Como vencer um debate, na Suprema Corte dos EUA, ou em qualquer lugar
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0:01 - 0:02Catorze anos atrás,
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0:02 - 0:05fui à Suprema Corte
defender meu primeiro caso. -
0:06 - 0:09E não era qualquer caso:
os especialistas o consideraram -
0:09 - 0:12um dos mais importantes
que a Suprema Corte já ouviu. -
0:13 - 0:16Considerava se Guantánamo
era constitucional -
0:16 - 0:20e se as Convenções de Genebra
se aplicam à guerra ao terror. -
0:20 - 0:24Isso foi alguns anos depois
dos horríveis ataques de 11 de setembro. -
0:24 - 0:29A Suprema Corte tinha sete juízes
republicanos e dois democratas, -
0:29 - 0:33meu cliente era o motorista
de Osama Bin Laden -
0:33 - 0:36e meu oponente era o procurador-geral
dos Estados Unidos, -
0:36 - 0:38o melhor advogado do país.
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0:38 - 0:40Ele já havia defendido 35 casos,
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0:40 - 0:42eu nem tinha 35 anos
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0:42 - 0:47e, para piorar, pela primeira vez
desde a Guerra Civil, -
0:47 - 0:51o Senado aprovou um projeto de lei para
tirar o caso da pauta da Suprema Corte. -
0:51 - 0:54Os treinadores de palestrantes diriam
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0:54 - 0:57que eu deveria criar suspense
e não dizer o que aconteceu, -
0:57 - 0:59mas nós vencemos.
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0:59 - 1:00Como?
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1:00 - 1:03Hoje, vou falar sobre
como vencer uma argumentação -
1:03 - 1:05na Suprema Corte ou em qualquer lugar.
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1:05 - 1:09A sabedoria popular diz:
fale com confiança, -
1:09 - 1:12é assim que convencemos alguém.
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1:12 - 1:13Acho que isso está errado,
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1:13 - 1:17e que confiança é inimiga da persuasão.
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1:17 - 1:21Persuasão tem a ver com empatia,
e saber tocar a mente das pessoas. -
1:21 - 1:23Isso é o que faz do TED o que é.
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1:23 - 1:25Por isso você está
assistindo a esta palestra. -
1:25 - 1:28Você podia simplesmente ler
em algum site, mas não fez isso. -
1:29 - 1:31É o mesmo com argumentos na Suprema Corte:
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1:31 - 1:35passamos as ideias para o papel,
mas também temos as defesas orais. -
1:36 - 1:40Não temos um sistema no qual juízes
apenas escrevem questões -
1:40 - 1:41e nós as respostas.
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1:41 - 1:42Por quê?
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1:42 - 1:45Porque argumentação envolve interação.
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1:45 - 1:48Quero levar você aos bastidores
para mostrar o que fiz, -
1:48 - 1:50e como essas lições servem para tudo.
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1:51 - 1:55Não só para vencer uma defesa na Corte,
mas pra algo bem mais profundo. -
1:56 - 2:00Obviamente, isso envolve prática,
mas não uma qualquer. -
2:00 - 2:04Na primeira sessão de treinos
para Guantánamo, voei até Harvard -
2:04 - 2:08e tive que responder uma enxurrada
de questões de professores renomados. -
2:08 - 2:12E mesmo tendo lido tudo,
ensaiado milhares de vezes, -
2:12 - 2:14não conseguia convencer ninguém.
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2:14 - 2:16Meus argumentos não impactavam.
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2:16 - 2:17Eu estava desesperado.
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2:17 - 2:19Fiz tudo que podia:
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2:19 - 2:23li cada livro, ensaiei milhares de vezes
e não estava indo a lugar algum. -
2:23 - 2:25No fim das contas, conheci um rapaz,
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2:25 - 2:28um professor de teatro,
que nem era advogado -
2:28 - 2:30e nunca tinha pisado na Suprema Corte.
