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Somos todos poeira estelar- e por que devemos nos sentir grandiosos | Dr. Natalie Hinkel | TEDxNashville

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    Sou uma astrofísica planetária.
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    (Vivas) (Aplausos)
  • 0:14 - 0:15
    Obrigada.
  • 0:16 - 0:19
    Eu inventei esse título.
  • 0:19 - 0:21
    (Risos)
  • 0:21 - 0:25
    Eu tinha que inventar um título
    para descrever o que faço.
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    Obtive meu PhD em astrofísica
  • 0:28 - 0:32
    estudando as propriedades
    das estrelas próximas ao Sol.
  • 0:32 - 0:37
    Estudo os planetas e como
    eles interagem com as estrelas.
  • 0:38 - 0:43
    Até cerca de 25 anos atrás,
    o termo "cientista planetário"
  • 0:43 - 0:48
    se referia apenas às pessoas
    que estudavam planetas do sistema solar.
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    O primeiro planeta fora do sistema solar
    foi descoberto somente em 1992
  • 0:53 - 0:56
    e foi denominado de exoplaneta.
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    Portanto, não há ainda um título
    para alguém que estuda o que eu estudo,
  • 1:00 - 1:05
    e atualmente há 3.593
    exoplanetas conhecidos.
  • 1:06 - 1:08
    São muitos.
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    Este campo no qual
    trabalho é muito recente.
  • 1:11 - 1:15
    Se fosse uma pessoa, ela ainda
    não teria idade para beber.
  • 1:15 - 1:16
    (Risos)
  • 1:16 - 1:19
    Quando se fala em astronomia,
    que é o estudo dos corpos celestes,
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    pode-se dizer que ela
    existe há milhares de anos.
  • 1:23 - 1:25
    É a mais antiga das ciências naturais.
  • 1:26 - 1:28
    Somente agora estamos aprendendo
  • 1:28 - 1:32
    sobre todos esses possíveis planetas
    malucos que podem existir lá fora.
  • 1:32 - 1:36
    Existem alguns planetas
    que dividem uma estrela,
  • 1:36 - 1:39
    de forma que eles têm duas
    estrelas exclusivamente para si.
  • 1:39 - 1:42
    Existem algumas outras,
    como a que se vê nesta figura,
  • 1:42 - 1:46
    que estão tão próximas de seus planetas,
    que eles têm um período de dez horas.
  • 1:47 - 1:50
    O período do ano da Terra é de 365 dias.
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    É muito maluco.
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    Somente agora estamos começando a entender
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    todas as propriedades
    físicas e geométricas bizarras
  • 1:58 - 2:00
    que existem entre
    uma estrela e um planeta.
  • 2:01 - 2:04
    Eu não estudo somente como
    uma estrela e um planeta se movem,
  • 2:04 - 2:06
    um em relação ao outro.
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    Estudo como eles interagem
    quimicamente. Vou explicar.
  • 2:10 - 2:15
    O Big Bang criou apenas
    o hidrogênio e o hélio.
  • 2:15 - 2:18
    Não existia nem carbono,
    nem oxigênio e nem ferro.
  • 2:18 - 2:19
    Nenhum deles.
  • 2:20 - 2:26
    Então o Big Bang espalhou hidrogênio
    e hélio por todo o universo.
  • 2:26 - 2:30
    Mas isso ocorreu de forma desigual,
    até formar esses bolsões gigantes de gás,
  • 2:30 - 2:33
    do tipo que se vê neste vídeo.
  • 2:33 - 2:38
    Finalmente, esse gás entrou
    em colapso e formou as estrelas.
  • 2:38 - 2:42
    Mas essas estrelas eram
    absolutamente enormes.
  • 2:42 - 2:45
    Eram cerca de mil vezes
    maiores do que o Sol.
  • 2:45 - 2:46
    (Risos)
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    É como dizer que o Sol é uma uva
    e essas estrelas maciças um gato.
  • 2:53 - 2:55
    (Risos)
  • 2:55 - 2:57
    Com menos pelo.
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    Foi dentro dessas primeiras
    estrelas que ocorreram
  • 3:02 - 3:06
    as temperaturas e densidades altas
    o suficiente para ocorrer a fusão.
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    Pela primeira vez, esses elementos
    estavam se mantendo juntos.
