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Porque é que os edifícios do futuro serão modelados por... nós

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    Hoje vou falar-vos
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    sobre os últimos 30 anos
    da História da Arquitectura.
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    É muita coisa para 18 minutos.
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    É um tópico complexo,
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    por isso vamos já mergulhar
    num sítio complexo:
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    New Jersey (Nova Jérsia).
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    Eu sou de lá e há 30 anos,
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    eu tinha seis e vivia na casa dos meus pais
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    numa cidade chamada Livingston.
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    Este era o quarto da minha infância.
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    Do outro lado do meu quarto
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    ficava a casa-de-banho
    que eu partilhava com a minha irmã.
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    E entre o meu quarto e a casa-de-banho
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    havia uma varanda
    por cima do quarto de família,
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    onde todos se juntavam e viam televisão.
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    Por isso, de cada vez que eu passava
    do meu quarto para a casa-de-banho,
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    toda a gente me via,
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    e de cada vez que eu tomava banho
    e voltava enrolado numa toalha,
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    toda a gente me via.
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    Eu era assim.
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    Era estranho,
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    inseguro, e odiava-me por isso.
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    Odiava aquela passagem,
    odiava aquela varanda,
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    odiava aquele quarto e odiava a casa.
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    E é isto a Arquitectura.
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    (Risos)
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    Feito.
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    Aquela sensação, aquelas emoções
    que eu sentia,
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    vêm do poder da arquitectura.
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    Porque a arquitectura não tem a ver com
    matemática e desenhar divisões,
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    mas com aquelas ligações
    emocionais e viscerais
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    que sentimos com os lugares que ocupamos.
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    E não é surpresa nenhuma
    que nos sintamos assim
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    porque, de acordo com a EPA
    [Agência de Proteção Ambiental],
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    os americanos passam 90%
    do seu tempo dentro de edifícios.
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    Isso é 90% do nosso tempo
    rodeados por arquitectura.
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    É imenso.
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    Isso significa que a arquitectura está a moldar-nos de
    maneiras de que ainda nem nos tínhamos apercebido.
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    Isso torna-nos um bocadinho ingénuos
    e muito, muito previsíveis.
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    Significa que se eu vos mostrar
    um edifício como este,
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    sei que vão pensar
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    em poder, estabilidade e democracia.
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    E sei que é isso que pensam
    porque é baseado num edifício
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    que foi construído há 2500 anos
    pelos gregos.
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    É um truque.
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    Este é um estímulo que os arquitectos usam
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    para vos fazer criar ligações emocionais
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    com as formas que usamos
    para construir os nossos edifícios.
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    É uma ligação emocional previsível,
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    e usamos este truque
    há muito, muito tempo.
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    Usámo-lo há 200 anos
    para construir bancos.
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    Usámo-lo no séc. XIX
    para construir museus de arte.
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    E no séc. XX, na América,
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    usámo-lo para construir casas.
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    E olhem para estes pequenos soldados,
    sólidos e estáveis,
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    voltados para o oceano
    e mantendo os elementos afastados.
  • 2:48 - 2:51
    Isto é mesmo, mesmo útil
  • 2:51 - 2:54
    porque construir coisas é aterrador.
  • 2:54 - 2:58
    É caro, demora muito tempo
    e é muito complicado.
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    E as pessoas que constroem coisas
  • 3:01 - 3:03
    – construtores e governadores –
  • 3:03 - 3:06
    têm um medo natural da inovação
  • 3:06 - 3:10
    e preferem simplesmente usar estas formas
    a que sabem que nós responderemos.
  • 3:11 - 3:13
    É assim que acabamos por ter
    edifícios como estes.
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    Este é um bonito edifício.
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    É a Biblioteca Pública de Livingston
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    que foi terminada em 2004
    na minha cidade natal
  • 3:21 - 3:23
    e, sabem, têm uma cúpula
  • 3:23 - 3:26
    e tem esta forma circular,
    colunas, tijolos vermelhos.
  • 3:26 - 3:31
    Conseguem adivinhar o que Livingston está
    a tentar dizer-nos com este edifício:
  • 3:32 - 3:35
    crianças, valores patrimoniais e história.
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    Mas não tem muito a ver com o que
    uma biblioteca realmente faz actualmente.
  • 3:40 - 3:44
    Nesse mesmo ano, em 2004,
    no outro lado do país,
  • 3:44 - 3:46
    outra biblioteca foi terminada
  • 3:46 - 3:48
    e tem este ar.
