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Uma Visão Contemporânea sobre Pintura em Miniatura Oriental (Shahzia Sikander) | Art21

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    SHAHZIA SIKANDER: Tem algo no processo,
  • 0:31 - 0:33
    no processo minucioso de pintar
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    principalmente nessa escala
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    que mantém o processo sob controle.
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    Eu estou tingindo o papel, basicamente
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    e precisa ser um tingimento
    muito uniforme.
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    É lento e você tem que
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    manter a beira do chá
    em um tipo de fluxo
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    para que escorra por toda
    a margem continuamente
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    É algo muito meditativo,
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    e há uma sensação
    de familiaridade
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    porque muitos anos
    foram dedicados nisso.
  • 1:13 - 1:19
    (riscando)
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    Uma coisa que aprendi foi
    o respeito por tradições
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    e pela paciência,
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    porque você simplesmente
    não consegue atingir nada
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    você não vai finalizar uma
    pintura se você não...
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    Você precisa de tempo.
    Tempo é a resposta.
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    Então eu não consigo, tipo
    fazer uma exposição
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    e preparar todo um
    trabalho em um ano.
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    Eu preciso de três a
    quatro anos.
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    (música com sinos tocando)
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    Sabe, pintura em miniatura
    vêm de ilustrações em livros,
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    manuscritos, retratos.
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    É uma forma de arte antiga.
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    Toda essa perspectiva esquisita,
    empilhada e sobreposta,
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    Interiores e então uma sugestão
    de janelas e portas,
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    Estas que sugerem o mundo exterior
    ou o mundo espiritual,
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    ou alguma noção de perfeição.
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    Essa translucidez que atravessa,
    similar à uma joia
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    É apenas porque você tem
    a disciplina por trás.
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    São necessárias muitas
    e muitas camadas,
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    no mínimo de 10 a 20 camadas
    de diferentes cores,
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    para construir essa aparência.
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    E você tem que ser muito cuidadoso,
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    Porque caso seu pincel contenha
    água demais,
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    você remove as camadas anteriores
    do pigmento também,
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    porque elas não estão seladas.
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    Então é prática.
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    As vezes, quando estou fora de prática,
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    Todos esses 10 anos de experiência
    não significam nada.
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    Mas quando éramos estudantes
    no Paquistão,
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    meu professor costumava nos fazer
    sentar no chão, em lençóis brancos,
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    e você pode deixar seus sapatos
    do lado de fora,
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    e tudo era muito preciso e muito limpo
    e muito minimalista
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    E você trabalhava em seu projeto
    e você fazia exercícios de observação
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    Você mantinha seu trabalho há
    mais ou menos 30cm dos seus olhos
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    Era muito metódico.
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    Tinha até um quê de...
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    Era muito ritualístico também.
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    (música com sinos tocando)
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    Acho que ter adquirido cedo
    uma pintura em miniatura
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    foi como pintar para mim.
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    Eu observava e compreendia
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    a formalidade sensível de pintar,
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    exceto que eu não estava pintando
    em um canva.
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    Eu estava pintando no papel,
    com materiais específicos,
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    mas era tudo sobre superfícies,
    paletas, formas
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    composições, estilizações.
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    E a expressão individual veio depois.
  • 4:42 - 5:02
    (música com sinos tocando)
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    Muito do meu trabalho
    é profundamente pessoal
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    e resgatado da memória.
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    Se você olhar essa margem em específico,
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    Chama-se "galgando as palavras"
    e aqui o texto torna-se
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    semelhante à cavalos ou como uma
    sugestão de movimento.
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    E essa característica é minha
    experiência lendo o Alcorão,
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    onde eu leria sem um
    entendimento de fato
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    porque eu era uma criança
    e eu conseguia ler em Árabe,
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    mas eu não conseguia compreender.
  • 5:35 - 5:40
    E a lembrança disso é dessa
    memória visual incrível
  • 5:40 - 5:45
    onde a beleza da palavra escrita
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    sobressai todas as outras coisas.
  • 5:49 - 5:51
    O significado está ali,
    mas não só o significado.
  • 5:51 - 5:54
    É a capacidade do texto escrito de te
    transportar
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    para outro nível.
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    Todo o meu propósito em
    prosseguir com a pintura em miniatura
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    era em romper com a tradição,
    experimentar com isso,
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    de encontrar novas formas de significar
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    e em questionar a relevância disso.
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    (barulho de papel amaçando)
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    O ponto de partida em todo meu trabalho,
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    seja pequeno ou grande,
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    na verdade inicia em desenhos simples,
