Como os EUA abandonam os novos pais — e os seus bebés | Jessica Shortall | TEDxSMU
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0:14 - 0:17Qual o aspeto de uma mãe que trabalha?
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0:17 - 0:20Se procurarem na Internet
é isto que vos mostram. -
0:20 - 0:24Não admira que seja isto que produzimos
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0:24 - 0:25(Risos)
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0:25 - 0:28se tentarmos trabalhar ao computador
com um bebé ao colo. -
0:28 - 0:29(Risos)
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0:29 - 0:32Mas não, esta não é uma mãe trabalhadora.
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0:32 - 0:36Hão de reparar num aspeto destas fotos.
Vamos ver muitas como estas. -
0:36 - 0:38É uma imagem com uma luminosidade
natural assombrosa. -
0:38 - 0:41que, como todos sabemos,
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0:41 - 0:44é a marca da imagem
de todos os locais de trabalho americanos. -
0:44 - 0:45(Risos)
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0:45 - 0:49Há milhares de imagens como estas.
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0:49 - 0:52Basta pôr a expressão "working mother"
em qualquer motor de busca Google -
0:52 - 0:54para encontrarmos estas fotos.
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0:54 - 0:55A Internet está cheia delas,
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0:55 - 0:57encabeçam as publicações
de blogues e noticias -
0:57 - 1:02e eu sinto-me obcecada por elas
e pela mentira que nos impingem -
1:02 - 1:04e o conforto que nos transmitem
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1:04 - 1:07de que, em relação
às mães trabalhadoras nos EUA, -
1:07 - 1:09tudo corre bem.
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1:09 - 1:11Mas nada corre bem.
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1:11 - 1:14Enquanto país, pomos milhões
de mulheres a voltar ao trabalho -
1:14 - 1:18todos os anos, demasiado cedo
e de forma terrível, -
1:18 - 1:20logo depois de elas darem à luz.
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1:20 - 1:21É um problema moral
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1:21 - 1:25mas hoje também vos vou dizer
porque é que é um problema económico. -
1:25 - 1:29Fico tão irritada e obcecada
com o irrealismo destas imagens -
1:29 - 1:31que não se parecem
nada com a minha vida, -
1:31 - 1:36que decidi fotografar e ser a estrela
numa série humorística de fotografias -
1:36 - 1:38que espero que o mundo comece a usar
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1:38 - 1:42só para mostrar a terrível realidade
de ter de voltar ao trabalho -
1:43 - 1:47quando a fonte alimentar do bebé
está pendurada no nosso peito. -
1:47 - 1:49Vou mostrar apenas duas delas.
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1:50 - 1:52(Risos)
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1:52 - 1:55Nada melhor para conseguir uma promoção
do que uma mancha de leite -
1:55 - 1:57no nosso vestido,
durante uma apresentação. -
1:57 - 2:00Hão de reparar que não há
nenhum bebé nesta foto -
2:00 - 2:02porque não é assim que as coisas funcionam
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2:02 - 2:04para a maioria das mães trabalhadoras.
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2:05 - 2:07Sabiam — isto vai dar cabo do vosso dia —
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2:07 - 2:09que, sempre que descarregamos
um autoclismo, -
2:09 - 2:12o conteúdo passa a aerossol
e é transportado no ar durante horas? -
2:12 - 2:15No entanto, para muitas mães trabalhadoras
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2:15 - 2:18é o único sítio durante o dia
em que podem bombar o leite, -
2:18 - 2:20para os seus bebés recém-nascidos.
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2:21 - 2:24Eu divulguei estas coisas,
umas dezenas delas, por todo o mundo. -
2:24 - 2:26Queria chamar a atenção.
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2:26 - 2:29Mas não sabia que também
estava a abrir uma porta, -
2:29 - 2:33porque agora, pessoas totalmente
desconhecidas, de todas as condições, -
2:33 - 2:35estão sempre a escrever-me
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2:35 - 2:39só para me dizerem como é
para elas voltarem ao trabalho -
2:39 - 2:41dias ou semanas depois
de terem um bebé. -
2:42 - 2:44Vou contar-vos 10 das suas histórias.
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2:44 - 2:48São totalmente reais,
algumas delas muito cruas, -
2:48 - 2:51e nenhuma delas se parece com isto.
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2:52 - 2:54Esta é a primeira.