  • 3:48 - 3:49
    É em Seattle.
  • 3:50 - 3:56
    Esta biblioteca tem a ver com a maneira
    como consumimos os média na era digital.
  • 3:56 - 3:59
    Tem a ver com um novo tipo
    de utilidade pública para a cidade,
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    um local para reunir, ler e partilhar.
  • 4:03 - 4:05
    Portanto, como é possível
  • 4:05 - 4:08
    que, no mesmo ano, no mesmo país,
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    dois edifícios, ambos chamados
    de bibliotecas,
  • 4:11 - 4:13
    pareçam completamente diferentes?
  • 4:14 - 4:19
    E a resposta é que a arquitectura
    funciona pelo princípio do pêndulo.
  • 4:20 - 4:22
    De um lado está a inovação,
  • 4:22 - 4:26
    e os arquitectos estão constantemente
    a empurrar-nos para novas tecnologias,
  • 4:26 - 4:30
    novas tipologias, novas soluções
    para a maneira actual de viver.
  • 4:30 - 4:32
    E empurramos, empurramos, empurramos,
  • 4:32 - 4:35
    até que vos alienamos completamente.
  • 4:35 - 4:37
    Vestimo-nos de preto,
    ficamos muito deprimidos,
  • 4:37 - 4:39
    vocês pensam que somos adoráveis,
  • 4:39 - 4:43
    e nós estamos mortos por dentro
    porque não temos escolha.
  • 4:43 - 4:45
    Temos de ir para o outro lado
  • 4:45 - 4:48
    e reutilizar aqueles símbolos
    que sabemos que vocês adoram.
  • 4:48 - 4:51
    Portanto fazemos isso e vocês ficam felizes.
  • 4:51 - 4:52
    Nós sentimo-nos uns vendidos,
  • 4:52 - 4:54
    e por isso começamos
    a experimentar outra vez
  • 4:54 - 4:57
    e empurramos o pêndulo novamente
    de um lado para o outro,
  • 4:57 - 5:00
    como temos feito nos últimos 300 anos
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    e certamente nos últimos 30.
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    Há 30 anos estávamos a sair dos anos 70.
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    Os arquitectos andavam ocupados
    a experimentar algo chamado brutalismo.
  • 5:11 - 5:12
    Tem a ver com cimento.
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    (Risos)
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    Conseguem adivinhar.
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    Janelas pequenas, escala desumana.
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    É uma coisa mesmo dura.
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    Portanto, à medida que nos aproximamos
    dos anos 80,
  • 5:23 - 5:26
    começa-se a retomar estes símbolos.
  • 5:26 - 5:29
    Empurramos o pêndulo novamente
    na outra direcção.
  • 5:29 - 5:32
    Pegamos nestas formas que sabemos que adoram
  • 5:32 - 5:33
    e actualizamo-las.
  • 5:33 - 5:35
    Adicionamos néones,
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    adicionamos pastéis
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    e utilizamos novos materiais.
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    E vocês adoram.
  • 5:41 - 5:43
    E nós não conseguimos deixar de vo-los dar.
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    Pegamos em armários Chippendale
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    e transformamo-los em arranha-céus,
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    e os arranha-céus podem ser
    castelos medievais feitos de vidro.
  • 5:52 - 5:54
    As formas tornaram-se maiores,
  • 5:54 - 5:57
    arrojadas e coloridas.
  • 5:57 - 5:59
    Os anões tornaram-se torres.
  • 5:59 - 6:00
    (Risos)
  • 6:00 - 6:03
    Os cisnes tornaram-se
    do tamanho de edifícios.
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    Uma loucura.
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    Mas eram os anos 80, era fixe.
  • 6:09 - 6:10
    (Risos)
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    Passamos o tempo nos centros comerciais
  • 6:12 - 6:14
    e mudamo-nos todos para os subúrbios.
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    E por lá, nos subúrbios,
  • 6:17 - 6:20
    podemos criar as nossas próprias
    fantasias arquitectónicas.
  • 6:20 - 6:22
    E essas fantasias
  • 6:22 - 6:24
    podem ser mediterrânicas,
  • 6:24 - 6:26
    francesas
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    ou italianas.
  • 6:27 - 6:29
    (Risos)
  • 6:29 - 6:31
    Possivelmente com incontáveis "grissinis".
  • 6:31 - 6:33
    É assim que é o pós-modernismo.
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    É assim que é com os símbolos.
