Esperanças lúcidas para o futuro | Arthur Keller | TEDxToulouse
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0:10 - 0:13Convido vocês a um despertar coletivo.
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0:13 - 0:15Um despertar vital, como vamos ver.
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0:15 - 0:19Há dez anos, realizo um trabalho
de prospectiva multidisciplinar, -
0:19 - 0:21dedicado às vulnerabilidades
das sociedades modernas. -
0:21 - 0:23Em geral,
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0:23 - 0:26analiso as problemáticas sistêmicas
que a humanidade enfrenta -
0:26 - 0:29e elaboro propostas para lidar com elas,
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0:29 - 0:33eliminando as "falsas" boas ideias,
o que não pode funcionar, ou seja, -
0:34 - 0:37quase tudo o que nos é apresentado
como "soluções". -
0:39 - 0:40Compartilharei a minha análise,
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0:40 - 0:43e vocês entenderão
por que durmo mal à noite. -
0:43 - 0:44Na minha palestra,
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0:44 - 0:49vou enumerar os principais desafios
que a humanidade enfrenta. -
0:49 - 0:53Vou explicar por que as estratégias
utilizadas para combater -
0:53 - 0:56a mudança climática,
os desafios das fontes de energia -
0:56 - 1:01ou da segurança alimentar, por exemplo,
são estratégias essencialmente inadequadas -
1:01 - 1:03e que não consideram o problema principal.
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1:04 - 1:07Em seguida, vou formular algumas
proposições para inspirar, assim espero, -
1:07 - 1:11atos construtivos e pertinentes,
em termos de reflexão e de ação. -
1:13 - 1:16Vivemos em ambientes
que nós mesmos construímos. -
1:16 - 1:19Em sua maioria, os ambientes urbanos,
que ocultam a natureza, -
1:19 - 1:24bem como os socioculturais e ideológicos,
que aniquilam nossa ligação com ela. -
1:25 - 1:27O avesso de nossos ambientes é um inferno
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1:27 - 1:30para todas as formas de vida,
que tentam sobreviver a nós. -
1:31 - 1:33Como vou demonstrar,
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1:33 - 1:37nossa civilização é uma megamáquina
que aniquila os seres vivos. -
1:37 - 1:39Se não detivermos essa máquina louca,
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1:39 - 1:42nós nos autodestruiremos,
levando junto uma infinidade de espécies. -
1:43 - 1:45É uma autodestruição,
possivelmente iminente, -
1:45 - 1:48considerando as vulnerabilidades
das nossas sociedades. -
1:48 - 1:51E elas se dividem entre os que entenderam
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1:51 - 1:53que o mundo atingiu os limites
físicos e ecológicos -
1:53 - 1:56e devemos redefinir o comportamento,
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1:56 - 2:00e entre os que se recusam,
em geral por princípios, -
2:00 - 2:03sem haverem estudado a questão,
a própria ideia da limitação, -
2:03 - 2:06negam que o planeta tem limites,
ou até os reconhecem, -
2:06 - 2:09mas acreditam que não existem
limites à capacidade humana -
2:09 - 2:12de solucionar tais problemas.
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2:12 - 2:14Essa crença incondicional é uma negação.
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2:15 - 2:19Acreditar que podemos encontrar soluções
e, portanto, manter o sistema inalterado -
2:19 - 2:21é tentar fazer durar
o que é insustentável. -
2:21 - 2:25Devemos entender que a questão
dos limites e das vulnerabilidades sociais -
2:25 - 2:26não é uma discussão ideológica,
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2:26 - 2:29tampouco questão de opinião
pessoal ou de intuição. -
2:30 - 2:31Na verdade,
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2:31 - 2:34em relação às dinâmicas dos sistemas,
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2:34 - 2:37os especialistas em resiliência
das infraestruturas -
2:37 - 2:40e em ciclos biogeoquímicos,
os ecologistas, -
2:40 - 2:43mostram que o mundo é um sistema
complexo regido pela retroação, -
2:43 - 2:45como efeitos de limiar, dominó e rebote,
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2:45 - 2:48e que, graças a processos colossais,
temos um problema temporal. -
2:48 - 2:51Abordagens de 20 anos atrás
não se aplicam mais. -
2:51 - 2:55Na verdade, é tarde demais para qualquer
"desenvolvimento sustentável". -
2:56 - 3:00E nenhuma estratégia permitirá encontrar
perspectivas desejáveis e viáveis -
3:00 - 3:03enquanto não considerarmos
o problema pelo que ele é: -
3:03 - 3:07um vício de nosso modelo de civilização.
