Porque é que temos que pôr fim à Guerra à Droga
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0:01 - 0:04O que é que a Guerra à Droga fez ao mundo?
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0:05 - 0:08Vejam os assassínios e o caos no México,
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0:08 - 0:11na América Central,
em tantas outras partes do planeta. -
0:11 - 0:13Calcula-se o mercado negro global
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0:13 - 0:16em 300 mil milhões de dólares por ano.
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0:16 - 0:19As prisões apinhadas
nos EUA e noutros países. -
0:19 - 0:22Forças policiais e militares arrastadas
para uma guerra perdida -
0:22 - 0:24que viola os direitos básicos.
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0:24 - 0:28Os cidadãos comuns que só esperam
não ser apanhados no fogo cruzado. -
0:28 - 0:30Entretanto, há mais gente
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0:30 - 0:33a usar drogas do que nunca.
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0:33 - 0:35É a história do meu país,
com a proibição do álcool -
0:35 - 0:37e Al Capone, multiplicada por 50.
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0:38 - 0:42É por isso que me irrita sobremaneira,
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0:42 - 0:45enquanto americano,
que sejamos nós a força motora -
0:45 - 0:47por trás desta guerra global à droga.
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0:47 - 0:49Porque é que tantos países criminalizam
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0:49 - 0:51drogas de que nunca ouviram falar?
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0:51 - 0:54Porque é que os acordos das NU
sobre drogas dão mais valor -
0:54 - 0:55à criminalização do que à saúde?
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0:55 - 0:58Porque é que a maior parte do dinheiro,
a nível mundial, -
0:58 - 1:00para tratar da violência da droga
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1:00 - 1:03não vai para serviços de assistência,
mas para os que punem? -
1:03 - 1:06Voltamos aos bons velhos EUA.
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1:06 - 1:08Porque é que fizemos isto?
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1:08 - 1:11Há pessoas, em especial na América Latina,
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1:11 - 1:13que pensam que não se trata da droga.
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1:13 - 1:15É apenas um subterfúgio para fazer avançar
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1:15 - 1:18os verdadeiros interesses dos EUA.
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1:18 - 1:22Mas, de modo geral, não é isso.
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1:22 - 1:25Não queremos "gangsters" e guerrilhas
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1:25 - 1:27financiadas com dinheiro ilegal da droga
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1:27 - 1:30a aterrorizar e a submeter outras nações.
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1:30 - 1:34Não, o que acontece
é que a América enlouquece -
1:34 - 1:36quando se trata da droga.
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1:36 - 1:39Não se esqueçam
de que fomos nós que julgámos -
1:39 - 1:40que podíamos proibir o álcool.
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1:40 - 1:43Pensem na nossa guerra global à droga
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1:43 - 1:45não como qualquer tipo
de política racional, -
1:45 - 1:48mas como a projeção internacional
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1:48 - 1:50duma psicose nacional.
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1:51 - 1:54(Aplausos)
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1:54 - 1:56Mas há boas notícias.
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1:56 - 1:59Agora são os russos que lideram
a Guerra à Droga, não somos nós. -
1:59 - 2:01A maior parte dos políticos no meu país
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2:01 - 2:03quer voltar atrás na Guerra à Droga,
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2:03 - 2:05pôr menos gente atrás das grades.
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2:05 - 2:08Orgulho-me de dizer, enquanto americano,
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2:08 - 2:09que agora lideramos o mundo
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2:09 - 2:11na reforma das políticas
sobre a marijuana. -
2:11 - 2:13Já é legal, para fins medicinais,
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2:13 - 2:15em quase metade dos nossos 50 estados.
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2:15 - 2:18Milhões de pessoas
podem comprar marijuana, -
2:18 - 2:20como medicamento, em dispensários
licenciados pelo governo. -
2:20 - 2:24Mais de metade dos meus concidadãos
dizem que chegou a altura -
2:24 - 2:26de regulamentar legalmente
e taxar a marijuana, -
2:26 - 2:28mais ou menos como o álcool.
