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A ascensão dos novos super-ricos mundiais

  • 0:01 - 0:06
    Este é o facto económico
    mais importante do nosso tempo.
  • 0:06 - 0:10
    Vivemos numa era de aumento
    da desigualdade de rendimentos
  • 0:10 - 0:13
    especialmente entre os que estão no topo
  • 0:13 - 0:15
    e todos os outros.
  • 0:15 - 0:19
    Esta mudança é mais chocante
    nos EUA e no Reino Unido
  • 0:19 - 0:21
    mas é um fenómeno global.
  • 0:21 - 0:23
    Está a acontecer na China comunista,
  • 0:23 - 0:25
    na Rússia anteriormente comunista.
  • 0:25 - 0:28
    Está a acontecer na Índia
    e no meu país natal, o Canadá.
  • 0:28 - 0:31
    Estamos a vê-lo em
    democracias sociais confortáveis
  • 0:31 - 0:35
    como a Suécia, a Finlândia e a Alemanha.
  • 0:35 - 0:39
    Vou mostrar-vos alguns números
    para perceberem o que está a acontecer.
  • 0:39 - 0:42
    Nos anos 70, o "1%"
  • 0:42 - 0:46
    representava cerca de 10%
    do rendimento nacional
  • 0:46 - 0:48
    nos Estados Unidos da América.
  • 0:48 - 0:51
    Hoje, a sua parcela mais do que duplicou
  • 0:51 - 0:53
    para cima dos 20%.
  • 0:53 - 0:55
    O que ainda é mais impressionante
  • 0:55 - 0:58
    é o que está a acontecer no topo do topo
  • 0:58 - 1:00
    da distribuição de rendimentos.
  • 1:00 - 1:04
    O "0,1%" nos Estados Unidos da América
  • 1:04 - 1:08
    representa hoje mais de 8%
    do rendimento nacional.
  • 1:08 - 1:13
    Está onde estava o "1%" há 30 anos .
  • 1:13 - 1:16
    Vou mostrar-vos outro número
    para pôr isto em perspetiva.
  • 1:16 - 1:21
    É um número que foi calculado em 2005
    por Robert Reich,
  • 1:21 - 1:24
    o Secretário do Trabalho
    na administração Clinton.
  • 1:24 - 1:29
    Reich pegou na riqueza de dois homens
    reconhecidamente riquíssimos,
  • 1:29 - 1:32
    Bill Gates e Warren Buffett,
  • 1:32 - 1:34
    e descobriu que era equivalente
  • 1:34 - 1:39
    à riqueza de 40% da população mais pobre
    dos Estados Unidos da América,
  • 1:39 - 1:42
    ou seja, 120 milhões de pessoas.
  • 1:42 - 1:44
    Na realidade,
  • 1:44 - 1:47
    Warren Buffett não é apenas um plutocrata,
  • 1:47 - 1:51
    é um dos observadores
    mais astutos deste fenómeno
  • 1:51 - 1:55
    e tem o seu próprio número preferido.
  • 1:55 - 1:58
    Buffett gosta de dizer que, em 1992,
  • 1:58 - 2:03
    a riqueza combinada das pessoas
    na lista 400 da Forbes
  • 2:03 - 2:06
    — é a lista dos 400 norte-americanos
    mais ricos —
  • 2:06 - 2:09
    era de 300 mil milhões de dólares.
  • 2:09 - 2:10
    Pensem nisso.
  • 2:10 - 2:12
    Nem era preciso ser-se um multimilionário
  • 2:12 - 2:15
    para fazer parte daquela lista em 1992.
  • 2:15 - 2:19
    Hoje, esse número mais que quintuplicou
  • 2:19 - 2:22
    para 1,7 biliões.
  • 2:22 - 2:24
    Provavelmente, não preciso dizer-vos
  • 2:24 - 2:28
    que não vimos acontecer
    nada de semelhante à classe média,
  • 2:28 - 2:32
    cuja riqueza estagnou,
    se é que não diminuiu.
  • 2:33 - 2:37
    Assim, estamos a viver
    na era da plutocracia global
  • 2:37 - 2:39
    mas levámos tempo a dar por isso.
  • 2:39 - 2:41
    Uma das razões, penso eu,
  • 2:41 - 2:44
    é como a história da rã
    que está a ser cozida.