  • 6:35 - 6:38
    São simples, são baratos,
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    e porque em vez de fazermos lugares,
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    estamos a fazer memórias de lugares.
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    Porque eu sei, e sei que todos vocês sabem,
  • 6:46 - 6:47
    que isto não é a Toscana.
  • 6:48 - 6:49
    Isto é o Ohio.
  • 6:49 - 6:51
    (Risos)
  • 6:51 - 6:53
    Por isso os arquitectos ficam frustrados,
  • 6:53 - 6:56
    e começamos a empurrar o pêndulo
    para o outro lado.
  • 6:57 - 6:59
    No fim dos anos 80, início dos 90,
  • 6:59 - 7:02
    começamos a experimentar
    algo chamado desconstrutivismo.
  • 7:03 - 7:06
    Deitamos fora os símbolos históricos,
  • 7:06 - 7:08
    dependemos de novas técnicas de design,
    computadorizadas,
  • 7:09 - 7:11
    e inventamos novas composições,
  • 7:11 - 7:14
    formas a transformarem-se em formas.
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    São coisas académicas e obstinadas,
  • 7:17 - 7:19
    super impopulares,
  • 7:19 - 7:21
    com que vos alienámos completamente.
  • 7:21 - 7:25
    Normalmente, o pêndulo começaria
    agora a mover-se na direcção oposta.
  • 7:25 - 7:27
    Mas, então, aconteceu uma coisa espantosa.
  • 7:28 - 7:31
    Em 1997, este edifício foi inaugurado.
  • 7:32 - 7:35
    É o Guggenheim Bilbao, por Frank Gehry.
  • 7:36 - 7:38
    E este edifício
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    mudou fundamentalmente
    a relação do mundo com a arquitectura.
  • 7:43 - 7:47
    Paul Goldberger disse que Bilbao
    foi um daqueles raros momentos
  • 7:47 - 7:50
    em que os críticos, académicos
    e o público geral
  • 7:50 - 7:53
    ficaram totalmente de acordo
    em relação a um edifício.
  • 7:53 - 7:56
    O jornal "The New York Times"
    considerou-o um milagre.
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    O turismo em Bilbao cresceu 2500%
  • 8:03 - 8:05
    depois deste edifício ser terminado.
  • 8:05 - 8:08
    E, de repente, toda a gente
    quer um destes edifícios:
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    Los Angeles,
  • 8:12 - 8:13
    Seattle,
  • 8:13 - 8:15
    Chicago,
  • 8:15 - 8:17
    Nova Iorque,
  • 8:17 - 8:18
    Cleveland,
  • 8:18 - 8:20
    Springfield.
  • 8:20 - 8:21
    (Risos)
  • 8:21 - 8:24
    Toda a gente quer um,
    e Gehry está por todo o lado.
  • 8:24 - 8:27
    É o primeiríssimo dos nossos
    arquitectos-estrela.
  • 8:28 - 8:33
    Agora... como é que é possível
    que estas formas,
  • 8:33 - 8:35
    tão loucas e radicais,
  • 8:35 - 8:39
    se tenham tornado tão ubíquas
    por todo o planeta?
  • 8:39 - 8:45
    E aconteceu porque os média se
    concentraram com tanto sucesso à sua volta,
  • 8:45 - 8:51
    que rapidamente nos ensinaram que
    estas formas significam cultura e turismo.
  • 8:51 - 8:54
    Criámos uma reacção emocional a estas formas.
  • 8:54 - 8:57
    Tal como todos os prefeitos no mundo.
  • 8:57 - 8:59
    Cada prefeito ficou a saber que,
    se tivesse estas formas,
  • 8:59 - 9:02
    teria cultura e turismo.
  • 9:04 - 9:06
    Este fenómeno no virar do novo milénio
  • 9:06 - 9:08
    aconteceu a alguns outros
    arquitectos-estrela.
  • 9:08 - 9:11
    Aconteceu a Zaha
  • 9:11 - 9:13
    e aconteceu a Libeskind.
  • 9:13 - 9:18
    E, na verdade, o que aconteceu a esta
    pequena elite de arquitectos
  • 9:18 - 9:20
    no virar do novo milénio
  • 9:20 - 9:23
    poderia começar a acontecer
    a todo o campo da arquitectura,
  • 9:23 - 9:26
    porque os média digitais
    começam a aumentar a velocidade
  • 9:26 - 9:28
    a que consumimos informação.