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2:28 - 2:30É o que estão a fazer
o Colorado, Washington, -
2:30 - 2:33o Uruguai, e outros certamente se seguirão.
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2:34 - 2:36Então, é isso que eu faço:
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2:36 - 2:39trabalho para acabar com a Guerra à Droga.
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2:40 - 2:43Acho que tudo começou ao crescer
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2:43 - 2:45numa família muito religiosa, muito moral.
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2:45 - 2:47Filho mais velho dum rabino,
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2:47 - 2:49fui para a universidade
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2:49 - 2:52onde fumei marijuana...
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2:53 - 2:54... e gostei.
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2:54 - 2:56(Risos)
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2:56 - 2:57Também gostava de beber,
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2:57 - 3:00e era óbvio que o álcool
era o mais perigoso dos dois. -
3:00 - 3:02Mas os meus amigos e eu
podíamos ser presos -
3:02 - 3:04por fumar um charro.
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3:04 - 3:06Essa hipocrisia incomodava-me
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3:06 - 3:07e a minha dissertação
de doutoramento -
3:07 - 3:10foi sobre o controlo
internacional de drogas. -
3:10 - 3:11Fui falar ao Departamento de Estado.
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3:11 - 3:13Com uma autorização especial,
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3:13 - 3:16entrevistei centenas de agentes
de muitos organismos legais, -
3:16 - 3:18por toda a Europa e nas Américas,
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3:18 - 3:19e perguntei-lhes:
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3:19 - 3:22"Qual é que acha que é a solução?"
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3:22 - 3:24Na América Latina, disseram-me:
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3:25 - 3:27"É impossível cortar o fornecimento.
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3:27 - 3:29"A solução reside nos EUA,
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3:29 - 3:31"é preciso eliminar a procura".
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3:31 - 3:33Voltei para casa e falei com pessoas
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3:33 - 3:36envolvidas no esforço antidroga
e elas disseram: -
3:36 - 3:39"Sabe, Ethan, não é possível
eliminar a procura. -
3:39 - 3:42"A solução reside lá. Eles têm
que cortar o fornecimento". -
3:42 - 3:45Fui falar com os tipos da alfândega
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3:45 - 3:48que tentam deter a droga na fronteira,
e eles disseram: -
3:48 - 3:50"Não é aqui que a vamos parar.
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3:50 - 3:52"A resposta reside lá.
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3:52 - 3:55"Cortar o fornecimento e a procura".
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3:55 - 3:57Isso espantou-me.
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3:57 - 3:59Toda a gente envolvida nisto
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3:59 - 4:01achava que a resposta residia
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4:01 - 4:03na área que menos conhecia.
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4:05 - 4:07Foi quando comecei a ler tudo o que podia
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4:07 - 4:10sobre drogas psicoativas:
a história, a ciência, -
4:10 - 4:12a política, tudo isso.
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4:12 - 4:14Quanto mais lemos,
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4:14 - 4:16mais chocados ficamos.
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4:16 - 4:20Uma abordagem pensada, esclarecida,
inteligente trouxe-nos até aqui, -
4:20 - 4:23enquanto as políticas
e as leis do meu país -
4:23 - 4:25estão a levar-nos para aqui.
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4:25 - 4:27Essa disparidade assombrou-me
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4:27 - 4:32como um incrível "puzzle"
intelectual e moral. -
4:35 - 4:37Provavelmente nunca houve
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4:37 - 4:39uma sociedade isenta de drogas.
-
4:39 - 4:41Praticamente, todas as sociedades
-
4:41 - 4:43ingerem substâncias psicoativas
-
4:43 - 4:47para tratar da dor, aumentar
a energia, socializar, -
4:47 - 4:49até mesmo para comunicar com Deus.
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4:49 - 4:52O desejo de alterar a nossa consciência
-
4:52 - 4:54pode ser tão imperioso
como o nosso desejo -
4:54 - 4:57de comida, de companhia e de sexo.