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2:54 - 2:58"Eu era um membro de serviço
no ativo, numa prisão federal. -
2:58 - 3:01"Regressei ao trabalho
depois do máximo de oito semanas -
3:01 - 3:02permitidas para uma cesariana.
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3:02 - 3:06"Um colega estava aborrecido
por eu ter estado 'de férias', -
3:06 - 3:10"e abriu a porta de propósito,
quando eu estava a tirar o leite -
3:10 - 3:13"e postou-se na porta
com os presos no meio do pátio". -
3:14 - 3:17A maioria das histórias que estas
mulheres, desconhecidas me enviam -
3:17 - 3:19nem sequer são sobre a amamentação.
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3:20 - 3:22Uma mulher escreveu-me para dizer:
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3:22 - 3:26"Dei luz a gémeos e voltei ao trabalho
depois de sete semanas sem vencimento. -
3:26 - 3:28"Emocionalmente, eu estava um farrapo.
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3:28 - 3:32"Fisicamente, tive uma grave hemorragia
durante o parto e uma grave rotura, -
3:32 - 3:35"por isso quase não podia
estar de pé, sentada ou a andar. -
3:35 - 3:39"O meu patrão disse-me que não podia
usar os meus dias de férias -
3:39 - 3:41"porque estava-se na altura do orçamento".
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3:42 - 3:46Acabei por pensar que não podemos
olhar para situações destas -
3:46 - 3:48porque ficamos horrorizadas,
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3:48 - 3:51e, se ficamos horrorizadas,
temos de fazer algo quanto a isso. -
3:51 - 3:54Portanto, optamos por olhar
e acreditar nestas imagens. -
3:55 - 3:57Eu não sei o que se passa nesta foto
-
3:57 - 4:00porque acho-a esquisita
e um pouco assustadora. -
4:00 - 4:02(Risos)
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4:02 - 4:03O que é que ela está a fazer?
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4:05 - 4:07Mas sei o que nos diz,
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4:07 - 4:09diz-nos que está tudo bem.
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4:10 - 4:13Esta mãe trabalhadora, todas elas
e todos os seus bebés estão ótimos. -
4:14 - 4:16Aqui não há nada para ver.
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4:16 - 4:18Afinal, foram as mulheres que escolheram,
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4:19 - 4:21por isso, o problema não é nosso.
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4:21 - 4:24Eu quero dividir esta coisa
de escolha em duas partes. -
4:24 - 4:28A primeira escolha diz
que as mulheres escolheram trabalhar. -
4:28 - 4:30Isso não é verdade.
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4:30 - 4:34Hoje, nos EUA, as mulheres
constituem 47% da força de trabalho -
4:35 - 4:37e em 40% das famílias norte-americanas
-
4:37 - 4:41uma mulher é o único
ou o principal ganha-pão. -
4:41 - 4:45O nosso trabalho pago é uma parte,
uma enorme parte, do motor da economia -
4:45 - 4:48e é essencial para as nossas famílias.
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4:48 - 4:52A nível nacional,
o nosso trabalho pago não é opcional. -
4:52 - 4:55A escolha número dois diz
que as mulheres escolhem ter filhos, -
4:55 - 4:59por isso, só as mulheres devem suportar
as consequências dessa decisão. -
5:00 - 5:02Isto é uma daquelas coisas
-
5:02 - 5:04que, quando ouvimos de passagem,
podem parecer corretas. -
5:04 - 5:06"Eu não lhe disse para ter um filho.
-
5:06 - 5:09"Nem estava lá quando isso aconteceu.
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5:10 - 5:14Mas essa posição
ignora uma verdade fundamental: -
5:14 - 5:18a nossa procriação,
à escala nacional, não é uma opção. -
5:19 - 5:23Os bebés que muitas das mulheres
trabalhadoras estão a ter hoje, -
5:23 - 5:27serão um dia a nossa força de trabalho,
protegerão as nossas costas, -
5:27 - 5:29formarão a nossa base de impostos.
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5:29 - 5:32A nossa procriação,
à escala nacional, não é uma opção. -
5:33 - 5:34Não se trata de escolhas.
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5:34 - 5:38Precisamos de mulheres a trabalhar,
precisamos que elas tenham filhos. -
5:38 - 5:41Devemos fazer com que
estas coisas, ao mesmo tempo, -
5:41 - 5:43sejam minimamente agradáveis.