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2:30 - 2:32Ele foi ao meu escritório um dia,
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2:32 - 2:35com uma camisa amarrotada
e uma gravata de caubói. -
2:35 - 2:39Eu estava de braços cruzados,
ele me olhou e disse: -
2:39 - 2:43"Neal, sei que você acha
que isso não vai dar certo, -
2:43 - 2:46mas finja um pouquinho,
me apresente a sua defesa". -
2:46 - 2:49Peguei minhas anotações e comecei a ler.
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2:49 - 2:51Ele disse: "O que está fazendo?"
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2:51 - 2:53Respondi: "Estes são meus argumentos".
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2:53 - 2:55"Seus argumentos são um bloco de notas?"
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2:55 - 2:58Falei: "Não, mas estão escritos nele".
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2:58 - 3:02Ele falou: "Neal, olhe pra mim.
Me apresente a sua defesa". -
3:02 - 3:07Fiz aquilo e naquele momento percebi
que meus pontos estavam funcionando; -
3:07 - 3:10eu estava me conectando
com outro ser humano, -
3:10 - 3:15e ele pôde ver que comecei a sorrir
à medida em que eu falava. -
3:15 - 3:20Ele falou: "Muito bem, Neal. Agora
faça o mesmo segurando minha mão". -
3:20 - 3:22Eu disse: "O quê?"
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3:22 - 3:24Ele disse: "Isso, segure minha mão".
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3:25 - 3:27Eu estava desesperado, então obedeci.
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3:27 - 3:30Ali percebi que aquilo era conexão.
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3:30 - 3:33Aquilo era o poder de persuasão.
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3:33 - 3:34E ajudou.
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3:34 - 3:38Mas eu ainda estava nervoso,
pois a data da audiência se aproximava. -
3:38 - 3:42E mesmo entendendo que argumentar
é saber se colocar no lugar do outro -
3:42 - 3:43e ter empatia,
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3:43 - 3:46eu precisava de algo mais
que me desse confiança. -
3:46 - 3:49Saí da minha zona de conforto: usei joias,
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3:49 - 3:54uma pulseira que meu pai usou a vida toda
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3:54 - 3:58até falecer, apenas alguns
meses antes da audiência. -
3:58 - 4:02Usei uma gravata que minha mãe
havia me dado para a ocasião, -
4:02 - 4:05peguei meu bloco de notas e escrevi
o nome dos meus filhos nele, -
4:05 - 4:08porque era por eles
que eu estava fazendo isso, -
4:08 - 4:12pra deixar para eles um país
melhor do que encontrei. -
4:12 - 4:14Cheguei calmo na Corte.
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4:14 - 4:19Tudo aquilo, a pulseira, a gravata e
o nome dos meus filhos me tranquilizaram. -
4:19 - 4:22Como um alpinista
se alongando além do precipício; -
4:22 - 4:25se ele tem algo sólido para segurar,
ele consegue alcançar. -
4:25 - 4:31Como argumentar é saber persuadir,
eu sabia que precisava evitar emoção. -
4:31 - 4:33Demonstrações emotivas falham,
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4:33 - 4:36é como escrever um e-mail
com tudo em negrito e em caixa alta: -
4:36 - 4:38não convence ninguém.
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4:38 - 4:40Tem a ver com você, o orador,
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4:40 - 4:43e não com o ouvinte ou o receptor.
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4:43 - 4:46Em algumas situações,
a solução é ser emotivo; -
4:46 - 4:50você argumenta com seus pais
e apela para as emoções e funciona. -
4:50 - 4:51Por quê?
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4:51 - 4:53Porque eles te amam!
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4:53 - 4:55Já os juízes da Suprema Corte não te amam,
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4:55 - 4:59nem gostam de se ver como pessoas
que se deixam levar pela emoção. -
4:59 - 5:01Usei isso a meu favor:
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5:01 - 5:05armei uma armadilha para o meu oponente
e fiz com que se sentisse emotivo, -
5:05 - 5:09assim eu seria visto
como a voz calma e firme da lei. -
5:09 - 5:10Funcionou.
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5:10 - 5:14Lembro-me de estar sentado no tribunal
ouvindo que tínhamos ganhado, -
5:15 - 5:17que os tribunais de Guantánamo
seriam desativados. -
5:17 - 5:21Saí do tribunal e me deparei
com uma enxurrada de jornalistas, -
5:22 - 5:24centenas de câmeras
e todos me perguntando: -
5:24 - 5:26"O que essa decisão significa?