-
4:58 - 5:00Portanto, o nosso verdadeiro desafio
-
5:00 - 5:03é aprender como viver com as drogas
-
5:03 - 5:06para que elas causem
o menor prejuízo possível -
5:06 - 5:09e, nalguns casos,
o maior benefício possível. -
5:10 - 5:12Vou contar-vos uma coisa que aprendi:
-
5:12 - 5:15a razão por que algumas drogas
são legais e outras não -
5:15 - 5:18quase não tem nada a ver
com a ciência ou a saúde -
5:18 - 5:20ou com o risco relativo às drogas.
-
5:20 - 5:22Praticamente, tem tudo a ver
com quem a usa -
5:22 - 5:25e com quem é apanhado
a usar determinadas drogas. -
5:25 - 5:28Nos finais do século XIX,
-
5:28 - 5:31quando eram legais a maioria das drogas,
que agora são ilegais, -
5:31 - 5:34os principais consumidores de opiatos,
no meu país, e noutros, -
5:34 - 5:37eram mulheres brancas de meia idade
-
5:37 - 5:40que as usavam para aliviar
dores e sofrimento -
5:40 - 5:42quando havia poucos
analgésicos disponíveis. -
5:42 - 5:45Nessa época, ninguém pensava
em criminalizá-las -
5:45 - 5:48porque ninguém queria ver
as avozinhas atrás das grades. -
5:48 - 5:50Mas, quando centenas
de milhares de chineses -
5:50 - 5:52começaram a aparecer no meu país,
-
5:52 - 5:55a trabalhar duramente
no caminho-de-ferro e nas minas, -
5:55 - 5:57e depois a mergulhar, à noite
como faziam no seu país, -
5:57 - 6:00com algumas baforadas do cachimbo do ópio,
-
6:00 - 6:03vimos as primeiras leis
de proibição de drogas, -
6:03 - 6:04na Califórnia e no Nevada,
-
6:04 - 6:06motivadas pelo receio racista
-
6:06 - 6:09de que os chineses
transformassem as mulheres brancas -
6:09 - 6:11em escravas sexuais, viciadas em ópio.
-
6:12 - 6:14As primeiras leis de proibição da cocaína,
foram motivadas -
6:14 - 6:18pelo medo racista de que
os negros inalassem aquele pó branco -
6:18 - 6:20e se esquecessem do seu devido lugar
-
6:20 - 6:22na sociedade sulista.
-
6:22 - 6:24As primeiras leis
de proibição da marijuana, -
6:24 - 6:27com medo dos imigrantes mexicanos
-
6:27 - 6:30no oeste e sudoeste.
-
6:30 - 6:33O que aconteceu no meu país
-
6:33 - 6:35também aconteceu em muitos outros,
-
6:35 - 6:37tanto nas origens destas leis
-
6:37 - 6:39como na sua implementação.
-
6:41 - 6:42Coloquem as coisas assim,
-
6:42 - 6:45— só vou exagerar um pouco:
-
6:45 - 6:48Se os principais fumadores de cocaína
-
6:48 - 6:50fossem sobretudo
homens brancos mais velhos -
6:50 - 6:53e os principais consumidores de Viagra
-
6:53 - 6:55fossem jovens negros pobres,
-
6:55 - 6:58seria fácil obter cocaína para fumar,
com uma receita do médico -
6:58 - 7:01e a venda de Viagra daria direito
a 5 a 10 anos atrás das grades. -
7:01 - 7:05(Aplausos)
-
7:06 - 7:09Antigamente eu era professor
e ensinava isto. -
7:09 - 7:13Agora sou um ativista, um ativista
pelos direitos humanos. -
7:13 - 7:16O que me motiva é a vergonha que tenho
-
7:16 - 7:18por viver numa nação,
tão grande noutras coisas, -
7:18 - 7:21que tem menos de 5%
da população mundial -
7:21 - 7:24mas quase 25% da população
encarcerada mundial. -
7:24 - 7:27São as pessoas que conheço, que
perderam um ente querido pela violência -
7:27 - 7:29ou na prisão, por causa da droga,
-
7:29 - 7:31com uma "overdose" ou com SIDA,
-
7:31 - 7:32porque a nossa política de drogas
-
7:32 - 7:35dá mais importância
à criminalização que à saúde. -
7:35 - 7:38São boas pessoas que perderam o emprego,
-
7:38 - 7:42a casa, a liberdade, até mesmo os filhos
que foram entregues ao estado, -
7:42 - 7:45não por terem prejudicado alguém
-
7:45 - 7:48mas apenas porque optaram
por usar uma droga -
7:48 - 7:50em vez de outra.