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5:43 - 5:45Ok, vamos a um teste relâmpago:
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5:46 - 5:49Qual é a percentagem de mulheres
trabalhadoras nos EUA -
5:49 - 5:52que não têm acesso a licença
de maternidade paga? -
5:53 - 5:5588%.
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5:56 - 5:5988% de mães trabalhadoras
não recebem um minuto de licença paga -
5:59 - 6:01depois de terem um bebé.
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6:01 - 6:04Vocês agora devem estar a pensar
na licença não paga. -
6:04 - 6:08Existe nos EUA, chama-se FMLA
mas não funciona. -
6:08 - 6:11Dada a forma como está estruturada,
com todo o tipo de exceções. -
6:11 - 6:14metade das mães
não podem beneficiar dela. -
6:15 - 6:17É assim que é:
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6:18 - 6:20"Adotámos o nosso filho.
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6:20 - 6:23"Quando recebi a chamada,
no dia em que ele nasceu, -
6:23 - 6:24"tive de sair do trabalho.
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6:24 - 6:28"Não tinha trabalhado tempo suficiente
para beneficiar do FMLA, -
6:28 - 6:30"por isso não tive direito
à licença não paga. -
6:30 - 6:33"Quando saí do trabalho para receber
o meu filho recém-nascido, -
6:33 - 6:35"perdi o emprego".
-
6:36 - 6:40Estas fotos escondem outra
realidade, outra faceta. -
6:41 - 6:44Dentre as que têm acesso
a essa licença não paga, -
6:44 - 6:47a maioria das mulheres
não podem gozar a maior parte dela. -
6:47 - 6:49Uma enfermeira disse-me:
-
6:49 - 6:51"Não me qualifiquei
para incapacidade a curto prazo -
6:51 - 6:55"porque a minha gravidez foi considerada
como uma situação pré-existente. -
6:55 - 6:58"Usámos todo o crédito fiscal
e metade das nossas poupanças -
6:58 - 7:00"durante as seis semanas não pagas.
-
7:00 - 7:01"Não podíamos aguentar mais tempo.
-
7:02 - 7:04"Fisicamente foi difícil
mas emocionalmente ainda foi pior. -
7:04 - 7:07"Sofri durante meses
por estar longe do meu filho". -
7:07 - 7:10Esta decisão de voltar
ao trabalho tão cedo -
7:10 - 7:14é uma decisão racional económica
motivada pelas finanças da família, -
7:14 - 7:16mas é fisicamente terrível
-
7:16 - 7:20porque pôr um ser humano
no mundo é complicado. -
7:20 - 7:22Uma empregada de mesa disse-me:
-
7:22 - 7:25"Com o primeiro filho, voltei ao trabalho
cinco semanas depois do parto. -
7:25 - 7:28"Com o segundo, tive de fazer
uma grande cirurgia depois do parto, -
7:28 - 7:31"por isso esperei seis semanas
para voltar ao trabalho. -
7:31 - 7:34"Tive rasgões de terceiro grau".
-
7:35 - 7:3823% das mães trabalhadoras nos EUA
-
7:38 - 7:42voltam ao trabalho
duas semanas depois do parto. -
7:44 - 7:49"Eu trabalhava num bar e cozinhava,
75 horas por semana, enquanto grávida. -
7:49 - 7:52"Tive de voltar ao trabalho
antes de o meu bebé ter um mês, -
7:52 - 7:54"e trabalhava 60 horas por semana.
-
7:54 - 7:58"Uma das minhas colegas
só pôde estar 10 dias com o bebé dela". -
7:59 - 8:03Claro, isto não é só um cenário
com implicações económicas e físicas. -
8:03 - 8:05Um parto é, e será sempre,
-
8:05 - 8:08um acontecimento
extremamente psicológico. -
8:08 - 8:10Uma professora disse-me:
-
8:10 - 8:13"Regressei ao trabalho oito semanas
depois de o meu filho nascer. -
8:13 - 8:15"Já sofria de ansiedade,
-
8:15 - 8:18"mas os ataques de pânico que eu tive
antes de voltar ao trabalho -
8:18 - 8:20"eram insuportáveis".
