Por que o fascismo é tão tentador e como seus dados podem fortalecê-lo
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0:01 - 0:02Olá a todos.
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0:04 - 0:08É meio engraçado, porque escrevi
que os humanos se tornarão digitais, -
0:09 - 0:11mas não achei que isso
aconteceria tão rápido -
0:11 - 0:13e que aconteceria comigo!
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0:14 - 0:16Mas aqui estou eu, como um avatar digital
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0:16 - 0:19e aí estão vocês, então vamos lá.
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0:20 - 0:22Vamos começar com uma pergunta:
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0:23 - 0:26"Quantos fascistas temos na plateia hoje?"
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0:26 - 0:28(Risos)
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0:28 - 0:30Bem, é um pouco difícil dizer
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0:30 - 0:34porque esquecemos o que é o fascismo.
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0:34 - 0:37As pessoas agora usam o termo "fascista"
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0:37 - 0:40como um tipo de uso geral do abuso.
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0:40 - 0:45Ou confundem fascismo com nacionalismo.
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0:45 - 0:50Vamos usar alguns minutos pra esclarecer
o que é o fascismo, na verdade, -
0:50 - 0:53e como ele é diferente do nacionalismo.
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0:54 - 0:59As formas mais brandas do nacionalismo
têm estado entre algumas -
0:59 - 1:01das criações humanas mais benevolentes.
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1:01 - 1:05Nações são comunidades
de milhões de estranhos -
1:05 - 1:07que não se conhecem.
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1:07 - 1:11Por exemplo, eu não conheço
os 8 milhões de pessoas -
1:11 - 1:13que compartilham
a minha cidadania israelense. -
1:14 - 1:16Mas graças ao nacionalismo,
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1:16 - 1:19todos podemos nos preocupar
uns com os outros -
1:19 - 1:20e cooperar de forma eficaz.
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1:20 - 1:22Isso é muito bom.
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1:22 - 1:27Algumas pessoas, como John Lennon,
imaginam que sem nacionalismo, -
1:28 - 1:32o mundo será um paraíso pacífico.
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1:32 - 1:33Mas, mais provavelmente,
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1:33 - 1:38sem nacionalismo,
estaríamos vivendo no caos tribal. -
1:39 - 1:44Se observarmos hoje os países
mais prósperos e pacíficos do mundo, -
1:44 - 1:48como a Suécia, Suíça e Japão,
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1:48 - 1:53veremos que eles têm
um forte senso de nacionalismo. -
1:54 - 1:58Em contraste, países que não têm
um forte senso de nacionalismo, -
1:58 - 2:04como Congo, Somália e Afeganistão,
tendem a ser violentos e pobres. -
2:05 - 2:09Então, o que é fascismo e como
ele é diferente do nacionalismo? -
2:10 - 2:15Bem, o nacionalismo me diz
que minha nação é única -
2:15 - 2:19e que tenho obrigações especiais com ela.
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2:20 - 2:25Já o fascismo me diz
que minha nação é suprema -
2:26 - 2:30e que tenho obrigações exclusivas com ela.
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2:31 - 2:36Não preciso me preocupar com ninguém
ou com nada a não ser com minha nação. -
2:36 - 2:40Normalmente, claro,
as pessoas têm muitas identidades -
2:40 - 2:43e lealdade a diferentes grupos.
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2:43 - 2:48Por exemplo, posso ser
um grande patriota, fiel ao meu país -
2:48 - 2:51e, ao mesmo tempo,
ser fiel a minha família, -
2:51 - 2:53a minha vizinhança, minha profissão,
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2:54 - 2:55à humanidade como um todo,
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2:55 - 2:57à verdade e à beleza.
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2:57 - 3:02Mas quando temos diferentes
identidades e lealdades, -
3:02 - 3:05isso pode criar conflitos e complicações.
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3:06 - 3:09Mas, quem disse que a vida é fácil?
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3:10 - 3:12A vida é complicada.
