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Bastam 10 minutos de consciência

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    Vivemos num mundo incrivelmente acelerado.
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    O nosso dia a dia é frenético,
    as nossas mentes sempre ocupadas
  • 0:07 - 0:09
    e estamos sempre a fazer alguma coisa
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    Com isto em mente, gostaria
    que tirassem um momento
  • 0:12 - 0:16
    para pensar: quando foi a última vez
    que tiraram tempo para não fazer nada?
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    Só 10 minutos, sem serem perturbados?
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    Quando eu digo "fazer nada",
    quero mesmo dizer nada.
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    Sem "email", sem mensagens, sem Internet,
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    sem TV, sem falar, sem comer, sem ler,
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    nem sequer a remoer sobre o passado
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    ou a planear o futuro.
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    Simplesmente sem fazer nada.
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    Estou a ver muitas caras perplexas.
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    Acho que têm de recuar muito no tempo.
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    Isso é uma coisa extraordinária.
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    Estamos a falar da nossa mente.
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    A mente, o nosso recurso
    mais valioso e precioso,
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    através da qual conseguimos viver
    cada momento da nossa vida,
  • 0:52 - 0:55
    a mente com que contamos
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    para estarmos felizes, satisfeitos,
    emocionalmente estáveis como indivíduos,
  • 0:59 - 1:02
    e, ao mesmo tempo,
    para sermos bondosos e sérios
  • 1:02 - 1:05
    e atenciosos na nossa relação com os outros.
  • 1:05 - 1:08
    Esta é a mesma mente de que dependemos
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    para sermos focados,
    criativos, espontâneos,
  • 1:11 - 1:15
    e para darmos o nosso melhor
    em tudo o que fazemos.
  • 1:15 - 1:19
    Mesmo assim, não tiramos tempo
    para tomar conta dela.
  • 1:19 - 1:22
    Aliás, passamos mais tempo
    a cuidar dos nossos carros,
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    das nossas roupas e do nosso cabelo do que...
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    Ok, se calhar do cabelo não,
    mas vocês percebem a minha ideia.
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    O resultado, claro,
    é que ficamos em "stress".
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    Sabem, a mente funciona como
    uma máquina de lavar
  • 1:34 - 1:37
    sempre às voltas, com muitas emoções
    difíceis e confusas
  • 1:37 - 1:41
    e nós não sabemos muito bem
    como lidar com isso.
  • 1:43 - 1:46
    O mais triste é que estamos tão distraídos
  • 1:46 - 1:50
    que já nem estamos presentes
    no mundo em que vivemos.
  • 1:51 - 1:54
    Acabamos por perder as coisas
    que nos são mais importantes,
  • 1:54 - 1:56
    e o mais incrível
    é que toda a gente assume:
  • 1:56 - 1:59
    A vida é mesmo assim,
    por isso temos de viver com ela.
  • 1:59 - 2:02
    Mas, na realidade,
    não é assim que tem de ser.
  • 2:02 - 2:04
    Eu tinha cerca de 11 anos
  • 2:04 - 2:06
    quando fui à minha primeira
    aula de meditação.
  • 2:06 - 2:10
    E, acreditem, incluiu todos os estereótipos
    que possam imaginar,
  • 2:10 - 2:12
    o sentar de pernas cruzadas no chão,
  • 2:12 - 2:15
    o incenso, o chá de ervas,
    os vegetarianos, tudo isso,
  • 2:15 - 2:19
    mas como a minha mãe ia e
    eu tinha curiosidade, fui com ela.
  • 2:19 - 2:22
    Tinha visto alguns filmes
    de "kung fu" e, secretamente,
  • 2:22 - 2:25
    pensava que talvez pudesse aprender a voar
  • 2:25 - 2:27
    mas eu era muito novo nessa altura.
  • 2:27 - 2:31
    Mas, enquanto lá estava,
    tal como muitas pessoas,
  • 2:31 - 2:34
    assumi que aquilo era
    como uma aspirina para a mente.