O que ela diz?" -
5:26 - 5:31A decisão tinha 185 páginas.
Não tinha lido ainda, ninguém tinha. -
5:31 - 5:32Mas eu sabia o que significava.
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5:32 - 5:35Isto foi o que eu disse
nos degraus do tribunal: -
5:35 - 5:37"O que aconteceu hoje foi o seguinte:
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5:37 - 5:42um joão-ninguém, um rapaz acusado
de ser o motorista do Bin Laden, -
5:42 - 5:44um dos homens mais horríveis que existe,
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5:44 - 5:47que não processou apenas qualquer pessoa,
mas sim processou o país, -
5:47 - 5:51na verdade, o homem mais poderoso
do mundo, o presidente dos Estados Unidos, -
5:51 - 5:54e não foi em um fórum
qualquer de primeira instância, -
5:54 - 5:58mas no mais alto tribunal do país,
a Suprema Corte, -
5:58 - 6:00e ele ganhou.
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6:00 - 6:03Isso é algo notável sobre este país.
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6:03 - 6:07Em muitos outros países,
esse motorista teria sido baleado, -
6:07 - 6:08só por ter apresentado o seu caso.
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6:08 - 6:12E o mais importante para mim,
o advogado dele teria sido baleado. -
6:12 - 6:14Essa é a diferença dos Estados Unidos,
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6:14 - 6:16o que torna esse país especial".
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6:16 - 6:17Por causa dessa decisão,
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6:17 - 6:20as Convenções de Genebra
se aplicam à guerra ao terror, -
6:20 - 6:23o que significa o fim
de prisões fantasmas pelo mundo, -
6:23 - 6:25o fim do afogamento simulado
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6:25 - 6:28e o fim desses tribunais
militares como Guantánamo. -
6:28 - 6:33Por construir o caso com muito cuidado
e persuadir os juízes, -
6:33 - 6:37conseguimos literalmente mudar o mundo.
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6:37 - 6:38Parece fácil, não?
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6:38 - 6:41Praticando muito e evitando
demonstrar emoções -
6:41 - 6:44você também pode vencer
qualquer argumento. -
6:44 - 6:48Lamento dizer que não é tão fácil assim,
minhas estratégias não são infalíveis, -
6:48 - 6:52e embora tenha vencido mais casos
do que muitos na Suprema Corte, -
6:52 - 6:54também perdi vários deles.
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6:54 - 6:57Para ser sincero, depois
que Donald Trump foi eleito, -
6:57 - 7:00fiquei apavorado,
constitucionalmente falando. -
7:00 - 7:04Não me leve a mal, isso não tem a ver
com esquerda versus direita, algo assim. -
7:04 - 7:06Não estou aqui pra falar disso.
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7:06 - 7:09Mas uma semana antes de o novo
presidente assumir o comando, -
7:09 - 7:12talvez você se lembre
destas cenas nos aeroportos. -
7:12 - 7:16O presidente Trump baseou sua campanha
em promessas como, e eu cito: -
7:16 - 7:20"Eu, Donald J. Trump, apelo
por uma completa paralisação -
7:20 - 7:23de toda a imigração de muçulmanos
para os Estados Unidos". -
7:23 - 7:26Ele também disse:
"Acho que o Islã nos odeia". -
7:26 - 7:28E ele cumpriu o que prometeu,
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7:28 - 7:33proibindo a imigração de sete países
com populações de maioria muçulmana. -
7:33 - 7:37Minha equipe jurídica e outros foram
à Corte imediatamente e processaram, -
7:37 - 7:40derrubaram a primeira proibição de viagem.
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7:40 - 7:41Trump a revisou.
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7:41 - 7:44Fomos à Corte novamente
e a derrubamos outra vez. -
7:44 - 7:46Ele a revisou de novo,
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7:46 - 7:48só que dessa vez ele incluiu
a Coreia do Norte. -
7:48 - 7:52Todos sabemos que os Estados Unidos
têm um enorme problema de imigração -
7:52 - 7:53com a Coreia do Norte.