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3:12 - 3:13Lidemos com isso.
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3:14 - 3:20Fascismo é o que acontece quando
as pessoas tentam ignorar as complicações -
3:20 - 3:23e facilitar muito a própria vida delas.
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3:24 - 3:30O fascismo nega todas as identidades,
exceto a identidade nacional, -
3:30 - 3:35e insiste que tenho obrigações
somente com a minha nação. -
3:35 - 3:40Se minha nação exige
que eu sacrifique minha família, -
3:40 - 3:42então, vou sacrificar minha família.
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3:42 - 3:46Se a nação exige que eu
mate milhões de pessoas, -
3:46 - 3:49então vou matar milhões de pessoas.
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3:49 - 3:56E se minha nação exige
que eu traia a verdade e a beleza, -
3:56 - 3:59devo trair a verdade e a beleza.
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4:00 - 4:04Por exemplo, como um fascista avalia arte?
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4:05 - 4:10Como um fascista decide
se um filme é bom ou ruim? -
4:11 - 4:15É extremamente simples.
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4:15 - 4:18Existe, na verdade, apenas um critério:
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4:18 - 4:21se o filme serve aos interesses da nação,
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4:21 - 4:23é um bom filme;
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4:23 - 4:26se não serve aos interesses da nação,
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4:26 - 4:27é um filme ruim.
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4:27 - 4:29É bem por aí.
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4:29 - 4:34Do mesmo modo, como um fascista decide
o que ensinar às crianças na escola? -
4:34 - 4:36De novo, é muito simples.
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4:36 - 4:38Existe apenas um critério:
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4:38 - 4:43você ensina às crianças
o que serve aos interesses da nação. -
4:43 - 4:46A verdade não importa em nada.
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4:48 - 4:54Os horrores da Segunda Guerra Mundial
e do Holocausto nos lembram -
4:54 - 4:58das terríveis consequências
deste raciocínio. -
4:59 - 5:03Mas, geralmente, ao falarmos
sobre os males do fascismo, -
5:03 - 5:06fazemos isso de modo ineficaz,
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5:06 - 5:11pois a tendência é descrever o fascismo
como um monstro hediondo, -
5:11 - 5:15sem realmente explicar
o que havia de tão sedutor nele. -
5:15 - 5:20É um pouco como nos filmes de Hollywood
que retratam os bandidos, -
5:20 - 5:24Voldemort, Sauron ou Darth Vader,
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5:24 - 5:27como feios, malignos e cruéis.
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5:27 - 5:30Eles são cruéis até mesmo
com aqueles que os apoiam. -
5:30 - 5:33Quando vejo esses filmes, nunca entendo:
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5:33 - 5:40por que alguém ficaria tentado a seguir
um asqueroso nojento como o Voldemort? -
5:41 - 5:44O problema com o mal é que, na vida real,
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5:44 - 5:48o mal não parece necessariamente feio.
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5:48 - 5:50Ele pode parecer muito bonito.
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5:50 - 5:53E isso é algo que o cristianismo
sabia muito bem, -
5:53 - 5:57é por isso que na arte cristã,
ao contrário de Hollywood, -
5:57 - 6:01Satanás é geralmente representado
como um homem lindo. -
6:01 - 6:06É por isso que fica tão difícil
resistir às tentações de Satanás, -
6:06 - 6:11e porque também fica difícil
resistir às tentações do fascismo. -
6:11 - 6:14O fascismo faz com que as pessoas se vejam
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6:14 - 6:19como pertencendo à coisa mais bela
e mais importante do mundo: -
6:19 - 6:20a nação.
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6:20 - 6:22E então elas pensam:
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6:22 - 6:25"Nos ensinaram que o fascismo é feio,
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6:25 - 6:28mas quando me olho no espelho,
vejo algo muito bonito. -
6:28 - 6:31Não tem como eu ser um fascista, certo?"
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6:31 - 6:32Errado.
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6:32 - 6:34Esse é o problema com o fascismo.