  • 2:34 - 2:36
    Ficamos stressados,
    fazemos alguma meditação.
  • 2:36 - 2:39
    Nunca pensei que pudesse ter
    algum tipo de natureza preventiva,
  • 2:39 - 2:43
    até ter cerca de 20 anos,
    altura em que aconteceram
  • 2:43 - 2:46
    uma série de coisas na minha vida,
    umas atrás das outras,
  • 2:46 - 2:50
    coisas muito sérias que viraram
    a minha vida de pernas para o ar
  • 2:50 - 2:52
    e subitamente fui inundado por pensamentos,
  • 2:52 - 2:56
    inundado por emoções difíceis
    com que não sabia lidar.
  • 2:56 - 2:58
    Sempre que eu acalmava uma,
  • 2:58 - 3:00
    aparecia logo outra novamente.
  • 3:00 - 3:02
    Foi uma altura mesmo muito stressante.
  • 3:02 - 3:06
    Suponho que todos nós lidamos
    com o stress de maneiras diferentes.
  • 3:06 - 3:08
    Algumas pessoas enterram-se em trabalho,
  • 3:08 - 3:10
    agradecidas pela distração.
  • 3:11 - 3:14
    Outras viram-se para os amigos,
    para a família, em busca de apoio.
  • 3:14 - 3:18
    Algumas pessoas embebedam-se,
    tomam comprimidos.
  • 3:18 - 3:21
    A minha maneira de lidar com o stress
    foi tornar-me monge.
  • 3:21 - 3:25
    Desisti do meu curso, fui para os Himalaias,
  • 3:25 - 3:28
    tornei-me monge
    e comecei a estudar meditação.
  • 3:28 - 3:32
    Frequentemente, as pessoas perguntam-me
    o que aprendi nesse período.
  • 3:32 - 3:35
    Bem, obviamente que mudou algumas coisas.
  • 3:35 - 3:37
    Sejamos realistas,
    tornar-se num monge celibatário
  • 3:37 - 3:39
    vai mudar uma série de coisas.
  • 3:39 - 3:41
    Mas foi mais do que isso.
  • 3:42 - 3:45
    Ensinou-me, despertou em mim
    uma maior consciência
  • 3:45 - 3:48
    e compreensão do momento presente.
  • 3:48 - 3:52
    Com isto quero dizer:
    não estar perdido em pensamentos,
  • 3:52 - 3:54
    não estar distraído,
  • 3:54 - 3:57
    não estar inundado de emoções difíceis,
  • 3:57 - 4:01
    mas, em vez disso, aprender
    como estar aqui e agora,
  • 4:01 - 4:04
    como estar atento, como estar presente.
  • 4:04 - 4:08
    Eu acho que o momento presente
    é muito menosprezado.
  • 4:08 - 4:12
    Parece tão vulgar e, no entanto,
    passamos tão pouco tempo
  • 4:12 - 4:15
    no momento presente,
    que ele é tudo menos ordinário.
  • 4:16 - 4:18
    Houve um estudo em Harvard, recentemente,
  • 4:18 - 4:21
    que diz que, em média, as nossas mentes
  • 4:21 - 4:25
    estão perdidas em pensamentos
    quase 47% do tempo.
  • 4:25 - 4:27
    Quarenta e sete por cento.
  • 4:27 - 4:30
    Ao mesmo tempo, esta espécie
    de pensamento errante
  • 4:30 - 4:33
    é também uma causa direta de infelicidade.
  • 4:34 - 4:38
    De qualquer forma,
    não estamos cá tanto tempo assim,
  • 4:38 - 4:42
    mas passar quase metade da nossa vida
    perdidos em pensamentos
  • 4:42 - 4:44
    e possivelmente algo infelizes,
  • 4:44 - 4:47
    não sei, mas parece-me um pouco trágico,
  • 4:47 - 4:50
    especialmente quando podemos
    fazer alguma coisa quanto a isso,
  • 4:50 - 4:53
    quando há uma técnica
    positiva, prática, atingível,
  • 4:53 - 4:56
    e cientificamente comprovada
  • 4:56 - 4:59
    que permite à nossa mente ser mais saudável,
  • 4:59 - 5:02
    ser mais atenta e menos distraída.