-
7:51 - 7:54A solução é a legalização?
-
7:55 - 7:57Sobre isso, eu estou dividido:
-
7:57 - 8:01três dias por semana, acho que sim,
três dias por semana, acho que não. -
8:01 - 8:03E aos domingos, sou agnóstico.
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8:03 - 8:05Mas, como hoje é terça-feira,
-
8:05 - 8:08vou dizer apenas que,
se a maior parte das drogas, -
8:08 - 8:13que são hoje criminalizadas,
fossem reguladas legalmente e taxadas, -
8:13 - 8:15diminuiriam radicalmente
o crime, a violência, -
8:15 - 8:17a corrupção, o mercado negro
-
8:17 - 8:20e os problemas de drogas adulteradas
e sem regulamentação. -
8:20 - 8:22Melhoraria a segurança pública
-
8:22 - 8:24e permitiria o aumento
dos recursos dos contribuintes -
8:24 - 8:26para fins mais úteis.
-
8:27 - 8:30Os mercados da marijuana, da cocaína,
-
8:30 - 8:32da heroína e das metanfetaminas
-
8:32 - 8:34são mercados globais de produtos
-
8:34 - 8:38tal como os mercados globais
do álcool e do tabaco, -
8:38 - 8:40do café, do açúcar
e de tantas outras coisas. -
8:41 - 8:43Onde há procura,
-
8:43 - 8:45haverá oferta.
-
8:45 - 8:47Elimine-se uma fonte
-
8:47 - 8:49e, inevitavelmente, surgirá outra.
-
8:49 - 8:52As pessoas têm tendência
para pensar na proibição -
8:52 - 8:54como a suprema forma de regulação
-
8:54 - 8:58quando, na verdade, representa
a abdicação da regulação -
8:58 - 9:01em que os criminosos preenchem o vazio.
-
9:02 - 9:05É por isso que instituir
leis criminais e uma frente policial -
9:05 - 9:08e concentrar-se em tentar controlar
-
9:08 - 9:11um mercado global dinâmico de produtos
-
9:11 - 9:14é uma receita para o desastre.
-
9:14 - 9:16O que é preciso fazer
-
9:16 - 9:18é trazer os mercados subterrâneos da droga,
-
9:18 - 9:21tanto quanto possível, para a superfície
-
9:21 - 9:25e regulamentá-los tão inteligentemente
quanto possível. -
9:25 - 9:28para minimizar os malefícios da droga
-
9:28 - 9:31e os malefícios das políticas de proibição.
-
9:31 - 9:35Com a marijuana, isso obviamente significa
-
9:35 - 9:38regulamentar legalmente
e taxá-la, tal como o álcool. -
9:38 - 9:41Os benefícios disso são enormes,
os riscos são mínimos. -
9:41 - 9:44Haverá mais gente a usar a marijuana?
-
9:44 - 9:48Talvez, mas não vão ser os jovens,
-
9:48 - 9:50porque não vai ser legalizada para eles.
-
9:50 - 9:51Muito francamente,
-
9:51 - 9:53eles já têm o melhor acesso à marijuana.
-
9:53 - 9:56Penso que vão ser as pessoas mais velhas.
-
9:56 - 9:59Vão ser pessoas nos 40, 60 e 80 anos
-
9:59 - 10:02que acham que preferem
um pouco de marijuana -
10:02 - 10:05em vez da bebida à noite
ou do comprimido para dormir, -
10:05 - 10:08ou que isso alivie
a sua artrite ou diabetes, -
10:08 - 10:11ou talvez apimente
um casamento prolongado. -
10:11 - 10:13(Risos)
-
10:13 - 10:16Isso pode vir a ser um bom benefício
para a saúde pública. -
10:16 - 10:17(Risos)
-
10:17 - 10:19Quanto às outras drogas,
-
10:19 - 10:22olhem para Portugal,
onde ninguém vai para a cadeia -
10:22 - 10:23por possuir drogas.