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3:07 - 3:11Convido-lhes a visualizá-lo por meio
de uma análise sistêmica da situação. -
3:11 - 3:14O mundo natural é composto
de seis "esferas". -
3:14 - 3:17A primeira é a litosfera,
a camada sólida da Terra, -
3:17 - 3:21de onde são extraídos os combustíveis
fósseis dos quais dependemos, -
3:21 - 3:24os metais, inclusive as terras-raras,
a areia para construção, -
3:24 - 3:26os nutrientes vitais,
como o fósforo, e outros. -
3:27 - 3:29E todos esses mineiras são limitados.
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3:29 - 3:32Às vezes, é uma questão de reserva,
mas geralmente de fluxo. -
3:32 - 3:36Será que conseguiremos garantir
o abastecimento, sobretudo de petróleo, -
3:36 - 3:39do qual nossas sociedades dependem
permanentemente para operarem? -
3:39 - 3:41A segunda esfera é a hidrosfera,
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3:41 - 3:43o conjunto das águas do planeta:
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3:43 - 3:46oceanos, mares, lagos,
cursos de água e lençóis freáticos. -
3:46 - 3:48Ela está em um estado
de degradação avançada: -
3:48 - 3:50poluição,
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3:50 - 3:52resíduos plásticos e outros,
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3:52 - 3:56acidificação, aquecimento, elevação
dos níveis dos oceanos, salinização, -
3:56 - 3:58drenagem, zonas mortas.
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3:59 - 4:01Todos os sinais estão vermelhos.
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4:01 - 4:04A terceira esfera é a criosfera,
formada pelo gelo do planeta: -
4:04 - 4:07banquisas, inlândsis,
geleiras, "permafrost". -
4:07 - 4:10Vou fazer uma revelação:
tudo isso derrete! -
4:11 - 4:13E o processo está acelerado.
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4:13 - 4:15A quarta esfera é a atmosfera.
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4:15 - 4:17Alteramos a sua composição tão rápido
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4:17 - 4:22que os ciclos de água e de carbono,
essenciais à vida, estão desequilibrados. -
4:22 - 4:24O clima saiu da zona de estabilidade,
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4:24 - 4:27sem contar a demasiada
contaminação por gases e partículas. -
4:28 - 4:31A quinta esfera é a biosfera,
o conjunto dos seres vivos. -
4:32 - 4:36É uma tragédia assustadora que ocorre
por trás de nossos lindos ambientes. -
4:36 - 4:39Excluindo os seres humanos
e os animais de criação, -
4:39 - 4:4260% dos vertebrados
desapareceram em 44 anos. -
4:43 - 4:44Os vertebrados!
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4:44 - 4:46Isso inclui os mamíferos
terrestres e marinhos, -
4:46 - 4:49anfíbios, peixes, répteis e pássaros.
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4:51 - 4:55Não escutamos a súplica
que a natureza nos dirige. -
4:56 - 4:59Escutem bem:
os seres vivos não "desaparecem", -
4:59 - 5:02nós os exterminamos
em razão de nosso estilo de vida. -
5:03 - 5:05Não é um processo de intenções,
é apenas um fato. -
5:06 - 5:10A sexta e última esfera
do mundo natural é a geosfera, o solo. -
5:10 - 5:12Das terras do planeta,
75% estão em condições críticas -
5:12 - 5:15em razão de práticas agrícolas
intensivas, da urbanização -
5:15 - 5:18ou das atividades industriais,
sobretudo a mineração. -
5:18 - 5:22Recentemente, as Nações Unidas
fizeram um alerta sobre o risco elevado -
5:22 - 5:24da escassez mundial de alimentos.
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5:24 - 5:28É assim que se encontra o mundo natural.
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5:29 - 5:32Agora vocês podem entender
por que durmo mal às vezes. -
5:32 - 5:35Além disso, há uma sétima esfera,
a antroposfera: -
5:35 - 5:38os seres humanos, as atividades
e as produções humanas, -
5:38 - 5:40como as construções,
os produtos e os resíduos. -
5:40 - 5:42A antroposfera está saturada.