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6:34 - 6:36Quando você se olha no espelho fascista,
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6:36 - 6:41se vê muito mais bonito
do que realmente é. -
6:41 - 6:46Na década de 1930, quando os alemães
se olharam no espelho fascista, -
6:46 - 6:50viram a Alemanha como a coisa
mais linda do mundo. -
6:50 - 6:54Se os russos se olharem
no espelho fascista hoje, -
6:54 - 6:57vão ver a Rússia como a coisa
mais linda do mundo. -
6:58 - 7:01E se os israelenses se olharem
no espelho fascista, -
7:01 - 7:05vão ver Israel como a coisa
mais linda do mundo. -
7:07 - 7:12Não significa que estejamos enfrentando
agora uma reprise da década de 1930. -
7:12 - 7:16Fascismo e ditaduras podem voltar,
-
7:16 - 7:19mas vão voltar num novo formato,
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7:19 - 7:22que é bem mais relevante
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7:22 - 7:26às novas realidades
tecnológicas do século 21. -
7:27 - 7:28Em tempos antigos,
-
7:28 - 7:32a terra era o bem
mais importante do mundo. -
7:33 - 7:37Política, portanto, era a luta
para controlar as terras. -
7:37 - 7:43E ditadura significava que todas as terras
pertenciam a um único governante -
7:43 - 7:45ou a uma pequena oligarquia.
-
7:46 - 7:51E na era moderna, as máquinas tornaram-se
mais importantes do que a terra. -
7:51 - 7:55Política tornou-se a luta
para controlar as máquinas. -
7:55 - 7:57E ditadura significava
-
7:57 - 8:01que muitas das máquinas
ficavam concentradas -
8:01 - 8:05nas mãos do governo
ou de uma pequena elite. -
8:05 - 8:10Agora os dados estão substituindo
tanto a terra quanto as máquinas -
8:10 - 8:12como o bem mais importante.
-
8:13 - 8:18Política se torna a luta
para controlar os fluxos de dados. -
8:18 - 8:21E ditadura agora significa
-
8:21 - 8:26que muitos dados estão sendo
concentrados nas mãos do governo -
8:26 - 8:28ou de uma pequena elite.
-
8:29 - 8:34O maior perigo que confronta
a democracia liberal agora -
8:34 - 8:37é que a revolução
em tecnologia da informação -
8:37 - 8:42tornará ditaduras mais eficientes
do que as democracias. -
8:43 - 8:44No século 20,
-
8:44 - 8:49a democracia e o capitalismo
derrotaram o fascismo e o comunismo, -
8:49 - 8:52pois a democracia era melhor
-
8:52 - 8:55no processamento de dados
e na tomada de decisões. -
8:55 - 8:58Devido à tecnologia do século 20,
-
8:58 - 9:04tornou-se simplesmente ineficiente
tentar concentrar muitos dados -
9:04 - 9:07e muito poder num só lugar.
-
9:07 - 9:12Mas não é uma lei da natureza
-
9:12 - 9:17que processamento centralizado de dados
seja sempre menos eficiente -
9:17 - 9:20que o processamento distribuído de dados.
-
9:21 - 9:24Com o surgimento da IA
e do aprendizado de máquina, -
9:24 - 9:30talvez torne-se viável processar
enormes quantidades de informação -
9:30 - 9:33muito eficientemente num lugar,
-
9:33 - 9:36tomar todas as decisões num só lugar,
-
9:36 - 9:40e, assim, o processamento centralizado
de dados será mais eficiente -
9:40 - 9:43que o processamento distribuído de dados.
-
9:43 - 9:47E, então, a principal desvantagem
de regimes autoritários -
9:47 - 9:48no século 20,
-
9:48 - 9:53a tentativa deles de concentrar
todas as informações num só lugar, -
9:53 - 9:56se tornará a maior vantagem deles.