-
10:23 - 10:25O governo está empenhado
-
10:25 - 10:27em tratar a dependência
como uma questão de saúde. -
10:27 - 10:29Olhem para a Suíça, Alemanha, Holanda,
-
10:29 - 10:31Dinamarca, Inglaterra, onde as pessoas
-
10:31 - 10:33viciadas em heroína
durante muitos anos, -
10:33 - 10:35que tentaram repetidamente
abandoná-la e falharam, -
10:35 - 10:39podem obter heroína farmacêutica
e serviços de apoio em clínicas médicas. -
10:39 - 10:41Os resultados estão aí.
-
10:41 - 10:45Desaparece a violência
por drogas ilegais, as doenças. -
10:45 - 10:48Desaparecem as "overdoses"
os crimes e as prisões. -
10:49 - 10:51Melhora a saúde e o bem-estar.
-
10:51 - 10:53Os contribuintes beneficiam.
-
10:53 - 10:56Muitos consumidores de drogas
deixam de ser dependentes. -
10:57 - 10:59Olhem para a Nova Zelândia,
que recentemente aprovou uma lei -
10:59 - 11:03permitindo que certas drogas recreativas
sejam vendidas legalmente, -
11:03 - 11:05desde que estabelecida a sua segurança.
-
11:05 - 11:08Olhem aqui para o Brasil,
e para outros países, -
11:08 - 11:11onde uma notável substância psicoativa,
-
11:11 - 11:14a ayahuasca, pode ser comprada
e consumida legalmente, -
11:14 - 11:17desde que isso se faça
dentro dum contexto religioso. -
11:17 - 11:19Olhem para a Bolívia e o Peru,
-
11:19 - 11:22onde todos os tipos de produtos,
feitos a partir da folha de coca, -
11:22 - 11:24a origem da cocaína,
-
11:24 - 11:26são vendidos legalmente ao balcão,
-
11:26 - 11:28sem aparente prejuízo
para a saúde pública das pessoas. -
11:28 - 11:33Não se esqueçam que a Coca-Cola
conteve cocaína até 1900. -
11:33 - 11:35Tanto quanto sabemos;
não era mais viciante -
11:35 - 11:37do que é hoje a Coca-Cola.
-
11:38 - 11:41Inversamente, pensem no cigarro.
-
11:42 - 11:46Nada pode viciar-nos tanto
e matar-nos como o tabaco. -
11:47 - 11:50Quando os investigadores
perguntam aos viciados em heroína -
11:50 - 11:53qual é a droga mais difícil de abandonar,
a maioria diz que é o cigarro. -
11:53 - 11:55Mas, no meu país, e em muitos outros,
-
11:55 - 11:59metade das pessoas
que eram viciadas em tabaco -
11:59 - 12:00abandonaram-no
-
12:00 - 12:03sem que alguma vez
tenham sido presas ou metidas na cadeia -
12:03 - 12:05ou enviadas para
um "programa de tratamento" -
12:05 - 12:07por um promotor público ou por um juiz.
-
12:07 - 12:10O que se fez foi impostos mais altos,
-
12:10 - 12:13restrições quanto ao tempo
e ao local da venda e do uso -
12:13 - 12:16e campanhas eficazes antitabaco.
-
12:18 - 12:21Podíamos reduzir ainda mais o tabaco
-
12:21 - 12:24tornando-o completamente ilegal?
-
12:24 - 12:25Talvez.
-
12:25 - 12:29Mas imagino o pesadelo da guerra antidroga
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12:29 - 12:30que daí resultaria.
-
12:31 - 12:34Os desafios que enfrentamos hoje
-
12:34 - 12:36são de dois tipos.