  • 5:03 - 5:04
    E a beleza disto é que,
  • 5:04 - 5:08
    apesar de ocupar apenas
    cerca de 10 minutos por dia,
  • 5:08 - 5:10
    afeta toda a nossa vida.
  • 5:11 - 5:13
    Mas nós precisamos de a saber fazer.
  • 5:13 - 5:16
    Precisamos de um exercício.
    Precisamos de um contexto
  • 5:16 - 5:18
    para aprendermos a ser mais atentos.
  • 5:18 - 5:20
    Isso é a meditação, essencialmente.
  • 5:20 - 5:22
    É tornarmo-nos conscientes
    do momento presente.
  • 5:22 - 5:25
    Mas também precisamos
    de saber como a abordar,
  • 5:25 - 5:27
    da maneira certa, para retirarmos
    o melhor partido dela.
  • 5:27 - 5:30
    É para isso que isto serve,
  • 5:30 - 5:32
    porque a maioria das pessoas assume
  • 5:32 - 5:35
    que a meditação é só
    sobre parar pensamentos,
  • 5:35 - 5:38
    eliminar as emoções, controlar a mente
    de alguma forma,
  • 5:38 - 5:41
    mas, na verdade,
    é bastante diferente disso.
  • 5:41 - 5:43
    É mais sobre dar um passo atrás,
  • 5:43 - 5:45
    ver o pensamento claramente,
  • 5:45 - 5:49
    assistir à sua chegada e partida,
    as emoções a chegar e a partir
  • 5:49 - 5:53
    sem julgar, mas com a mente
    concentrada e relaxada.
  • 5:54 - 5:56
    Por exemplo, neste momento,
  • 5:56 - 5:59
    se eu me concentrar muito nas bolas,
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    não consigo relaxar e falar convosco
    ao mesmo tempo.
  • 6:01 - 6:04
    Mas, se relaxar demasiado
    ao falar convosco,
  • 6:04 - 6:06
    não me vou conseguir concentrar nas bolas,
    vou deixá-las cair.
  • 6:06 - 6:10
    Agora na vida, e na meditação,
    haverá alturas
  • 6:10 - 6:13
    em que o foco se torna
    um pouco intenso de mais,
  • 6:13 - 6:17
    e a vida começa a parecer-nos
    um pouco como isto.
  • 6:17 - 6:19
    É um modo de vida muito desconfortável,
  • 6:19 - 6:21
    se ficamos restringidos e stressados.
  • 6:21 - 6:24
    Noutras alturas, podemos tirar demasiado
    o pé do acelerador
  • 6:24 - 6:27
    e as coisas ficam um bocado como isto.
  • 6:27 - 6:30
    Claro que na meditação...
  • 6:30 - 6:32
    vamos acabar por adormecer.
  • 6:32 - 6:35
    Portanto, temos que procurar
    um equilíbrio, um relaxamento focado
  • 6:35 - 6:38
    em que permitimos
    que os pensamentos venham e vão
  • 6:38 - 6:40
    sem todo o envolvimento usual.
  • 6:40 - 6:44
    Agora, o que acontece normalmente
    quando estamos a aprender a estar atentos
  • 6:44 - 6:46
    é que somos distraídos por um pensamento.
  • 6:46 - 6:48
    Suponhamos que isto é
    um pensamento ansioso.
  • 6:48 - 6:51
    Está tudo a correr bem, depois vemos
    o pensamento ansioso, tipo:
  • 6:51 - 6:54
    "Não me apercebi de
    que estava preocupado com isto".
  • 6:54 - 6:55
    Voltamos atrás, repetimo-lo.
  • 6:55 - 6:58
    "Oh, estou mesmo preocupado.
    Uau, há tanta ansiedade."
  • 6:58 - 7:00
    E sem nos apercebermos,
  • 7:00 - 7:03
    ficamos ansiosos por nos sentirmos ansiosos.