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7:53 - 7:57Isso deu margem para que os advogados
dele dissessem à Suprema Corte: -
7:57 - 7:59"Isso não é discriminação
contra os muçulmanos, -
7:59 - 8:01outras pessoas estão incluídas também".
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8:01 - 8:04Eu achava que tínhamos
a resposta final para isso. -
8:05 - 8:09Não vou entediar você com os detalhes,
mas no final nós perdemos. -
8:09 - 8:11Cinco votos contra quatro.
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8:11 - 8:12Fiquei arrasado.
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8:12 - 8:16Estava preocupado que meu poder
de persuasão tivesse diminuído. -
8:16 - 8:18Então, duas coisas aconteceram.
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8:18 - 8:22Notei uma parte da decisão
da Suprema Corte que bania as viagens -
8:23 - 8:26que discutia os campos de concentração
de japoneses aqui nos EUA. -
8:26 - 8:28Esse foi um momento
horrível da nossa história, -
8:28 - 8:33quando mais de 100 mil nipo-americanos
foram presos em campos de internados. -
8:33 - 8:37De todos que desafiaram esse esquema,
meu favorito foi Gordon Hirabayashi, -
8:37 - 8:39estudante da Universidade de Washington.
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8:39 - 8:45Ele se entregou ao FBI, que disse:
"Você é réu primário, pode ir pra casa". -
8:45 - 8:46Gordon disse:
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8:46 - 8:50"Não, sou quaker,
devo lutar contra leis injustas". -
8:50 - 8:52Então, ele foi preso e condenado.
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8:52 - 8:55O caso Gordon chegou à Suprema Corte.
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8:55 - 8:59Vou de novo frustrar qualquer expectativa
que você talvez tenha criado -
8:59 - 9:01e dizer logo como isso acabou:
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9:01 - 9:02Gordon perdeu,
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9:03 - 9:05mas por uma razão simples:
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9:05 - 9:11o procurador-geral, melhor advogado
do governo, disse à Suprema Corte -
9:11 - 9:16que a prisão de nipo-americanos
se justificava por necessidade militar. -
9:16 - 9:21E isso aconteceu mesmo com sua equipe
descobrindo que não havia necessidade -
9:21 - 9:24para a prisão de nipo-americanos,
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9:24 - 9:29que o FBI e a comunidade
de inteligência pensavam assim. -
9:29 - 9:32Na verdade, o motivo se baseava
em preconceito racial. -
9:32 - 9:36A equipe dele implorou ao procurador-geral
para que dissesse a verdade -
9:36 - 9:38e não suprimisse evidências.
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9:38 - 9:39O que o procurador-geral fez?
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9:40 - 9:41Nada!
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9:41 - 9:45Ele foi lá e contou a história
das "necessidades militares". -
9:45 - 9:49A Corte manteve a condenação
de Gordon Hirabayash. -
9:49 - 9:53No ano seguinte, mantiveram
Fred Korematsu preso. -
9:53 - 9:55Agora, por que eu estava pensando nisso?
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9:55 - 9:59Porque aproximadamente 70 anos depois,
estou ocupando o mesmo cargo, -
9:59 - 10:02Chefe do Gabinete do Procurador-Geral.
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10:02 - 10:04E preciso esclarecer as coisas,
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10:04 - 10:08explicando que o governo
interpretou mal os fatos -
10:08 - 10:11no caso da prisão de japoneses.
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10:11 - 10:14E pensando na decisão da Suprema Corte
sobre as proibições de viagens, -
10:14 - 10:16me dei conta de algo.
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10:16 - 10:17Nessa decisão, a Suprema Corte
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10:17 - 10:22mudou seu entendimento e anulou
sua decisão no caso Korematsu. -
10:22 - 10:26Além do Departamento de Justiça,
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10:26 - 10:31a Suprema Corte também entendeu
que a prisão dos japoneses foi errada. -
10:32 - 10:35Essa é uma lição básica
sobre argumentação: o momento. -
10:35 - 10:39Qualquer pessoa ao fazer uma argumentação
precisa levar esse fator em consideração. -
10:39 - 10:41Em que momento deve argumentar?