-
12:36 - 12:39O primeiro é o desafio político
-
12:39 - 12:43de conceber e implementar alternativas
-
12:43 - 12:45às ineficazes políticas proibicionistas,
-
12:45 - 12:48mesmo que precisemos
de melhorar na regulação -
12:48 - 12:52e viver com as drogas que são hoje legais.
-
12:52 - 12:55Mas o segundo desafio é mais difícil,
-
12:55 - 12:58porque trata-se de nós.
-
12:59 - 13:02Os obstáculos para a reforma não residem
-
13:02 - 13:05no poder do complexo prisional industrial
-
13:05 - 13:07ou noutros interesses constituídos
-
13:07 - 13:09que querem manter as coisas
tal como estão, -
13:09 - 13:12mas em cada um de nós, em todos nós.
-
13:12 - 13:17São os nossos receios, a falta
de conhecimento e a nossa imaginação -
13:17 - 13:20que se atravessam no caminho
duma verdadeira reforma. -
13:23 - 13:27E por fim, penso que
tem a ver com os miúdos -
13:27 - 13:31e o desejo de todos os pais
de pôr os filhos numa redoma, -
13:31 - 13:35o receio de que as drogas
partam essa redoma -
13:35 - 13:37e coloquem em risco os mais jovens.
-
13:37 - 13:38Na verdade, por vezes parece
-
13:38 - 13:41que toda a Guerra à Droga se justifica
-
13:41 - 13:44como uma grande lei
de proteção às crianças, -
13:44 - 13:47a que qualquer jovem responderá que não é.
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13:48 - 13:52Eis o que eu quero dizer aos adolescentes:
-
13:52 - 13:55"Primeiro, não se droguem.
-
13:56 - 13:59"Segundo, não se droguem.
-
14:00 - 14:03"Terceiro, se se drogarem,
-
14:03 - 14:05"há uma coisa que quero que saibam,
-
14:05 - 14:10"porque a minha conclusão, como pai, é:
-
14:10 - 14:13"Voltem para casa à noite, sãos e salvos.
-
14:13 - 14:16"Cresçam e cheguem a adultos saudáveis".
-
14:16 - 14:20A minha mantra educativa em drogas é esta:
A segurança primeiro. -
14:22 - 14:25Foi a isto que dediquei a minha vida,
-
14:25 - 14:28a montar uma organização
e um movimento de pessoas -
14:28 - 14:31que acreditam que precisamos
de virar as costas -
14:31 - 14:33às proibições fracassadas do passado
-
14:33 - 14:36e adotar novas políticas da droga
apoiadas na ciência, -
14:36 - 14:39na compaixão, na saúde
e nos direitos humanos, -
14:39 - 14:41em que as pessoas
de todo o espetro político -
14:41 - 14:43e também de outros espetros,
-
14:43 - 14:45em que as pessoas,
-
14:45 - 14:46quer gostem de drogas quer as odeiem,
-
14:46 - 14:48quer se estejam nas tintas para as drogas,
-
14:48 - 14:52em que todos nós acreditemos
que esta Guerra à Droga, -
14:52 - 14:56esta Guerra à Droga,
retrógrada, impiedosa, desastrosa, -
14:56 - 14:59tem que acabar.
-
14:59 - 15:01Obrigado.
-
15:01 - 15:04(Aplausos)
-
15:16 - 15:17(Obrigado)
-
15:18 - 15:20Chris Anderson: Ethan,
-
15:21 - 15:23Parabéns, mas que reação!
-
15:23 - 15:25Foi uma palestra e tanto!
-
15:25 - 15:28Mas nem toda a gente se pôs de pé.
-
15:29 - 15:31Talvez algumas pessoas aqui,
-
15:31 - 15:33e talvez alguns espetadores "online",
-
15:33 - 15:37conheçam um adolescente ou um amigo
-
15:37 - 15:41ou alguém que tenha adoecido ou morrido
-
15:41 - 15:42devido a uma "overdose".
-
15:43 - 15:45De certeza que já abordou pessoas dessas.
-
15:45 - 15:46O que é que lhes diz?