  • 9:29 - 9:32
    Pensem na maneira como
    consumimos arquitectura.
  • 9:32 - 9:34
    Há mil anos,
  • 9:34 - 9:37
    teríamos de andar até
    à vila vizinha para ver um edifício.
  • 9:37 - 9:39
    Os transportes aceleraram:
  • 9:39 - 9:42
    podemos apanhar um barco, um avião,
    podemos ser turistas.
  • 9:42 - 9:45
    A tecnologia acelerou: podemos
    ver um edifício num jornal, na TV,
  • 9:45 - 9:50
    até que, por fim, somos todos
    fotógrafos de arquitectura
  • 9:50 - 9:54
    e o edifício desincorpora-se do local.
  • 9:55 - 9:58
    A arquitectura está agora em todo lado,
  • 9:58 - 10:01
    e isso significa que
    a velocidade da comunicação
  • 10:01 - 10:05
    finalmente atingiu
    a velocidade da arquitectura.
  • 10:05 - 10:08
    Porque a arquitectura
    até se move rapidamente.
  • 10:08 - 10:11
    Pensar num edifício não leva muito tempo.
  • 10:11 - 10:13
    Demora mais a construir um edifício,
  • 10:13 - 10:15
    três ou quatro anos,
  • 10:15 - 10:19
    e nesse intervalo um arquitecto
    projecta outros dois, oito
  • 10:19 - 10:21
    ou uma centena de edifícios,
  • 10:21 - 10:25
    antes de saber se o edifício que
    planeou quatro anos antes
  • 10:25 - 10:27
    vai ser um sucesso ou não.
  • 10:28 - 10:31
    Isto tem a ver com nunca ter existido um
    bom circuito de "feedback" na arquitectura.
  • 10:32 - 10:35
    É assim que acabamos
    com edifícios como este.
  • 10:35 - 10:38
    O brutalismo não foi
    um movimento de dois anos,
  • 10:38 - 10:40
    foi um movimento de vinte anos.
  • 10:40 - 10:44
    Durante 20 anos, produzimos
    edifícios como este
  • 10:44 - 10:47
    porque não fazíamos ideia
    de quanto vocês os odiavam.
  • 10:48 - 10:51
    Nunca acontecerá novamente,
  • 10:51 - 10:53
    acho eu,
  • 10:53 - 10:59
    porque estamos a viver à beira
    da maior revolução na arquitectura
  • 10:59 - 11:02
    desde a invenção do cimento,
  • 11:02 - 11:04
    do aço ou do elevador,
  • 11:04 - 11:06
    que é a revolução dos média.
  • 11:07 - 11:12
    A minha teoria é que, se aplicarmos
    os média a este pêndulo,
  • 11:12 - 11:15
    ele começa a oscilar cada vez mais rápido
  • 11:15 - 11:18
    até que está nos dois extremos
    quase ao mesmo tempo,
  • 11:18 - 11:23
    o que confunde eficazmente a diferença
    entre inovação e símbolos,
  • 11:23 - 11:27
    entre nós, arquitectos, e vocês, o público.
  • 11:27 - 11:33
    Agora podemos criar quase instantaneamente
    símbolos com carga emocional
  • 11:33 - 11:35
    a partir de algo que é completamente novo.
  • 11:36 - 11:38
    Deixem-me mostrar-vos
    como é que isto acontece
  • 11:38 - 11:40
    num projecto que a minha empresa
    acabou recentemente.
  • 11:41 - 11:44
    Fomos contratados para substituir
    este edifício, que se incendiou.
  • 11:44 - 11:47
    Isto é o centro
    de uma cidade chamada Pines,
  • 11:47 - 11:49
    na ilha Fire no estado de Nova Iorque.
  • 11:49 - 11:50
    É uma comunidade de férias.
  • 11:51 - 11:54
    Propusemos um edifício que era audaz,
  • 11:55 - 11:58
    que era diferente de todas as formas
    a que a comunidade estava habituada.
  • 11:58 - 12:03
    Nós tínhamos receio,
    o nosso cliente tinha receio
  • 12:03 - 12:04
    e a comunidade tinha receio,
  • 12:05 - 12:09
    por isso criámos uma série
    de maquetes fotorrealísticas
  • 12:09 - 12:10
    que pusemos no Facebook
  • 12:10 - 12:12
    e no Instagram,
  • 12:12 - 12:15
    e deixámos as pessoas começar
    a fazer o que fazem:
  • 12:15 - 12:17
    a partilhar, a comentar,
    a gostar, a odiar.