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5:42 - 5:45Há um enorme crescimento que faz
com que a pegada ecológica humana, -
5:45 - 5:48a pressão que exercemos sobre o planeta,
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5:48 - 5:51ultrapasse atualmente
o que ele pode suportar. -
5:51 - 5:52Eis a pergunta:
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5:52 - 5:54"Será que nossas sociedades podem durar
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5:54 - 5:58quando todo o mundo natural
está em colapso, em seu limite?" -
5:59 - 6:00Não.
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6:01 - 6:03Uma grande crise
energética e material se inicia, -
6:03 - 6:06com problemas logísticos e de escassez.
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6:06 - 6:08Precisamos estar preparados,
-
6:08 - 6:11aprender a viver em equilíbrio
com essa natureza da qual fazemos parte. -
6:11 - 6:14Se nos acharmos invencíveis
e que não precisamos nos preparar, -
6:14 - 6:17tudo entrará em colapso em breve,
-
6:17 - 6:19processos caóticos
ao fim dos quais deveremos garantir -
6:19 - 6:22nossas necessidades
básicas de sobrevivência. -
6:22 - 6:25Para entender melhor
a natureza dessas vulnerabilidades, -
6:25 - 6:27acrescento quatro elementos
a esse panorama. -
6:27 - 6:31Primeiro: tudo o que fazemos
requer o funcionamento contínuo -
6:31 - 6:34das cadeias logísticas "just in time",
fora de nosso controle, -
6:34 - 6:38que precisam dos transportes,
dos quais 96% utilizam o petróleo. -
6:39 - 6:43Pensamos que a segurança alimentar,
energética e sanitária é dever do Estado, -
6:43 - 6:44mas não nos enganemos.
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6:44 - 6:48Se houver um colapso logístico prolongado,
estaremos por nossa conta. -
6:49 - 6:52Segundo: dependemos de infraestrutura,
de transportes, telecomunicações, -
6:52 - 6:56água, gás, eletricidade, que necessitam
de um aporte permanente -
6:56 - 6:59de materiais e de energia
para o funcionamento e a manutenção. -
7:00 - 7:03Terceiro: modernizamos o mundo
mas, ao fazê-lo, -
7:03 - 7:07é óbvio que o melhoramos,
mas o tornamos complexo e fragilizado. -
7:08 - 7:12Estamos vulneráveis ao colapso
do abastecimento, aos apagões, -
7:12 - 7:14aos hackers,
aos terroristas cibernéticos, etc. -
7:15 - 7:16Quarto:
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7:16 - 7:18a cereja do bolo.
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7:19 - 7:22Estamos à mercê
de bolsas de valores instáveis. -
7:22 - 7:25O mundo todo está preso
a um sistema financeiro imediatista, -
7:25 - 7:28cuja finalidade se opõe
ao interesse coletivo. -
7:29 - 7:30Então,
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7:30 - 7:32o que devemos fazer?
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7:32 - 7:34Exigir que os governantes
tomem uma atitude? -
7:35 - 7:36É perda de tempo.
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7:36 - 7:38E mesmo que eles realmente quisessem,
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7:39 - 7:41suas respostas não seriam adequadas.
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7:41 - 7:44Para nos convencermos disso,
vamos ver o clima de perto, -
7:44 - 7:47o assunto que mobiliza
a comunidade internacional. -
7:47 - 7:49Há uma cúpula anual da ONU,
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7:49 - 7:52investimentos milionários,
um mercado de carbono, -
7:52 - 7:55temos novas tecnologias,
limpa, verde e inteligente, -
7:55 - 7:58transição energética em alguns países,
-
7:58 - 8:01menos a redução das emissões
de gases de efeito estufa. -
8:01 - 8:02Nenhuma.
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8:02 - 8:03Nenhuma!
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8:03 - 8:04Por quê?
