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"Mulheres Selvagens"

  • 0:01 - 0:04
    Eles queriam-na fragmentada,
    em papel machê,
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    praticamente destroçada,
    murcha e sem amor,
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    uma ladaínha do exagero.
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    Queriam-na em baixo.
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    E no alto.
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    Rasa e larga.
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    Preenchida com todo o vazio deles.
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    Queriam que ela fosse mais como eles.
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    Não sabiam que a sua conceção
    fora imaculada.
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    Que ela tinha nascido
    na água de um rio com aroma a sândalo,
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    com uma língua de mel de uva safira doce,
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    ela era demais para os gananciosos.
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    Uma pequena porção dela
    era mais do que eles conseguiam aguentar.
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    Oh, eles queriam-na insípida.
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    E estéril.
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    Sem alma, sem raízes africanas, inculta,
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    sob cerco nas ruas.
  • 0:44 - 0:49
    Queriam-na cabisbaixa, de rabo empinado,
    mãos algemadas e tornozelos atados.
  • 0:49 - 0:52
    Queriam-na, sabendo que ela
    não os podia querer de volta.
  • 0:52 - 0:53
    Oh, queriam-na sagrada,
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    batizada no seu divino,
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    queriam os seus segredos,
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    pérolas a porcos.
  • 0:59 - 1:02
    Queriam desvendar
    o mistério do seu "design".
  • 1:02 - 1:06
    Fascinados pela sua glória,
    hipnotizados pela sua natureza.
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    Oh, queriam-na completa.
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    Queriam-na inteira,
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    embora eles viessem fracionados,
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    com o coração a metade,
    com a alma a metade,
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    sem consideração e conhecimento
    sobre quem ela realmente era.
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    Oh, mas se eles soubessem...
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    Se eles a conhecessem,
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    choveriam cânticos de louvor
    das nuvens dos seus olhos,
  • 1:23 - 1:25
    limpando a visão,
    banhando o coração.
  • 1:26 - 1:28
    Curvar-se-iam de cada vez que a vissem.
  • 1:28 - 1:31
    Seriam a melhor versão de si mesmos
    quando ela estivesse por perto.
  • 1:31 - 1:33
    Se eles a conhecessem,
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    saberiam que ela era a cola
    da revolução deles,
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    o fluxo de vida do sangue
    nas veias deles.
  • 1:38 - 1:40
    Se eles a conhecessem,
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    ela saberia,
  • 1:43 - 1:44
    ela sentiria
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    que o seu corpo é mais
    do que um campo de batalha.
  • 1:48 - 1:51
    Mais do que uma fratura óssea
    e um sectarismo sangrento.
  • 1:51 - 1:54
    Mais do que uma ponte
    sobre a vossa consciência perturbada.
  • 1:54 - 1:58
    Mais do que usada, pisada,
    trespassada, fuzilada.
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    Mais do que o vosso "Selma, Lord, Selma"
    na ponte Edmund Pettus.
  • 2:01 - 2:04
    Mais do que os vossos assassinos
    na ponte Danzinger, pós-Katrina.
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    Mais do que a desapropriação de Baltimore
    para a "Estrada para lugar nenhum".
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    Se eles a conhecessem,
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    ela saberia.
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    (Canto)
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    As mulheres selvagens,
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    as mulheres selvagens
    caminham com os búfalos.
  • 2:44 - 2:45
    Têm relâmpagos nas suas línguas,
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    enxota-moscas como armas.
  • 2:47 - 2:50
    As mulheres selvages
    caminham com machetes.
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    Com sabedoria, com graça,
    com facilidade.
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    As mulheres selvagens têm furacões
    nos seus ventres,
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    libertando em dilúvio a sua lição.
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    Oh, as mulheres selvagens
    voam livres.
  • 3:00 - 3:04
    Vejam só os seus costumes,
    como elas rasgam e retalham.
  • 3:04 - 3:05
    Oh, quem a pode compreender,
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    o rio sinuoso Níger
    que é esta mulher,
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    que não tem receio de se afastar
  • 3:11 - 3:15
    para apenas deambular
    e, depois, tornar-se vento.
  • 3:15 - 3:18
    Ela, que só fala em rajadas
    e em ciclones,
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    empurrando-nos para uma elevação,
    uma consciência elevada,
  • 3:22 - 3:25
    ela gira e o mundo gira também.
  • 3:25 - 3:26
    Sintam-na girar,
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    tocando em várias vidas.
  • 3:28 - 3:32
    Ouçam-na falar,
    um alarme em faísca.
  • 3:32 - 3:35
    Vejam-na dançar, convocando os mortos,
  • 3:35 - 3:37
    ressuscitando uma nova vida.
  • 3:37 - 3:40
    O paraíso ouve-a a bater à porta,
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    transportando, em segurança,
    aqueles que pedem a sua ajuda.
  • 3:43 - 3:47
    As mulheres selvagens
    abrem portais para novos mundos,
  • 3:47 - 3:50
    um novo discurso, novos sonhos.
  • 3:51 - 3:53
    Oh, meus muito amados,
  • 3:53 - 3:57
    tão afastados
    dos caminhos do guardião,
  • 3:57 - 3:58
    tenham cuidado.
  • 3:58 - 4:03
    As mulheres selvagens não são
    para serem domadas.
  • 4:03 - 4:06
    Apenas admiradas.
  • 4:06 - 4:12
    Apenas deixem-na entrar e vejam
    como ela incendeia os vossos dias.
  • 4:13 - 4:15
    (Aplausos)
  • 4:15 - 4:17
    Obrigada.
  • 4:17 - 4:22
    (Aplausos)
Title:
"Mulheres Selvagens"
Speaker:
Sunni Patterson
Description:

Com relâmpagos na língua, Sunni Patterson declama o seu poderoso poema "Mulheres Selvagens", acompanhada pelos movimentos fascinantes da dançarina Chanice Holmes.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
04:36
Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for "Wild Women"
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for "Wild Women"
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