< Return to Video

Epigenética: a forma de nosso corpo mudar o destino escrito em nosso DNA | Moshe Szyf | TEDxBratislava

  • 0:15 - 0:19
    Tudo começou em um bar escuro em Madri.
  • 0:19 - 0:25
    Eu acabava de chegar no bar e encontrei
    meu colega da universidade de McGill,
  • 0:25 - 0:26
    Michael Meaney.
  • 0:27 - 0:30
    Estávamos bebendo cerveja,
  • 0:30 - 0:34
    e, como cientistas fazem,
    ele me contou sobre seu trabalho.
  • 0:34 - 0:39
    Ele me disse que estava interessado
    no jeito que as mães dos ratos
  • 0:39 - 0:43
    lambem seus filhotes
    depois que eles nascem.
  • 0:44 - 0:49
    Eu estava sentado lá, dizendo: "É aí
    que meus impostos são desperdiçados".
  • 0:49 - 0:50
    (Risos)
  • 0:50 - 0:53
    "Nesse tipo de ciência fraca."
  • 0:54 - 0:58
    Mas assim que a bebida se intensifica
    e o álcool entra no cérebro,
  • 0:58 - 1:02
    você vai ficando mais receptivo,
    e ele começou a me contar
  • 1:02 - 1:08
    que os ratos, como os humanos, lambem
    seus filhotes de modos muito diferentes.
  • 1:08 - 1:11
    Algumas mães o fazem muito,
  • 1:11 - 1:13
    algumas o fazem muito pouco,
  • 1:13 - 1:16
    e a maioria das mães o faz medianamente.
  • 1:16 - 1:23
    O interessante nisso é que, quando ele
    acompanha os filhotes até a idade adulta,
  • 1:23 - 1:27
    como anos na vida humana, muito tempo
    depois de suas mães terem morrido,
  • 1:27 - 1:29
    eles são animais completamente diferentes.
  • 1:29 - 1:33
    Os animais que foram lambidos
    e limpos com frequência
  • 1:33 - 1:38
    não são estressados,
  • 1:38 - 1:44
    têm comportamento sexual diferente,
    um modo de viver diferente daqueles
  • 1:44 - 1:49
    que não foram tratados
    tão intensamente pela mãe.
  • 1:50 - 1:52
    E eu pensava comigo mesmo...
  • 1:53 - 1:54
    isso é mágica?
  • 1:55 - 1:56
    Como isso funciona?
  • 1:56 - 1:58
    Eu sou bioquímico.
  • 1:58 - 2:02
    Eu acredito que há explicações
    químicas para a natureza.
  • 2:03 - 2:07
    Eu trabalhava numa área
    chamada epigenética,
  • 2:08 - 2:14
    mas antes de eu chegar àquela conclusão,
    tivemos que fazer outro experimento.
  • 2:14 - 2:19
    Um geneticista gostaria que você
    se perguntasse: "Isso é genético?"
  • 2:19 - 2:23
    Talvez a mãe tivesse o gene de "mãe ruim"
  • 2:23 - 2:27
    que fez com que seus filhos
    fossem estressados,
  • 2:27 - 2:30
    e isso foi transmitido
    de geração a geração;
  • 2:30 - 2:32
    tudo é determinado pela genética?
  • 2:32 - 2:36
    Ou é possível que outra coisa
    esteja acontecendo aqui?
  • 2:36 - 2:39
    Nos ratos, podemos fazer
    essa pergunta e respondê-la.
  • 2:39 - 2:43
    Então o que fizemos foi
    um experimento de criação cruzada.
  • 2:43 - 2:48
    Essencialmente, separamos
    uma ninhada ao nascer
  • 2:48 - 2:50
    e colocamos com duas mães diferentes.
  • 2:50 - 2:53
    Não as mães de verdade,
    mas mães que vão tomar conta deles.
  • 2:53 - 2:55
    Mães que lambem pouco,
    e mães que lambem muito.
  • 2:55 - 2:59
    E fazemos o contrário com os filhotes
    que são lambidos poucas vezes.