  • 7:04 - 7:05
    Eu sei, é de doidos.
  • 7:05 - 7:09
    Estamos sempre a fazer isto,
    quase diariamente.
  • 7:09 - 7:12
    Se pensarem sobre a última vez
  • 7:12 - 7:14
    que tiveram um dente a abanar.
  • 7:14 - 7:17
    Sabem que está a abanar e sabem que dói.
  • 7:17 - 7:20
    Mas o que fazem a cada 20, 30 segundos?
  • 7:20 - 7:23
    "Isto dói mesmo."
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    E acabamos por reforçar a ideia, não é?
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    E continuamos a dizer a nós próprios,
  • 7:28 - 7:30
    e fazemos isto a toda a hora.
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    É apenas ao aprender a observar
    a mente desta forma
  • 7:32 - 7:36
    que podemos começar a libertar-nos
    destes pensamentos e padrões da mente.
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    Mas quando nos sentamos
    e observamos a mente desta forma,
  • 7:39 - 7:41
    vemos muitos padrões diferentes.
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    Encontramos uma mente
    que não tem descanso
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    o tempo todo.
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    Não fiquem surpreendidos se sentirem
    o corpo um pouco agitado
  • 7:49 - 7:53
    quando se sentarem para não fazer nada
    e a vossa mente se sentir assim.
  • 7:53 - 7:55
    Poderão encontrar uma mente muito monótona
  • 7:55 - 7:57
    e aborrecida, quase mecânica.
  • 7:57 - 8:00
    Que até parece que é
    como se se levantassem,
  • 8:00 - 8:03
    fossem trabalhar, comessem,
    dormissem, levantassem, trabalhassem.
  • 8:03 - 8:06
    Ou pode ser apenas
    aquele pequeno pensamento chato
  • 8:06 - 8:10
    que dá voltas e voltas à vossa mente.
  • 8:11 - 8:14
    O que quer que seja, a meditação oferece
  • 8:14 - 8:18
    a oportunidade, o potencial
    de dar um passo atrás
  • 8:18 - 8:21
    e ganhar uma nova perspetiva,
  • 8:21 - 8:24
    ver que as coisas nem sempre são
    o que parecem.
  • 8:25 - 8:27
    Nós não podemos mudar
  • 8:27 - 8:30
    tudo o que nos acontece durante a vida,
  • 8:31 - 8:34
    mas podemos mudar a forma
    como a experienciamos.
  • 8:34 - 8:38
    Esse é o potencial da meditação,
    de nos tornar atentos.
  • 8:38 - 8:41
    Não têm de queimar nenhum incenso,
  • 8:41 - 8:43
    e, definitivamente, não precisam
    de se sentar no chão.
  • 8:43 - 8:47
    Tudo o que precisam de fazer
    é tirar 10 minutos por dia
  • 8:47 - 8:48
    para dar um passo atrás,
  • 8:48 - 8:51
    para se familiarizarem
    com o momento presente
  • 8:51 - 8:53
    para que consigam experienciar
  • 8:53 - 8:57
    um sentido mais focado,
    calmo e claro na vossa vida.
  • 8:57 - 8:59
    Muito obrigado.
  • 8:59 - 9:02
    (Aplausos)
Title:
Bastam 10 minutos de consciência
Speaker:
Andy Puddicombe
Description:

Quando foi a última vez em que não fizeram absolutamente nada durante 10 minutos? Sem mensagens, sem falar ou até sem pensar? Andy Puddicombe, perito em Atenção Plena descreve o poder transformador de fazer exatamente isso: limpar a mente durante 10 minutos por dia, simplesmente estando consciente e vivendo o momento presente.
(Não é preciso incenso nem sentar-se em posições estranhas.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
09:24
  • It's perfect! It's the first translation I review, so to be honest I would love to find some things to correct, but I really didn't, except a little detail in the "description", in which I think it would sound better if we used the third-person singular (fez) instead of plural (fizeram).

  • Obrigado, Débora!

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