  • 2:44 - 2:46
    As mudanças que são lentas e graduais
  • 2:46 - 2:48
    podem ser difíceis de notar,
  • 2:48 - 2:51
    mesmo que o seu impacto final
    seja dramático.
  • 2:51 - 2:54
    Pensem no que acabou
    por acontecer à pobre rã.
  • 2:54 - 2:57
    Mas creio que acontecem outras coisas.
  • 2:57 - 2:59
    Falar sobre a desigualdade de rendimentos,
  • 2:59 - 3:01
    mesmo que não estejamos
    na lista 400 da Forbes,
  • 3:01 - 3:03
    pode fazer-nos sentir desconfortáveis.
  • 3:03 - 3:07
    Parece menos positivo, menos otimista
  • 3:07 - 3:09
    falar sobre como o bolo é dividido
  • 3:09 - 3:12
    do que pensar em como aumentar o bolo.
  • 3:12 - 3:15
    E se, por acaso,
    estamos na lista 400 da Forbes,
  • 3:15 - 3:17
    pode ser muito ameaçador
  • 3:17 - 3:19
    falar sobre a distribuição de rendimentos
  • 3:19 - 3:24
    e, inevitavelmente, sobre a sua prima,
    a redistribuição de rendimentos,
  • 3:25 - 3:29
    Vivemos, pois, na era do aumento
    da desigualdade de rendimentos,
  • 3:29 - 3:30
    especialmente no topo.
  • 3:30 - 3:34
    O que é que o motiva
    e o que é que podemos fazer?
  • 3:34 - 3:38
    Há um conjunto de causas políticas:
  • 3:38 - 3:43
    impostos mais baixos, desregulamentação,
    em particular dos serviços financeiros,
  • 3:43 - 3:48
    privatizações, menores proteções legais
    para os sindicatos.
  • 3:49 - 3:51
    Todos estes fatores contribuíram
  • 3:51 - 3:55
    para os rendimentos se acumularem
    cada vez mais para o topo do topo.
  • 3:55 - 3:58
    Muitos destes fatores políticos
    podem ser agrupados genericamente
  • 3:58 - 4:02
    na categoria de
    "capitalismo de compadrio",
  • 4:02 - 4:04
    alterações políticas
    que beneficiam um grupo
  • 4:04 - 4:06
    de privilegiados bem relacionados
  • 4:06 - 4:10
    mas não beneficiam os outros.
  • 4:10 - 4:12
    Na prática, é incrivelmente difícil
  • 4:12 - 4:15
    livrarmo-nos do capitalismo de compadrio.
  • 4:15 - 4:19
    Pensem nos reformadores de várias cores
    que, ao longo dos anos,
  • 4:19 - 4:22
    tentaram livrar-se da corrupção
    na Rússia, por exemplo,
  • 4:22 - 4:25
    ou como é difícil voltar
    a regulamentar os bancos
  • 4:25 - 4:28
    mesmo depois da crise financeira
    mais profunda
  • 4:28 - 4:30
    desde a Grande Depressão.
  • 4:30 - 4:35
    Ou como é difícil fazer com que
    as grandes empresas multinacionais,
  • 4:35 - 4:38
    incluindo aquelas cujo lema podia ser
    "não pratiquem o mal"
  • 4:38 - 4:41
    paguem impostos a uma taxa
    que minimamente se aproxime
  • 4:41 - 4:43
    da que é paga pela classe média.
  • 4:43 - 4:46
    Embora, na prática, seja realmente difícil
  • 4:46 - 4:48
    eliminar o capitalismo de compadrio,
  • 4:48 - 4:52
    pelo menos intelectualmente,
    é um problema fácil.
  • 4:52 - 4:57
    Afinal, ninguém defende
    o capitalismo de compadrio.
  • 4:57 - 5:00
    É uma das raras questões
  • 5:00 - 5:03
    que une a esquerda e a direita.
  • 5:03 - 5:05
    A crítica ao capitalismo de compadrio
  • 5:05 - 5:10
    é tão central ao Tea Party
    como ao Ocuppy Wall Street.
