Dilemas de valores nas culturas | Fernando Lanzer | TEDxLaçador
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0:09 - 0:12Eu morei nos Estados Unidos,
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0:12 - 0:14no Brasil e na Holanda.
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0:15 - 0:21E, se eu tivesse que resumir a cultura
desses três países numa palavra, -
0:22 - 0:26essa palavra, pros Estados Unidos,
seria "competição"; -
0:27 - 0:30pro Brasil, ela seria "esperança";
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0:30 - 0:33pra Holanda, seria "respeito".
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0:34 - 0:37Os Estados Unidos são
o país da competição, -
0:37 - 0:42porque lá as pessoas acreditam
que a vida é uma competição -
0:42 - 0:45e que é preciso vencer, ser um vencedor.
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0:47 - 0:51Na Holanda, o importante é o respeito:
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0:51 - 0:56eu sou diferente de ti,
mas eu respeito a tua opinião, -
0:56 - 0:58mesmo sendo diferente.
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0:58 - 1:00A gente concorda em discordar.
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1:01 - 1:05A gente vê esse respeito,
muito, até no trânsito, -
1:05 - 1:11onde a posição normal é você parar
pra dar passagem pro outro, -
1:11 - 1:14mesmo que você esteja na preferencial.
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1:15 - 1:21E o pedestre sempre é respeitado,
não só na faixa de segurança, -
1:21 - 1:24mas em qualquer [parte da] rua
que ele quiser atravessar. -
1:24 - 1:28Os carros param pra que o pedestre
possa atravessar. -
1:29 - 1:32O Brasil é o país da esperança.
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1:33 - 1:36A gente vive de crise em crise,
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1:36 - 1:39mas sempre com a esperança
de que vai dar certo. -
1:42 - 1:44"O Brasil é o país do futuro!"
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1:45 - 1:47"Olha o futuro chegando aí,
gente, agora vai!" -
1:51 - 1:56Uns anos atrás, eu me mudei
com a família pra Amsterdã. -
1:57 - 2:01E quando a gente chegou lá,
foi procurar apartamento pra alugar. -
2:02 - 2:05Nós vimos um anúncio duma senhora
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2:05 - 2:07que estava alugando
um apartamento no mesmo prédio. -
2:08 - 2:11A gente foi conhecer o apartamento,
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2:11 - 2:13fomos no apartamento dela e ela disse:
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2:13 - 2:18"O apartamento é aqui do lado,
no mesmo andar, ele está sendo pintado, -
2:18 - 2:20mas vocês podem ver o apartamento.
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2:20 - 2:22Eu levo vocês até lá".
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2:22 - 2:28A gente foi, bateu na porta,
e atendeu um senhor, -
2:28 - 2:32mais ou menos da mesma idade dela,
só que todo coberto de tinta. -
2:33 - 2:36E ele disse: "Ah, por favor,
sejam bem-vindos. -
2:36 - 2:41Entrem, fiquem à vontade. Eu acabei
de fazer um café, vocês aceitam?" -
2:42 - 2:47E eu e minha mulher,
educadamente, agradecemos: -
2:47 - 2:50"Não, nós só queremos ver
o apartamento. Nós temos que ir". -
2:50 - 2:53E a proprietária disse:
"Ah, eu vou aceitar". -
2:53 - 2:56E entrou na cozinha com o homem,
eles ficaram conversando animadamente, -
2:56 - 3:01a gente viu o apartamento,
na hora de sair nos despedimos, -
3:01 - 3:05o pintor veio até a porta,
se despediu de nós, -
3:05 - 3:07e, na saída, eu perguntei pra ela:
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3:07 - 3:09"É o seu marido?"
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3:09 - 3:12Ela disse: "Não, é um pintor
que eu contratei". -
3:14 - 3:17E eu e minha mulher
ficamos muito espantados, -
3:17 - 3:19porque eles se trataram como iguais.
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3:20 - 3:24A gente pensou: "No Brasil,
a gente não faz assim". -
3:26 - 3:31No Brasil a gente tende
a colocar o pintor, o operário, -
3:31 - 3:33numa outra classe social.