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8:05 - 8:09Porque visamos ao crescimento econômico,
o que aumenta a pegada ecológica. -
8:09 - 8:14Por exemplo, não há separação entre o PIB
e as emissões de gases em escala mundial. -
8:14 - 8:16Mas, sobretudo,
esse é o centro da minha questão. -
8:16 - 8:20Mesmo que conseguíssemos evitar
um desequilíbrio climático catastrófico -
8:20 - 8:22que descarbonizaria a civilização,
-
8:22 - 8:25ainda assim não impediríamos
um colapso global, -
8:25 - 8:27porque nossas respostas são inadequadas.
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8:27 - 8:30Tratamos o desequilíbrio climático
como se fosse um problema, -
8:30 - 8:32mas não é.
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8:33 - 8:34É um sintoma!
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8:35 - 8:39Vamos imaginar a situação:
primeiramente, levantamos os recursos; -
8:39 - 8:41então, eles são transformados
em bens e serviços; -
8:41 - 8:43depois, produzimos rejeitos e poluição.
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8:43 - 8:46Tais rejeitos são sólidos,
líquidos ou gasosos. -
8:46 - 8:48Entre os gases,
há os causadores do efeito estufa. -
8:48 - 8:51O desequilíbrio climático
é um dos efeitos secundários, -
8:51 - 8:55já que nossa civilização é um fluxo
irreversível, consumado, -
8:55 - 8:58que transforma a natureza em rejeitos.
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8:58 - 9:02Portanto, a energia, mesmo descarbonizada,
a serviço de nossa civilização, -
9:02 - 9:06mantém esse fluxo que mutila
as condições de vida no planeta. -
9:06 - 9:09Por exemplo, para que a transição
energética funcione, -
9:09 - 9:11já não pode significar redução,
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9:11 - 9:15mas que deve haver a integração
entre uma vasta série de estratégias -
9:15 - 9:20que ataque as causas primárias,
ou seja, a mudança da civilização. -
9:20 - 9:23Por isso, entendo muito bem
que é difícil imaginar -
9:23 - 9:25que a nossa representação
do futuro é obsoleta. -
9:25 - 9:26Pessoalmente,
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9:26 - 9:29isso não me ajuda a dormir bem.
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9:29 - 9:31Mas que sirva para abrirmos uma discussão
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9:31 - 9:35para decidirmos juntos o que deve ser
preservado e o que deve evoluir, -
9:35 - 9:37o que devemos abandonar
e o que devemos criar, -
9:37 - 9:40e podemos ainda construir
um futuro habitável e digno. -
9:40 - 9:42Se não nos prepararmos,
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9:42 - 9:45essas escolhas nos serão impostas
sob o pretexto da segurança, -
9:45 - 9:47num âmbito bastante opressor.
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9:48 - 9:51E o momento de escolha,
se agimos ou não, é agora. -
9:51 - 9:54Não é amanhã, é agora!
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9:54 - 9:56Se não acordarmos, será o nosso declínio.
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9:57 - 10:00Faço a pergunta novamente:
"O que vamos fazer?" -
10:01 - 10:03Bem, mantemos a esperança!
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10:03 - 10:05Mas não uma simples esperança.
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10:05 - 10:09Não a esperança simplória de pressupor
que o problema será resolvido. -
10:09 - 10:13Não mais a esperança de perpetuar
essa civilização tóxica e moribunda, -
10:13 - 10:16mas de criarmos outros
modos de vida no planeta. -
10:16 - 10:18É necessário desconstruir
as falsas esperanças -
10:19 - 10:22para que possamos construir
esperanças lúcidas. -
10:22 - 10:25E como os bloqueios do sistema
excluem a solução hierárquica, -
10:25 - 10:26é preciso agir na base.
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10:26 - 10:28Chegou a hora de agirmos!
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10:28 - 10:29É assim, é a nossa vez.
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10:30 - 10:33Somos responsáveis pelo futuro,
ainda que não culpados pelo passado. -
10:33 - 10:37E nossas escolhas
nos determinarão, nos definirão. -
10:37 - 10:41Seremos os que defenderão
esta causa que afeta todas as outras? -
10:41 - 10:44Ou seremos os que lavarão as mãos?
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10:46 - 10:50Não nos entreguemos à resignação,
à desesperança, ao derrotismo. -
10:50 - 10:51O futuro será o que fizermos dele.
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10:51 - 10:54E a boa notícia que anuncio
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10:54 - 10:56é que existem muitas maneiras
construtivas de agir. -
10:57 - 11:01Duas grandes missões se impõem:
uma revolução do pensamento, -
11:01 - 11:03um despertar dos atos.