  • 5:11 - 5:15
    Mas se o capitalismo de compadrio
    é a parte fácil do problema,
  • 5:15 - 5:17
    pelo menos intelectualmente,
  • 5:17 - 5:18
    as coisas tornam-se mais complicadas
  • 5:18 - 5:21
    quando olhamos
    para os responsáveis económicos
  • 5:21 - 5:23
    que fazem aumentar
    a desigualdade de rendimentos.
  • 5:23 - 5:26
    Em si mesmos, não são nenhum mistério.
  • 5:26 - 5:29
    A globalização e a revolução tecnológica,
  • 5:29 - 5:32
    as duas transformações económicas gémeas
  • 5:32 - 5:34
    que estão a transformar a nossa vida
  • 5:34 - 5:36
    e a transformar a economia global,
  • 5:36 - 5:39
    também estão a fomentar
    a ascensão dos super-ricos.
  • 5:39 - 5:41
    Pensem só.
  • 5:41 - 5:43
    Pela primeira vez na nossa História,
  • 5:43 - 5:46
    se formos um empresário enérgico
  • 5:46 - 5:47
    com uma ideia nova brilhante
  • 5:47 - 5:50
    ou um produto novo fantástico,
  • 5:50 - 5:54
    temos acesso quase instantâneo,
    quase sem fricções,
  • 5:54 - 5:57
    a um mercado global de mais
    de mil milhões de pessoas.
  • 5:58 - 6:01
    Em consequência,
    se formos muito, muito espertos,
  • 6:01 - 6:03
    e tivermos muita, muita sorte,
  • 6:03 - 6:06
    podemos ficar muito, muito ricos
  • 6:06 - 6:09
    muito, muito depressa.
  • 6:09 - 6:11
    O último rapaz-emblemático deste fenómeno
  • 6:11 - 6:13
    é David Karp.
  • 6:13 - 6:16
    O fundador de Tumblr, de 26 anos,
  • 6:16 - 6:19
    vendeu há pouco a sua empresa ao Yahoo
  • 6:19 - 6:22
    por 1100 milhões de dólares.
  • 6:22 - 6:24
    Pensem nisso por instantes:
  • 6:24 - 6:28
    Mil e cem milhões de dólares, 26 anos!
  • 6:28 - 6:33
    É mais fácil ver como
    a revolução tecnológica e a globalização
  • 6:33 - 6:35
    estão a criar este tipo
    de efeito superestrela
  • 6:35 - 6:37
    em campos extremamente visíveis,
  • 6:37 - 6:39
    como o desporto e o entretenimento.
  • 6:39 - 6:42
    Todos vemos como um atleta fantástico
  • 6:42 - 6:47
    ou um ator fantástico
    podem hoje, como nunca,
  • 6:47 - 6:51
    projetar as suas aptidões
    pela economia global.
  • 6:51 - 6:53
    Mas hoje, o efeito superestrela
  • 6:53 - 6:56
    está a ocorrer em toda a economia.
  • 6:56 - 6:58
    Temos tecnólogos superestrelas.
  • 6:58 - 7:00
    Temos banqueiros superestrelas.
  • 7:00 - 7:03
    Temos advogados superestrelas
    e arquitetos superestrelas.
  • 7:03 - 7:04
    Há cozinheiros superestrelas
  • 7:04 - 7:06
    e agricultores superestrelas.
  • 7:06 - 7:09
    Até há dentistas superestrelas,
  • 7:09 - 7:11
    — e este é o meu exemplo preferido —
  • 7:11 - 7:13
    entre os quais o exemplar mais eletrizante
  • 7:13 - 7:17
    é Bernard Touati, o francês
    que fabrica os sorrisos
  • 7:17 - 7:19
    das superestrelas,
  • 7:19 - 7:21
    como o oligarca russo Roman Abramovich
  • 7:21 - 7:24
    ou a estilista norte-americana,
    nascida na Europa,
  • 7:24 - 7:26
    Diane von Furstenberg.
  • 7:26 - 7:29
    Embora seja muito fácil
    ver como a globalização
  • 7:29 - 7:31
    e a revolução tecnológica
  • 7:31 - 7:34
    estão a criar esta plutocracia global,
  • 7:34 - 7:38
    é muito mais difícil imaginar
    o que pensarmos sobre isso.