  • 3:00 - 3:06
    A resposta impressionante foi que o gene
    recebido da mãe não importava.
  • 3:06 - 3:12
    Não era a mãe biológica quem definia
    essa propriedade nos ratos,
  • 3:12 - 3:16
    mas a mãe que cuidou dos filhotes.
  • 3:17 - 3:20
    Então como isso funciona?
  • 3:20 - 3:23
    Como eu lhes disse, sou um epigeneticista.
  • 3:23 - 3:26
    Estou interessado no modo em que os genes
  • 3:26 - 3:30
    são marcados quimicamente
    durante a embriogênese,
  • 3:30 - 3:33
    durante o tempo em que estamos
    no útero de nossa mãe,
  • 3:33 - 3:37
    o que decide qual gene vai ser
    expressado em que tecido.
  • 3:37 - 3:40
    Genes diferentes são expressados
    no cérebro, no fígado e nos olhos.
  • 3:42 - 3:47
    E nós pensamos: é possível
    que a mãe esteja, de algum jeito,
  • 3:47 - 3:53
    reprogramando o gene de seu filhote
    através de seu comportamento?
  • 3:53 - 3:55
    Dez anos se passaram,
  • 3:55 - 3:59
    e descobrimos que há uma cascata
    de acontecimentos bioquímicos
  • 3:59 - 4:02
    nos quais a limpeza e o cuidado da mãe
  • 4:02 - 4:08
    são transformados em sinais bioquímicos
    que vão até o núcleo e adentram o DNA,
  • 4:08 - 4:10
    e o programam de um jeito diferente.
  • 4:10 - 4:15
    Então agora o animal pode
    se preparar para a vida.
  • 4:15 - 4:18
    A vida vai ser difícil?
  • 4:18 - 4:20
    Vai ter muita comida?
  • 4:20 - 4:22
    Vão ter muitos gatos e cobras por perto?
  • 4:22 - 4:25
    Ou vou morar em uma
    vizinhança de classe alta
  • 4:25 - 4:31
    onde tudo que devo fazer é me comportar
    para ser bem aceito socialmente?
  • 4:31 - 4:38
    Podemos pensar no quão importante
    esse processo pode ser em nossas vidas.
  • 4:38 - 4:41
    Herdamos nosso DNA de nossos ancestrais.
  • 4:42 - 4:46
    O DNA é antigo, se desenvolveu
    durante a evolução.
  • 4:46 - 4:51
    Mas ele não diz se você vai
    nascer em Estocolmo,
  • 4:51 - 4:54
    onde os dias são longos no verão
    e curtos no inverno,
  • 4:54 - 4:58
    ou no Equador, onde há um número igual
    de horas para o dia e para a noite
  • 4:58 - 5:03
    durante o ano inteiro, e isso tem
    um enorme impacto na nossa fisiologia.
  • 5:04 - 5:08
    O que estamos sugerindo é que talvez
    o que acontece cedo na vida,
  • 5:08 - 5:12
    aqueles sinais que são entregues
    através da mãe dizem à criança
  • 5:12 - 5:15
    em que tipo de mundo social ela vai viver.
  • 5:15 - 5:18
    Vai ser duro e é melhor você
    ser ansioso e estressado?
  • 5:18 - 5:21
    Ou vai ser um mundo fácil
    e você tem que ser diferente?
  • 5:21 - 5:24
    Será um mundo com muita luz ou pouca luz?
  • 5:24 - 5:29
    Será um mundo com muita ou pouca comida?
  • 5:29 - 5:30
    Se não há comida por perto,
  • 5:30 - 5:35
    é melhor desenvolver o seu cérebro
    para comer sempre que houver comida
  • 5:35 - 5:40
    ou armazenar toda comida
    que você ingere como gordura.
  • 5:41 - 5:44
    Então isso é bom, a evolução escolheu isso
  • 5:44 - 5:51
    para que nosso DNA estático funcione
    de modo dinâmico em novos ambientes.
  • 5:52 - 5:54
    Mas às vezes as coisas dão errado.