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11:03 - 11:07Primeira missão: descolonizar
e reinvestir em nossos imaginários. -
11:07 - 11:09É a oitava esfera, a das ideias.
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11:10 - 11:14Para começar, mobilizemos a criatividade
para criar contradiscursos inspirantes, -
11:14 - 11:17capazes de substituir
o discurso dominante sem limites, -
11:17 - 11:20uma fraude absurda,
geradora de relações de forças opressoras, -
11:20 - 11:23que nos condenam a dissonâncias
cognitivas, destruidoras do bem-estar. -
11:23 - 11:27Cada um deve compreender agora
e não se opor, não ser rivais. -
11:27 - 11:31A luta social e a ecológica
podem e devem se fortalecer. -
11:31 - 11:36É o momento de construir novas culturas,
baseadas em outras hierarquias de valores. -
11:36 - 11:41Bem, isso parece um pouco abstrato,
mas, na verdade, quase tudo já existe: -
11:41 - 11:43agroecologia, agrossilvicultura,
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11:43 - 11:47permacultura, horticultura em solo vivo,
circuitos curtos, locavorismo, -
11:47 - 11:50cooperativas locais,
retomada dos bens comuns, -
11:50 - 11:53água, ar, solo e sementes,
-
11:53 - 11:56moedas e sistemas de trocas locais,
tecnologias simples, etc. -
11:57 - 12:00Há muito o que fazer para vivermos
melhor e por muito tempo. -
12:00 - 12:03Informem-se, eduquem-se e transformem-se!
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12:04 - 12:06A aprendizagem e a reinvenção
requerem alguns esforços, -
12:06 - 12:09mas que são profundamente libertadores.
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12:09 - 12:12De hoje em diante, vamos nos questionar
a cada coisa que fizermos: -
12:12 - 12:16"Isso possibilita revitalizar
a natureza e as relações humanas?" -
12:16 - 12:19Essa pergunta deve ser o reflexo.
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12:20 - 12:22Façam-se essa pergunta.
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12:24 - 12:28Além dessa missão do pensamento,
a segunda se refere aos nossos atos. -
12:28 - 12:30É a nona esfera, a do fazer.
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12:31 - 12:35São dois tipos de atos complementares:
a resistência e resiliência. -
12:36 - 12:39Primeiro, rompamos
com esses cenários hipnotizadores -
12:39 - 12:42e resistamos à megamáquina.
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12:42 - 12:46Os pequenos passos e gestos quotidianos
são bons, mas já não bastam. -
12:46 - 12:50Impedir a destruição, combater a violência
sem precedentes desta civilização -
12:50 - 12:53é uma questão
de legítima defesa e de ética. -
12:53 - 12:56Mobilizações de cidadãos
e desobediência civil: -
12:56 - 13:00precisamos delas e de cada pessoa,
de atos emblemáticos. -
13:01 - 13:04Mesmo que não se interessem
pelo ativismo, é hora de agir. -
13:05 - 13:06É uma guerra.
-
13:08 - 13:11Sei que minhas palavras
não combinam com este cenário. -
13:11 - 13:14Entretanto, elas não são
dogmáticas, nem excessivas. -
13:14 - 13:17Na verdade, são bem banais
para os cientistas naturais. -
13:17 - 13:19Os nossos "bastidores"
é que são os extremos. -
13:19 - 13:22Neste momento, a resposta
adequada aos desafios -
13:23 - 13:25é mobilizar-nos com determinação.
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13:26 - 13:30Juntos, vamos impedir as atividades
nocivas, os projetos insanos, -
13:30 - 13:32as elites perversas e gananciosas,
-
13:32 - 13:35as multinacionais, os bancos,
firmas de advocacia, -
13:35 - 13:38lobistas a serviço de interesses
privados, contra a coletividade. -
13:38 - 13:41Temos que dar um basta a tudo isso!
-
13:41 - 13:42Se nós não o fizermos,
-
13:43 - 13:44quem o fará?