  • 7:38 - 7:42
    Isso porque, em contraste
    com o capitalismo de compadrio,
  • 7:42 - 7:46
    grande parte do que a globalização
    e a revolução tecnológica fizeram
  • 7:46 - 7:48
    é extremamente positivo.
  • 7:48 - 7:50
    Comecemos pela tecnologia.
  • 7:50 - 7:53
    Adoro a Internet.
    Adoro os meus dispositivos móveis.
  • 7:53 - 7:55
    Adoro o facto de eles significarem
  • 7:55 - 7:59
    que, quem quiser, pode ver esta palestra
  • 7:59 - 8:01
    muito longe deste auditório.
  • 8:01 - 8:04
    Sou mais do que fã da globalização.
  • 8:04 - 8:08
    Esta é a transformação
    que fez sair da pobreza
  • 8:08 - 8:11
    centenas de milhões das pessoas
    mais pobres do mundo
  • 8:11 - 8:13
    que acederam à classe média.
  • 8:13 - 8:16
    Se, por acaso, vivemos
    na parte mais rica do mundo,
  • 8:16 - 8:20
    tornou acessíveis muitos produtos novos
  • 8:20 - 8:22
    — quem é que julgam
    que construiu o vosso iPhone? —
  • 8:22 - 8:26
    e tornou muito mais baratas
    coisas de que desfrutamos há muito tempo.
  • 8:26 - 8:29
    Pensem na máquina
    de lavar loiça ou numa "t-shirt".
  • 8:29 - 8:31
    Então, de que é que não gostamos?
  • 8:31 - 8:33
    De algumas coisas.
  • 8:33 - 8:35
    Uma das coisas que me preocupa
  • 8:35 - 8:39
    é a facilidade com que
    a plutocracia meritocrática
  • 8:39 - 8:42
    pode tornar-se em plutocracia de compadrio.
  • 8:42 - 8:44
    Imaginem que são um empresário brilhante
  • 8:44 - 8:47
    que vendeu com êxito
    uma ideia ou um produto
  • 8:47 - 8:49
    aos milhares de milhões globais
  • 8:49 - 8:52
    e ficou multimilionário com isso.
  • 8:52 - 8:57
    Nessa altura, ele é tentado
    a usar o seu bom senso económico
  • 8:57 - 9:01
    para manipular as regras
    de economia política global
  • 9:01 - 9:03
    em seu próprio benefício.
  • 9:03 - 9:06
    Isto não é um exemplo
    meramente hipotético.
  • 9:06 - 9:10
    Pensem na Amazon, na Apple,
    no Google, no Starbucks.
  • 9:10 - 9:13
    Estão entre as empresas mundiais
    mais admiradas,
  • 9:13 - 9:15
    mais adoradas, mais inovadoras.
  • 9:15 - 9:18
    Também acontece
    que são especialmente adeptas
  • 9:18 - 9:21
    em manobrar o sistema fiscal internacional
  • 9:21 - 9:25
    de modo a baixar muito significativamente
    a sua fatura fiscal.
  • 9:25 - 9:29
    E porquê deixar de jogar
    com o sistema politico e económico global,
  • 9:29 - 9:31
    tal como ele existe,
  • 9:31 - 9:34
    para o nosso maior benefício?
  • 9:34 - 9:38
    Depois de se ter o tremendo
    poder económico
  • 9:38 - 9:41
    que vemos no topo do topo
    da distribuição de rendimentos
  • 9:41 - 9:44
    e o poder politico
    que ele inevitavelmente atrai,
  • 9:44 - 9:47
    também se torna tentador
  • 9:47 - 9:50
    começar a tentar alterar as regras do jogo
  • 9:50 - 9:52
    a nosso favor.
  • 9:52 - 9:55
    Mais uma vez, isto não é hipotético.
  • 9:55 - 9:57
    Foi o que os oligarcas russos fizeram
  • 9:57 - 10:00
    quando criaram a privatização
    venda-do-século
  • 10:00 - 10:02
    dos recursos naturais da Rússia.
  • 10:02 - 10:04
    É uma forma de descrever o que aconteceu
  • 10:04 - 10:07
    com a desregulamentação
    dos serviços financeiros
  • 10:07 - 10:08
    nos EUA e no Reino Unido.
  • 10:08 - 10:10
    Há outra coisa que me preocupa.