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3:34 - 3:39A gente não trata eles como iguais,
e eles não tratam a gente como iguais. -
3:40 - 3:43A Holanda é extremamente igualitária,
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3:45 - 3:48e isso despertou
o meu interesse em cultura. -
3:50 - 3:55Então eu comecei a pesquisar
esse assunto, cultura, -
3:55 - 4:01e descobri que países diferentes,
comunidades diferentes, -
4:02 - 4:06ensinam versões diferentes
do que é certo e o que é errado, -
4:06 - 4:09o que é adequado e o que não é adequado.
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4:10 - 4:15E, nessa minha busca por cultura,
eu descobri um iceberg. -
4:17 - 4:19O iceberg da cultura.
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4:20 - 4:22Eu descobri que a cultura
tem uma parte visível, -
4:22 - 4:25que fica na superfície do iceberg,
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4:25 - 4:30que são os rituais, os símbolos,
os heróis de cada cultura, -
4:30 - 4:35o jeito como a gente se veste,
o tipo de comida que a gente come. -
4:36 - 4:38Mas existe uma parte muito mais importante
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4:38 - 4:41que fica abaixo da superfície;
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4:41 - 4:42que não se vê.
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4:43 - 4:45E essa parte são os valores.
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4:46 - 4:49Os valores de cada cultura
é que determinam -
4:49 - 4:51como a gente se comunica
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4:51 - 4:53e qual é o nosso estilo de trabalho
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4:53 - 4:55e estilo de relacionamento.
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4:57 - 5:02E do lado desse iceberg da cultura,
eu descobri um pesquisador holandês, -
5:03 - 5:05o Geert Hofstede.
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5:05 - 5:09O Hofstede fez pesquisa estatística
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5:09 - 5:13sobre valores em diferentes culturas.
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5:13 - 5:19E ele basicamente concluiu
que existem cinco dilemas básicos -
5:19 - 5:22que todas as culturas precisam resolver,
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5:22 - 5:25e resolvem de um jeito ou de outro.
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5:28 - 5:31Esses cinco dilemas básicos são:
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5:31 - 5:34hierarquia versus igualdade,
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5:34 - 5:37individualismo versus coletivismo,
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5:37 - 5:43desempenho versus qualidade de vida
e cuidar dos outros, -
5:43 - 5:47controle da incerteza
versus "deixa correr", -
5:47 - 5:52e flexibilidade versus normativismo.
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5:56 - 5:59Aí tudo começou a fazer mais sentido.
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6:00 - 6:03Com esses cinco dilemas,
eu comecei a entender a cultura. -
6:03 - 6:06Mas vamos ver como é
que isso funciona na prática. -
6:08 - 6:14Esta pessoa aqui, de branco,
é o primeiro-ministro da Tailândia. -
6:15 - 6:17Então por que ele está sentado no chão?
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6:18 - 6:22Porque a pessoa atrás da mesinha
é o rei da Tailândia. -
6:23 - 6:27A Tailândia é uma cultura
muito hierárquica. -
6:27 - 6:32E nas culturas hierárquicas existe
o que se chama "distância de poder". -
6:33 - 6:35A distância de poder é muito grande.
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6:35 - 6:39Os símbolos de status são muito evidentes.
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6:39 - 6:42A diferença de status é muito evidente.
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6:42 - 6:47Mesmo entre as duas
principais posições do país. -
6:51 - 6:53Este aqui
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6:55 - 6:57é o primeiro-ministro da Suécia.
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6:58 - 7:01A Suécia é uma cultura igualitária.
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7:02 - 7:07O primeiro-ministro da Suécia
está na fila do caixa automático, -
7:07 - 7:10esperando a sua vez, como todo mundo.
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7:10 - 7:15Nas culturas igualitárias,
até existe hierarquia também, -
7:15 - 7:17mas ela é mais sutil,
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7:17 - 7:19ela é mais discreta.
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7:19 - 7:20A distância de poder é menor.
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7:25 - 7:26Esta aqui
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7:27 - 7:29é a princesa da Dinamarca.
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7:30 - 7:34A Dinamarca também é
uma sociedade igualitária, -
7:34 - 7:36de baixa distância de poder.
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7:37 - 7:42Então por que esta princesa
está sendo tratada com tapete vermelho -
7:42 - 7:46e com as pessoas jogando
pétalas de flores aos seus pés? -
7:48 - 7:50Porque ela não está na Dinamarca.