-
9:59 - 10:04Outro perigo tecnológico
que ameaça o futuro da democracia -
10:04 - 10:09é a fusão da tecnologia da informação
com a biotecnologia, -
10:09 - 10:13o que pode resultar
na criação de algoritmos -
10:13 - 10:17que me conhecem melhor
do que eu me conheço. -
10:18 - 10:20E uma vez em posse desses algoritmos,
-
10:20 - 10:23um sistema externo, como o governo,
-
10:23 - 10:26pode não apenas prever minhas decisões,
-
10:26 - 10:30mas também pode manipular
meus sentimentos, minhas emoções. -
10:31 - 10:36Um ditador pode não ser capaz
de me fornecer boa assistência médica, -
10:36 - 10:39mas será capaz de me fazer amá-lo
-
10:39 - 10:42e me fazer odiar a oposição.
-
10:43 - 10:48Será difícil para a democracia
sobreviver a tal desenvolvimento -
10:49 - 10:51porque, no final,
-
10:51 - 10:55a democracia não é baseada
na racionalidade humana, -
10:55 - 10:57mas em sentimentos humanos.
-
10:58 - 11:01Durante eleições e referendos,
-
11:01 - 11:04não estão te perguntando:
"Qual é a sua opinião?" -
11:04 - 11:07Na verdade, estão te perguntando:
"Como você está se sentindo?" -
11:08 - 11:13E se alguém puder manipular
suas emoções efetivamente, -
11:13 - 11:17a democracia se tornará um show
emocional de marionetes. -
11:18 - 11:23Então, o que podemos fazer
pra evitar o retorno do fascismo -
11:23 - 11:25e o surgimento de novas ditaduras?
-
11:26 - 11:32A primeira questão que enfrentamos é:
quem controla os dados? -
11:33 - 11:34Se você for engenheiro,
-
11:35 - 11:38encontre formas de evitar que muitos dados
-
11:39 - 11:41sejam concentrados nas mãos de poucos.
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11:42 - 11:45E encontre formas de se certificar
-
11:45 - 11:49que o processamento distribuído de dados
seja, pelo menos, tão eficiente -
11:49 - 11:52quanto o processamento
centralizado de dados. -
11:52 - 11:56Esta será a melhor proteção
para a democracia. -
11:56 - 11:59Quanto ao restante de nós
que não somos engenheiros, -
11:59 - 12:03a questão número um que enfrentamos
-
12:03 - 12:07é como não permitir sermos manipulados
-
12:07 - 12:10por aqueles que controlam os dados.
-
12:11 - 12:15Os inimigos da democracia liberal
têm um método. -
12:16 - 12:18Eles reprogramam nossos sentimentos.
-
12:18 - 12:21Não nossos e-mails,
nem nossas contas bancárias. -
12:21 - 12:26Eles reprogramam nossos sentimentos
de medo, ódio e vaidade, -
12:26 - 12:28e depois usam esses sentimentos
-
12:28 - 12:32para polarizar e destruir
a democracia a partir de dentro. -
12:33 - 12:35Este é um método pioneiro,
-
12:35 - 12:40usado pelo Vale do Silício,
para nos vender produtos. -
12:40 - 12:45Mas agora, os inimigos da democracia
estão usando esse mesmo método -
12:45 - 12:49para nos vender medo, ódio e vaidade.
-
12:50 - 12:54Eles não podem criar
esses sentimentos do nada. -
12:54 - 12:58Eles aprendem a reconhecer
nossas próprias fraquezas preexistentes, -
12:58 - 13:01e depois as usam contra nós.
-
13:01 - 13:05Portanto, é nossa responsabilidade
-
13:05 - 13:08conhecermos nossas fraquezas
-
13:08 - 13:11e garantirmos que elas
não se tornem uma arma -
13:11 - 13:14nas mãos dos inimigos da democracia.
-
13:15 - 13:18Conhecer nossas próprias fraquezas
-
13:18 - 13:23também nos ajudará a evitar
a armadilha do espelho fascista. -
13:24 - 13:28Como expliquei anteriormente,
o fascismo explora nossa vaidade -
13:29 - 13:35e isso faz com que nos vejamos
bem mais bonitos do que realmente somos. -
13:35 - 13:36Essa é a sedução.