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10:41 - 10:43O que conta não é só o argumento certo,
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10:43 - 10:46você precisa do argumento certo
no momento certo. -
10:46 - 10:52Quando seu público, seja sua esposa
seu chefe, seu filho, será mais receptivo? -
10:52 - 10:55Às vezes isso estará fora do seu controle.
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10:55 - 10:58A demora tem um custo muito alto,
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10:58 - 11:00então você tem que lutar
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11:00 - 11:03e pode acontecer, como foi comigo,
de ser o momento errado. -
11:03 - 11:05Foi isso que concluímos
sobre a proibição de viagens. -
11:05 - 11:11O mandato de Trump estava bem no início,
e a Suprema Corte não estava preparada -
11:11 - 11:14para anular uma iniciativa dele,
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11:14 - 11:17como não estava pronta para anular
os campos de internados -
11:17 - 11:19de nipo-americanos do Roosevelt.
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11:20 - 11:22Às vezes, você tem que correr o risco.
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11:22 - 11:25Mas é muito doloroso perder
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11:25 - 11:27e ter paciência é bem difícil.
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11:27 - 11:29Mas isso me lembra uma segunda lição.
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11:29 - 11:35Mesmo que a vitória só venha depois,
percebi o quão importante a luta é agora, -
11:35 - 11:38porque ela inspira e educa.
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11:38 - 11:43Lembro-me de ler uma coluna da Ann Coulter
sobre o banimento muçulmano, -
11:43 - 11:45que dizia o seguinte:
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11:45 - 11:48"A oposição a Trump foi feita
pelo americano de primeira geração, -
11:48 - 11:49Neal Katyal.
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11:49 - 11:52Existem tantos americanos de 10ª geração
que desprezam seu país, -
11:52 - 11:56não havia nenhum deles que poderia
explicar por que deveríamos destruir -
11:56 - 11:58nosso país com a imigração em massa?"
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11:58 - 12:03Foi ali que a emoção,
a arqui-inimiga de um bom argumento, -
12:03 - 12:04foi importante para mim.
-
12:04 - 12:09Foi necessária emoção fora do tribunal
para me levar de volta lá. -
12:09 - 12:13Quando li a coluna da Coulter,
eu fiquei furioso. -
12:14 - 12:20Repudio a ideia de que ser um americano
da primeira geração me desqualifica, -
12:20 - 12:25e que a imigração massiva
vai acabar com nosso país, -
12:25 - 12:30em vez reconhecer que ela foi literalmente
a base em que esse país foi construído. -
12:30 - 12:34Quando eu li Coulter,
pensei muito na minha história; -
12:34 - 12:38pensei no meu pai, que chegou
aqui da Índia com US$ 8 -
12:38 - 12:42e que não sabia se deveria usar
o banheiro de negros ou de brancos; -
12:42 - 12:45pensei na primeira oferta dele
de trabalho em um matadouro, -
12:45 - 12:48que não era um emprego
dos sonhos para um hindu; -
12:48 - 12:52pensei sobre quando nos mudamos
para um novo bairro em Chicago, -
12:52 - 12:54com outra família indiana
-
12:54 - 12:56que tinha uma cruz
queimada no seu quintal, -
12:56 - 13:01porque os racistas não sabiam bem
diferenciar afro-americanos de hindus; -
13:01 - 13:04e pensei em todas as cartas de ódio
que recebi no processo de Guantánamo, -
13:04 - 13:06por ser um "amante de muçulmanos".
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13:06 - 13:11De novo, os racistas não eram muito bons
em diferenciar hindus e muçulmanos. -
13:11 - 13:15Ann Coulter pensou que ser filho
de imigrante era uma fraqueza; -
13:15 - 13:18ela estava profundamente enganada.