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7:50 - 7:53Ela está visitando a Tailândia,
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7:55 - 7:59e é assim que os tailandeses
tratam a realeza, -
7:59 - 8:03mesmo a realeza de outros países,
que não seja a deles. -
8:05 - 8:09Esta foto é muito importante
porque ela demonstra -
8:09 - 8:11que quem determina
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8:11 - 8:16se uma sociedade é hierárquica
ou se ela é igualitária -
8:16 - 8:19não é quem está no topo da pirâmide,
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8:19 - 8:21é quem está na base da pirâmide.
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8:23 - 8:26Quem faz a ditadura não é o ditador.
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8:27 - 8:30É o povo que aceita uma ditadura
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8:30 - 8:34ou que às vezes até deseja
uma ditadura ou um governo forte. -
8:36 - 8:41A princesa da Dinamarca jamais
seria tratada dessa forma na Dinamarca. -
8:42 - 8:44Talvez por isso ela goste
de visitar a Tailândia. -
8:44 - 8:45(Risos)
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8:49 - 8:51Isso tudo começa na infância.
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8:52 - 8:55Quando a gente tem
menos de dez anos de idade, -
8:55 - 9:00é que a gente aprende a noção
do que é certo e o que é errado, -
9:00 - 9:02como se relacionar com as pessoas,
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9:02 - 9:04se existe distância de poder ou não.
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9:05 - 9:12E a gente aprende isso
não com o que as pessoas dizem pra gente, -
9:12 - 9:15mas a gente aprende por observação.
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9:16 - 9:21A gente vê o que os pais,
o que os vizinhos, -
9:21 - 9:24o que os professores,
o que os colegas estão fazendo, -
9:24 - 9:27e a gente aprende por imitação.
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9:28 - 9:32Quando eu era pequeno, em Porto Alegre,
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9:32 - 9:36e os meus pais estavam
recebendo visitas na sala, -
9:36 - 9:39e eu e a minha irmã
entrávamos na sala pra brincar, -
9:39 - 9:45eles diziam: "Vão brincar lá fora.
Nós vamos ter uma conversa de adultos". -
9:45 - 9:47E a gente ia.
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9:47 - 9:49E a gente aprendeu que neste mundo
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9:49 - 9:54existem algumas pessoas
que têm mais poder, os adultos, -
9:54 - 9:58e outras pessoas têm menos, as crianças.
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10:01 - 10:04Hoje, eu moro na Holanda,
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10:04 - 10:09quando eu vou visitar
o meu vizinho na casa do lado -
10:09 - 10:12e os filhos dele
entram na sala pra brincar, -
10:12 - 10:17ele para de conversar comigo
e inclui as crianças na conversa. -
10:19 - 10:23Então essas crianças
aprendem que, neste mundo, -
10:23 - 10:27todo mundo tem
mais ou menos o mesmo poder. -
10:28 - 10:33O poder está distribuído de uma forma
mais igualitária na comunidade. -
10:37 - 10:40Eventualmente, na Holanda,
nós encontramos uma casa, -
10:40 - 10:42mudamos pra essa casa
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10:42 - 10:46e um dia bateu na porta um sujeito
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10:46 - 10:48que se identificou
como sendo da prefeitura. -
10:49 - 10:55E ele disse: "Existe um parquinho aqui
no fim da rua e nós vamos reformá-lo, -
10:55 - 10:58a prefeitura vai reformar o parquinho.
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10:58 - 11:01Nós estamos fazendo
uma pesquisa aqui na rua -
11:01 - 11:07pra saber quais são os brinquedos
preferidos das crianças deste bairro, -
11:07 - 11:10pra que a gente possa garantir
que esses brinquedos, -
11:10 - 11:11que são os preferidos,
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11:11 - 11:14vão ser colocados no parquinho novo.
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11:15 - 11:17O senhor tem crianças pequenas em casa?"
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11:18 - 11:22Eu disse: "Sim. Eu tenho duas meninas
de quatro e cinco anos de idade. -
11:22 - 11:27Elas gostam do escorregador, da roda..."
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11:27 - 11:29E ele disse: "Não.
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11:29 - 11:33Por favor, elas estão em casa?
Eu quero falar com elas". -
11:34 - 11:36(Risos)
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11:37 - 11:40O meu queixo caiu no chão
e rolou pela calçada. -
11:42 - 11:44Isso jamais aconteceria no Brasil.
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11:45 - 11:47Ele não queria falar comigo.
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11:47 - 11:50Ele queria falar diretamente
com as minhas filhas. -
11:52 - 11:54Agora imaginem
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11:54 - 11:56que tipo de sociedade é criada
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11:59 - 12:02quando se tem esse tipo
de atitude com as crianças? -
12:02 - 12:07As crianças são tratadas
como gente desde pequeninhas, -
12:07 - 12:10e não como projeto de gente,
como a gente gosta de falar. -
12:15 - 12:20O outro dilema que existe,
de valores na cultura, -
12:20 - 12:23é individualismo versus coletivismo.
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12:23 - 12:26No individualismo,
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12:26 - 12:29as pessoas assumem
mais responsabilidade individual. -
12:30 - 12:33Elas expressam a sua opinião individual,
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12:33 - 12:39mesmo que isso possa ferir outra pessoa,
porque o mais importante é você cumprir -
12:39 - 12:42a sua responsabilidade
para com a sua própria consciência; -
12:45 - 12:49e a opinião dissidente
é problema do outro. -
12:51 - 12:56Nessas comunidades, a tarefa
é mais importante do que o relacionamento. -
12:59 - 13:02Na sociedade coletivista, é o oposto.
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13:02 - 13:05O grupo é mais importante
do que o indivíduo. -
13:06 - 13:10As pessoas pertencem a diferentes grupos,
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13:10 - 13:15e dentro de cada grupo
se evita o confronto, -
13:15 - 13:18se evita expressar opiniões dissidentes.
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13:18 - 13:21Pode haver conflito
entre um grupo e outro, -
13:21 - 13:25mas dentro do mesmo grupo
se evita o conflito. -
13:28 - 13:33O terceiro dilema que eu quero mencionar
é entre desempenho ou qualidade de vida. -
13:33 - 13:35As duas coisas são importantes.
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13:35 - 13:38Em todas as sociedades têm desempenho
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13:38 - 13:43e têm a necessidade de ter
qualidade de vida e de cuidar dos outros. -
13:43 - 13:47Mas, se você tem que escolher
-
13:47 - 13:51entre desempenho ou
qualidade de vida numa situação, -
13:51 - 13:55dependendo da cultura você cai
pro lado do desempenho -
13:55 - 13:58ou você vai pro lado da qualidade de vida.
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13:59 - 14:02Eu não vou falar
sobre os outros dois dilemas, -
14:02 - 14:04porque senão não dá pra fechar 18 minutos,
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14:04 - 14:07mas vamos dar uma olhadinha
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14:07 - 14:09em alguns dados de pesquisa.
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14:13 - 14:15Este é o perfil do Brasil.
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14:16 - 14:21O Brasil é uma cultura
de alta distância de poder; -
14:22 - 14:26é uma cultura mais coletivista
do que individualista, -
14:26 - 14:29o individualismo é relativamente baixo;
-
14:30 - 14:35está bem equilibrado em termos
de desempenho ou qualidade de vida, -
14:35 - 14:39está mais ou menos
no equilíbrio entre os dois; -
14:39 - 14:41nós temos alto controle da incerteza;
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14:41 - 14:43e nós temos alta flexibilidade.
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14:46 - 14:49Vamos comparar com os Estados Unidos.
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14:50 - 14:51É bem diferente.
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14:52 - 14:55Os Estados Unidos têm
baixa distância de poder, -
14:55 - 14:59é uma sociedade mais igualitária
do que o Brasil. -
14:59 - 15:02Os Estados Unidos têm alto individualismo,
-
15:02 - 15:05é o país mais individualista do mundo.
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15:07 - 15:11Os Estados Unidos também têm
maior orientação pra desempenho -
15:11 - 15:14do que pra qualidade de vida,
comparado com o Brasil, -
15:14 - 15:18e têm menos necessidade
de controlar a incerteza -
15:18 - 15:20e têm menos flexibilidade do que o Brasil.
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15:22 - 15:26Mas vamos ver a Holanda,
só pra ter uma outra comparação. -
15:27 - 15:29Aí vocês veem que a Holanda
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15:29 - 15:33é semelhante aos Estados Unidos
em termos de distância de poder, -
15:33 - 15:34é igualitária.
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15:34 - 15:38Também é bastante individualista,
quase tanto quanto os americanos, -
15:38 - 15:41agora, em termos
de orientação pra desempenho -
15:41 - 15:43é muito mais baixo.
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15:43 - 15:48Claramente os holandeses
preferem, privilegiam -
15:48 - 15:51a qualidade de vida do que o desempenho.
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15:51 - 15:53Em termos de controle da incerteza
-
15:53 - 15:56é um pouquinho mais alto
que os americanos. -
15:56 - 15:58Em termos de flexibilidade,
-
15:58 - 16:01está no meio-termo
entre Brasil e Estados Unidos. -
16:03 - 16:06O que tudo isso significa na prática?
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16:08 - 16:10Imaginem uma reunião de trabalho.
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16:10 - 16:12Uma reunião de trabalho nos Estados Unidos
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16:12 - 16:16é voltada pra ação,
pra discutir e decidir. -
16:18 - 16:20E o chefe decide quem vai fazer o quê.
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16:22 - 16:24Na Holanda,
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16:24 - 16:26a reunião é voltada pra descobrir
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16:26 - 16:29quais são as opiniões
das diferentes pessoas. -
16:30 - 16:32O resultado é secundário,
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16:32 - 16:35o importante é que todo mundo seja ouvido,
-
16:35 - 16:40e o chefe é mais um coordenador
que ajuda o grupo todo a decidir. -
16:42 - 16:45Como é uma reunião de trabalho
típica no Brasil? -
16:47 - 16:48A reunião é uma plataforma
-
16:48 - 16:53pro chefe anunciar a decisão
que ele já tomou antes da reunião. -
16:54 - 16:59E ninguém discute
o que o chefe já decidiu. -
17:00 - 17:02Se você quiser influenciar a decisão,
-
17:02 - 17:05você tem que falar com o chefe
antes da reunião. -
17:06 - 17:08Na reunião não dá pra contrariar.
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17:11 - 17:14Então isso dá um estilo
de trabalho diferente. -
17:17 - 17:20O Brasil é hierárquico
-
17:20 - 17:23e, como ele tem uma cultura hierárquica,
-
17:23 - 17:27o Brasil também tende a achar que existe
uma hierarquia entre os países. -
17:27 - 17:31Então a gente acha que alguns países
são mais bacanas do que outros. -
17:31 - 17:35A gente tende a admirar
os Estados Unidos, a Europa, -
17:35 - 17:40e a gente tende a desprezar
a África e o resto da América Latina. -
17:42 - 17:47A gente gosta de imitar os americanos,
-
17:47 - 17:49os franceses, os alemães,
-
17:50 - 17:53e, por exemplo, quando a gente
estuda administração na faculdade, -
17:53 - 17:57quase tudo que a gente estuda
veio dos Estados Unidos. -
18:00 - 18:03Só que alguns conceitos
-
18:04 - 18:05precisam ser adaptados.
-
18:05 - 18:07Por exemplo: feedback.
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18:08 - 18:11Feedback, a gente aprende
que é uma coisa legal, -
18:11 - 18:14que todo mundo deve praticar.
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18:14 - 18:16Nos Estados Unidos, funciona.
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18:17 - 18:20No Brasil, o feedback é diferente.
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18:22 - 18:25Você não dá feedback pro seu chefe.
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18:25 - 18:30Quando seu chefe dá feedback pra você,
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18:30 - 18:33é porque alguma coisa
você fez que ele não gostou. -
18:34 - 18:37E você não vai se arriscar
e dar feedback pro seu chefe, -
18:37 - 18:40porque se ele não gostar do feedback,
ele te bota na rua. -
18:41 - 18:44Então isso precisa ser adaptado;
-
18:44 - 18:47antes de se fazer alguma coisa
noutra cultura. -
18:50 - 18:53O Brasil não precisa imitar os outros,
-
18:53 - 18:58tem muita coisa que a gente faz melhor
do que os americanos e os holandeses. -
18:58 - 19:01Por exemplo, esse conceito de mutirão.
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19:02 - 19:03Se a gente quiser mobilizar as pessoas,
-
19:03 - 19:06é muito mais fácil
mobilizar as pessoas no Brasil. -
19:08 - 19:12Se eu precisasse da ajuda de vocês
aqui, pra reorganizar o palco, -
19:12 - 19:14tirar este X daqui e botar lá no fundo,
-
19:14 - 19:17era só pedir que logo iam aparecer
três ou quatro pra fazer isso. -
19:18 - 19:23Se eu pedisse a mesma coisa na Holanda,
as pessoas iam me olhar e dizer assim: -
19:24 - 19:28"Será que isso é uma boa ideia?
Mas por que você quer fazer isso? -
19:28 - 19:29Vamos discutir".
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19:32 - 19:36E iam discutir duas horas
e sem chegar à conclusão nenhuma. -
19:37 - 19:42Então, nós temos muita coisa
a aprender com outros, -
19:42 - 19:45mas nós temos também
muita coisa a ensinar. -
19:45 - 19:48Não existe nenhuma cultura
que seja melhor do que outra. -
19:50 - 19:55O importante é que a gente
precisa ter a mente aberta. -
19:56 - 19:59O que eu aprendi, indo
de uma cultura pra outra, -
19:59 - 20:01trabalhando em diferentes países,
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20:01 - 20:05é que é importante perguntar pra aprender.
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20:06 - 20:09Escutar mais do que falar.
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20:09 - 20:11E as próprias perguntas devem ser curtas.
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20:12 - 20:15Tipo: "Por quê?", "Como?"
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20:16 - 20:19Dessa forma, a gente consegue
se colocar no lugar do outro, -
20:20 - 20:22e realmente aprender.
-
20:23 - 20:24Isso tudo é importante,
-
20:24 - 20:29porque a gente precisa aprender
a olhar pro problema certo. -
20:30 - 20:33Se a gente discutir problemas de cultura,
-
20:33 - 20:35sem olhar pros valores,
-
20:35 - 20:37a gente pode estar olhando
pro lado errado. -
20:40 - 20:45E, se a gente quiser mudar a cultura,
a gente precisa reeducar os adultos, -
20:45 - 20:51mas a gente precisa, principalmente,
mudar o estilo de educação das crianças. -
20:52 - 20:54Em casa e na escola.
-
20:55 - 21:00Enquanto a gente continuar educando
as crianças de uma forma autoritária, -
21:00 - 21:05nós vamos continuar criando
uma sociedade hierárquica. -
21:05 - 21:09Se quisermos uma sociedade
mais igualitária, -
21:09 - 21:14nós precisamos mudar o estilo de educação
pra que seja mais igualitário. -
21:17 - 21:19Pra isso a gente precisa
mexer nos valores. -
21:19 - 21:23Os valores são o caminho das pedras
pra gente poder mudar a cultura. -
21:26 - 21:31No fundo, nós somos todos diferentes,
nós não somos iguais, -
21:32 - 21:37mas nós temos o mesmo valor,
nós somos equivalentes. -
21:40 - 21:41Obrigado.
-
21:41 - 21:44(Aplausos)
- Title:
- Dilemas de valores nas culturas | Fernando Lanzer | TEDxLaçador
- Description:
-
Fernando fala sobre as diferentes formas de agir em cada cultura.
Consultor de empresas em assuntos de Liderança e Cultura Organizacional. Foi executivo de Recursos Humanos no Banco Sulbrasileiro e no Banco Iochpe. No ABN AMRO, foi responsável por RH no Brasil, América Latina e Caribe, chegando a Executive Vice President, Group Head de Leadership Development & Learning na “holding” em Amsterdam.
É autor de diversos artigos e dos livros “Take Off Your Glasses” (2012), traduzido para o português como “Tire Os Seus Óculos”, “Cruzando Culturas Sem Ser Atropelado: Gestão Transcultural Para Um Mundo Globalizado” (2013) e “Clima e Cultura Organizacionais: Entender, Manter e Mudar” (no prelo). Durante dez anos foi membro (e depois presidente) do Supervisory Group da AIESEC International, a maior associação organizadora de estágios internacionais do mundo.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 21:48
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