos, embora.

Vamos perder o último comboio!

Esquece, não te deixa sair.
- Filho da puta!

Eu falei contigo?
Nós conhecemo-nos?

Vinz, meu!

O Said e o Hubert?

Não sei, hoje foderam-me
o juízo.

Vocês não saem dessa.

A tua irmã é boa.

Cala-te, anormal...

Lamento, mas boa é.
- Não tens hipótese.

Nem sequer tentes.
Nem sequer olhes para ela.

Vejam-me esta curva!

Não tento porque a tipa
está grávida.

Fecha-me essa cloaca!

Não fales assim
das minhas irmãs.

Não pode ser,
não me deixas entrar?

O estupor do preto
nunca nos deixa entrar.

Andamos com o irmão há dez anos
e é sempre a mesma merda.

Fico puto da vida.

Que vais fazer
com a pistola de alarme?

Não te armes em parvo!

Pára!

Eu não disse que voltava?!

Assim já não te armas, é?

Eu vou-vos ao cu,
a ti e à merda da discoteca!

Sacana de merda!

O bófia fez de propósito.

Inspector de merda!

Quando é o próximo?
- Amanhã de manhã.

Quanto te devia o Astérix?

Quanto te deve ele?
- 500.

500 mil?
- Não, 500 francos.

Esta porra
pela merda de 500 francos?

Não é o dinheiro, é o princípio.

Princípio...

É escolher entre o Coiote
e o Papa-Léguas.

Ou entre o Tweetie e o Sylvester.

Que se fodam tu e o Tweetie;

não aturo merdas dum gajo
que passa o dia a ver vacas.

O pior de todos é o Sylvester.
E caluda, fim de conversa.

Vocês não sabem ouvir,
portanto falar para quê?

Ah, tu sabes ouvir?

Estão enganados, o jornal
chamava-se Pif, como o cão.

O Sylvester é vinte vezes
superior ao Pif.

Que merda é essa? Superior
ao Pif? E se calhar a mim?

Ainda por cima é um mano
negro.

Só dizes asneiras...

Então, vamos ou não?
Não temos nada a perder.

É medonho! Medonho, medonho.

É famoso, o gajo que faz
aquilo?

Será quando crescer.

Há champanhe, Martini,
Bogardi...

Quer dizer, Bacardi.
- Sai da frente.

Dá-me amendoins.

Obrigado, Charles.

Vê lá como te portas.

Deixa passar, Said.

Vê-me estas curvas.
Isto é que são mulheres.

É boa como o milho.

Hubert, fazes-me um favor?
- Eu lá não vou.

A semana passada engatei eu,
hoje é a tua vez.

Traz-me a escurinha.

Só há duas.
- Quem te perguntou?

Não, Hubert, trá-la para mim!

Desculpem, chamo-me Hubert...

O meu amigo é um romântico
e bué tímido.

Mas gostava de falar com vocês.
É aquele ali...

Pode ser?

O chavalo é mesmo baril,
podem crer.

Anda cá, Said.

Segura aqui.

Nós não nos conhecemos?
- Quem me dera.

Olá, sou o Said.

Não se encosta ao quadro?

Lindo quadro és tu...

Ele disse que te acho boa?
- Boa em quê?

Adivinha.
- Não eras tímido?

Pois claro, sou um tímido.

Tens telefone? Combinávamos
depois sair...

Vocês são todos iguais! O teu
amigo disse que querias falar.

Falar? Queres falar de quê?

Nós estávamos dispostas
a conversar,

mas agressivo assim
como quer ser respeitado?

Julgas-te a tipa que faz
anúncios do Wonder Bra, ou quê?

Não falava contigo.
- Falo eu contigo!

Ele não regula...

Para onde estás a olhar?

Tens um parafuso a menos?
- Tu é que tens.

Deixem-nos em paz,
não os mandámos chamar!

Vamos a ter calma, sim?

Não há azar, vovô,
não houve morte de homem.

E como não houve,
está tudo bem!

É isso mesmo, com calma...

Você está quieto?!
- Mande o seu amigo parar.

Não fales comigo,
eu não te conheço.

Vão é todos mamar caralhos
para o Inferno!

Com as vossas mães!

Peço muita desculpa!