-
8:20 - 8:22Falando estatisticamente,
-
8:22 - 8:25quanto mais curta é a licença
de uma mulher depois do parto, -
8:25 - 8:28mais provavelmente ela sofrerá
de perturbações pós-parto, -
8:28 - 8:30como depressão e ansiedade.
-
8:30 - 8:34Entre as muitas possíveis consequências
dessas perturbações, -
8:34 - 8:37o suicídio é a segunda causa
mais comum de morte -
8:38 - 8:40das mulheres, no primeiro ano pós-parto.
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8:41 - 8:43Atenção a esta história:
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8:43 - 8:47Eu nunca conheci esta mulher
mas é difícil esquecê-la. -
8:47 - 8:51"Senti uma dor e uma fúria tremenda
por ter perdido o essencial, -
8:51 - 8:55"um tempo irrepetível e formativo
com o meu filho. -
8:55 - 8:59"O trabalho de parto deixou-me
totalmente abalada. -
8:59 - 9:03"Durante meses, só me lembro
dos gritos: cólicas, diziam. -
9:04 - 9:06"Por dentro, estava a afogar-me.
-
9:06 - 9:08"Todas as manhãs,
perguntava a mim mesma -
9:08 - 9:10quanto tempo eu ia aguentar.
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9:10 - 9:12"Permitiram-me levar
o meu bebé para o trabalho. -
9:13 - 9:16"Fechava a porta do gabinete
embalava-o e tentava calá-lo. -
9:16 - 9:19"Implorava-lhe que deixasse de gritar
para eu não ter problemas. -
9:19 - 9:22"Escondia-me atrás daquela porta
todos os malditos dias -
9:22 - 9:24"e chorava enquanto ele gritava.
-
9:24 - 9:27"Chorava na casa de banho
enquanto lavava a bomba do leite. -
9:27 - 9:30"Todos os dias, chorava a caminho
do trabalho e quando voltava para casa. -
9:31 - 9:33"Prometi ao meu chefe que o trabalho
que não fizesse de dia -
9:33 - 9:35"fá-lo-ia à noite, em casa.
-
9:35 - 9:39"Achava que devia ter algum problema
para não conseguir lidar com aquilo.". -
9:41 - 9:43Isto quanto às mães.
-
9:43 - 9:45E quanto aos bebés?
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9:45 - 9:47Enquanto país, preocupamo-nos
com os milhões de bebés -
9:47 - 9:49nascidos todos os anos
de mães trabalhadoras? -
9:49 - 9:53Não. Só nos preocupamos
quando eles chegam à idade de trabalhar, -
9:53 - 9:55de pagar impostos,
de prestar serviço militar. -
9:55 - 9:57Dizem-lhes: "Vemo-nos
quando tiveres 18 anos. -
9:57 - 9:59"Até lá chegares, o problema é teu".
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10:00 - 10:02Uma das razões por que sei isto
é que os bebés -
10:02 - 10:05cujas mães estão com eles
durante 12 semanas ou mais, -
10:05 - 10:09têm mais probabilidade de receber
vacinas e inspeções no primeiro ano. -
10:09 - 10:13Assim, esses bebés estão mais protegidos
contra doenças mortais e incapacitantes. -
10:14 - 10:17Mas essas coisas estão escondidas
por detrás de imagens como esta. -
10:20 - 10:22Os EUA têm uma mensagem
-
10:22 - 10:25para as mães que trabalham
e para os seus bebés: -
10:26 - 10:29"Qualquer tempo que passem juntos
devem sentir-se agradecidas. -
10:30 - 10:32"Vocês são um inconveniente
-
10:32 - 10:35"para a economia
e para os vossos patrões". -
10:35 - 10:40Esta conversa de gratidão
aparece em muitas histórias que oiço. -
10:40 - 10:41Uma mulher disse-me:
-
10:42 - 10:44"Fui trabalhar oito semanas
depois duma cesariana -
10:44 - 10:46"porque o meu marido
estava desempregado. -
10:46 - 10:49"Sem mim, a minha filha
teve dificuldade em desenvolver-se. -
10:49 - 10:51"Não aceitava o biberão.
Começou a perder peso. -
10:51 - 10:54"Felizmente, o meu patrão
foi muito compreensivo. -
10:54 - 10:56"Deixou que a minha mãe
me levasse a bebé -
10:56 - 10:58"que estava a oxigénio
e tinha um monitor, -
10:58 - 11:01"quatro vezes por turno,
para eu poder amamentá-la". -
11:02 - 11:05Há um pequeno clube
de países no mundo -
11:05 - 11:09que não proporcionam
licença paga às mães. -
11:09 - 11:11Querem saber quem são eles?