  • 10:10 - 10:13
    É como facilmente
    a plutocracia meritocrática
  • 10:13 - 10:16
    se pode tornar em aristocracia.
  • 10:16 - 10:18
    Uma forma de descrever os plutocratas
  • 10:18 - 10:20
    é como "geeks" alfa.
  • 10:20 - 10:22
    São pessoas que têm
    uma consciência profunda
  • 10:22 - 10:24
    de como são importantes.
    na economia atual,
  • 10:24 - 10:28
    as aptidões analítica e quantitativa,
    altamente sofisticadas.
  • 10:29 - 10:31
    É por isso que eles gastam
  • 10:31 - 10:34
    tempo e recursos, como nunca,
  • 10:34 - 10:36
    para educar os seus filhos.
  • 10:36 - 10:39
    A classe média também gasta mais no ensino
  • 10:39 - 10:41
    mas, na corrida global
    às armas educativas,
  • 10:41 - 10:43
    que começa na creche
  • 10:43 - 10:47
    e termina em Harvard, Stanford ou no MIT,
  • 10:47 - 10:50
    os 99% são cada vez mais ultrapassados
  • 10:50 - 10:52
    pelos "1%".
  • 10:52 - 10:56
    O resultado é uma coisa que
    os economistas Alan Krueger e Miles Corak
  • 10:56 - 10:59
    chamam a "Curva do Grande Gatsby".
  • 10:59 - 11:01
    À medida que aumenta
    a desigualdade de rendimentos,
  • 11:01 - 11:04
    diminui a mobilidade social.
  • 11:04 - 11:07
    A plutocracia pode ser uma meritocracia
  • 11:07 - 11:10
    mas cada vez é mais necessário
  • 11:10 - 11:14
    nascer no degrau de cima da escada
    para conseguir participar nessa corrida.
  • 11:14 - 11:17
    A terceira coisa,
    que é a que mais me preocupa,
  • 11:17 - 11:21
    é até que ponto essas mesmas forças
    bastante positivas
  • 11:21 - 11:24
    que estão a promover
    a ascensão da plutocracia global
  • 11:24 - 11:28
    também estão a corroer a classe média
  • 11:28 - 11:31
    nas economias industrializadas ocidentais.
  • 11:31 - 11:33
    Comecemos pela tecnologia.
  • 11:33 - 11:36
    Essas mesmas forças
    que estão a criar multimilionários
  • 11:36 - 11:40
    também estão a devorar muitos empregos
    tradicionalmente da classe média.
  • 11:40 - 11:43
    Quando foi a última vez
    que utilizaram um agente de viagens?
  • 11:43 - 11:46
    Em contraste com a revolução industrial,
  • 11:46 - 11:48
    os titãs da nossa nova economia
  • 11:48 - 11:51
    não estão a criar muitos empregos novos.
  • 11:51 - 11:55
    No seu auge, a GM empregava
    centenas de milhares.
  • 11:55 - 11:58
    O Facebook emprega menos de 10 000.
  • 11:58 - 12:00
    O mesmo se passa com a globalização.
  • 12:00 - 12:03
    Embora esteja a libertar da pobreza
  • 12:03 - 12:06
    centenas de milhões de pessoas,
    nos mercados emergentes,
  • 12:06 - 12:09
    também está a roubar muitos empregos
  • 12:09 - 12:11
    às economias ocidentais desenvolvidas.
  • 12:11 - 12:14
    A terrível realidade é que
  • 12:14 - 12:16
    não há nenhuma regra económica
  • 12:16 - 12:19
    que traduza automaticamente
  • 12:19 - 12:21
    o aumento do crescimento económico
  • 12:21 - 12:23
    em prosperidade amplamente partilhada.
  • 12:23 - 12:26
    Isso vê-se naquilo que eu considero ser
  • 12:26 - 12:29
    a estatística económica
    mais assustadora do nosso tempo.
  • 12:30 - 12:34
    Desde o final dos anos 90 que
    os aumentos de produtividade
  • 12:34 - 12:36
    aumentaram dez vezes
    em relação aos aumentos
  • 12:36 - 12:38
    em salários e emprego.