  • 5:55 - 6:00
    Por exemplo, se você nascer
    em uma família pobre, os sinais são:
  • 6:00 - 6:05
    "É melhor você comer bastante,
    coma toda a comida que encontrar".
  • 6:05 - 6:08
    Mas agora nós, humanos,
    em nossos cérebros, evoluímos,
  • 6:08 - 6:10
    mudamos a evolução ainda mais rapidamente.
  • 6:10 - 6:13
    Agora podemos comprar
    um hambúrger do McDonald's por US$1.
  • 6:13 - 6:19
    Então a preparação que nossa mãe nos deu
  • 6:19 - 6:22
    não está se adaptando bem.
  • 6:23 - 6:28
    A mesma preparação que surgiu
    para nos proteger da fome e da inanição
  • 6:28 - 6:33
    causará obesidade, problemas
    cardiovasculares e doenças metabólicas.
  • 6:34 - 6:37
    A ideia de que nossos genes podem
    ser marcados pelas nossas experiências,
  • 6:37 - 6:40
    principalmente as primeiras
    experiências na vida,
  • 6:40 - 6:45
    podem nos dar uma explicação
    padronizada sobre saúde e doença.
  • 6:46 - 6:48
    Mas isso só se aplica aos ratos?
  • 6:48 - 6:51
    O problema é que não podemos
    testar isso em humanos,
  • 6:51 - 6:55
    porque eticamente não podemos administrar
    adversidade na infância de modo aleatório.
  • 6:55 - 6:59
    Então se uma criança pobre
    desenvolver uma certa propriedade,
  • 6:59 - 7:05
    não sabemos se foi causada pela pobreza
    ou se as pessoas pobres tem genes ruins.
  • 7:05 - 7:08
    Geneticistas vão tentar te convencer
    que os pobres são pobres
  • 7:08 - 7:10
    porque seus genes as tornaram pobres.
  • 7:10 - 7:14
    Epigeneticistas vão dizer que pessoas
    pobres estão num ambiente ruim
  • 7:14 - 7:19
    ou em um ambiente empobrecido
    que cria esse fenótipo, essa propriedade.
  • 7:21 - 7:27
    Então começamos a dar uma olhada
    em nossos primos, os macacos.
  • 7:27 - 7:32
    O meu colega Stephen Suomi tem criado
    macacos de duas formas diferentes.
  • 7:32 - 7:35
    Separou o macaco de sua mãe aleatoriamente
  • 7:35 - 7:41
    e o criou com uma enfermeira
    em condições de mãe adotiva.
  • 7:41 - 7:43
    Então esses macacos não tinham mãe,
    mas uma enfermeira.
  • 7:43 - 7:48
    E outros macacos foram criados
    com suas mães naturais.
  • 7:48 - 7:53
    Quando eles envelheceram, tinham virado
    animais completamente diferentes.
  • 7:53 - 7:56
    Os macacos que tinham uma mãe
    não se interessavam em álcool,
  • 7:56 - 7:57
    não eram sexualmente agressivos.
  • 7:57 - 8:01
    Os macacos que não tinham mãe
    eram agressivos, estressados
  • 8:01 - 8:03
    e eram alcoólatras.
  • 8:04 - 8:08
    Então observamos seu DNA
    logo depois de seu nascimento
  • 8:08 - 8:12
    para ver se é possível que a mãe
    esteja deixando uma marca.
  • 8:12 - 8:17
    Há uma assinatura da mãe
    no DNA de sua prole.
  • 8:17 - 8:20
    Esses são, hoje, 14 macacos,
  • 8:20 - 8:24
    e o que você vê aqui é o jeito moderno
    de estudarmos epigenética.
  • 8:24 - 8:28
    Agora podemos mapear as marcas químicas,
    chamadas de marcas de metilação,
  • 8:28 - 8:34
    no DNA em resolução de nucleótido único.
    Podemos mapear o genoma inteiro.
  • 8:34 - 8:37
    Agora podemos comparar o macaco
    que teve mãe com o que não teve.
  • 8:37 - 8:39
    E aqui está a representação visual disso.