-
13:36 - 13:39Mas se vocês realmente se conhecem,
-
13:39 - 13:42não vão cair por este tipo de bajulação.
-
13:43 - 13:47Se colocarem um espelho a sua frente,
-
13:47 - 13:52que esconde o seu lado feio
e faz com que se veja -
13:52 - 13:56muito mais bonito e mais importante
-
13:56 - 13:58do que você realmente é,
-
13:58 - 14:01simplesmente quebre esse espelho.
-
14:02 - 14:03Obrigado.
-
14:03 - 14:05(Aplausos)
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14:11 - 14:13Chris Anderson: Yuval, obrigado.
-
14:13 - 14:14Incrível!
-
14:14 - 14:16É muito bom te ver de novo.
-
14:16 - 14:18Se entendi direito,
-
14:18 - 14:20você está nos alertando
para dois grandes perigos: -
14:20 - 14:25um deles é o possível ressurgimento
de uma forma sedutora de fascismo, -
14:25 - 14:29mas, junto a isso, ditaduras que podem
não ser exatamente fascistas, -
14:29 - 14:32mas que controlem todos os dados.
-
14:32 - 14:34Eu me pergunto se existe
uma terceira preocupação, -
14:34 - 14:36que algumas pessoas aqui já expressaram,
-
14:36 - 14:41de que não os governos, mas grandes
corporações controlam todos nossos dados. -
14:41 - 14:45Como você chama isso, e deveríamos
ficar preocupados com isso? -
14:45 - 14:48Yuval Noah Harari: Bem, no final,
não há uma diferença tão grande -
14:48 - 14:50entre as corporações e os governos,
-
14:50 - 14:54pois, como eu disse, a pergunta é:
quem controla os dados? -
14:54 - 14:55Este é o verdadeiro governo.
-
14:55 - 14:58Se você chama de corporação ou governo...
-
14:58 - 15:01se é uma corporação
e realmente controla os dados, -
15:01 - 15:03este é o nosso verdadeiro governo.
-
15:03 - 15:06Então a diferença
é mais aparente do que real. -
15:07 - 15:09CA: Mas, de alguma forma,
pelo menos com corporações, -
15:09 - 15:13podemos imaginar mecanismos de mercado
nos quais eles possam ser retirados. -
15:13 - 15:15Se os consumidores decidirem
-
15:15 - 15:18que a empresa não está mais
atendendo ao interesse deles, -
15:18 - 15:19isso abre a porta para outro mercado.
-
15:19 - 15:21Parece mais fácil imaginar isso
-
15:21 - 15:24do que, digamos, cidadãos
se rebelando e derrubando um governo -
15:24 - 15:26que esteja no controle de tudo.
-
15:26 - 15:28YNH: Ainda não chegamos lá,
-
15:28 - 15:33mas, novamente, se uma corporação
te conhece melhor do que você se conhece, -
15:33 - 15:38ou pelo menos que ela possa manipular
suas emoções e desejos mais profundos, -
15:38 - 15:40e você nem vai perceber,
-
15:40 - 15:42você achará que esse é o seu eu autêntico.
-
15:43 - 15:47Em teoria, sim, você pode se rebelar
contra uma corporação, -
15:47 - 15:51assim como, em teoria, você pode
se rebelar contra uma ditadura. -
15:51 - 15:54Mas na prática, é extremamente difícil.
-
15:55 - 15:59CA: No livro "Homo Deus" você
discute que este seria o século -
15:59 - 16:03no qual humanos meio
que se tornariam deuses, -
16:03 - 16:06quer seja pelo desenvolvimento
da inteligência artificial -
16:06 - 16:09quer seja pela engenharia genética.