Divirtam-se, seus cabrões!

Subúrbios...

Devíamos ter palmado
uma garrafa.

Para quê, roubei o cartão
de crédito dum deles.

Voltaste ao antigamente?

É como andar de bicicleta,
nunca se esquece.

Sr. David Mo!

Ele não está?

Então guardamo-lo por ele!

Que estás para aí a dizer?
Que queres dizer?!

Tu chamas-te David?

E táxis não aceitam cartões.
- Só por esta vez!

Deves estar a gozar comigo.

Peidaste-te?

Não e aqui só estamos nós.

Como não fui eu, peidaste-te tu.

Não é o meu cheiro...
- Conheço os teus peidos.

Fui trancado cá fora!

Quem se peidou?
- Ele.

Não reconheces os peidos dele?

Grande filho duma puta
de volante de merda!

Deixa-te de filosofias baratas
e puxa-me essa coisa.

O Jean-Claude faz isto
em 5 segundos exactos.

Qual Jean-Claude? O carteiro?

Qual carteiro, o amigo
da mulata podre de boa.

Esse apanhou dois anos
por roubo de carros.

Arrebenta-me com essa coisa!

Mete-lhe o pé.

Vá, não sejas maricas.
- Quem é que é maricas?

Discreto, meu...

Sou o terror das viaturas.

O pára-brisas!

Arranca esta caixa em plástico.

Agora liga o fio verde
ao vermelho.

Não, esse é o do pisca-pisca.

Como é que fazem na TV?
- Lixa-te para a TV.

Que faz aquele ali?

Ia-me fazendo cagar todo!

Que estás aí a fazer?!
Que estás a fazer?

Nada...

Pois vai fazer népia para outro
lado, ainda nos prendem!

É a minha mulher...

Ela deixou-me.

E que porra temos nós
com isso?!

Nada.

Vamos embora ou esperamos
pela bófia?

Liga o fio vermelho ao verde.

Não digas asneiras,
esse é o da buzina!

Liga é o azul!

Pronto, liga tu.
Já que és tão esperto.

Dás-me vómitos...

Esse fio é o da buzina.
- O da buzina é este!

Quem tem razão é o Said.
- Estão a ver?

Quem tinha razão, quem?
Faz o que eu digo.

Vá, despacha-te!

És um gajo baril, tu...
Como te chamas?

Tu tens nome?

Sempre serviu
para alguma coisa.

Estás pronto? Repara.

Alguém sabe guiar?

Sabe o Vinz.

Nunca aprendi, não tenho carta...
Ele é que aprendeu, na tropa.

Na marinha aprende-se lá
a guiar!

Eu sei guiar...
- Bico calado!

Não andaste a passear aquela
tipa por Israel, num Mercedes?

Não é nada a mesma coisa,

o carro era automático,
não era nada como este.

Vocês sabem o que me saíram?
Saíram-me uns grandes nabos!

Que foi?!

Desculpem interromper,
mas vem aí a Polícia.

E vem nesta direcção.

Calma, aos três pomo-nos
a milhas.

Prontos?
- Três!

Todos parados!

Sai-me da frente!

Andas a O.C.B.?
- Tu conheces-me.

Andas a O.C.B.?
- Tu conheces-me.

Sim, tu conheces-me...

Às vezes sentimo-nos
mais pequenos, porra...

Tens mais frases estúpidas
dessas?

"Grão a grão
enche a galinha o papo",

"cada macaco no seu galho",

"devagar que tenho pressa"...

Liberdade, Igualdade,
Fraternidade...

Essa reservo-a para ocasiões
muito especiais.

Estou mesmo marado...

É boa, a tua erva.

Said, tem cuidado!
- Ele já é crescido...

Olhem, sprays de tinta!

Agora a sério, que quis dizer
aquele velhote dos mictórios?

Falou de Deus, de caca...
Que quis dizer o gajo?

Olhem, skins!
- Skin és tu.

Porra para o Le Pen!

Se tens Deus dentro de ti,
é Ele que te faz cagar.

Deus que te faz cagar...

Passa o charro.

Ouçam este poema.

"O pénis do Le Pen
é pena mas nada diz. "

Perceberam?
- Sim, mas sai da frente.