-
13:45 - 13:47Vamos inverter a relação de força,
-
13:47 - 13:50vamos ser os atores principais
e não mais simples coadjuvantes do futuro. -
13:50 - 13:53Se governos e gestores têm
um papel de hoje em diante, -
13:53 - 13:56deve ser o de facilitar
a transição para a resiliência. -
13:56 - 13:57Quem seria um bom líder?
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13:57 - 14:01Um visionário mobilizado
a serviço de um projeto futuro, -
14:01 - 14:03que fosse coerente, inspirador,
-
14:03 - 14:05voltado para os interesses coletivos.
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14:05 - 14:08Esses primeiros atos delineiam
o esboço da resistência. -
14:08 - 14:10Além disso, há a resiliência.
-
14:10 - 14:13Mostrar que podemos viver bem
e de modo diferente, -
14:13 - 14:16sem dependermos de cadeias
de abastecimento do outro lado do mundo, -
14:16 - 14:19nem de sistemas industriais
hipercapitalistas, -
14:19 - 14:21nem de dispositivos técnicos
ultrassofisticados. -
14:21 - 14:25Viver e trabalhar com a natureza,
sem procurar dominá-la, com respeito. -
14:25 - 14:27Criar uma coesão duradoura;
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14:27 - 14:30ser coletivamente menos frágil
em relação aos limites. -
14:30 - 14:34Vamos criar novas sociedades
paralelas a esse sistema insensato, -
14:35 - 14:39sociedades que se ajudarão amanhã,
liberadas da busca por sempre mais, -
14:39 - 14:42e que saberão autolimitar-se,
de maneira digna e solidária. -
14:42 - 14:45Vamos construir alternativas inspiradoras.
-
14:46 - 14:50E um conselho: se pensam que podem
se tornar autônomos, no seu cantinho, -
14:50 - 14:53ou criar uma comunidade isolada
com uma horta, reservas -
14:53 - 14:55e talvez uma cultura defensiva,
-
14:56 - 14:59isso não vai durar,
ainda que vocês sejam muito ricos. -
15:00 - 15:03Inspirem-se no espírito do movimento
"Cidades em Transição". -
15:04 - 15:06Não é muito, mas é um excelente começo.
-
15:06 - 15:08Não se trata de ignorar
o risco da incerteza, -
15:08 - 15:12mas de estabelecer as dinâmicas
construtivas de cooperação em rede. -
15:12 - 15:17A resiliência tem que ser coletiva,
não de "ilhas" dispersas, -
15:17 - 15:19mas de "arquipélagos" unidos,
complementares e solidários, -
15:20 - 15:22para que os territórios sejam resilientes,
-
15:22 - 15:25capazes de gerir a redução
de consumo energético e material -
15:25 - 15:28que assegure condições decentes
de vida às pessoas. -
15:29 - 15:32Não importa quem vocês sejam,
contribuam do seu modo. -
15:32 - 15:34Se têm tempo ou dinheiro,
-
15:34 - 15:36doem para projetos
de recuperação de ecossistemas. -
15:36 - 15:40Se têm terras, ofereçam para alternativas
que preparam para o mundo pós-petróleo. -
15:40 - 15:44Se foram eleitos, recebam os projetos
de transição socioambiental; -
15:44 - 15:48as pessoas se organizarão
e vocês apenas lhes facilitarão a tarefa. -
15:48 - 15:51Se são empresários,
reorientem a sua empresa -
15:51 - 15:53com um modelo de negócio
realmente sustentável. -
15:53 - 15:58Que empregados e empregadores se unam
em projetos de longo prazo significativos. -
15:58 - 15:59Se são professores,
-
15:59 - 16:03preparem os alunos para serem resilientes,
não para um mercado de trabalho -
16:03 - 16:06que terá mudado totalmente
daqui a alguns anos. -
16:06 - 16:07E por aí vai.
-
16:07 - 16:08Há muito a ser feito.
-
16:08 - 16:11Um "tsunami" de iniciativas
de resiliência tem que acontecer. -
16:11 - 16:12Depende de nós.
-
16:13 - 16:16Estamos diante
de um projeto de civilização. -
16:16 - 16:17E tudo parte de nós.
-
16:18 - 16:20Isso não deve nos intimidar,
-
16:20 - 16:23mas nos motivar, pois momentos
belos e importantes se delineiam -
16:23 - 16:26se superarmos as negações, as hipocrisias,
-
16:26 - 16:27os ambientes que criamos.