  • 8:39 - 8:43
    Os genes que receberam mais
    metilação são vermelhos;
  • 8:43 - 8:46
    os genes que receberam menos
    metilação são verdes.
  • 8:46 - 8:49
    Você pode ver que vários
    genes estão mudando.
  • 8:49 - 8:53
    Porque não ter tido uma mãe
    não é só uma coisa, isso afeta tudo.
  • 8:53 - 8:58
    Isso envia sinais sobre como o mundo
    vai ser quando você se tornar adulto.
  • 8:58 - 9:03
    E você pode ver dois grupos
    de macacos separados um do outro.
  • 9:03 - 9:07
    Quão cedo isso se desenvolve?
  • 9:07 - 9:11
    Esses macacos já não viam suas mães,
    então eles tiveram uma experiência social.
  • 9:11 - 9:15
    Será que sentimos nosso status social
    até mesmo no nascimento?
  • 9:16 - 9:17
    Nesse experimento,
  • 9:17 - 9:22
    pegamos placentas de macacos
    que tinham status sociais diferentes.
  • 9:22 - 9:28
    O interessante das classes sociais
    é que todos os seres vivos
  • 9:28 - 9:31
    vão se estruturar através
    de uma hierarquia.
  • 9:31 - 9:33
    O macaco número um é o líder.
  • 9:33 - 9:35
    O macaco número quatro é o peão.
  • 9:35 - 9:38
    Se você colocar
    quatro macacos em uma jaula,
  • 9:38 - 9:42
    sempre haverá um líder e um peão.
  • 9:42 - 9:46
    O interessante é que o macaco número um
  • 9:46 - 9:49
    é bem mais saudável
    do que o número quatro.
  • 9:49 - 9:56
    Se os colocarmos em uma jaula,
    o macaco número um não vai comer tanto.
  • 9:56 - 9:58
    O macaco número quatro vai comer bastante.
  • 9:59 - 10:03
    Neste mapeamento de metilação, você vê
  • 10:03 - 10:09
    os animais que tinham alto status social
    versus os que não tinham.
  • 10:09 - 10:13
    Já nascemos sabendo a informação social,
  • 10:13 - 10:18
    e a informação social não é boa ou ruim,
    ela apenas nos prepara para a vida
  • 10:18 - 10:22
    porque temos que programar
    nossa biologia de modo diferente
  • 10:22 - 10:26
    se temos um status social alto ou baixo.
  • 10:26 - 10:28
    Mas como estudar isso em humanos?
  • 10:28 - 10:32
    Não podemos fazer experimentos, não
    podemos aplicar adversidade em humanos.
  • 10:32 - 10:36
    Mas Deus faz experimentos com humanos,
    são chamados desastres naturais.
  • 10:37 - 10:42
    Um dos piores desastres naturais
    na história do Canadá
  • 10:42 - 10:45
    aconteceu na minha província de Quebec.
  • 10:45 - 10:47
    Foi a tempestade de gelo de 1998.
  • 10:47 - 10:51
    Perdemos nossa rede elétrica inteira
    por causa da tempestade de gelo,
  • 10:51 - 10:56
    com a temperatura, em pleno inverno
    de Quebec, de 20 a 30ºC negativos,
  • 10:56 - 10:59
    e havia mulheres grávidas naquela época.
  • 10:59 - 11:05
    Minha colega de trabalho, Suzanne King,
    acompanhou os filhos dessas mulheres
  • 11:05 - 11:07
    durante 15 anos.
  • 11:08 - 11:12
    O que aconteceu é que, quando
    o estresse aumentou,
  • 11:12 - 11:15
    e aqui haviam medidas
    objetivas de estresse:
  • 11:15 - 11:17
    quando tempo você ficou sem eletricidade,
  • 11:17 - 11:19
    onde você passou seu tempo?
  • 11:19 - 11:24
    Foi no apartamento da sua sogra
    ou em alguma casa de campo chique?
  • 11:24 - 11:27
    Tudo isso resulta
    em uma escala de estresse social
  • 11:27 - 11:31
    e você pode perguntar:
    como as crianças estavam?