-
15:46 - 15:49Ethan: Chris, a coisa mais espantosa
que me aconteceu ultimamente -
15:49 - 15:51é que encontro cada vez mais pessoas
-
15:51 - 15:54que perderam um irmão, um filho,
-
15:54 - 15:55com uma "overdose".
-
15:56 - 15:57Há 10 anos, essas pessoas só diziam:
-
15:57 - 16:00"Vamos fuzilar todos
os traficantes de droga -
16:00 - 16:01"e fica o problema resolvido."
-
16:01 - 16:02Mas acabaram por perceber
-
16:02 - 16:05que a Guerra à Droga não servia
para proteger os filhos, -
16:05 - 16:06mas tornava mais provável
-
16:06 - 16:08que os miúdos corressem maior risco.
-
16:08 - 16:10Agora, começaram a tomar parte
-
16:10 - 16:12no movimento da reforma
da política de drogas. -
16:12 - 16:14Há outras pessoas que têm filhos,
-
16:14 - 16:17um viciado em álcool, outro viciado
em cocaína ou heroína, -
16:17 - 16:18e fazem esta pergunta:
-
16:18 - 16:21"Porque é que este miúdo
pode dar um passo de cada vez -
16:21 - 16:22"para tentar melhorar
-
16:22 - 16:26"e o outro tem que ir para a cadeia
enfrentar polícia e criminosos?" -
16:26 - 16:27Toda a gente está a perceber
-
16:27 - 16:30que a Guerra à Droga
não está a proteger ninguém. -
16:30 - 16:32CA: Claro que nos EUA
estamos num impasse político -
16:32 - 16:33em muitas questões.
-
16:33 - 16:35Há qualquer hipótese realista
-
16:35 - 16:38de uma viragem nesta questão
nos próximos cinco anos? -
16:38 - 16:41EN: Diria que é notável.
Recebo muitas chamadas -
16:41 - 16:42de jornalistas que me dizem:
-
16:42 - 16:44"Ethan, parece que as duas únicas questões
-
16:44 - 16:47"que vão avançar politicamente
na América agora -
16:47 - 16:50"são a reforma da lei da marijuana
e o casamento "gay. -
16:50 - 16:51"Como é que estão a conseguir?"
-
16:51 - 16:54Depois, assistimos
ao desfazer do bipartidarismo -
16:54 - 16:56com Republicanos e Democratas no Congresso
-
16:56 - 16:59e as legislaturas estatais
a aceitarem aprovar leis -
16:59 - 17:01com o apoio da maioria democrática.
-
17:01 - 17:04Portanto deixámos
de ser uma coisa perigosa -
17:04 - 17:06— a questão mais temida
da política Americana — -
17:06 - 17:08para ser uma de maior êxito.
-
17:08 - 17:11CA: Obrigado por ter vindo ao TEDGlobal.
EN: Chris, obrigado. -
17:11 - 17:13(Aplausos)
- Title:
- Porque é que temos que pôr fim à Guerra à Droga
- Speaker:
- Ethan Nadelmann
- Description:
-
A Guerra à Droga está a ser mais prejudicial do que benéfica? Numa palestra ousada, o reformador da política de drogas, Ethan Nadelmann, defende apaixonadamente o fim do movimento "retrógrado, impiedoso e desastroso" para acabar com o tráfico da droga. Apresenta duas importantes razões para, pelo contrário, nos concentrarmos numa regulamentação inteligente.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:26
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why we need to end the War on Drugs | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why we need to end the War on Drugs | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why we need to end the War on Drugs | ||
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Why we need to end the War on Drugs | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why we need to end the War on Drugs | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why we need to end the War on Drugs | ||
Ana Caldeira accepted Portuguese subtitles for Why we need to end the War on Drugs | ||
Ana Caldeira edited Portuguese subtitles for Why we need to end the War on Drugs |
Jean-Christophe Houzel
Boa tarde! Gostaria de fazer a legenda em "BrazilianPortugues", pois o tema é extremamente relevante e atual aqui (debate da camara hoje mesmo 18/11/2014). A tarefa PT-BR não esta disponível. Abraço! Jean