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    O hidrogênio, que tem um próton,
    e o hélio, que tem dois prótons,
  • 3:15 - 3:18
    estavam juntinhos
    e, de repente, surgiu o lítio
  • 3:18 - 3:22
    o berílio e depois o carbono.
  • 3:22 - 3:26
    Mas a vida dessas estrelas
    era difícil, elas morriam jovens
  • 3:26 - 3:28
    e explodiam por todos os lugares.
  • 3:28 - 3:30
    (Risos)
  • 3:31 - 3:34
    Elas pegaram todos esses novos
    elementos que criaram dentro delas
  • 3:34 - 3:38
    e os espalharam por todo universo.
  • 3:38 - 3:42
    Uma segunda geração de estrelas
    foi formada por hidrogênio e hélio,
  • 3:42 - 3:44
    mas com as sementes de carbono
  • 3:44 - 3:47
    que continuariam o processo de fusão.
  • 3:48 - 3:52
    A Tabela Periódica foi
    forjada a partir de estrelas
  • 3:52 - 3:55
    que viveram e morreram
    em momentos diferentes.
  • 3:55 - 4:00
    Esta aqui foi codificada por cores
    pela minha colega, Jennifer Johnson,
  • 4:00 - 4:06
    para mostrar as diferentes formas pelas
    quais os elementos poderiam ser formados.
  • 4:06 - 4:09
    Pode-se ver que alguns deles são azuis,
    porque vieram do Big Bang,
  • 4:09 - 4:14
    mas a maioria deles vem de duas estrelas
    que circulam entre si e depois explodem
  • 4:14 - 4:17
    ou simplesmente uma explode
    criando uma supernova.
  • 4:18 - 4:24
    O Sol foi criado a partir do hidrogênio
    e do hélio provenientes do Big Bang,
  • 4:24 - 4:26
    e também de muitos desses elementos.
  • 4:27 - 4:32
    Ao mesmo tempo que o Sol era
    formado, os planetas também eram.
  • 4:33 - 4:37
    Tudo, desde Mercúrio até Netuno
    e até mesmo o anão Plutão.
  • 4:38 - 4:42
    Mas foi na Terra que a vida floresceu
  • 4:42 - 4:45
    e daquela vida surgiu a humanidade.
  • 4:45 - 4:51
    Nossa humanidade tem raízes
    nas propriedades do nosso planeta.
  • 4:53 - 4:58
    Pensando sobre isso, vê-se que as pessoas
    são feitas dos ingredientes primários,
  • 4:58 - 5:03
    esses elementos tão básicos para a vida
    e que foram criados dentro das estrelas.
  • 5:04 - 5:08
    Somos feitos à base de carbono,
    os ossos à base de cálcio.
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    Caminhamos sobre
    silicatos de ferro no chão
  • 5:11 - 5:13
    e respiramos oxigênio,
  • 5:13 - 5:16
    como agora, você está
    respirando, posso ver.
  • 5:16 - 5:17
    (Risos)
  • 5:17 - 5:18
    Tudo isso veio de uma estrela.
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    Somos todos poeira estelar.
  • 5:21 - 5:22
    Literalmente.
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    Também podemos fazer
    algo similar às estrelas,
  • 5:27 - 5:30
    porque podemos criar outros elementos.
  • 5:30 - 5:31
    [Tenessínio]
  • 5:31 - 5:33
    (Aplausos) (Vivas)
  • 5:35 - 5:39
    Por exemplo, você pode ou não ter
    ouvido falar no tenessínio.
  • 5:40 - 5:44
    É o Ts 117, cujo nome é uma homenagem
    ao grande estado do Tennessee,
  • 5:44 - 5:48
    porque vários cientistas da equipe
    que o descobriu eram da Vanderbilt.
  • 5:52 - 5:53
    Sempre me perguntam:
  • 5:54 - 5:59
    "Como você pode estudar o espaço,
    quando há tantos problemas aqui na Terra?
  • 5:59 - 6:02
    Você não se sente pequena?"
  • 6:02 - 6:05
    Minha resposta é sempre não.
  • 6:05 - 6:09
    Não me faz sentir pequena e sim motivada.
  • 6:09 - 6:15
    Porque conheço muitas coisas,
    muitos eventos que aconteceram
  • 6:16 - 6:21
    e todos aqueles eventos
    que se sucederam para criar a vida.