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    feitos em papel de seda transparente.
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    Muitas das imagens que existem
    no meu trabalho
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    estavam acontecendo porque eu
    estava interessada em
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    subverter Hindu com Mulçumano
    e Mulçumano com Hindu.
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    Tendo crescido como
    uma mulçumana no Paquistão,
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    eu não tinha muita informação sobre
    mitologia Hindu.
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    E quando eu vim pra cá,
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    Eu me dei conta de que essas ainda eram
    as coisas que me interessavam.
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    E eu estava olhando para
    a ideia da deusa Hindu,
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    mas não importava quantas mãos ela tinha.
  • 7:23 - 7:24
    Apenas a noção de que era
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    um corpo feminino
    com múltiplas mãos era importante.
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    Mas a deusa tem um rosto muito específico.
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    E aqui eu estava abrindo mão do rosto e
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    e colocando um tipo de véu no topo.
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    E apesar do véu estar sobre
    a deusa Hindu,
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    não é para subestimar o que está
    por baixo do véu.
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    No momento em que você traz
    a palavra "véu" na questão,
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    meio que te conecta com
    uma identidade Mulçumana
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    ou a identidade de uma mulher.
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    E esses são assuntos muito carregados
    para abordar
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    porque tudo e qualquer coisa
    associada com o Islã
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    é ou terrorismo...
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    ...ou opressão das mulheres.
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    Culturalmente, não é a minha
    experiência, sabe.
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    Meus avós, meus pais, todos eram muito,
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    muito progressistas,
    pessoas muito apoiadoras.
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    Meu avô encorajava muito
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    quanto à carreiras para mulheres,
    com todo mundo.
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    Com todas as garotas da família.
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    Elas fizeram algo da vida delas.
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    >Mas na época eu não era fã<
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    Se ela vai para o
    National College of Arts,
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    então ela pode muito bem fazer arquitetura
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    onde tem oportunidades, sabe?
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    E assim, sabe, quando ela
    disse "belas artes",
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    uma que era um pouco, sabe...
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    Que no máximo você pendura algumas
    pinturas na casa,
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    tendo ou não um futuro.
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    (risadas)
    >Isso foi tão rude.<
  • 8:51 - 8:54
    >Por isso eu estava cética sobre isso<
  • 8:55 - 8:58
    (som da empilhadeira sendo erguida)
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    Esse tipo de projeto era para mim
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    o completo oposto do processo
    de pintar em miniatura.
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    (papel deslizando)
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    Essa instalação em particular é muito,
    muito mais espontânea.
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    E é sempre um desafio
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    porque as decisões são feitas rapidamente
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    envolve todo o meu corpo.
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    Eu estou trabalhando dentro do espaço
    e eu vou pra cima e pra baixo,
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    sabe, com as escadas e eu estou pintando.
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    E aí tudo meio que acontece
    do começo ao fim
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    em tipo quatro, cinco dias.
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    Então tem uma certa energia que vem disso.
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    Tem um certo sentido de um breve alívio.
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    Onde múltiplos desenhos foram pendurados
    um sobre o outro,
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    não há intensão de esconder nada.
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    Tudo é muito visível.
    O papel é transparente.
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    Flutua, se move.
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    A ideia vem desse relacionamento entre
    velar e revelar.
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    Eu sempre estou tirando fotos,
    desenhando rascunhos,
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    ou tomando notas.
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    E assim eu os levo por onde eu vou.
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    Eu trouxe tanta coisa do Paquistão
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    e depois muita coisa do Texas.
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    E dessa forma, toda vez que eu sento
    para fazer algum projeto,
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    tudo é aberto.
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    Para mim, é sempre como esses
    círculos divinos.
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    Sabe, você vai e vive algo e então você
    volta exatamente onde começou.
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    Quando eu trabalho grandemente
    e eu pinto e faço murais,
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    a próxima coisa é sempre...
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    ...eu sempre retorno
    para pintura em miniatura.
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    Eu posso odiar a miniatura por um tempo
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    porque é frustrante
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    por causa de todas as diferentes razões
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    de se fazer algo tão
    trabalhosamente intensivo, sabe
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    que demora anos pra fazer.
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    Então é sempre
    "Por que eu faço isso?"
  • 11:40 - 11:42
    Daí eu deixo de lado e faço outra coisa,
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    mas eu sempre volto pra isso.
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    E talvez porque pelo
    simples ato de fazer isso
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    é o que me da um tipo de paz.
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    (música com piano tocando sutilmente)
Title:
Uma Visão Contemporânea sobre Pintura em Miniatura Oriental (Shahzia Sikander) | Art21
Description:

Art21 orgulhosamente apresenta um segmento de artes, juntamente de Shahzia Sikander, do episódio "Espiritualidade" na primeira temporada da série "Arte no Século 21".

"Espiritualidade" estreou em Setembro de 2001 no PBS.

Treinada na desafiadora disciplina das pinturas em miniaturas dos Indianos e Persas, Shahzia Sikander adaptou uma tradição artística duradora para a tarefa de questionar e explorar sua herança Oriental, suas limitações e suas possibilidades libertadoras.

Shahzia Sikander nasceu em 1969 em Lahore, Paquistão. Saiba mais sobre a artista em: https://art21.org/artist/shahzia-sikander.

CRÉDITOS

Criado por: Susan Sollins & Susan Dowling. Produtor Executivo e Curadoria: Susan Sollins. Produtor Executivo: Susan Dowling. Produtor da Série: Eve-Laure Moros Ortega. Produtor Associado: Migs Wright. Coordenador de Produção: Laura Recht. Pesquisador: Quinn Latimer & Wesley Miller. Diretor: Deborah Shaffer. Editor: Kate Taverna. Diretor de Fotografia: Bob Elfstrom, Ken Kobland, Joel Shapiro, & Dyanna Taylor. Fotografia Adicional: Chip Nusbaum & Anita Sieff. Assistente de Câmera: Ulli Bonnekamp, John Griffiths, Glen Piegari, Kipjaz Savoie, & Ben Wolf. Som: Ray Day, John Fintel, Alan Sawyer, Scott Szabo, J.T. Takagi, & Eric Williams. Técnico de Iluminação: Steve Carrillo, Kent Eanes, Dennis Hollyfield, Greg Szabo, & Lieven Van Hulle. Assistente de Produção: Mark Chevarria, Anya Dehr-Turrell, Chris Dowling, Heather Glass, Melissa Morgan, & Erin Wile. Fotógrafo de Animação Suspensa: Marcos Levy & City Lights. Editor Avid Assistente: Heather Burak & Matt Prinzig.

Créditos completos disponíveis em https://art21.org/watch/art-in-the-twenty-first-century/s1/spirituality

Grande parte dos financiamentos para a Primeira temporada de "Arte no Século 21" é fornecido por Robert Lehman Foudation, PBS, National Endowment for the Arts, Corporation for Public Broadcasting, Rockefeller Brothers Fund, Agnes Gund and Daniel Shapiro, The Allen Foundation for the Arts, The Broad Art Foundation, The Jon and Mary Shirley Foundation, Bagley Wright Fund, The Rockefeller Foundation, The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, The Horace W. Goldsmith Foundation, and The Foundation-to-Life.

#ShahziaSikander #Spirituality #Art21

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Art in the Twenty-First Century" broadcast series
Duration:
13:28

Portuguese, Brazilian subtitles

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