Sabes aquela do gajo
que caía dum arranha-céus?

E a cada andar que passava,
para se tranquilizar dizia,

"Até aqui tudo bem,
até aqui tudo bem... "

Ouvi-a mas com um rabino.

como nós lá onde vivemos;
até aqui tudo bem,

mas o que conta não é
a queda, mas a aterragem.

Sinto-me mesmo como uma formiga
perdida no Universo.

Olhem, vou apagar a Torre Eiffel.

Isso só resulta no cinema...

Julgas-te num filme?
- Num porno, com a tua mãe.

Vê como falas da minha mãe!

A tua enfia cenouras
no olho do cu!

O MUNDO É VOSSO

NOSSO

Como entraram eles
com o carro no ginásio?

Pergunta ao Majax.
- Que graça...

Olhem-me estes que se deixam
levar pelo sistema.

Aquele não está lindo,
no seu blusão de cabedal?

Pior que aquilo não há; os que
não andam nas escadas-rolantes,

que se deixam levar...

Votam no Le Pen e depois
não são racistas.

E quando as escadas-rolantes
avariam, fazem logo greve.

Pior não há!

Racista.

BÓSNIA: Guerra Civil

Morte de ABDEL ICHAHA

O Vinz?

Foda-se para isto!

Que foi?

És mesmo um merdas.

Mas que é que eu fiz?

Por que me bateste?

Que é que eu fiz?

Que tem o palerma,
que é que eu fiz?

Dás-nos cabo dos colhões!
- Eu fiz alguma coisa?

Anda, Said, ajuda-me.

Ajuda-te a quê?
Que é que eu fiz?

O Abdel morreu, não percebes?!
- Está farto das tuas merdas.

Quais merdas, que porra fiz?

Se te apetece matar um chui,
ninguém te impede.

Mas sem a nossa ajuda.
Nós vamos dar o fora.

Pois dá o fora.
Dêem o fora os dois!

Não preciso de vocês!

Eu cá ainda sei quem sou
e donde venho!

Volta para lá e cala-te!
- Vai é foder a tua mãe!

Não chateies, porra.
- Achas que devíamos...

Era só o que faltava.

Eras tu o cabrão que nos
insultou do telhado!

O que berrou aquilo,
do telhado?!

Segurem-no!

Voltem!

Que ias fazer, meu sacana?
- Eu não fiz nada!

És mais rápido que uma bala?

Não fiz nada!

Que lhe fazemos?

Entra para aí, grande porco!

Que vais fazer?

Julgas que só sei falar?

Só sei falar, é?

Olhem, e nem me tentem
impedir!

Vinz, não faças isso!
- Espera, deixa-o.

Faz lá a tua boa acção.
- Calado.

Há bófias bons... Mas um bom
skin é um skin morto.

Mata-o.

Vá mata-o, estivemos todo
o dia a aturar merdas tuas!

Não tens tu a arma?

Dispara.

Dispara, porra!

Fode-lhe a mãe.
Dispara.

Dispara, porra!

O Abdel morreu, vinga-te agora.
Vinga o Abdel!

Vá, dispara!

Dá de frosque.

Bom, até amanhã.

Toma.

Damos beijinhos uns aos outros?
- Vai é dormir.

Anda, Vinz.
- Até amanhã, Hubert.

Sabes a anedota da freira?
Um bêbedo sai dum bar,

e vê uma freira na rua,
das que têm uma capa toda preta.

E dá-lhe um murro nos dentes,
e outro e mais outro

e ao fim de cinco minutos...

Ao fim de cinco minutos pára,
olha para ela e diz,

"Pensava-te mais teso, Batman. "

Não é de cair? Julgava que
a freira era o Batman!

Conhecia essa
mas com um rabino.

Venham cá, vocês!
- Não fizemos nada.

Eras o do telhado.

Há azar, cabrão? Sem os teus
sócios borras-te todo, é?

Agora és menos teso?
Olhem-me para ele.

É a história duma sociedade
que cai

mas que se vai dizendo,
para se tranquilizar,

"Até aqui tudo bem,

até aqui tudo bem,

até aqui tudo bem.

O importante não é a queda.

É como se aterra.

Tradução de Correia Ribeiro
Bizk Rip