  • 6:22 - 6:26
    É importante para nós, como
    pessoas, saber de onde viemos,
  • 6:27 - 6:33
    sejam nossos pais, nossos avós,
    nosso planeta, a estrela de origem
  • 6:33 - 6:35
    ou o berçário estelar.
  • 6:36 - 6:41
    Conhecer nossas raízes é uma motivação
    fundamental para a humanidade.
  • 6:42 - 6:46
    É com método científico que poderemos
    encontrar uma hipótese
  • 6:46 - 6:51
    que possa explicar como o sistema
    solar se tornou o que é hoje.
  • 6:51 - 6:56
    Por exemplo, atualmente imagina-se
    que uma supernova deve ter explodido
  • 6:56 - 7:00
    há 4,6 bilhões de anos, quando
    o sistema solar estava se formando.
  • 7:01 - 7:05
    Pode-se, então, coletar dados
    sobre estrelas e planetas próximos,
  • 7:05 - 7:08
    de modo a entender
    suas propriedades básicas.
  • 7:09 - 7:13
    Descobrimos que existem
    elementos específicos em meteoritos,
  • 7:13 - 7:15
    e também no fundo do oceano,
  • 7:15 - 7:18
    que poderiam ter vindo
    apenas de uma supernova.
  • 7:19 - 7:23
    Com a ajuda de nossos colegas,
    que revisaram nossos dados,
  • 7:23 - 7:24
    pudemos deduzir
  • 7:24 - 7:28
    que essa supernova deve ter agido
    como um grande liquidificador.
  • 7:28 - 7:32
    Ela pegou o gás, a poeira
    e todos esses novos elementos,
  • 7:32 - 7:35
    e agitou tudo junto até
    resultar em alguma coisa
  • 7:35 - 7:39
    que fosse adequada à vida.
  • 7:41 - 7:47
    Olhando os milhares de planetas
  • 7:47 - 7:49
    e milhões de estrelas,
  • 7:49 - 7:54
    pode-se ver o que é necessário
    a um coquetel único de elementos básicos,
  • 7:54 - 7:58
    para criar um planeta
    no qual pudesse existir vida.
  • 7:58 - 8:01
    Depois, houve ainda outras
    condições específicas,
  • 8:01 - 8:03
    necessárias à criação da vida.
  • 8:05 - 8:09
    Em outras palavras, somos
    uma anomalia matemática,
  • 8:09 - 8:11
    uma raridade no universo.
  • 8:12 - 8:16
    Embora provavelmente
    haja vida no universo,
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    talvez até na Via Láctea,
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    ela seria inerentemente
    diferente do nosso caso,
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    porque haveria situações
    totalmente diferentes das nossas.
  • 8:29 - 8:34
    Vai demorar muito
    para se detectar essa vida,
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    porque serão necessários
    muito dinheiro e novas tecnologias.
  • 8:41 - 8:46
    Pensando na probabilidade
    da nossa existência,
  • 8:46 - 8:48
    não me faz sentir nem um pouco pequena,
  • 8:48 - 8:53
    apenas me lembra as muitas
    possibilidades que existem no espaço.
  • 8:54 - 8:58
    Quando éramos estudantes, íamos
    à noite, da biblioteca para o dormitório,
  • 8:58 - 9:00
    e olhávamos para as estrelas.
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    Eu olhava especificamente para Orion.
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    Nas aulas, aprendemos que duas
    estrelas que estão vagando pelo espaço,
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    provavelmente nunca vão colidir,
    independentemente das circunstâncias.
  • 9:14 - 9:18
    O interior de uma estrela tem
    uma estrutura parecida com uma cebola,
  • 9:18 - 9:20
    é como camadas.
  • 9:21 - 9:25
    Com o passar do tempo,
    percebo que as constelações
  • 9:25 - 9:31
    que eram apenas aqueles pontos
    no céu, têm características distintas.
  • 9:32 - 9:35
    Eu podia vê-las,
    a diferentes distâncias de nós,
  • 9:35 - 9:37
    com cores diferentes brilhando,
  • 9:37 - 9:40
    e girando com velocidades diferentes.
  • 9:40 - 9:44
    Algumas delas tinham
    planetas tão próximos,
  • 9:44 - 9:46
    que ficava difícil compreender.
  • 9:46 - 9:51
    Outras compartilharam seu planeta
    com uma outra estrela.
  • 9:52 - 9:55
    Quando você olha para o céu,
  • 9:55 - 9:58
    é como fazer zoom da Terra para o espaço.