  • 11:31 - 11:36
    Parece que, com o aumento do estresse,
    as crianças desenvolvem mais autismo,
  • 11:36 - 11:42
    desenvolvem mais doenças metabólicas
    e mais doenças auto-imunes.
  • 11:42 - 11:44
    Mapeávamos o estado
    de metilação e, de novo,
  • 11:44 - 11:50
    dá pra ver os genes verdes se tornando
    vermelhos com o aumento do estresse.
  • 11:50 - 11:53
    Os genes vermelhos se tornando
    verdes com o aumento do estresse,
  • 11:53 - 11:58
    uma mudança completa do genoma
    em resposta ao estresse.
  • 11:59 - 12:02
    Se podemos programar genes,
  • 12:02 - 12:06
    se não somos escravos
    da história de nossos genes,
  • 12:06 - 12:09
    e eles podem ser programados,
    podemos desprogramá-los?
  • 12:10 - 12:14
    Porque causas epigenéticas podem
    causar doenças como o câncer,
  • 12:14 - 12:18
    doenças metabólicas e doenças mentais.
  • 12:18 - 12:21
    Vamos falar sobre o vício de cocaína.
  • 12:22 - 12:27
    Esse vício é uma situação terrível
    que pode levar à morte,
  • 12:27 - 12:29
    à perda da vida humana.
  • 12:30 - 12:35
    Perguntamos: podemos
    reprogramar o cérebro viciado
  • 12:35 - 12:41
    para curar o vício daquele animal?
  • 12:41 - 12:47
    Usamos um modelo de vício de cocaína
    que replica o que acontece com humanos.
  • 12:47 - 12:52
    Com humanos, você está no ensino médio,
    amigos sugerem que você cheire cocaína,
  • 12:52 - 12:54
    você cheira cocaína, nada acontece.
  • 12:54 - 12:58
    Meses passam, alguma coisa te lembra
    do que aconteceu na primeira vez,
  • 12:58 - 13:01
    um traficante te empurra
    cocaína, e você se vicia,
  • 13:01 - 13:03
    e a sua vida mudou.
  • 13:03 - 13:04
    Com ratos, fazemos o mesmo.
  • 13:04 - 13:09
    Meu colega Gal Yadid treina animais
    para se acostumarem com cocaína,
  • 13:09 - 13:12
    e então, por um mês, nada de cocaína.
  • 13:12 - 13:15
    Então ele os lembra da festa na qual
    eles viram cocaína pela primeira vez
  • 13:15 - 13:18
    através de um sinal, as cores da jaula
    quando eles viram a cocaína,
  • 13:18 - 13:20
    e eles ficam loucos.
  • 13:20 - 13:24
    Eles puxam a alavanca
    para conseguir cocaína até morrerem.
  • 13:24 - 13:29
    Primeiro determinamos
    que a diferença entre esses animais
  • 13:29 - 13:31
    é que, durante aquele tempo
    em que nada acontece,
  • 13:31 - 13:35
    em que não há cocaína por perto,
    o epigenoma muda,
  • 13:35 - 13:38
    os genes são marcados
    novamente de forma diferente,
  • 13:38 - 13:40
    e quando eles recebem o sinal,
  • 13:40 - 13:45
    seu genoma está pronto
    para desenvolver o fenótipo do vício.
  • 13:45 - 13:52
    Então tratamos esses animais com drogas
    que aumentam a metilação do DNA,
  • 13:52 - 13:54
    a marca epigenética a ser estudada,
  • 13:54 - 13:57
    ou que diminuem as marcas epigenéticas.
  • 13:57 - 14:01
    E descobrimos que,
    se aumentarmos a metilação,
  • 14:01 - 14:05
    esses animais ficam ainda mais loucos,
    querem a cocaína ainda mais.
  • 14:05 - 14:11
    Mas se reduzirmos a metilação do DNA,
    eles não estão mais viciados.
  • 14:11 - 14:12
    Nós os reprogramamos.