  • 12:18 - 12:23
    Mas isto significou que o edifício,
    dois anos antes de ficar pronto,
  • 12:23 - 12:26
    já era uma parte da comunidade.
  • 12:26 - 12:32
    Assim, quando as maquetes ficaram
    exactamente iguais ao produto final,
  • 12:32 - 12:34
    não houve surpresas.
  • 12:34 - 12:38
    Este edifício já era
    uma parte desta comunidade,
  • 12:38 - 12:40
    e naquele primeiro verão,
  • 12:40 - 12:44
    quando as pessoas começaram a chegar
    e a partilhar o edifício nos média sociais,
  • 12:44 - 12:50
    o edifício deixou de ser apenas
    uma construção e passou a ser média,
  • 12:50 - 12:54
    porque estas não são apenas
    fotografias de um edifício.
  • 12:54 - 12:56
    São as vossas fotografias de um edifício.
  • 12:57 - 13:00
    E quando as usam para contar
    as vossas histórias,
  • 13:00 - 13:03
    elas tornam-se parte
    da vossa narrativa pessoal,
  • 13:03 - 13:06
    e o que estão a fazer
    é um curto circuito
  • 13:06 - 13:08
    em toda a nossa memória colectiva,
  • 13:08 - 13:12
    e estão a tornar estes símbolos
    compreensíveis para nós.
  • 13:13 - 13:15
    Isso significa que não precisamos
    mais dos gregos
  • 13:16 - 13:18
    para nos dizerem
    como pensar sobre a arquitectura.
  • 13:18 - 13:22
    Podemos dizer uns aos outros
    aquilo que pensamos sobre a arquitectura,
  • 13:22 - 13:28
    porque os média digitais não mudaram apenas
    as relações entre todos nós,
  • 13:28 - 13:32
    mas também a nossa relação
    com os edifícios.
  • 13:33 - 13:36
    Pensem por um segundo naqueles
    bibliotecários em Livingston.
  • 13:36 - 13:39
    Se aquele edifício estivesse para ser
    construído hoje em dia,
  • 13:39 - 13:43
    a primeira coisa que fariam seria ir à Internet
    e procurar por "bibliotecas novas".
  • 13:44 - 13:49
    Seriam bombardeados por exemplos
    de experimentação, de inovação,
  • 13:49 - 13:52
    de expansão dos limites
    do que uma biblioteca pode ser.
  • 13:53 - 13:54
    Isto são ferramentas argumentativas.
  • 13:55 - 13:57
    Argumentos que podem levar com eles
  • 13:57 - 14:00
    até ao prefeito de Livingston,
    ao povo de Livingston,
  • 14:00 - 14:04
    e dizer: "Não há hoje uma resposta
    única para o que é uma biblioteca.
  • 14:04 - 14:06
    "Façamos parte disto."
  • 14:06 - 14:09
    Esta abundância de experimentação
  • 14:09 - 14:12
    dá-lhes a liberdade para conduzir
    as suas próprias experiências.
  • 14:14 - 14:17
    Tudo é diferente agora.
  • 14:17 - 14:20
    Os arquitectos já não são
    aquelas criaturas misteriosas
  • 14:20 - 14:23
    que usam palavras caras
    e desenhos complicados,
  • 14:23 - 14:26
    e vocês já não são o público desafortunado,
  • 14:26 - 14:29
    o consumidor que não vai aceitar
    tudo o que ainda não tenha visto.
  • 14:31 - 14:33
    Os arquitectos podem ouvir-vos,
  • 14:33 - 14:35
    e vocês não são se intimidam pela arquitectura.
  • 14:36 - 14:39
    Isto significa que aquele pêndulo
    oscilando de um lado para o outro,
  • 14:39 - 14:42
    de estilo em estilo,
    de movimento em movimento,
  • 14:42 - 14:43
    é irrelevante.
  • 14:44 - 14:46
    Assim podemos seguir em frente
  • 14:46 - 14:51
    e encontrar soluções relevantes para os
    problemas que a nossa sociedade enfrenta.
  • 14:52 - 14:55
    Este é o fim da história da arquitectura,
  • 14:55 - 14:58
    e isto significa que os edifícios do amanhã
  • 14:58 - 15:01
    vão ter um aspecto completamente
    diferente dos edifícios de hoje.
