-
Inverno em Prostokváshino
-
Ai ai ai
-
Sim!
-
Que bagunça!
-
Sim!
-
Estamos no final do século XX
-
Sim
-
E aqui em casa só temos um
par de valenki para os dois
-
Parece que vivemos na época
do Czar Ervilha
-
Sim!
-
E por que aconteceu isso?
-
Falta de recursos?
-
Vocês estão sem dinheiro?
-
Os recursos nós temos
-
A inteligência está em falta
-
Eu falei para esse caçador
-
Compra valenki para você!
-
E o que ele fez?
-
O que?
-
Foi e comprou tênis.
-
Diz que é mais bonito
-
Ele fez isso mal pensado!
-
Qual é a nossa roupa tradicional
do campo no inverno?
-
Valenki, calça termica, casaco e chapéu de pelo
-
Aqui no inverno nem os
estudantes andam de tênis.
-
Ele é maluco, maluco!
-
Por que você não fala isso para ele?
-
Abra os olhos dele!
-
Para que fique claro!
-
Eu não posso.
Nós não falamos faz 2 dias
-
Dois não! Três!
-
Não tem problema.
-
Podem enviar um telegrama
ou uma carta.
-
É para isso que existe correio!
-
O que não pode ser dito,
pode ser escrito numa carta.
-
Que tipo de papel o senhor gostaria:
símples ou de parabéns?
-
Símples. Para que mimá-lo?
-
Heh, ele não quer me mimar.
-
E eu não preciso de nada de você!
-
Eu não tenho simples.
Só tenho o de parabéns.
-
Ai ai, de novo gastos imprevistos.
-
Tá bom.
Pode me dar um de parabéns.
-
Sharik, você é maluco
-
Não está correto!
-
Se o papel é de parabéns,
é preciso primeiro parabenizar a pessoa.
-
Tá bom, tá bom.
Parabéns, Sharik.
-
Você é maluco
-
E agora? O que devo escrever?
-
Normalmente escrevem sobre o tempo...
-
Tempo... tempo...
o tempo aqui está bom.
-
Que isso! O tempo está bom?
-
Estamos com tempestade de neve
já faz 3 dias.
-
Toda a caça está parada.
-
Calma, fique quieto, camarada Cão.
-
Quando for escrever a resposta,
o senhor vai descrever o seu tempo.
-
Eu não vou escrever resposta para ele.
-
Eu vou jogar este fogueiro nele
para ele parar de me ofender.
-
Para que jogar? Tem correio!
-
Vamos embalá-lo e passar para o gato.
-
É uma encomenda pequena.
-
Aqui! Este fogueiro foi enviado
para o senhor.
-
Ele queria jogá-lo no senhor.
-
O que????
-
Eu vou então jogar um ferro nele!
-
Um minutinho!
-
Opa! Mais de um kilo
-
Aqui já precisaremos de uma caixa.
-
Já já vamos entregar.
-
E se o senhor quiser rolar um barril nele
-
Já é um transporte por contentor.
-
Nas áreas rurais, são as agências
de transporte que cuidam disso.
-
Ai, como estou cansada de tudo isso!
-
O nosso apartamento me lembra
o show de TV…
-
Chama-se “O que? Onde? Quando?”
-
Por que isso?
-
Porque não dá para entender
-
o que está jogado onde
-
e quando tudo isso vai acabar…
-
E mais: por causa da sua gasolina
todas as minhas flores murcharam.
-
Não é por causa da gasolina.
-
As flores murcham em casas
onde o clima é muito rígido.
-
E aqui o clima está alegre demais…
-
Você e o tio Fyodor jogam ping-pong, xadrez,
-
compraram o carro “Zaporozhets”
velho… acabado.
-
Não sei o que vocês ainda
estão querendo.
-
Eu e Tio Fyodor
conversamos e decidimos…
-
Aham
-
…que é absolutamente
necessário para nós
-
conseguirmos um outro filho
em algum lugar….
-
Aham
-
… para aliviar a rigidez e a crítica.
-
Ai! Nunca!
-
E para o Reveillon nós queremos ir
para Prostokváshino.
-
Se vocês quiserem, vocês podem
até ir para o seu Prostokváshino…
-
Mas eu não posso ir.