-
13:19 - 13:21É minha força,
-
13:21 - 13:24porque eu sabia o que os EUA
deveriam representar. -
13:25 - 13:27Sabia que nos Estados Unidos,
-
13:27 - 13:32eu, o filho de um homem
que chegou aqui com US$ 8 no bolso, -
13:32 - 13:37podia me apresentar na Suprema Corte
em nome de um estrangeiro detestado, -
13:37 - 13:41na posição de motorista
de Osama bin Laden, e vencer. -
13:41 - 13:44Isso me fez perceber,
que mesmo tendo perdido o caso, -
13:44 - 13:47eu não estava errado quanto
ao banimento de muçulmanos, -
13:47 - 13:49independentemente da decisão da Corte,
-
13:49 - 13:53nada mudaria o fato
de que os imigrantes fortalecem esse país. -
13:53 - 13:57De muitas formas, os imigrantes
são os que mais amam este país. -
13:57 - 13:59Quando li as palavras da Ann Coulter,
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13:59 - 14:04pensei nas gloriosas palavras
da primeira emenda da nossa Constituição: -
14:04 - 14:08"O Congresso não deve criar nenhuma
lei estabelecendo religião". -
14:08 - 14:12Pensei no lema da nossa nação:
"E plurbis unum", -
14:12 - 14:14"de muitos, nos tornaremos um".
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14:14 - 14:16E, acima de tudo, percebi
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14:16 - 14:21que a única coisa que faz alguém
perder um argumento é desistir dele. -
14:21 - 14:24Então, me juntei a uma ação
do Congresso dos EUA -
14:24 - 14:29contestando a adição de uma questão
no censo feita pelo presidente Trump. -
14:29 - 14:31Uma decisão de implicações enormes.
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14:31 - 14:33Foi um caso muito difícil.
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14:33 - 14:37Muitos pensaram que perderíamos,
mas no fim vencemos. -
14:37 - 14:38Cinco votos contra quatro.
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14:38 - 14:44A Suprema Corte disse que Trump
e seu gabinete haviam mentido. -
14:45 - 14:48Agora eu estava recuperado
e de volta à luta, -
14:48 - 14:51e espero que cada cidadão,
à sua maneira, lute também. -
14:51 - 14:56Voltei porque acredito
que bons argumentos vencem no final. -
14:57 - 15:00O arco da justiça é longo,
e se curva, muitas vezes, lentamente, -
15:00 - 15:04mas ele se curva apenas se o curvarmos.
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15:04 - 15:08Percebi que a questão
não é como vencer cada disputa, -
15:08 - 15:11e sim como voltamos depois de perder.
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15:11 - 15:15Porque, a longo prazo,
bons argumentos vão vencer. -
15:15 - 15:17Se você tem um bom argumento,
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15:17 - 15:19isso tem o poder de ir além de você,
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15:19 - 15:21ultrapassar sua essência e existência
-
15:21 - 15:24e alcançar mentes no futuro.
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15:24 - 15:26E essa é a razão disso ser tão importante.
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15:26 - 15:30Não estou dizendo a você
como ganhar defesas só por ganhar. -
15:30 - 15:32Não se trata de um jogo.
-
15:32 - 15:36Eu estou dizendo isso,
pois mesmo que você não vença agora, -
15:36 - 15:40se tiver uma boa argumentação,
a história provará que você está certo. -
15:40 - 15:43Penso o tempo todo
naquele professor de teatro -
15:43 - 15:44e acabei constatando
-
15:44 - 15:48que eu estava segurando a mão da justiça.
-
15:48 - 15:51Aquela mão se estenderá para você,
-
15:51 - 15:56a decisão de ignorá-la
ou de continuar a segurá-la é sua. -
15:56 - 15:59Muito obrigado pela sua atenção.
- Title:
- Como vencer um debate, na Suprema Corte dos EUA, ou em qualquer lugar
- Speaker:
- Neal Katyal
- Description:
-
O segredo para vencer um debate não é uma grande retórica ou um estilo elegante, diz o litigante da Suprema Corte dos Estados Unidos Neal Katyal, é necessário muito mais do que isso. Contando alguns dos casos mais impactantes que ele apresentou diante da Corte, Katyal mostra porque a chave para elaborar um argumento persuasivo e bem-sucedido se baseia na conexão humana, empatia e fé no poder de suas ideias. "A questão não é como vencer um debate," ele diz. "É como voltar ao combate quando você perde."
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:12
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