-
11:11 - 11:15Os primeiros oito representam
oito milhões de população total. -
11:16 - 11:19São a Papua Nova-Guiné,
o Suriname e as pequenas ilhas nação -
11:19 - 11:24da Micronésia, Ilhas Marshall,
Nauru, Niue, Palau e Tonga. -
11:25 - 11:28O número nove são os EUA,
-
11:28 - 11:30com 320 milhões de pessoas.
-
11:31 - 11:33E é tudo.
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11:34 - 11:36É o fim da lista.
-
11:36 - 11:38Todas as outras economias do planeta
-
11:38 - 11:42arranjaram forma de ter
uma licença de maternidade paga -
11:42 - 11:45para as pessoas que trabalham
para o futuro desses países. -
11:45 - 11:48Mas nós dizemos;
"É impossível fazermos isso". -
11:49 - 11:51Dizemos que o mercado
resolverá esse problema -
11:51 - 11:54e depois damos vivas quando
as empresas oferecem -
11:54 - 11:56uma maior licença de maternidade paga
-
11:56 - 11:59às mulheres que já são as mais instruídas
e mais bem pagas de todas. -
11:59 - 12:01Lembram-se dos 88%?
-
12:01 - 12:05São as mulheres de rendimentos médios
e baixos que não vão beneficiar disso. -
12:06 - 12:11Sabemos que há custos enormes
económicos, financeiros, -
12:11 - 12:14físicos e emocionais
nesta abordagem. -
12:14 - 12:18Decidimos — decidimos,
não foi por acaso — -
12:18 - 12:21passar esses custos, diretamente,
para as mães trabalhadoras e seus bebés. -
12:22 - 12:25Sabemos que o preço é mais alto
para mulheres de baixos rendimentos, -
12:25 - 12:27portanto, desproporcionadamente
para as mulheres de cor. -
12:28 - 12:30Mas passamo-los na mesma.
-
12:30 - 12:32Tudo isto é uma vergonha para os EUA.
-
12:32 - 12:36Mas também é um risco para os EUA.
-
12:36 - 12:38Porque o que aconteceria
-
12:38 - 12:42se todas estas alegadas escolhas
individuais de ter bebés -
12:42 - 12:46começassem a passar a escolhas
individuais de não ter bebés? -
12:47 - 12:49Uma mulher disse-me:
-
12:49 - 12:52"Ser mãe é difícil,
não devia ser traumático. -
12:52 - 12:55"Quando falamos em aumentar a família,
-
12:55 - 12:59"pensamos em quanto tempo
eu teria de cuidar de mim e de outro bebé. -
12:59 - 13:02"Se tivermos de passar
pelo mesmo que o primeiro, -
13:02 - 13:04"o melhor é ficar apenas com um filho".
-
13:06 - 13:09A taxa de natalidade para manter estável
a população que os EUA precisam -
13:09 - 13:11é de 2,1 filhos por mulher.
-
13:11 - 13:14Nos EUA hoje, estamos em 1,86.
-
13:15 - 13:17Precisamos que as mulheres
tenham filhos, -
13:17 - 13:21e estamos a desincentivar ativamente
as mulheres trabalhadoras de os terem. -
13:22 - 13:25O que aconteceria à força de trabalho,
à inovação, ao PIB, -
13:25 - 13:29se, uma a uma, as mães trabalhadoras
deste país, viessem a decidir -
13:29 - 13:33que não podem suportar
mais do que um? -
13:33 - 13:37Estou aqui hoje com uma
única ideia que vale a pena espalhar -
13:37 - 13:39e vocês já sabem qual é.
-
13:39 - 13:43Há muito que o país
mais poderoso da Europa -
13:43 - 13:45devia proporcionar licença
de maternidade paga -
13:45 - 13:48às pessoas que fazem o trabalho
do futuro deste país -
13:48 - 13:50e aos bebés que representam esse futuro.
-
13:51 - 13:53A maternidade é um bem público.
-
13:53 - 13:55Essa licença deve ser
subsidiada pelo estado, -
13:56 - 13:58não deve haver exceções
para as pequenas empresas, -
13:58 - 14:00o tempo de trabalho ou os empresários.