-
Porque eu vou cantar no show
“Luz Azul” no Reveillon.
-
Mas você pode pegar o último trem
e se juntar à nós.
-
É claro que eu gosto de natureza
-
Mas não até o ponto de andar de trem
num vestido de show.
-
Está certo.
-
Agora Prostokváshino está congelando.
-
É preciso usar um casaco de show
e valenki de show lá.
-
Ah, como será que estão agora
os meus Sharik e Matroskin?..
-
Ministério de comunicação
Departamento de Prostokváshino
-
Carta falante…
-
É a primeira vez que recebo
uma coisa dessas.
-
Estou curioso para ver
o que está dentro.
-
Sou eu, homem de correios Petchkin.
-
Eu trouxe uma revista “Murzilka”
-
“Sharik e Matroskin estão
começando a separação de bens…
-
Pon-to.
-
“…daqui a pouco vão começar
a ralhar o fogão…”
-
Vir-gu-la
-
“…e depois a casa”
-
Pon-to.
-
“…homem de correios Petchkin”.
-
Pon-to.
-
Ai que bom que o senhor chegou…
-
Eu preciso enviar um telegrama
urgente para o Sharik.
-
Por favor, preencher o formulário.
-
Pincel…
-
“Daqui a pouco vai chegar o Tio Fyodor,
- ponto.
-
Pegue logo os meus valenki e vá para
a floresta buscar uma arvore de natal”.
-
Quatorze palavras, mais a entrega…
-
Cinquenta kopeikas.
-
Cidadão Sharik,
tem um telegrama para o senhor.
-
Deseja responder?
-
Não vou responder.
Estou sem dinheiro.
-
Procure nos bolsos.
-
Eu nem tenho bolsos.
-
Eu vou desenhar a minha resposta.
-
E aí? O que é isso?
-
Que tipo de arte folclórica é essa?
-
Ai ai…
É uma casa tradicional dos índios.
-
Chama-se “Fig vam” (Fig Vam pode ser interpretado como “É demais para vocês!”)
-
Nossa, aonde nós chegamos…
-
Nós o tiramos praticamente do lixo,
lavamos, limpamos bem limpinho,
-
e ele agora desenha “Fig Vams” para nós.
-
Seria bem melhor se o Tio Fyodor
-
tivesse pego uma tartaruga
em vez de você…
-
numa caixinha.
-
Ah é?
E se tenho dor de cortar arvores?..
-
Se todo mundo começar a cortar
arvores para o Ano Novo,
-
ficaremos só com tocos.
-
Isso só seria bom para as velhinhas
- se a floresta só tivesse tocos.
-
Por que?
-
“Por que” … Estúpido!
-
Porque dá para sentar encima deles.
-
E o que farão os pássaros, os lebres?
-
Você já pensou neles?
-
Ele está pensando nos lebres…
-
E quem vai pensar sobre nós?
-
O Almirante Ivan Fyodorovitch
Kruzenshtern?
-
Com licença, poderia pedir
um esclarecimento
-
com o fim de aperfeiçoar
a minha formação…
-
Quem seria o
Ivan Fyodorovitch Kruzenshtern?
-
Não sei… Mas assim era chamado
o barco no qual a minha avó viajava.
-
Penso eu que ele era diferente de você.
-
Ele era uma pessoa boa, já que
chamaram o barco pelo nome dele…
-
E ele não iria cortar arvores…
-
Ekh, que nem algumas criaturas.
-
O Ano Novo está chegando…
o relógio já está batendo.
-
Já eu acho que não é o relógio,
-
mas alguém está batendo
com pé na porta.
-
Ah é? Entre!
-
Boa noite! Adivinhem,
quem sou eu?
-
Almirante
Ivan Fyodorovitch Kruzenshtern…
-
Homem e barco.
-
Nossa, vocês já estão totalmente…
-
Quem é? Quem é?
-
Sou eu, homem de correios Petchkin.
-
Eu trouxe uma revista “Murzilka”.
-
Ebaaaa!
-
Feliz Ano Novo! E cadê o Tio Fyodor?
-
Ele está no carro.
-
Nós não estamos conseguindo passar…
-
A neve bloqueou o caminho.