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    Exceto que, ao invés de virmos
    dados ou imagens,
  • 10:04 - 10:07
    vemos dúvidas e possibilidades.
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    Olhar sempre para o espaço,
  • 10:11 - 10:14
    oferece uma vista que é fácil esquecer.
  • 10:15 - 10:18
    Teve que acontecer muita coisa,
  • 10:18 - 10:22
    na sequência exata,
    para que eu estivesse aqui hoje.
  • 10:22 - 10:28
    Se apenas um pequeno detalhe fosse
    diferente, como a Terra mais perto do Sol,
  • 10:28 - 10:33
    ou se a Lua não existisse,
    talvez não houvesse vida na Terra.
  • 10:34 - 10:38
    Pensar nas probabilidades
    da nossa existência,
  • 10:39 - 10:43
    ajuda a enfrentar nossos dramas diários,
  • 10:44 - 10:48
    e as ansiedades e inseguranças
    simplesmente desaparecem.
  • 10:49 - 10:51
    Isso nos lembra quem somos.
  • 10:52 - 10:57
    Uma mera anomalia matemática
    num mar de gás, estrelas e planetas.
  • 10:58 - 11:03
    O que faço é estudar as estrelas
    e os planetas para tentar entender
  • 11:03 - 11:06
    como se formaram e como evoluíram.
  • 11:06 - 11:10
    E, quem sabe, encontrar vida.
  • 11:12 - 11:16
    Não é necessário ser
    um astrofísico planetário
  • 11:16 - 11:19
    para se inspirar ou se
    entusiasmar pelo espaço.
  • 11:20 - 11:25
    Basta procurar e lembrar
    que há muitas coisas acontecendo
  • 11:25 - 11:28
    fora do aqui e agora.
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    Há estrelas nascendo,
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    planetas colidindo,
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    galáxias girando,
  • 11:37 - 11:41
    tudo isso é bonito, como se pode ver.
  • 11:43 - 11:45
    E nada disso tem a ver com você.
  • 11:45 - 11:46
    (Risos)
  • 11:46 - 11:48
    Você acha.
  • 11:49 - 11:52
    Isso foi exatamente
    o que teve que acontecer
  • 11:52 - 11:55
    para que a Via Láctea fosse formada,
  • 11:55 - 11:57
    para uma supernova explodir,
  • 11:58 - 12:00
    para a Terra girar em torno do Sol,
  • 12:01 - 12:02
    para que existíssemos.
  • 12:03 - 12:04
    Obrigada.
  • 12:04 - 12:07
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Somos todos poeira estelar- e por que devemos nos sentir grandiosos | Dr. Natalie Hinkel | TEDxNashville
Description:

De acordo com a astrofísica planetária Dra. Natalie Hinkel, explorar o espaço nos faz imaginar todas as possibilidades sobre as galáxias, estrelas, planetas - até mesmo sobre a vida. Os elementos básicos criados dentro das estrelas, ou os ingredientes essenciais para a vida na Terra, precisaram estar presentes nos momentos exatos para que os seres humanos existissem - o que é bastante inspirador, quando se pensa sobre isso.

A Dra. Natalie Hinkel é pesquisadora da Universidade Vanderbilt e estuda a composição das estrelas próximas e como isso pode afetar a criação de planetas orbitando essas estrelas. Ela é graduada em física e matemática no Oberlin College. Seu trabalho evidenciou uma série de fatos técnicos importantes, os quais ela procurou explicar liderando uma força tarefa com várias colaborações internacionais. Natalie também observa planetas que estão fora do sistema solar, ou exoplanetas, usando o Cerro Tololo Interamerican Telescope, no Chile. Ela estudou sistemas exóticos em que os planetas orbitam duas estrelas (lembre-se de Tatooine!) E como seria a vida numa exolua (que ainda não foi descoberta!). Seu doutorado é em Astrofísica na School of Earth and Space Exploration, que mescla os campos da geologia, ciência planetária e astronomia, na Universidade Estadual do Arizona. Natalie reuniu o maior catálogo de elementos registrados em estrelas próximas ao Sol, chamado "Hypatia Catalog"; contém mais de 65 elementos em mais de 6 mil estrelas: https://www.youtube.com/watch?v=lbYYcZtRiXE

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:15

Portuguese, Brazilian subtitles

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