-
16:09 - 16:14Essa perspectiva de mudança,
de colapso do sistema político, -
16:14 - 16:17impactou a sua opinião
sobre essa possibilidade? -
16:18 - 16:21YNH: Acho que isso
deixa ainda mais provável -
16:21 - 16:24e muito provavelmente
irá acontecer mais rápido, -
16:24 - 16:29pois, em tempos de crise, as pessoas
estão dispostas a assumir riscos -
16:29 - 16:31que não assumiriam em outra época.
-
16:31 - 16:33E elas estão dispostas a tentar
-
16:34 - 16:37todo tipo de tecnologias
de alto risco e de alto ganho. -
16:38 - 16:42Então, esse tipo de crise
pode ter a mesma função -
16:42 - 16:45que as duas guerras mundiais no século 20.
-
16:45 - 16:52Elas aceleraram muito o desenvolvimento
de tecnologias novas e perigosas. -
16:52 - 16:55A mesma coisa pode acontecer no século 21.
-
16:56 - 17:00Quero dizer, é preciso ser meio louco
para acelerar muito, digamos, -
17:00 - 17:02a engenharia genética.
-
17:02 - 17:05Mas agora temos cada vez mais
pessoas malucas -
17:05 - 17:08no comando de diferentes países do mundo,
-
17:08 - 17:11então as chances são maiores, não menores.
-
17:12 - 17:15CA: Então, considerando tudo, Yuval,
você tem uma visão única. -
17:15 - 17:17Adiante o relógio em 30 anos.
-
17:17 - 17:20Qual é o seu palpite: a humanidade
de alguma forma passa raspando, -
17:20 - 17:23olha para trás e diz:
"Ufa, essa foi por pouco. Conseguimos!" -
17:23 - 17:25Ou não?
-
17:25 - 17:28YNH: Até agora, conseguimos
superar todas as crises anteriores. -
17:28 - 17:31E especialmente, se observarmos
a democracia liberal -
17:31 - 17:34e acharmos que as coisas estão ruins agora
-
17:34 - 17:41vamos nos lembrar do quanto pior
estava tudo em 1938 ou em 1968. -
17:41 - 17:44Então, isso não é nada,
é apenas uma pequena crise. -
17:44 - 17:46Mas nunca se sabe,
-
17:46 - 17:48pois, como historiador,
-
17:48 - 17:53sei que jamais deveríamos
subestimar a estupidez humana. -
17:53 - 17:55(Risos) (Aplausos)
-
17:55 - 17:58É uma das forças mais poderosas
que molda a história. -
17:59 - 18:02CA: Foi um imenso prazer
ter você aqui conosco. -
18:02 - 18:05Obrigado por fazer a viagem virtual.
Tenha uma ótima noite aí em Tel Aviv. -
18:05 - 18:06Yuval Harari!
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18:06 - 18:08YNH: Muito obrigado.
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18:08 - 18:10(Aplausos)
- Title:
- Por que o fascismo é tão tentador e como seus dados podem fortalecê-lo
- Speaker:
- Yuval Noah Harari
- Description:
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Numa palestra profunda sobre tecnologia e poder, o autor e historiador Yuval Noah Harari explica a importante diferença entre fascismo e nacionalismo e o que significa a consolidação de nossos dados para o futuro da democracia. Aparecendo no palco como um holograma ao vivo de Tel Aviv, Harari adverte que o maior perigo que agora confronta a democracia liberal é que a revolução na tecnologia da informação tornará as ditaduras mais eficientes e capazes de assumir o controle. "Os inimigos da democracia liberal podem reprogramar nossos sentimentos de medo, ódio e vaidade, e depois usá-los para polarizar e destruir", diz Harari. "É responsabilidade de todos nós conhecer nossas fraquezas e garantir que elas não se transformem em armas." (Seguido por uma breve conversa com o curador do TED, Chris Anderson)
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:22
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Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for Why fascism is so tempting -- and how your data could power it | |
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Carolina Aguirre accepted Portuguese, Brazilian subtitles for Why fascism is so tempting -- and how your data could power it | |
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