  • 15:02 - 15:07
    Significa que um espaço público
    na antiga cidade de Sevilha
  • 15:07 - 15:11
    pode ser único e adaptado à maneira
    como uma cidade moderna funciona.
  • 15:12 - 15:16
    Significa que um estádio em Brooklyn
    pode ser um estádio em Brooklyn,
  • 15:16 - 15:19
    e não uma imitação histórica
    em tijolo vermelho
  • 15:19 - 15:22
    daquilo que pensamos
    que um estádio deve ser.
  • 15:23 - 15:25
    Significa que serão robôs
    a construir os nossos edifícios,
  • 15:25 - 15:29
    porque estamos finalmente prontos
    para as formas que eles vão produzir.
  • 15:30 - 15:34
    E significa que os edifícios
    vão ceder aos caprichos da natureza
  • 15:34 - 15:36
    e não o contrário.
  • 15:37 - 15:40
    Significa que uma garagem
    em Miami Beach, na Flórida,
  • 15:40 - 15:43
    pode ser também um local para desporto
  • 15:43 - 15:44
    e para praticar ioga
  • 15:44 - 15:47
    ou mesmo para se casarem a meio da noite.
  • 15:47 - 15:48
    (Risos)
  • 15:48 - 15:52
    Significa que três arquitectos
    podem sonhar nadar
  • 15:52 - 15:54
    no rio East, em Nova Iorque,
  • 15:54 - 15:56
    e em seguida angariar cerca de
    meio milhão de dólares
  • 15:57 - 16:00
    de uma comunidade que
    se tenha interessado na sua causa,
  • 16:00 - 16:02
    em vez de terem clientes.
  • 16:03 - 16:06
    Significa que nenhum edifício
    é pequeno de mais para ser inovado,
  • 16:06 - 16:08
    como este pequeno pavilhão de renas,
  • 16:08 - 16:13
    que é tão elegante e musculado como
    os animais a que se destina a observar.
  • 16:14 - 16:17
    E significa que um edifício
    não tem de ser bonito
  • 16:17 - 16:18
    para ser amado,
  • 16:18 - 16:21
    como este pequeno e feio
    edifício em Espanha ,
  • 16:21 - 16:23
    em que os arquitectos cavaram um buraco,
  • 16:23 - 16:25
    encheram-no de palha
  • 16:25 - 16:27
    e depois deitaram cimento à volta.
  • 16:27 - 16:29
    E quando o cimento secou,
  • 16:29 - 16:32
    pediram a alguém que viesse remover a palha
  • 16:32 - 16:35
    e portanto tudo o que resta
    depois de ter ficado pronto
  • 16:35 - 16:38
    é este hediondo pequeno quarto,
  • 16:38 - 16:44
    repleto das marcas e cicatrizes
    de como foi feito,
  • 16:44 - 16:49
    que se tornou o lugar mais sublime
    para ver o pôr-do-sol espanhol.
  • 16:50 - 16:53
    Porque não interessa se é uma vaca
    que constrói os nossos edifícios
  • 16:53 - 16:55
    ou se é um robô a construi-los.
  • 16:55 - 16:58
    Não interessa como construimos,
    interessa o que construimos.
  • 16:59 - 17:02
    Os arquitectos já sabem como construir
    edifícios que são mais ecológicos,
  • 17:02 - 17:05
    mais inteligentes e mais acessíveis.
  • 17:05 - 17:07
    Só estávamos à espera que
    todos vocês os quisessem.
  • 17:08 - 17:11
    E, finalmente, não estamos
    mais em lados opostos.
  • 17:12 - 17:15
    Encontrem um arquitecto,
    contratem um arquitecto,
  • 17:15 - 17:21
    trabalhem connosco para desenhar edifícios melhores,
    cidades melhores, e um mundo melhor,
  • 17:21 - 17:23
    porque há muito em jogo.
  • 17:24 - 17:29
    Os edifícios não reflectem apenas a nossa
    sociedade, mas modelam-na
  • 17:29 - 17:31
    até aos espaços mais pequenos:
  • 17:31 - 17:33
    as bibliotecas locais,
  • 17:33 - 17:35
    as casas onde criamos os nossos filhos,
  • 17:35 - 17:39
    e o corredor por onde eles passam
    para ir do quarto para a casa-de-banho.
  • 17:39 - 17:40
    Obrigado.
  • 17:40 - 17:43
    (Aplausos)
Title:
Porque é que os edifícios do futuro serão modelados por... nós
Speaker:
Marc Kushner
Description:

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:05

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