-
16:27 - 16:30Se trabalharmos juntos
com dignidade e determinação, -
16:30 - 16:34poderemos ainda fazer prevalecer
as forças da vida contra as da morte. -
16:36 - 16:39Antes de terminar, quero fazer
um alerta sobre a tecnologia, -
16:39 - 16:42já que estamos aqui num âmbito
bem tecnológico. -
16:42 - 16:44A tecnologia nos fascina,
mas é uma ferramenta, -
16:45 - 16:48que é benéfica se nos faz evoluir
e não nos transforma em viciados, -
16:48 - 16:53e se contribui para descomplicar o mundo,
ao invés de aumentar a complexidade -
16:53 - 16:55que nos torna dependentes e vulneráveis.
-
16:55 - 16:57A complexidade leva à perplexidade.
-
16:58 - 17:01A perspicácia é um convite à simplicidade.
-
17:01 - 17:04Num planeta supersaturado,
a tecnologia só faz sentido -
17:04 - 17:07se estiver a serviço de um grande projeto
para criar outros modos de vida, -
17:07 - 17:11que sejam protetores e não mais
exploradores da natureza. -
17:13 - 17:16Renovação dos imaginários,
resistência e resiliência: -
17:16 - 17:17está tudo aqui!
-
17:17 - 17:19Essa é a chave.
-
17:20 - 17:23Se depois de me escutarem
vocês não souberem como começar, -
17:23 - 17:26eis meu conselho que serve para todos:
-
17:26 - 17:29organizem, assim que possível,
conversas em seus círculos, -
17:29 - 17:32na comunidades, na vizinhança,
em casa, no trabalho, -
17:32 - 17:36reuniões físicas para discutirem juntos
os limites e as vulnerabilidades, -
17:36 - 17:40os recursos, as riquezas culturais
que vocês possuem. -
17:40 - 17:44Vocês se reunirão com outras pessoas
semelhantes e encontrarão respostas -
17:44 - 17:47para a pergunta que todos
devem se fazer daqui em diante: -
17:47 - 17:51"O que podemos fazer para revitalizar
nossa comunidade e a natureza, -
17:51 - 17:54e seguir em direção
à autossuficiência territorial?" -
17:55 - 17:56Façam isso.
-
17:56 - 17:59Vocês farão nascer esperanças lúcidas.
-
18:00 - 18:01A propósito,
-
18:01 - 18:02vou dormir melhor
-
18:03 - 18:05e creio que todos vocês também.
-
18:05 - 18:07Agradeço por isso!
-
18:07 - 18:09(Aplausos)
- Title:
- Esperanças lúcidas para o futuro | Arthur Keller | TEDxToulouse
- Description:
-
Arthur Keller nos propõe uma análise global dos limites e dos riscos que a humanidade enfrenta, com a finalidade de definir nossos desafios e as respostas adequadas.
Após a discussão de algumas ideias acerca da natureza dos problemas deste século e da demonstração de que a maior parte das "soluções" existentes são, na verdade, insensatas, Arthur detalha uma estratégia para que possamos preparar um futuro melhor e apresenta as perspectivas motivadoras para um mundo possível e decente. Especialista em vulnerabilidades das sociedades modernas e em estratégias de resiliência, conferencista e consultor especializado no uso de discursos como instrumentos de transformação e de mobilização coletiva, Arthur é autor de numerosas propostas para uma transição sistêmica rumo às sociedades resilientes.Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- French
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:14
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Des espoirs lucides pour l’avenir | Arthur Keller | TEDxToulouse | ||
Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for Des espoirs lucides pour l’avenir | Arthur Keller | TEDxToulouse | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Des espoirs lucides pour l’avenir | Arthur Keller | TEDxToulouse | ||
Maricene Crus accepted Portuguese, Brazilian subtitles for Des espoirs lucides pour l’avenir | Arthur Keller | TEDxToulouse | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Des espoirs lucides pour l’avenir | Arthur Keller | TEDxToulouse | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Des espoirs lucides pour l’avenir | Arthur Keller | TEDxToulouse | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Des espoirs lucides pour l’avenir | Arthur Keller | TEDxToulouse | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Des espoirs lucides pour l’avenir | Arthur Keller | TEDxToulouse |