  • 14:12 - 14:17
    E a diferença fundamental entre uma droga
    epigenética e qualquer outra droga
  • 14:17 - 14:23
    é que com drogas epigenéticas, basicamente
    removemos a ciência da experiência,
  • 14:23 - 14:25
    e uma vez que isso acontece,
  • 14:25 - 14:28
    ela não volta, a não ser que você
    tenha a mesma experiência.
  • 14:28 - 14:30
    Então o animal foi reprogramado.
  • 14:30 - 14:34
    Quando visitamos os animais
    por mais 30, 60 dias,
  • 14:34 - 14:37
    que são, em termos humanos,
    muitos anos de vida,
  • 14:37 - 14:43
    eles ainda não tinham se viciado,
    com um único tratamento epigenético.
  • 14:45 - 14:51
    O que aprendemos sobre DNA:
    o DNA não é só uma sequência de letras,
  • 14:51 - 14:53
    não é apenas um roteiro.
  • 14:53 - 14:56
    O DNA é um filme dinâmico.
  • 14:57 - 15:02
    Nossas experiências estão sendo escritas
    dentro desse filme, que é interativo.
  • 15:02 - 15:07
    Vocês estão vendo o filme de suas vidas,
    com o DNA, com seu controle remoto.
  • 15:07 - 15:11
    Vocês podem tirar um ator
    e adicionar um ator.
  • 15:11 - 15:17
    Então, apesar da natureza
    determinística da genética,
  • 15:17 - 15:20
    você tem controle sobre seus genes.
  • 15:21 - 15:24
    E isso passa uma tremenda
    mensagem otimista.
  • 15:24 - 15:28
    A habilidade de encarar
    algumas doenças fatais,
  • 15:28 - 15:33
    como câncer, problemas de saúde mental,
    com uma nova abordagem,
  • 15:33 - 15:36
    tratá-las como uma má adaptação.
  • 15:36 - 15:43
    Se conseguirmos intervir epigeneticamente
    e reverter o filme retirando um ator
  • 15:43 - 15:46
    e criando uma nova narrativa.
  • 15:46 - 15:50
    Então o que eu contei pra vocês
    hoje é que o nosso DNA
  • 15:50 - 15:56
    é na verdade uma combinação de dois
    componentes, duas camadas de informação.
  • 15:56 - 16:03
    Uma camada de informação é antiga,
    decorrente de milhões de anos de evolução;
  • 16:04 - 16:07
    é estável e muito difícil de mudar.
  • 16:08 - 16:12
    A outra camada de informação
    é a camada epigenética,
  • 16:12 - 16:15
    que é aberta e dinâmica,
  • 16:15 - 16:20
    e constrói uma narrativa interativa.
  • 16:20 - 16:25
    Então mesmo que sejamos
    definidos por nossos genes,
  • 16:25 - 16:28
    temos um certo grau de liberdade
  • 16:28 - 16:32
    que pode construir
    uma vida de responsabilidade.
  • 16:32 - 16:33
    Obrigado.
  • 16:33 - 16:36
    (Aplausos)
Title:
Epigenética: a forma de nosso corpo mudar o destino escrito em nosso DNA | Moshe Szyf | TEDxBratislava
Description:

O que considerávamos imutável, o DNA, na verdade se modifica muito engenhosamente de acordo com as necessidades do ambiente. Mesmo antes de um bebê nascer, ele já sabe para que precisa se preparar. Nesta palestra, Moshe esclarece sua descoberta inovadora.

Moshe Szyf é um dos pioneiros na área de epigenética. O laboratório de Szyf propôs há três décadas que a metilação do DNA é um dos principais alvos terapêuticos no câncer e em outras doenças, e providenciou as primeiras provas de que o "ambiente social" pode alterar a metilação do DNA precocemente na vida, lançando a área emergente chamada de "epigenética social". O laboratório de Szyf está interessado em compreender mecanismos básicos da epigenética e suas grandes implicações no comportamento humano, saúde e doenças, assim como em desenvolver diagnósticos e terapia com base na epigenética.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:44

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions