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O que é quiralidade e como isso entrou em minhas moléculas? - Michael Evans

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    Nos primórdios da química orgânica,
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    os químicos entendiam que as moléculas eram feitas de átomos
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    conectados através de ligações químicas.
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    Entretanto, as formas tridimensionais das moléculas
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    eram completamente desconhecidas, já que não podiam ser observadas diretamente.
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    As moléculas eram representadas usando-se gráficos de ligações simples
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    como o que você vê aqui.
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    Era muito evidente para químicos experientes da metade do século XIX
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    que essas representações planas não conseguiam explicar
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    muitas de suas observações.
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    A teoria química não tinha fornecido uma explicação satisfatória
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    para essas estruturas tridimensionais das moléculas.
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    Em 1874, o químico Van't Hoff publicou uma hipótese surpreendente:
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    as quatro ligações de um átomo de carbono saturado
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    indicavam as arestas de um tetraedro.
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    Levaria mais de 25 anos
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    para que a revolução do quantum validasse teoricamente sua hipótese.
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    Mas Van't Hoff embasou sua teoria usando a rotação óptica.
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    Van't Hoff observou que apenas compostos contendo um carbono central,
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    ligados a quatro diferentes átomos ou grupos,
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    girava luz planopolarizada.
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    Obviamente há algo único sobre essa classe de compostos.
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    Dê uma olhada nessas duas moléculas que você vê aqui.
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    Cada uma é caracterizada por um átomo de carbono central e tetraédrico,
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    ligado a quatro átomos diferentes:
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    bromo, cloro, flúor e hidrogênio.
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    Podemos ficar tentados a concluir que as duas moléculas
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    são iguais, se nos preocupamos apenas com aquilo de que são feitas.
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    Contudo, vamos ver se conseguimos sobrepor as duas moléculas
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    perfeitamente para, de fato, provar que são iguais.
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    Temos licença para girar e modificar ambas as moléculas
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    como quisermos. Surpreendentemente, porém,
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    não importa como movemos as moléculas,
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    descobrimos que a superposição perfeita é impossível de ser conseguida.
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    Agora dê uma olhada em suas mãos.
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    Observe que suas duas mãos têm as mesmas partes:
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    um polegar, dedos, uma palma, etc.
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    Como as duas moléculas em estudo,
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    ambas as suas mãos são feitas do mesmo material.
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    Além disso, as distâncias entre as partes em ambas as mãos são as mesmas.
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    O dedo indicador é próximo do dedo médio,
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    que é próximo do dedo anular, etc.
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    O mesmo se aplica a nossas moléculas hipotéticas.
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    Todas as distâncias internas delas
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    são as mesmas. Apesar das similaridades entre elas,
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    suas mãos e nossas moléculas
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    não são, com certeza, as mesmas.
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    Tente colocar suas mãos uma sobre a outra.
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    Exatamente como nossas moléculas,
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    você descobrirá que isso não pode ser feito perfeitamente.
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    Agora, coloque as palmas uma em frente da outra.
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    Mexa os dedos indicadores.
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    Observe que sua mão esquerda parece estar olhando
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    em um espelho para a sua mão direita.
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    Em outras palavras, suas mãos são imagens espelhadas.
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    O mesmo pode ser dito de nossas moléculas.
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    Podemos virá-las para que uma olhe para a outra
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    como em um espelho. Suas mãos - e nossas moléculas -
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    possuem uma propriedade espacial em comum chamada quiralidade
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    ou lateralidade.
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    Quiralidade significa exatamente o que acabamos de descrever:
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    um objeto quiral não é igual à sua imagem no espelho.
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    Objetos quirais são muito especiais tanto na química quanto no cotidiano.
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    Parafusos, por exemplo, também são quirais.
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    É por isso que precisamos de termos como parafusos com rosca à direita e parafusos com rosca à esquerda.
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    E acredite ou não, certos tipos de luz
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    podem se comportar como parafusos quirais.
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    Comprimidas em cada feixe de luz planopolarizada linear
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    estão partes tendendo à direita e à esquerda
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    que giram juntas para produzir polarização plana.
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    Moléculas quirais, colocadas em um feixe dessa luz,
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    interagem diferentemente com os dois componentes quirais.
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    Como consequência, um componente da luz fica temporariamente retardado
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    em relação ao outro. O efeito no feixe de luz
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    é uma rotação de seu plano relativamente ao original,
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    também conhecida como rotação óptica.
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    Van't Hoff e, mais tarde, outros químicos perceberam que a natureza quiral
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    do carbono tetraédrico pode explicar este fenômeno fascinante.
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    A quiralidade é reponsável por todo tipo de outros efeitos fascinantes
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    em química e no cotidiano.
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    Os humanos tendem a amar a simetria
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    e, portanto, se você olhar à sua volta, descobrirá que objetos quirais
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    feitos por humanos são raros.
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    Mas as moléculas quirais estão por todo lugar.
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    Fatos tão isolados quanto rotação óptica,
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    parafusar mobília
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    e bater palmas,
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    todos envolvem esta intrigante propriedade espacial.
Title:
O que é quiralidade e como isso entrou em minhas moléculas? - Michael Evans
Description:

Melhore sua compreensão sobre as propriedades moleculares com esta aula sobre a fascinante propriedade da quiralidade. Suas mãos são o segredo para entender a estranha similaridade entre duas moléculas que parecem quase exatamente iguais, mas não são imagens perfeitas.
Aula de Michael Evans, animação de Safwat Saleem e Qa'ed Tung.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:05

Portuguese, Brazilian subtitles

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