-
14:01 - 14:03Tem de poder ser partilhada
pelos parceiros. -
14:03 - 14:05Eu hoje tenho falado muito das mães,
-
14:05 - 14:08mas os pais são importantes
a muitos níveis. -
14:10 - 14:12Nenhuma mulher
deve ter de voltar ao trabalho -
14:12 - 14:16enquanto está a recuperar e a sangrar.
-
14:16 - 14:19Nenhuma família deve
esgotar as suas poupanças -
14:20 - 14:23para comprar uns dias de descanso
e de recuperação e de contacto. -
14:23 - 14:25Nenhum frágil recém-nascido
-
14:25 - 14:28deve ter de ir diretamente
da incubadora para um berçário -
14:28 - 14:31porque os pais esgotaram
todo o seu escasso tempo, -
14:31 - 14:33na Unidade de Cuidados
Intensivos Neonatais. -
14:33 - 14:35Nenhuma família trabalhadora
deve ouvir dizer -
14:35 - 14:38que o conflito entre
o seu trabalho necessário -
14:38 - 14:40e a sua maternidade necessária
-
14:40 - 14:42é apenas um problema dela.
-
14:43 - 14:47O problema é que, quando isso acontece
a uma nova família, é desgastante -
14:47 - 14:50e uma família com um bebé
é mais vulnerável, financeiramente, -
14:50 - 14:52do que já era,
-
14:52 - 14:55por isso uma mãe não pode protestar.
-
14:55 - 14:58Mas todos nós temos vozes.
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14:58 - 15:01Eu já não posso ter mais filhos.
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15:01 - 15:03Vocês podem vir a ter um bebé,
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15:03 - 15:05podem já não ter mais bebés,
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15:05 - 15:07podem não ter nenhum bebé.
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15:07 - 15:08Isso não interessa.
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15:08 - 15:11Temos de deixar de encarar isto
como o problema duma mãe -
15:11 - 15:13ou mesmo como um problema das mulheres.
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15:13 - 15:15Isto é um problema dos EUA.
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15:16 - 15:20Precisamos de deixar de aceitar
a mentira que estas imagens nos impingem. -
15:20 - 15:22Precisamos de deixar de ficar
tranquilas com elas. -
15:22 - 15:25Precisamos de questionar
porque é que isto não pode funcionar, -
15:25 - 15:28quando vemos que funciona
em todas as partes do mundo. -
15:28 - 15:32Precisamos de reconhecer
que esta realidade dos EUA -
15:32 - 15:35é uma vergonha para nós e um perigo.
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15:35 - 15:37Porque não é,
-
15:38 - 15:39não é.
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15:40 - 15:43Uma mãe trabalhadora não é nada disto.
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15:44 - 15:47(Aplausos)
- Title:
- Como os EUA abandonam os novos pais — e os seus bebés | Jessica Shortall | TEDxSMU
- Description:
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Precisamos de mulheres no trabalho e precisamos que as mulheres trabalhadoras tenham filhos. Então, porque é que os EUA estão entre os únicos países do mundo que não proporcionam licença de maternidade paga às mães? Nesta palestra acutilante, Jessica Shortall defende apaixonadamente que a realidade das mães trabalhadoras nos EUA é escondida e é terrível: milhões de mulheres, todos os anos, são forçadas a regressar ao trabalho poucas semanas depois do parto. Vale a pena espalhar a ideia de que chegou a altura de reconhecermos os custos económicos, físicos e psicológicos da nossa abordagem às mães trabalhadoras e aos seus bebés, e garantir o nosso futuro económico, proporcionando licença de maternidade paga a todos os pais trabalhadores.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:48
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for How America fails new parents -- and their babies | Jessica Shortall | TEDxSMU | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How America fails new parents -- and their babies | Jessica Shortall | TEDxSMU | ||
Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for How America fails new parents -- and their babies | Jessica Shortall | TEDxSMU | ||
Mafalda Ferreira edited Portuguese subtitles for How America fails new parents -- and their babies | Jessica Shortall | TEDxSMU | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How America fails new parents -- and their babies | Jessica Shortall | TEDxSMU | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How America fails new parents -- and their babies | Jessica Shortall | TEDxSMU | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How America fails new parents -- and their babies | Jessica Shortall | TEDxSMU |