  • 12:38 - 12:41
    Isso significa que os nossos países
    estão a ficar mais ricos,
  • 12:41 - 12:44
    as nossas empresas
    estão a ficar mais eficazes,
  • 12:44 - 12:46
    mas não estão a criar mais empregos
  • 12:46 - 12:49
    e, no conjunto, não estamos
    a pagar melhor às pessoas.
  • 12:50 - 12:54
    Uma conclusão assustadora
    que podemos retirar disto tudo
  • 12:54 - 12:58
    é a preocupação
    com o desemprego estrutural.
  • 12:58 - 13:01
    O que me preocupa mais
    é um cenário de pesadelo diferente.
  • 13:01 - 13:04
    Afinal, num mercado de trabalho
    completamente livre
  • 13:04 - 13:07
    podemos encontrar empregos
    para quase toda a gente.
  • 13:07 - 13:09
    A distopia que me preocupa
  • 13:09 - 13:13
    é um universo em que alguns génios
  • 13:13 - 13:15
    inventem um Google e outro qualquer afim
  • 13:15 - 13:19
    e as restantes pessoas
    trabalhem para eles como massagistas.
  • 13:20 - 13:23
    Por isso, quando me sinto
    mesmo deprimida com isto tudo,
  • 13:23 - 13:26
    reconforto-me pensando
    na Revolução Industrial.
  • 13:27 - 13:30
    Afinal, apesar daquelas fábricas
    tristes e satânicas,
  • 13:30 - 13:33
    funcionou bastante bem, não foi?
  • 13:33 - 13:40
    Afinal, todos nós aqui somos mais ricos,
    mais saudáveis, mais altos
  • 13:40 - 13:42
    — bem, há algumas exceções —
  • 13:42 - 13:45
    e vivemos mais tempo
    do que os nossos antepassados
  • 13:45 - 13:47
    no início do século XIX.
  • 13:47 - 13:49
    Mas é importante recordar
  • 13:49 - 13:52
    que, antes de aprendermos a partilhar
  • 13:52 - 13:54
    os frutos da Revolução Industrial
  • 13:54 - 13:56
    com os amplos setores da sociedade,
  • 13:56 - 14:00
    tivemos que passar por duas depressões,
  • 14:00 - 14:02
    a Grande Depressão dos anos 30,
  • 14:02 - 14:05
    a Longa Depressão da década de 1870,
  • 14:05 - 14:07
    duas guerras mundiais,
  • 14:07 - 14:10
    revoluções comunistas
    na Rússia e na China,
  • 14:10 - 14:15
    e uma era de terrível perturbação
    social e política no Ocidente.
  • 14:15 - 14:18
    Não por acaso, também passámos
  • 14:18 - 14:23
    por uma era de invenções
    sociais e políticas tremendas.
  • 14:23 - 14:25
    Criámos o estado social moderno.
  • 14:25 - 14:27
    Criámos o ensino público.
  • 14:27 - 14:29
    Criámos o serviço de saúde público.
  • 14:29 - 14:30
    Criámos as pensões públicas.
  • 14:30 - 14:32
    Criámos os sindicatos.
  • 14:32 - 14:37
    Hoje em dia, vivemos numa era
    de transformação económica
  • 14:37 - 14:40
    comparável, em escala e em âmbito,
  • 14:40 - 14:42
    à Revolução Industrial.
  • 14:42 - 14:46
    Para garantirmos que esta nova economia
    nos beneficie a todos
  • 14:46 - 14:48
    e não apenas aos plutocratas,
  • 14:48 - 14:51
    precisamos de entrar numa era
    de mudança social e política
  • 14:51 - 14:53
    comparavelmente ambiciosa.
  • 14:53 - 14:56
    Precisamos de um novo "New Deal".
  • 14:56 - 15:00
    (Aplausos)
Title:
A ascensão dos novos super-ricos mundiais
Speaker:
Chrystia Freeland
Description:

A tecnologia está a avançar aos saltos e aos pulos — e a desigualdade económica também, diz a escritora Chrystia Freeland. Numa palestra apaixonante, descreve a ascensão duma nova classe de plutocratas (os que são extremamente poderosos porque são extremamente ricos) e sugere que são a globalização e as novas tecnologias que estão a alimentar, em vez de reduzir, o fosso dos rendimentos globais. Freeland sublinha três problemas com a plutocracia... e um lampejo de esperança.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:24

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