-
Prostokváshino
500 metros
-
Bom, eu ouvi falar que existem
cães de trenó…
-
Mas os gatos de trenó…
já é um exagero.
-
E vocês já viram homens
de correios de trenó?
-
Isso ainda não é nada.
-
As nossas rodovias no inverno
estão tão ruins
-
que já temos acadêmicos de trenó…
-
Eu mesmo já vi!
-
Podem parar!
O carro já saiu do buraco.
-
Agora eu consigo avançar.
-
Eu percebo mais e mais
Que eu não sou mais o mesmo
-
Não sonho mais sobre o mar
A TV substituiu a natureza para mim…
-
O que aconteceu ontem
Está na hora de eu esquecer
-
A partir do dia de amanhã
Nem os vizinhos, nem os meus amigos
-
Ninguém me reconhece mais
Ninguém me reconhece mais.
-
Que quadro de configurações estranho vocês têm… em círculos.
-
Não é um quadro de configurações.
-
É teia de aranha. Tudo está coberto por ela nesta casa.
-
Cada panela e até o fogão.
-
Isso é porque eles não conversavam.
-
Nós já reconciliamos.
-
Reconciliamos quando estávamos
-
tirando o Tio Fyodor do monte de neve…
-
Porque o trabalho em colaboração une.
-
Matroskin, mua.
-
Estou feliz que tudo terminou bem.
-
Feliz Ano Novo para vocês.
-
E o senhor não vai celebrar conosco?
-
Não, não, nem tentem me convencer.
-
Na nossa época qual é a decoração
principal da mesa?
-
Flores
-
Ossos.
-
Televisão. E a sua TV só mostra teia…
Eu vou para minha casa.
-
Não se vá! Vamos consertar a TV
com certeza…
-
Porque hoje a nossa mãe vai
se apresentar no show “Luz Azul”.
-
É claro que vamos consertar.
-
E do lado da casa temos
uma arvore de natal maravilhosa.
-
Viva e natural.
Vamos decorá-la!
-
Eba! Vamos!..
-
Só que não temos decorações.
-
Não temos com que decorá-la.
-
Como assim? Temos muitas
coisas antigas no sótão…
-
Vamos usá-las como decoração.
-
Peço tenção… Por favor,
façam fisionomias inteligentes.
-
Eu estou começando a foto-caça.
-
Que novidades vocês têm
lá em Moscou?
-
Decidimos com o pai
conseguir um novo filho.
-
Olha isso… Antes conseguiam
casacos de pelo, motos,
-
e agora já estão conseguindo filhos.
-
Ai que alegria! Lá na TV algum tio com bigode grande deu flores para sua mãe.
-
Eu puxaria as orelhas desse tio
com “orelhas grandes”.
-
Já já vou lhe mostrar esse tio…
-
Aqui, aqui está ele.
Esse vilão astuto de aparência civil.
-
Ah haha, não é nenhum vilão astuto…
É o diretor de arte deles.
-
Eba, agora a nossa mãe vai cantar!
-
Só que não adianta nada.
A sua TV está sem som.
-
Ai que pena que não conseguimos
ouvir a nossa mãe cantando…
-
Ela se preparou 6 meses para esta apresentação.
-
Que isso! A sua mãe está transmitida
aqui e lá…
-
Olha aonde a tecnologia chegou!
-
Não é a tecnologia que chegou.
-
Fui eu que cheguei aqui, de esquí.
-
E o show é uma gravação.
-
Aéeeee!
Seja bem-vinda!
-
Nossa mãe chegou!
-
Eu já falei para vocês que não consigo
viver sem o nosso Prostokváshino.
-
Se não houvesse inverno
Nas cidades e vilarejos
-
Não conheceríamos nunca
Esses dias alegres!
-
As crianças não brincariam
Em volta da boneca de neve
-
E não andaríamos de esquí
Se não houvesse inverno.
-
Se não houvesse inverno
Se só houvesse verão
-
Não conheceríamos a alegria
Toda do Ano Novo
-
O Ded Moroz (Papai Noel russo) não chegaria até a gente através dos montes de neve
-
E o rio não congelaria
Se não houvesse inverno.
-
Se não houvesse inverno
Nas cidades e vilarejos
-
Não conheceríamos nunca
Esses dias alegres!
-
Final do filme